COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.
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Fátima França
Ao adentrar naquele espaço do cotidiano, me deparo com rosas
plantadas em frente ao prédio. São rosas vermelhas, brancas,
amarelas. Maravilhosamente, rosas. Em seguida, percorro entre espaços
cinzas e brancos. Ali, conheço Fênix e sua historia.
Diante de mim há uma mulher gravida, vestida com uma camiseta
que estampa o passarinho Piu-Piu. Nesse corpo que está em minha
frente, existe uma menina e a denúncia de que, forçosamente, se tornou
mulher. Num primeiro momento, ela está assustada, mas paulatinamente
começa a falar:
Os pais se separaram e, com o rompimento da relação conjugal, ela e seus irmãos
ficaram com o pai em uma fazenda, bem afastada do convívio social
Assim que ela começou a desabrochar e entrar na adolescência, abruptamente
foi violentada por Jair, seu pai. O abuso ocorreu inúmeras vezes e ela ficou
grávida.
Nos primeiros meses de sua gestação, ela estava tomada por um caldeirão
de sentimentos: angústia, raiva, ódio e ressentimento.
Logo, ela propôs colocar o bebê para adoção.
Com o passar dos meses, mudou a sua decisão: o seu corpo de mulher
levava em seu ventre não só um bebê, mas sim, Clara, sua filha.
Em seu olhar, palavras e gestos, Fênix trazia consigo a força de uma
guerreira para lutar contra todas as adversidades e, dessa forma, assumir
os cuidados da filha.
No percurso da escuta, também ouvi, por vezes, os relatos de Jair:
ele assumiu o abuso da filha, sob a justificativa de que, com a separação,
ele precisava de uma relação sexual segura: logo, com a própria
filha, ele não corria riscos de contrair Aids.
Após meses de escuta de Fênix, Jair e demais filhos, encaminhei à
Têmis as considerações sobre o caso. Na ocasião, Têmis não só estava
com uma venda em seus olhos, mas demonstrava estar completamente
cega e assim pronunciou o seguinte veredicto: Jair deveria ser absolvi-