Livro Hibbeler - 7ª ed Resistencia Materiais (Livro)

luis.carlos.silva
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266 RESISTÊNCIA DOS MATERIAISEsse mesmo valor para T máx pode ser obtido diretamentepela fórmula do cisalhamento T = VQ/It, sepercebermos que T máx ocorre onde Q é maior, já queV, I e t são constantes. Por inspeção, Q será máximoquando toda a área acima (ou abaixo) do eixo neutrofor considerada; isto é, A' = bh/2 e y' = h/4. Assim,VQ V(h/4)(bh/2) VT má = == 1,5 x ft [fzbh3]b APor comparação, T máx é 50% maior que a tensão decisalhamento média determinada pela Equação 1.7;isto é, r 'd = VIA.É iportante lembrar que, para cada T que age naárea da seção transversal na Figura 7.5c, há uma r correspondenteque age na direção longitudinal ao longoda viga. Por exemplo, se a viga for secionada por umplano longitudinal que passa por seu eixo neutro, então,como observamos anteriormente, a tensão de cisalhamentomáxima age sobre esse plano (Figura 7.5d).É essa tensão que pode provocar a falha em uma vigade madeira, como mostra a Figura 7.6. Nesse caso, aruptura horizontal da madeira começa a ocorrer noeixo neutro nas extremidades da viga, visto que, nesselocal, as reações verticais submetem a viga a uma grandetensão de cisalhamento, e a madeira tem baixa resistênciaao cisalhamento ao longo de seus grãos, quesão orientados na direção longitudinal.É instrutivo mostrar que, quando a distribuição datensão de cisalhamento (Equação 7.4) é integrada portoda a seção transversal, dá o cisalhamento resultanteV. Para fazer isso, escolhemos uma tira de área diferencialdA = b dy (Figura 7.5c) e, visto que T age uniformementeem toda a tira, temos1 11112 6V (h2 )-T dA = -3 __:_ l b dyA -h/2 bh 46 [h 2 .!.l]h/2y -=h 4 3 -h/2= [ 2 ( + ) -( 3 + 3 ) J = vacabamos de realizar, podemos determinar a distribuiçãoda tensão de cisalhamento que age na seção transversal.Os resultados são mostrados nos diagramas dasfiguras 7.7b e 7.7c. Como ocorreu na seção transversalretangular, a tensão de cisalhamento varia parabolicamentena altura da viga, já que a seção transversal podeser tratada como a seção retangular que tem, primeiro,a largura da aba superior, b, então a espessura da almatalma e, novamente, a largura da aba inferior, b. Em particular,observe que a tensão de cisalhamento variaráapenas ligeiramente na alma e, também, que ocorre umsalto na tensão de cisalhamento na junção aba-alma,visto que a espessura da seção transversal muda nesseponto ou, em outras palavras, t na fórmula do cisalhamento,muda. Por comparação, a alma suportará umaquantidade significativamente maior da força de cisalhamentodo que as abas, o que será ilustrado numericamenteno Exemplo 7.2.Abas(b)(a)vDistribuição datensão decisalhamentoViga de abas largas. Uma viga de abas largasconsiste em duas "abas" (largas) e uma "alma", comomostra a Figura 7.7a. Por uma análise semelhante à queFigura 7.6Intensidade da distribuição datensão de cisalhamento(vista lateral)(c)Figura 7.7

CiSALHAMENTO TRANSVERSAL 267do uso da fórmula do cisalhamento.Uma das premissas mais importantesLimitaçõesutiliadasno desenvolvimento da fórmula do cisalhamento que a tensão de cisalhamento é uniformemente distribuídapela largura t na seção onde a tensão de cisalhamentoé determinada. Em outras palavras, a tensãode cisalhamento média é calculada na largura. Podemostestar a precisão dessa premissa comparando-acom uma análise matemática mais exata baseada nateoria da elasticidade. A esse respeito, se a seção transversalda viga for retangular, a distribuição da tensãode cisalhamento verdadeira no eixo neutro, calculadapela teoria da elasticidade, varia como mostra a Figura7.8. O valor máximo, r' máx' ocorre nas bordas da seçãotransversal e seu valor depende da razão b!h (largura/altura). Para seções nas quais b/h = 0,5, r'máxé somente3% maior que a tensão de cisalhamento calculadapela fórmula do cisalhamento (Figura 7.8a). Contudo,em seções achatadas, para as quais blh = 2, r' máx éaproximadamente 40% maior que r máx (Figura 7.8b).O erro torna-se maior ainda à medida que a seção ficamais achatada, ou à medida que a relação b!h aumenta.Erros dessa ordem são, certamente, inaceitáveis seusarmos a fórmula do cisalhamento para determinara tensão de cisalhamento na aba de uma viga de abaslargas, como já discutimos.É preciso destacar, também, que a fórmula do cisalhamentonão dará resultados precisos quando usadapara determinar a tensão de cisalhamento na junçãoaba-alma de uma viga de abas largas, já que esse é umponto de mudança repentina na seção transversal e,portanto,um lugar onde ocorrerá concentração de tensão.(a)(b)Figura 7.8Além disso, as regiões internas das abas são bordas livres(Figura 7.7b), e o resultado é que a tensão de cisalhamentonessas bordas deve ser nula. Entretanto, se afórmula do cisalhamento for aplicada para determinara tensão de cisalhamento nessas bordas, obteremos umvalor r' que não será igual a zero (Figura 7.7c). Felizmente,essas limitações à aplicação da fórmula do cisalhamentoàs abas de uma viga de abas largas não sãoimportantes na prática da engenharia. Na maioria doscasos, os engenheiros têm de calcular somente a tensãode cisalhamento média máxima que ocorre no eixo neutroonde a razão b/h (largura/altura) é muito pequenae, portanto, o resultado calculado fica muito próximoda tensão de cisalhamento máxima verdadeira, comojá explicamos.Outra limitação importante ao uso da fórmula do cisalhamentopode ser ilustrada com referência à Figura7.9a, que mostra uma viga cuja seção transversal temum contorno irregular não retangular. Se aplicarmos afórmula do cisalhamento para determinar a tensão decisalhamento (média) r ao longo da reta AB, ela terá adireção mostrada na Figura 7.9b. Considere, agora, umelemento do material tomado no ponto B do contorno,tal que uma de suas faces esteja localizada sobre a superfícieexterna da viga (Figura 7.9c).Aqui, a tensão decisalhamento r calculada na face frontal do elementoé decomposta nas componentes r' e r". Por inspeção, acomponente r' deve ser nula, visto que sua componentelongitudinal correspondente r', que age na superfície docontorno livre de tensão, deve ser nula. Portanto, parasatisfazer essa condição de contorno, a tensão de cisalhamentoque age sobre o elemento no contorno deveter direção tangente ao contorno. Então, a distribuiçãoda tensão de cisalhamento na reta AB terá a direçãomostrada na Figura 7.9d. Devido à maior inclinação dastensões de cisalhamento em A e B, a tensão de cisalhamentomáxima ocorrerá nesses pontos. Valores específicospara essa tensão de cisalhamento devem ser obtidospelos princípios da teoria da elasticidade. Observe, entretanto,que podemos aplicar a fórmula do cisalhamentopara obter a tensão de cisalhamento que age em cadauma das retas coloridas na Figura 7 .9a. Aqui, essas retasinterceptam as tangentes ao contorno da seção transversalem ângulos retas, e, como mostra a Figura 7.9e, atensão de cisalhamento transversal é vertical e constanteao longo de cada reta.Resumindo os pontos discutidos, a fórmula do cisalhamentonão dá resultados precisos quando aplicadaa elementos cujas seções transversais são curtas ouachatadas, ou em pontos onde a seção transversal sofremudança abrupta. Tampouco deve ser aplicada em umaseção que intercepta o contorno do elemento a um ângulodiferente de 90°. Então, nesses casos, a tensão decisalhamento deve ser determinada por métodos maisavançados baseados na teoria da elasticidade.

