Livro Hibbeler - 7ª ed Resistencia Materiais (Livro)
Cargas combinadasOBJETIVOS DO CAPÍTULOEste capítulo serve como revisão da análise de tensão que foi desenvolvida nos capítulos anteriores referentesa carga axial, torção/ flexão e cisalhamento. Discutiremos a solução de problemas nos quais várias dessascargas ocorrem simultaneamente sobre a seção transversal de um elemento. Entretanto, antes disso, o capítulocomeça com uma análise da tensão desenvolvida em vasos de pressão de paredes finas.8.1 Vasos de pressão deparedes finasVasos cilíndricos ou esféricos são muito usados naindústria como caldeiras, tanques ou reservatórios.Quando estão sob pressão, o material de que são feitosé submetido a cargas em todas as direções. Mesmo queseja esse o caso, o vaso de pressão pode ser analisadode uma maneira mais simples, contanto que tenha paredesfinas. Em geral, "paredes finas" refere-se a umvaso para o qual a relação raio interno-espessura daparede tem valor igual ou superior a 10 (rlt 10). Especificamente,quando r/t = 10, os resultados de umaanálise de parede fina preverão uma tensão aproximadamente4% menor que a tensão máxima real no vaso.Para relações maiores, esse erro será até menor.Quando a parede do vaso é "fina," a variação da distribuiçãode tensão pela sua espessura não será significativa,portanto consideraremos que ela é uniforme ouconstante. Adotada essa premissa, analisaremos, agora, oestado de tensão em vasos de pressão de paredes finas cilíndricose esféricos. Em ambos os casos, entende-se quea pressão no vaso é a pressão manométrica, visto que elamede a pressão acima da pressão atmosférica que consideramosexistir dentro e fora da parede do vaso.Vaso cilíndricos.Considere o vaso cilíndricocom parede de espessura te raio interno r como mostraa Figura 8.1a. A pressão manométrica p é desenvolvidano interior do vaso por um gás ou fluido nele contido,cujo peso consideramos insignificante. Devido à uniformidadedessa carga, um elemento do vaso que estejaafastado o suficiente das extremidades e orientadocomo mostra a figura é submetido a tensões normais(J' 1 na direção circunferencial ou do aro e (J' 2 no sentidolongitudinal ou axial. Ambas essas componentes datensão exercem tração sobre o material. Queremos determinaro valor de cada uma dessas componentes emtermos da geometria do vaso e de sua pressão interna.Para isto, temos de usar o método das seções e aplicaras equações de equilíbrio de força.Para a tensão circunferencial (ou de aro), considereque o vaso é secionado pelos planos a, b e c. Um diagramade corpo livre do segmento posterior juntamentecom o gás ou fluido contido no vaso é mostrado naFigura 8.1b. Aqui são mostradas apenas as cargas nadireção x. Elas são desenvolvidas pela tensão circunferencialuniforme (J' 1 que age em toda a parede do vasoe pela pressão que age na face vertical do gás ou fluidosecionado. Para equilíbrio na direção x, exige-seO"J(b)(a)Figura 8.1(c)y\clIl11
CARGAS COMBINADAS 3012[lTlt dy)] -p(2r dy) = OllT1 = r (8.1)Para obter a tensão longitudinallT 2, consideraremosa porção esquerda da seção b do cilindro (Figura 8.1a).C nlD mostra a Figura 8.1c, lT 2age uniformemente emt a a parede, e p age na seção do gás ou fluido. Visto0 0 raio médio é aproximadamente igual ao raio internodo vaso, o equilíbrio na direção y requerNessas equações,t' 2(8.2)lT lT = tensão normal nas direções circunferenciale longitudinal, respectivamente. Consideramosque cada uma delas é constante