Livro Hibbeler - 7ª ed Resistencia Materiais (Livro)

luis.carlos.silva
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388 RESISTÊNCIA DOS MATERIAISrial. Se o material for dúctil, normalmente a falha seráespecificada pelo início do escoamento, ao passo quese for frágil, isso ocorrerá pela ruptura. Esses modosde falha são definidos prontamente se o elemento estruturalestiver sujeito a um estado de tensão uniaxial,como no caso de tensão simples; todavia, se o elementoestrutural estiver sujeito a tensão biaxial ou triaxial,será mais difícil definir um critério para a falha.Nesta seção, discutiremos quatro teorias frequentementeutilizadas na prática da engenharia para prevera falha de um material sujeito a um estado de tensãomultiaxial. Essas teorias, e outras como elas, tambémsão usadas para determinar as tensões admissíveisinformadas em muitos manuais e códigos de projeto.Porém, não existe nenhuma teoria de falha única quepossa ser aplicada a um material específico todas as vezes,porque um material pode comportar-se como dúctilou frágil dependendo da temperatura, taxa de carregamento,ambiente químico ou processo de fabricaçãoou moldagem. Quando usamos uma determinada teoriade falha, em primeiro lugar é necessário calcularas componentes da tensão normal e de cisalhamentoem pontos do elemento estrutural onde essas tensõessão maiores. Para esse cálculo, podemos usar os fundamentosda resistência dos materiais ou utilizar fatoresde concentração de tensão onde aplicável ou, em situaçõescomplexas, determinar as maiores componentesda tensão por análise matemática baseada na teoria daelasticidade ou por uma técnica experimental adequada.Seja qual for o caso, uma vez definido esse estadode tensão, as tensões principais nesses pontos críticosserão determinadas, uma vez que cada uma das teoriasapresentadas a seguir é baseada no conhecimento dastensões principais.Materiais dúcteisTeoria tensão máxima. A causamais comum do escoamento de um material dúctilcomo o aço é o deslizamento, que ocorre ao longo dosplanos de conta to dos cristais orientados aleatoriamentee que formam o material. Esse deslizamento deve-seà tensão de cisalhamento e, se submetermos um corpode prova com o formato de uma tira fina com alto polimentoa um ensaio de tração simples, poderemos vercomo essa tensão provoca o escoamento do material(Figura 10.28). As bordas dos planos de deslizamentoque aparecem na superfície da tira são denominadaslinhas de Liider. Essas linhas indicam claramente osplanos de deslizamento na tira, que ocorrem a aproximadamente45° em relação ao eixo da tira.Considere agora um elemento do material tomadode um corpo de prova de ensaio de tração e que estejasujeito somente à tensão de escoamento O' e(Figura10.29a).A tensão de cisalhamento máxima pode ser determinadatraçando-se um círculo de Mohr para o elemento(Figura 10.29b ). Os resultados indicam queFigura 10.28Linhas de Lüdetem uma tirade aço doceO' eTmáx = l (10.26)Além do mais, essa tensão de císalhamento age emplanos que estão a 45° em relação aos planos de tensãoprincipal (Figura 10.29c), e esses planos coincidem com adireção das linhas de Lüder mostradas no corpo de prova,indicando que, de fato, a falha ocorre por cisalhamento.Usando essa ideia de que os materiais dúcteis falhampor cisalhamento, Henri Tresca propôs, em 1868,a teoria da tensão de cisalhamento máxima, ou cri·tério de escoamento de Tresca. Essa teoria pode serusada para prever a tensão de falha de um materialdúctil sujeito a qualquer tipo de carga. A teoria da tensãode cisalhamento máxima afirma que o escoamentodo material começa quando a tensão de cisalhamentomáxima absoluta no material atinge a tensão de cisalhamentoque provoca o escoamento desse mesmomaterial quando sujeito somente a tensão axial. Portanto,para evitar falha, a teoria da tensão de cisalhamentomáxima exige que T ,max ab no material seJ ' a menorou igual a O' /2, onde O' é determinada por um ensaioede tração siples.Para aplicar a teoria, expressaremos a tensão decisalhamento máxima absoluta em termos das tensõe5principais. O procedimento para tal foi discutido naSeção 9.7 com referência à condição de estado planode tensão, isto é, na qual a tensão principal fora do planoé nula. Se as duas tensões principais no plano tiv<>rem o mesmo sinal, isto é, forem ambas de tração nude compressão, a falha ocorrerá fora do plano e,Equação 9. 15,Por outro lado, se as tensões principais no planoverem sinais opostos, a falha ocorrerá no plano e,Equação 9. 16,sr:

