17.09.2020 Views

COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

44

A história de Jurema

cido.

Fez a mamadeira para o bebê, serviu o café da manhã para as crianças,

ligou para comunicar que seus filhos não iriam à escola e avisou

sua patroa que não iria trabalhar, com a desculpa de que o bebê estava

doente.

Pediu aos filhos que trancassem a porta e ficassem no quarto, enquanto

ela estivesse tomando um banho e vestindo roupas limpas.

Uma grande revolta nasceu dentro dela; o amor que sentia pelo marido

transformou-se em ódio mortal. Pensou no que poderia ter acontecido

com seus filhos e decidiu sair de casa ainda naquela manhã.

Fez rapidamente a mala com algumas roupas para todos, a certidão

de nascimento das crianças, fraldas para o bebê e pão com queijo para

os meninos. Colocou na bolsa o dinheiro que tinha em casa e, antes de

sair, pediu aos meninos que fossem até o portão verificar se o marido

estava por ali.

Ele não estava visível. Saíram, então, da casinha alugada onde moravam,

a última da rua, onde nem tinham vizinhos.

Um ônibus encostou assim que chegaram ao ponto. O destino: um

terminal rodoviário de São Paulo.

Lá chegando, Jurema sentiu-se perdida, sem saber para onde ir. Teria

que ser para uma cidade onde não tivessem parentes e amigos, bem

longe da capital. Cobrindo como podia o próprio rosto, comprou as

passagens para uma cidade bem distante (usando quase todo o pagamento

do mês que havia recebido um dia antes), depois de ouvir algumas

pessoas conversando sobre a possibilidade de encontrarem trabalho

durante uma grande festa que haveria nesse município.

A viagem foi longa, porque o ônibus parava muitas vezes para deixar

e recolher passageiros. O bebê chorava, cansado e nervoso; chegaram

a seu destino tarde da noite.

Dormiram em uma praça deserta, escondidos sob alguns arbustos.

Quando amanheceu, Jurema foi acordada por um senhor de maneiras

distintas, que a ajudou a se levantar e ficou admirado com o estado

de seu rosto, cheio de cortes e hematomas.

Não tenha medo, disse ele.

Vejo que passou por momentos terríveis! Mas, apesar de ferida, você tem um

rosto lindo, que com bons cuidados voltará a ser como era.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!