Be ART | Outubro 2020

O estado da Paraíba é um
pedacinho do Brasil espremido
no nordeste brasileiro, ali nas
menores longitudes das
Américas. Pequenino por
imposição de circunstâncias
históricas está ali bem
apertadinho no mapa. Na carta
geográfica pode-se ver um
gargalo como que se quisessem
dividir o estado ao meio. Foram
terras arrancadas da Paraíba.
Nas latitudes de cima o Seridó
ficou para os potiguares do Rio
Grande do Norte e em baixo o
Pajeú que os pernambucanos se
apossaram. Nesse “pescoço”
sobrou-nos o Cariri, pedaço de
chão do qual o paraibano muito
se orgulha, dado à sua riqueza
cultural. Mas assim é em quase
toda Paraíba. Dos coqueirais do
litoral às caatingas sertanejas
sopra um vento misterioso que
atiça a alma paraibana para tudo
que se relaciona à produção
cultural.
AQUI SE ESCREVE
MUITO E APESAR DAS
DIFICULDADES,
PUBLICA-SE MUITO
TAMBÉM. AS ARTES
PLÁSTICAS E AS VISUAIS
SÃO EXTREMAMENTE
REPRESENTATIVAS,
COMO É A MÚSICA SEJA
ELA POPULAR OU
ERUDITA. HÁ UMA
PRODUÇÃO TEATRAL
SIGNIFICATIVA E SE FAZ
CINEMA DE QUALIDADE
NA MEDIDA EM QUE OS
RECURSOS PERMITEM.
DIRIA SEM CAIR NO
EXAGERO QUE NA
PARAÍBA SE RESPIRA
CULTURA.
Aqui se escreve muito e apesar das dificuldades, publica-se
muito também. As artes plásticas e as visuais são
extremamente representativas, como é a música seja ela
popular ou erudita. Há uma produção teatral significativa e
se faz cinema de qualidade na medida em que os recursos
permitem. Diria sem cair no exagero que na Paraíba se
respira cultura. Quem não faz, no mínimo aprecia. Não há
concerto de nossa Sinfônica que a lotação não esteja
completa. Difícil cumprir uma agenda cultural durante a
semana na Capital João Pessoa. É um sarau aqui, o
lançamento de um livro ali, uma sessão de cine-clube acolá,
uma palestra em algum auditório, uma galeria aberta a
alguma exposição. Enfim, a semana precisaria esticar por
mais uns dias para se dar conta de tantos compromissos. Há
problemas, dificuldades e sempre achamos que pode
melhorar. Claro que nem tudo é “um mar de rosas”, mas o
que não falta é gente produzindo e outros tentando fazer
acontecer.
Focando apenas na literatura, da Paraíba surgiram nomes
cujas obras figuram dentre os nossos clássicos. É uma
tradição. Dos que ainda publicam, correríamos o risco de
cometer uma imperdoável injustiça em não citar alguém se
arriscássemos listar autores e obras relevantes no contexto
da literatura paraibana atual, tantos são. Mas, via de regra
nossos autores (há exceções, é claro) não vêem sua obra
atravessar as divisas do estado. Como é certo, deva
acontecer também com os escritores potiguares,
pernambucanos, piauienses, etc, etc... O fato é que publicar
no Brasil é muito difícil. As razões são tantas que não
caberiam numa conversa informal como esta.
Daí surgiu a ideia da antologia
“IMAGENS LITERÁRIAS: a
realidade e o sonho” promovida
pela União Brasileira de
Escritores – Seção da Paraíba.
Foram convidados inicialmente
associados à UBE-PB, em seguida
escritores do estado e por fim de
outros cantos do país. Estão
participando escritores e
escritoras, além da Paraíba, de
Pernambuco (ALANE-PE), Rio
Grande do Norte (UBE-RN) Piauí,
Bahia, Espírito Santo, Goiás, São
Paulo (UBE-SP) e Distrito
Federal.
Não é essa única iniciativa que
fará nossos autores conhecidos
além de nossas divisas e nem o de
outros estados, aqui. Mas é um
começo. Acreditamos, um bom
começo. Numa próxima edição
em 2021, pretendemos lançar em
dois volumes: um de prosa e
outro de poesia, sendo que então
é de nosso intuito que escritores
portugueses participem dessa segunda edição. E com
esse propósito lançamos essa primeira edição também em
terras lusitanas.
A publicação dessa primeira antologia coube a Editora
Mondrongo e à uma comissão formada por escritores
associados a UBE – PB ficou o encargo de selecionar os
textos: crônicas, contos, poesia e artigos.
O lançamento está previsto para 21 de Novembro em
João Pessoa, Natal, Recife no Brasil e em Lisboa (Vila de
Cascais), Portugal.
Foi muita bem recebida entre os nossos escritores a ideia
desse intercâmbio, principalmente a possibilidade de
numa próxima antologia estarmos juntos numa mesma
edição. É de nosso interesse divulgar na imprensa e nas
redes sociais as obras de nossos futuros parceiros
lusitanos.
Estejam certos, essa é a primeira de muitas iniciativas que
pretendemos tomar nesse sentido. É hora de
desenterrarmos alguns tesouros, nós aqui e vocês aí.
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