Montalegre - Boletim Municipal | Agosto 2020
Boletim Municipal de Montalegre, Agosto 2020
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BOLETIM MUNICIPAL 23
TURISMO
Habitado desde o Neolítico, o Planalto da Mourela é um jardim perfumado.
Plantado a cerca de 1.200 metros de altitude, na parte oriental da serra do Gerês,
este pedaço natural do concelho de Montalegre oferece sensações de cortar o
fôlego. Com o cabelo ao vento podemos povoar o imaginário a observar o galope
do cavalo garrano, o chilrear de pássaros incomuns e o brotar da água cristalina
dos regatos. Um chão de cheiros que provoca encanto. Arrebatador pelo abraço
da montanha e por um céu que não se esquece.
É uma das portas de entrada do Parque Nacional da
Peneda-Gerês (PNPG) - único parque nacional de Portugal
- e reserva da biosfera Gerês-Xurês. O Planalto da
Mourela é um dos mais notáveis encantos do concelho
de Montalegre, espalhado pelas sete aldeias que o
envolve (Covelães, Outeiro, Paredes do Rio, Pitões das
Júnias, Tourém, Travassos e Sezelhe). Uma portentosa
diversidade de recursos naturais e culturais. A invulgar
paisagem que alberga está diretamente relacionada
com a presença humana e a sua interação com o meio
ambiente. A diversidade do horizonte - com as zonas
de cultivo ainda em utilização à volta das aldeias já
mencionadas - contrasta com as zonas encharcadas das
turfeiras, onde florescem as bolas-de-algodão ou os
matos das áreas mais planas, ocupados pelas cores das
giestas e das urzes.
MAIS ANIMAIS QUE GENTE
A rudeza dos números não deixa dúvidas. Falamos de
uma área natural onde desfilam mais de dois mil animais,
grande parte bovinos. Nos sete baldios do PNPG,
situados na zona da Mourela, vivem pouco mais de 600
pessoas. Por via disto, o íntimo entre a criação de gado
e as tradicionais práticas agrícolas, resulta num legado
muito importante na conservação da paisagem natural
desta região. Não estranha ser um repositório vivo das
práticas associadas aos sistemas agrários tradicionais,
onde as técnicas de gestão e de maneio do território
se têm perpetuado ao longo do tempo e continuam a
marcar o quotidiano das populações e da paisagem.
TERRA PREMIADA
Este encanto do concelho de Montalegre é sedutor. A
ponto de ter conquistado a Europa, em 2016, ao vencer
o prémio da União Europeia para o Património Cultural
/ Prémio Europa Nostra 2016, na categoria Educação,
Formação e Sensibilização. Esta escolha reflete não só
os bons resultados do processo – desde a sua implementação,
em 2009, os incêndios florestais nesta área
diminuíram 80% – como a sua continuidade. A iniciativa
foi inicialmente apoiada com uma EEA Grant, financiada
pela Noruega, a Islândia e o Liechtenstein no âmbito do
Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu.
A verba esgotou-se em 2011, mas, de então para cá, a
iniciativa continua, mantida pelas associações de baldios
do PNPG. Neste encalço, há o turismo. Foi criado
um Centro Interpretativo para visitantes, numa antiga
casa florestal, às portas de Pitões das Júnias. Dali parte
um conjunto de cinco trilhos para caminhada, pensados
para diferentes públicos, que vão desde um percurso de
acesso universal - pode até ser percorrido por pessoas
com mobilidade reduzida - até à Grande Rota da Mourela
(62 quilómetros).
SONS DO CÉU
Por esta altura do ano, percorrer as cores do vestido
do Planalto da Mourela (amarelo, lilás e verde) é ir ao
encontro de diversas espécies de aves que são raras
no resto do território português. Não é difícil dar de
caras, entre Pitões das Júnias e Tourém, com os picanços-de-dorso-ruivo,
a laverca, a petinha-das-árvores, a
alvéola-amarela, a ferreirinha-comum, o melro-das-rochas,
a sombria e ainda outras espécies mais vulgares,
como o cartaxo-comum, a gralha-preta e o pintarroxo.
Se avançarmos para Tourém, podemos encontrar a rola-brava,
o andorinhão-preto e o papa-amoras. Do lado
sul do Planalto da Mourela, merece também uma visita
a estrada para Pitões das Júnias. Ao longo deste troço é
possível encontrar paisagem agrícola em mosaico, sendo
este um dos melhores locais para observar a rara
escrevedeira-amarela. Outras espécies que aqui podem
ser vistas incluem a rola-brava, a cotovia-arbórea, o picanço-de-dorso-ruivo
e o trigueirão.
COORDENADAS
41°50’32.1”N - 7°55’17.6”W