emtoda a parede do cilindro e que cada umasubmete o material à traçãop = pressão manométrica interna desenvolvidapelo gás ou fluidor = raio interno do cilindrot = espessura da parede (rlt 10)Comparando as equações 8.1 e 8.2, devemos observarque a tensão circunferencial ou de aro é duas vezesmaior do que a tensão longitudinal ou axial. Por consequência,quando vasos de pressão cilíndricos são fabricadoscom chapas laminadas, as juntas longitudinaisdevem ser projetadas para suportar duas vezes maistensão do que as juntas circunferenciais.Vasos esféricos. Podemos analisar um vaso depressão esférico de maneira semelhante. Por exemplo,considere que o vaso tem espessura de parede t e raiointerno r e que está sujeito a uma pressão manométrícainterna p (Figura 8.2a). Se o vaso for secionadopela metade usando a seção a, o diagrama de corpolivre resultante é o mostrado na Figura 8.2b. Comono vaso cilíndrico, o equilíbrio na direção y requer(a)yFigura 8.2(b)'S.F y =O· '(8.3)Por comparação, esse é o mesmo resultado obtido paraa tensão longitudinal no vaso de pressão cilíndrico. Alémdo mais, pela análise, essa tensão será a mesma independentementeda orientação do diagrama de corpo livrehemisférico. Por consequência, um elemento do materialestá sujeito ao estado de tensão mostrado na Figura 8.2a.Essa análise indica que um elemento de materialtomado de um vaso de pressão cilíndrico ou esféricoestá sujeito à tensão biaxial, isto é, tensão normal existenteem duas direções apenas. Na verdade, o materialdo vaso também está sujeito a uma tensão radial, lT 3,que age ao longo de uma linha radial. Essa tensão temum valor máximo igual à pressão p na parede interna ediminui até zero à medida que atravessa a parede e alcançaa superfície externa do vaso, visto que a pressãomanométrica nesse lugar é nula. Entretanto, para vasosde paredes finas, ignoraremos a componente da tensãoradial, uma vez que a premissa limitadora que adotamos,rlt = 10, resulta em lT 2e lT 1 como sendo, respectivamente,5 e 10 vezes mais altas do que a tensão radialmáxima, (lT 3) máx= p. Por último, entenda que as fórmulasque acabamos de deduzir só devem ser usadas paravasos sujeitos a uma pressão manométrica interna. Seo vaso estiver sujeito a uma pressão externa, a tensãode compressão desenvolvida no interior da parede finapode tornar o vaso instável e sujeito a falhas.Um vaso de pressão cilíndrico tem diâmetro interno de1,2 me espessura de 12 mm. Determine a pressão internamáxima que ele pode suportar de modo que nem a componentede tensão circunferencial nem a de tensão longitudinalultrapasse 140 MPa. Sob as mesmas condições, qual é apressão interna máxima que um vaso esférico de tamanhosemelhante pode sustentar?SOLUÇÃOVaso de pressão cilíndrico. A tensão máxima ocorre nadireção circunferencial. Pela Equação 8.1, temos140 N/mm z = p(600 mm)12mmp = 2,8N/mm2RespostaObserve que, quando essa pressão é alcançada, a Equação8.2 mostra que a tensão na direção longitudinal seráu2 1/2 (140 MPa) == 70 MPa. Além do mais, a tensão máximana direção radial ocorre no material da parede interna dovaso e é (u3)máx = p = 2,8 MPa. Esse valor é 50 vezes menorque a tensão circunferencial (140 MPa) e, como afirmamosantes, seus efeitos serão desprezados.
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CARGAS COMBINADAS 301
2[lTlt dy)] -
p(2r dy) = O
llT1 = r (8.1)
Para obter a tensão longitudinallT 2
, consideraremos
a porção esquerda da seção b do cilindro (Figura 8.1a).
