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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Crônicas de Maria

velha, que sempre cuidava de mim, gritou: Aqui, ela! Achei!

Eu estava dormindo no batedor — tábua usada para bater, lavar as

roupas. E todos diziam, ao mesmo tempo: A onça vai te comer! A sucuri

também! Não me lembro de sentir medo.

A SEGUNDA MUDANÇA

Assim o tempo ia passando, até que nos mudamos para outra fazenda

ainda mais distante, de nome Suturno. Nunca entendi o significado

desse nome; talvez uma forma equivocada de dizer o nome do planeta

Saturno.

Essa fazenda ficava quase na pontinha do Triângulo Mineiro, onde

dois rios se encontravam: o Paranaíba, que separa Minas de Mato

Grosso e o Rio Grande, que separa Minas do Estado de São Paulo.

A fazenda ficava próxima do Rio Grande; a cidadezinha mais perto

de nós era Santa Clara — ainda está lá, no estado de São Paulo.

Meu pai atravessava o rio de canoa e lá fazia compras das coisas

que a gente não produzia, como alguns remédios, tecidos mais finos,

ferramentas e outros.

Nossa roça de arroz, feijão e milho, ficava à beirinha do rio. Meu pai

sempre deixava na água, abaixo de uma corredeira do rio, um anzol

com isca: a ponta da cordinha ele amarrava em um galho da árvore que

se debruçava sobre o grande poço de águas calmas.

Isso era feito à tardezinha e aquilo quase não falhava: bem cedinho,

lá estava meu pai puxando a linha com um grande peixe preso

ao anzol. Ora dourado, ora pintado. Era uma alegria vê-lo chegando

montado em nosso cavalo, com aquele peixão: a cabeça presa ao arreio

e arrastando o rabo no chão.

A CASA

A casa desta fazenda também era grande, de pau-a-pique, só que

coberta com telhas tão antigas e cheias de lodo que mal se via a tradicional

cor marrom.

Antes da casa, para se chegar até ela, havia uma estrada por onde

quase não passava ninguém, pois a redondeza era bem pouco povoada.

No terreiro da sala ficava o curral, onde se ordenhavam nossas queridas

vaquinhas.

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