TRANSFORMAÇÃO DA DEFORMAÇÃO 389Tmáx =abs(J' máx - (J' mín2uzpor essas equações e pela 10.26, a teoria da tensão· alhamento máxima para o estado plano de tensãoCIS ,_, .ser expressa para qumsquer uas tensoes pnnclpaísno plano como (J' 1 e (J' 2 pelos seguintes critérios:I(J'l _ (J'zlI (J' 1l == (J'e } (J'(J' têm os mesmos sinais1' 2II (J' 2 == (J'e==(J' e } (J'l' (J'2 têm sinais opostosdTeoria da tensão de cisalhamento máximaFigma 10. 30(10.27)A Figura 10.30 apresenta um gráfico dessas equações.Fica claro que, se qualquer ponto do material estiversujeito ao estado plano de tensão e suas tensõesprincipais no plano forem representadas por uma coordenada( (J' 1' (J' 2) marcada no contorno ou fora da áreahexagonal mostrada nessa figura, o material escoaráno ponto e diz-se que ocorrerá a falha.TTeoria da energia de distorção máxima. NaSeção 3.5, afirmamos que um material, quando deformadopor uma carga externa, tende a armazenarenergia internamente em todo o volume. A energia porunidade de volume do material é denominada densidadede energia de deformação, e, se o material estiversujeito a uma tensão uniaxial, (J', a densidade de energiade deformação, definida pela Equação 3. 6, pode serexpressa como(10.28)T(a)É possível formular um critério de falha com basenas distorções causadas pela energia de deformação.Antes disso, entretanto, precisamos determinar a densidadede energia de deformação em um elemento devolume de material sujeito às três tensões principais,(J'1, (J'2 e (J'3 (Figura 10.31a). Aqui, cada tensão principalcontribui com uma porção da densidade de energia dedeformação total, de modo queSe o material comportar-se de maneira linear elástica,a lei de Hooke será aplicável. Portanto, substituindoa Equação 10.18 na equação acima e simplificando,obtemosTy' Uex '"'-. Tmáx = T / -""' ) méd - 245°Figma 10.29(c)(10.29)Essa densidade de energia de deformação pode serconsiderada como a soma de duas partes, uma que representaa energia necessária para provocar uma mudançade volume no elemento sem mudar a forma doelemento e outra que representa a energia necessáriapara distorcer o elemento. Especificamente, a energiaarmazenada no elemento como resultado da mudançaem seu volume é causada pela aplicação da tensão

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rial. Se o material for dúctil, normalmente a falha será

especificada pelo início do escoamento, ao passo que

se for frágil, isso ocorrerá pela ruptura. Esses modos

de falha são definidos prontamente se o elemento estrutural

estiver sujeito a um estado de tensão uniaxial,

como no caso de tensão simples; todavia, se o elemento

estrutural estiver sujeito a tensão biaxial ou triaxial,

será mais difícil definir um critério para a falha.

Nesta seção, discutiremos quatro teorias frequentemente

utilizadas na prática da engenharia para prever

a falha de um material sujeito a um estado de tensão

multiaxial. Essas teorias, e outras como elas, também

são usadas para determinar as tensões admissíveis

informadas em muitos manuais e códigos de projeto.

