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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Maria Queiroz da Cunha

A PRIMEIRA MUDANÇA

Ali pelos três anos de idades, tivemos que nos mudar do nosso pedaço

de terra, porque meu pai precisou vendê-la.

Assim, fomos para uma fazenda que não era nossa, chamada Queixado.

Ali vivemos pouco tempo.

Lembro-me da casa, que era um grande rancho coberto de capim

sapé... tinha quintal, como toda casa de fazenda.

No fundo havia um canavial: as canas eram doces, muito saborosas.

Esse canavial se encerrava à beira de um pequeno riacho. Atravessado

sobre ele havia um grosso tronco de madeira (uma pinguela) dando

acesso ao seu outro lado.

Ali moravam nossos vizinhos, uma família de três pessoas: a mãe,

um filho (rapaz com um tanto de surdez) e uma moça de lindos olhos

azuis.

Seus parentes eram da cidade de Uberaba e, sempre que os visitavam,

levavam chocolate em pó para misturar ao leite.

Ficamos amigos. A moça sempre me pegava no colo e me levava

até a casa deles. Sempre preparavam o leite com o chocolate e, se eu

não estivesse lá, ela ou a mãe gritavam: Maria! Vem beber chocolate! Eu

saía correndo pela trilha entre o canavial, atravessava o córrego pela

pinguela e, do outro lado, o cachorro deles, marrom com grandes manchas

brancas, de nome Tupi, já me esperava de cara alegre, abanando o

rabo. E já vinha a mãe, segurando uma caneca esmaltada, de cor azul,

decorada com delicadas florzinhas amarelas; vinha assoprando o leite

para esfriar.

Eu adorava essa cena! Ainda continua entre as tantas memórias minhas.

Lembro-me, ainda, neste mesmo lugar, do dia em que, distraída,

desapareci de perto dos meus irmãos. Acordei com uma gritaria: Mariaaa!!!

Levantei a cabeça, ainda sonolenta, olhei, e minha irmã mais

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