COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
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38 Fátima Abon Ali Simamura
esteve com ela nas primeiras semanas após o parto; não tanto quanto
desejava. Leila se revelou uma mãe primorosa e, como seria previsível,
não conseguia mais dar atenção a Mario que, nervoso e ciumento,
provocava ansiedade na esposa, fazendo seus batimentos cardíacos se
acelerarem todas as vezes em que se aproximava dela.
Mesmo assim, Linda crescia feliz e graciosa enquanto Leila, a cada
dia, estava mais arrependida da guinada de sua vida. O príncipe se
transformara em sapo há muito tempo e a ansiedade estava próxima a
ataques de pânico.
Como nada acontece por acaso, numa ensolarada manhã de sábado,
Leila, ao levar Linda à praia, é reconhecida por sua antiga professora.
A conversa com a Dona Lucia reacendeu sua chama pela a vida.
Precisava de muita coragem para impor-se e encontrar um novo rumo,
longe de Mario e da Praia Grande.
De forma bem triste e inesperada, o destino possibilitou uma saída,
pela porta da frente. Seu pai veio a falecer, vítima de um enfarto. Após
o enterro, ela aproveita para ficar com a mãe até a Missa de Sétimo
Dia. Mas foi ficando mais uma semana, um mês e outro mês até que
admitiu a definitiva separação, enfiada goela abaixo de Mário.
Consegue uma creche para Linda e retoma seus estudos, no período
noturno, na sua antiga escola, para tentar encontrar algum emprego.
Enquanto isso, Mário seguia cada dia em replay ao dia anterior, sem
perspectiva, sem emoção. Uma louca vontade de se vingar de Leila
torna-se um câncer dentro do seu peito. De nada adiantava os empurrões
da mãe ou os encontros furtivos com qualquer garota interessada
nele. Nunca aceitou o fato de Leila ter ido embora e, nestes doze anos,
vinha preparando meticulosamente sua vingança, num prato gelado e
recheado de maldades.
Mario, para intranquilidade da mãe, passava as noites no seu quarto,
isolado de todos, vendo fotos antigas. Assim que pôde, comprou um
celular e passou a seguir as duas nas redes sociais. Sabia tudo sobre elas:
desde a confeitaria onde Leila era gerente, sua faculdade de Gastronomia
e onde passavam seus períodos de lazer.
Na sua insignificância e machismo, argumentava, ensimesmado: se
ela gostava tanto de cozinhar, por que não ficara ajudando sua mãe na barraca?
Sem nada deixar transparecer, a cada dia seu coração parecia explodir