COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
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94 ELAS no lugar de fala, escrita, exercício político privado e público
Matriarcado, Patriarcado, Luta de Classes.
Tal jogo de forças, ao longo dos tempos, reservou à mulher um lugar
de proibição, submissão, fragilidade, vulnerabilidade, desvalorização,
negação e ataque à sua importância originária: sua força e poder, inteligência,
habilidades muitas, corpo sexualizado e sensual, para além de
um corpo a serviço da maternidade.
Mãe – relação primordial: o corpo da fertilidade que concebe, gesta,
pare, alimenta, educa, apresenta o pai – este é seu pai. Hoje temos o exame
de DNA para comprovar a paternidade, mas sempre quem deteve
este saber foi a mãe. Ela detém a prioridade do saber sobre o novo ser
que está a caminho e quem é seu pai. Mãe — primeiro espaço morfogenético
do ser vivente. Até Jesus Cristo o teve.
Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
Lábio que suga, o pedestal do seio,
Onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra
Sobre um berço dormindo! É ser anseio,
É ser temeridade, é ser receio,
É ser força que os males equilibra!
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
Espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!
Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!
O poema acima, de Coelho Neto, aponta, por um lado, a idealização
da mulher no lugar da mãe e, por outro, os legítimos sentimentos
maternos da ambivalente experiência. O corpo da mulher, sempre sob
vigilância social, é liberado quando para ser mãe. O homem-pai aborta
infinitamente mais vezes seus filhos, mas apenas a mãe é acusada de
aborto, condenada, punida.
Madonas eternas, donas da vida e da morte, já que não há vida sem
morte. Lugar simbólico que vai se desdobrando de, geradoras a serviço
da vida, a serviçais, escravas, propriedade dos pais, irmãos, maridos,
filhos, homens até estranhos, muitas vezes elas sendo objetos sexuais,