266 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Esse mesmo valor para T máx pode ser obtido diretamente

pela fórmula do cisalhamento T = VQ/It, se

percebermos que T máx ocorre onde Q é maior, já que

V, I e t são constantes. Por inspeção, Q será máximo

quando toda a área acima (ou abaixo) do eixo neutro

for considerada; isto é, A' = bh/2 e y' = h/4. Assim,

VQ V(h/4)(bh/2) V

T m

á = =

= 1,5 x ft [fzbh3]b A

Por comparação, T máx é 50% maior que a tensão de

cisalhamento média determinada pela Equação 1.7;

isto é, r 'd = VIA.

É iportante lembrar que, para cada T que age na

área da seção transversal na Figura 7.5c, há uma r correspondente

que age na direção longitudinal ao longo

da viga. Por exemplo, se a viga for secionada por um

plano longitudinal que passa por seu eixo neutro, então,

como observamos anteriormente, a tensão de cisalhamento

máxima age sobre esse plano (Figura 7.5d).

É essa tensão que pode provocar a falha em uma viga

de madeira, como mostra a Figura 7.6. Nesse caso, a

ruptura horizontal da madeira começa a ocorrer no

eixo neutro nas extremidades da viga, visto que, nesse

local, as reações verticais submetem a viga a uma grande

tensão de cisalhamento, e a madeira tem baixa resistência

ao cisalhamento ao longo de seus grãos, que

são orientados na direção longitudinal.

É instrutivo mostrar que, quando a distribuição da

tensão de cisalhamento (Equação 7.4) é integrada por

toda a seção transversal, dá o cisalhamento resultante

V. Para fazer isso, escolhemos uma tira de área diferencial

dA = b dy (Figura 7.5c) e, visto que T age uniformemente

em toda a tira, temos

1 11112 6V (h2 )

-

T dA = -3 __:_ l b dy

A -h/2 bh 4

6 [h 2 .!.l]h/2

y -

=

h 4 3 -h/2

= [ 2 ( + ) -( 3 + 3 ) J = v

acabamos de realizar, podemos determinar a distribuição

da tensão de cisalhamento que age na seção transversal.

Os resultados são mostrados nos diagramas das

figuras 7.7b e 7.7c. Como ocorreu na seção transversal

retangular, a tensão de cisalhamento varia parabolicamente

na altura da viga, já que a seção transversal pode

ser tratada como a seção retangular que tem, primeiro,

a largura da aba superior, b, então a espessura da alma

talma e, novamente, a largura da aba inferior, b. Em particular,

observe que a tensão de cisalhamento variará

apenas ligeiramente na alma e, também, que ocorre um

salto na tensão de cisalhamento na junção aba-alma,

visto que a espessura da seção transversal muda nesse

ponto ou, em outras palavras, t na fórmula do cisalhamento,

muda. Por comparação, a alma suportará uma

quantidade significativamente maior da força de cisalhamento

do que as abas, o que será ilustrado numericamente

no Exemplo 7.2.

Abas

(b)

(a)

v

Distribuição da

tensão de

cisalhamento

Viga de abas largas. Uma viga de abas largas

consiste em duas "abas" (largas) e uma "alma", como

mostra a Figura 7.7a. Por uma análise semelhante à que

Figura 7.6

Intensidade da distribuição da

tensão de cisalhamento

(vista lateral)

(c)

Figura 7.7

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