C nlD mostra a Figura 8.1c, lT 2
age uniformemente em
t a a parede, e p age na seção do gás ou fluido. Visto
0 0 raio médio é aproximadamente igual ao raio interno
do vaso, o equilíbrio na direção y requer
Nessas equações,
t' 2
(8.2)
lT lT = tensão normal nas direções circunferencial
e longitudinal, respectivamente. Consideramos
que cada uma delas é constante em
toda a parede do cilindro e que cada uma
submete o material à tração
p = pressão manométrica interna desenvolvida
pelo gás ou fluido
r = raio interno do cilindro
t = espessura da parede (rlt 10)
Comparando as equações 8.1 e 8.2, devemos observar
que a tensão circunferencial ou de aro é duas vezes
maior do que a tensão longitudinal ou axial. Por consequência,
quando vasos de pressão cilíndricos são fabricados
com chapas laminadas, as juntas longitudinais
devem ser projetadas para suportar duas vezes mais
tensão do que as juntas circunferenciais.
Vasos esféricos. Podemos analisar um vaso de
pressão esférico de maneira semelhante. Por exemplo,
considere que o vaso tem espessura de parede t e raio
interno r e que está sujeito a uma pressão manométríca
interna p (Figura 8.2a). Se o vaso for secionado
pela metade usando a seção a, o diagrama de corpo
livre resultante é o mostrado na Figura 8.2b. Como
no vaso cilíndrico, o equilíbrio na direção y requer
(a)
y
Figura 8.2
(b)
'S.F y =O· '
(8.3)
Por comparação, esse é o mesmo resultado obtido para
a tensão longitudinal no vaso de pressão cilíndrico. Além
do mais, pela análise, essa tensão será a mesma independentemente
da orientação do diagrama de corpo livre
hemisférico. Por consequência, um elemento do material
está sujeito ao estado de tensão mostrado na Figura 8.2a.
Essa análise indica que um elemento de material
tomado de um vaso de pressão cilíndrico ou esférico
está sujeito à tensão biaxial, isto é, tensão normal existente
em duas direções apenas. Na verdade, o material
do vaso também está sujeito a uma tensão radial, lT 3
,
que age ao longo de uma linha radial. Essa tensão tem
um valor máximo igual à pressão p na parede interna e
diminui até zero à medida que atravessa a parede e alcança
a superfície externa do vaso, visto que a pressão
manométrica nesse lugar é nula. Entretanto, para vasos
de paredes finas, ignoraremos a componente da tensão
radial, uma vez que a premissa limitadora que adotamos,
rlt = 10, resulta em lT 2
e lT 1 como sendo, respectivamente,
5 e 10 vezes mais altas do que a tensão radial
máxima, (lT 3
) máx
= p. Por último, entenda que as fórmulas
que acabamos de deduzir só devem ser usadas para
vasos sujeitos a uma pressão manométrica interna. Se
o vaso estiver sujeito a uma pressão externa, a tensão
de compressão desenvolvida no interior da parede fina
pode tornar o vaso instável e sujeito a falhas.
Um vaso de pressão cilíndrico tem diâmetro interno de
1,2 me espessura de 12 mm. Determine a pressão interna
máxima que ele pode suportar de modo que nem a componente
de tensão circunferencial nem a de tensão longitudinal
ultrapasse 140 MPa. Sob as mesmas condições, qual é a
pressão interna máxima que um vaso esférico de tamanho
semelhante pode sustentar?
SOLUÇÃO
Vaso de pressão cilíndrico. A tensão máxima ocorre na
direção circunferencial. Pela Equação 8.1, temos
140 N/mm z = p(600 mm)
12mm
p = 2,8N/mm2
Resposta
Observe que, quando essa pressão é alcançada, a Equação
8.2 mostra que a tensão na direção longitudinal será
u2 1/2 (140 MPa) =
= 70 MPa. Além do mais, a tensão máxima
na direção radial ocorre no material da parede interna do
vaso e é (u3)máx = p = 2,8 MPa. Esse valor é 50 vezes menor
que a tensão circunferencial (140 MPa) e, como afirmamos
antes, seus efeitos serão desprezados.