Porém, não existe nenhuma teoria de falha única que

possa ser aplicada a um material específico todas as vezes,

porque um material pode comportar-se como dúctil

ou frágil dependendo da temperatura, taxa de carregamento,

ambiente químico ou processo de fabricação

ou moldagem. Quando usamos uma determinada teoria

de falha, em primeiro lugar é necessário calcular

as componentes da tensão normal e de cisalhamento

em pontos do elemento estrutural onde essas tensões

são maiores. Para esse cálculo, podemos usar os fundamentos

da resistência dos materiais ou utilizar fatores

de concentração de tensão onde aplicável ou, em situações

complexas, determinar as maiores componentes

da tensão por análise matemática baseada na teoria da

elasticidade ou por uma técnica experimental adequada.

Seja qual for o caso, uma vez definido esse estado

de tensão, as tensões principais nesses pontos críticos

serão determinadas, uma vez que cada uma das teorias

apresentadas a seguir é baseada no conhecimento das

tensões principais.

Materiais dúcteis

Teoria tensão máxima. A causa

mais comum do escoamento de um material dúctil

como o aço é o deslizamento, que ocorre ao longo dos

planos de conta to dos cristais orientados aleatoriamente

e que formam o material. Esse deslizamento deve-se

à tensão de cisalhamento e, se submetermos um corpo

de prova com o formato de uma tira fina com alto polimento

a um ensaio de tração simples, poderemos ver

como essa tensão provoca o escoamento do material

(Figura 10.28). As bordas dos planos de deslizamento

que aparecem na superfície da tira são denominadas

linhas de Liider. Essas linhas indicam claramente os

planos de deslizamento na tira, que ocorrem a aproximadamente

45° em relação ao eixo da tira.

Considere agora um elemento do material tomado

de um corpo de prova de ensaio de tração e que esteja

sujeito somente à tensão de escoamento O' e

(Figura

10.29a).A tensão de cisalhamento máxima pode ser determinada

traçando-se um círculo de Mohr para o elemento

(Figura 10.29b ). Os resultados indicam que

Figura 10.28

Linhas de Lüdet

em uma tira

de aço doce

O' e

Tmáx = l (10.26)

Além do mais, essa tensão de císalhamento age em

planos que estão a 45° em relação aos planos de tensão

principal (Figura 10.29c), e esses planos coincidem com a

direção das linhas de Lüder mostradas no corpo de prova,

indicando que, de fato, a falha ocorre por cisalhamento.

Usando essa ideia de que os materiais dúcteis falham

por cisalhamento, Henri Tresca propôs, em 1868,

a teoria da tensão de cisalhamento máxima, ou cri·

tério de escoamento de Tresca. Essa teoria pode ser

usada para prever a tensão de falha de um material

dúctil sujeito a qualquer tipo de carga. A teoria da tensão

de cisalhamento máxima afirma que o escoamento

do material começa quando a tensão de cisalhamento

máxima absoluta no material atinge a tensão de cisalhamento

que provoca o escoamento desse mesmo

material quando sujeito somente a tensão axial. Portanto,

para evitar falha, a teoria da tensão de cisalhamento

máxima exige que T ,

max a

b no material seJ ' a menor

ou igual a O' /2, onde O' é determinada por um ensaio

e

de tração siples.

Para aplicar a teoria, expressaremos a tensão de

cisalhamento máxima absoluta em termos das tensõe5

principais. O procedimento para tal foi discutido na

Seção 9.7 com referência à condição de estado plano

de tensão, isto é, na qual a tensão principal fora do plano

é nula. Se as duas tensões principais no plano tiv<>

rem o mesmo sinal, isto é, forem ambas de tração nu

de compressão, a falha ocorrerá fora do plano e,

Equação 9. 15,

Por outro lado, se as tensões principais no plano

verem sinais opostos, a falha ocorrerá no plano e,

Equação 9. 16,

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