COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
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Maria Augusta Dib 95
sem voz e sem vez por escolha própria.
Mesmo na Bíblia, encontramos histórias de mulheres que foram oferecidas
pelo pai e irmão a outros homens; oferecidas ao que se chamava
incesto, adultério, prostituição. Como Betsabéia foi usada por Davi,
como o incesto das filhas de Ló.
Forte é estar no lugar da mulher: da onipotência materna à impotência,
até sua anulação: oferecidas, vendidas, doadas, violentadas, estupradas,
assassinadas.
Mulher, tua cor é o vermelho, porque vermelho é a cor do seu coração;
mulher, tua cor é o vermelho, porque vermelho é a cor de seu
sangue de vida e de morte.
Mulher, tua cor é o vermelho, porque é a cor da vergonha, o atributo
que lhe deram desde seu nascimento. A vergonha de ser mulher e trazer
a vergonha em seu corpo, corpo de honra e desonra, de desejo, poucos
direitos e muitos deveres, de humilhação e marginalidade.
Passo a passo, lugar de afirmação, prazer e orgulho.
Encontramos, nos registros arqueológicos da Idade da Pedra e do
Bronze, as primeiras representações da mulher — sempre associadas ao
corpo da fertilidade, gravidez, maternidade. De forma geral, até o meio
do século XX se esperava da mulher e de seu corpo que estivessem em
função da maternidade, dos cuidados da família e da educação.
Historicamente, depois da agricultura familiar, os primeiros trabalhos
da mulher fora do âmbito doméstico deram-se nos espaços de
prostituição e nos espaços escolares, levando a mulher a adentrar a
Academia, dado que estava autorizada a ser professora. As mulheres
eram extremamente ameaçadoras se elas não estivessem restritas aos
espaços domésticos.
Sair de casa sozinha, não se casar, aprender a ler, escrever, falar em
público, ter pensamentos próprios e os declarar, não seguir as regras da
Côrte e da Igreja já foram motivo de heresia e condenação à fogueira.
Alguns poucos nomes de mulheres que conseguiram ultrapassar as
barreiras sociais sem serem punidas foram registrados no passado da
História. Uma história relatada pelos homens.
Na contemporaneidade, as fogueiras foram substituídas. O feminicídio
vem aumentando, especialmente no Brasil. Direitos e benefícios
sociais, antes conquistados para as mulheres, estão sendo retirados des-