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BOLETIM MUNICIPAL 23TURISMOHabitado desde o Neolítico, o Planalto da Mourela é um jardim perfumado.Plantado a cerca de 1.200 metros de altitude, na parte oriental da serra do Gerês,este pedaço natural do concelho de Montalegre oferece sensações de cortar ofôlego. Com o cabelo ao vento podemos povoar o imaginário a observar o galopedo cavalo garrano, o chilrear de pássaros incomuns e o brotar da água cristalinados regatos. Um chão de cheiros que provoca encanto. Arrebatador pelo abraçoda montanha e por um céu que não se esquece.É uma das portas de entrada do Parque Nacional daPeneda-Gerês (PNPG) - único parque nacional de Portugal- e reserva da biosfera Gerês-Xurês. O Planalto daMourela é um dos mais notáveis encantos do concelhode Montalegre, espalhado pelas sete aldeias que oenvolve (Covelães, Outeiro, Paredes do Rio, Pitões dasJúnias, Tourém, Travassos e Sezelhe). Uma portentosadiversidade de recursos naturais e culturais. A invulgarpaisagem que alberga está diretamente relacionadacom a presença humana e a sua interação com o meioambiente. A diversidade do horizonte - com as zonasde cultivo ainda em utilização à volta das aldeias jámencionadas - contrasta com as zonas encharcadas dasturfeiras, onde florescem as bolas-de-algodão ou osmatos das áreas mais planas, ocupados pelas cores dasgiestas e das urzes.MAIS ANIMAIS QUE GENTEA rudeza dos números não deixa dúvidas. Falamos deuma área natural onde desfilam mais de dois mil animais,grande parte bovinos. Nos sete baldios do PNPG,situados na zona da Mourela, vivem pouco mais de 600pessoas. Por via disto, o íntimo entre a criação de gadoe as tradicionais práticas agrícolas, resulta num legadomuito importante na conservação da paisagem naturaldesta região. Não estranha ser um repositório vivo daspráticas associadas aos sistemas agrários tradicionais,onde as técnicas de gestão e de maneio do territóriose têm perpetuado ao longo do tempo e continuam amarcar o quotidiano das populações e da paisagem.TERRA PREMIADAEste encanto do concelho de Montalegre é sedutor. Aponto de ter conquistado a Europa, em 2016, ao vencero prémio da União Europeia para o Património Cultural/ Prémio Europa Nostra 2016, na categoria Educação,Formação e Sensibilização. Esta escolha reflete não sóos bons resultados do processo – desde a sua implementação,em 2009, os incêndios florestais nesta áreadiminuíram 80% – como a sua continuidade. A iniciativafoi inicialmente apoiada com uma EEA Grant, financiadapela Noruega, a Islândia e o Liechtenstein no âmbito doMecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu.A verba esgotou-se em 2011, mas, de então para cá, ainiciativa continua, mantida pelas associações de baldiosdo PNPG. Neste encalço, há o turismo. Foi criadoum Centro Interpretativo para visitantes, numa antigacasa florestal, às portas de Pitões das Júnias. Dali parteum conjunto de cinco trilhos para caminhada, pensadospara diferentes públicos, que vão desde um percurso deacesso universal - pode até ser percorrido por pessoascom mobilidade reduzida - até à Grande Rota da Mourela(62 quilómetros).SONS DO CÉUPor esta altura do ano, percorrer as cores do vestidodo Planalto da Mourela (amarelo, lilás e verde) é ir aoencontro de diversas espécies de aves que são rarasno resto do território português. Não é difícil dar decaras, entre Pitões das Júnias e Tourém, com os picanços-de-dorso-ruivo,a laverca, a petinha-das-árvores, aalvéola-amarela, a ferreirinha-comum, o melro-das-rochas,a sombria e ainda outras espécies mais vulgares,como o cartaxo-comum, a gralha-preta e o pintarroxo.Se avançarmos para Tourém, podemos encontrar a rola-brava,o andorinhão-preto e o papa-amoras. Do ladosul do Planalto da Mourela, merece também uma visitaa estrada para Pitões das Júnias. Ao longo deste troço épossível encontrar paisagem agrícola em mosaico, sendoeste um dos melhores locais para observar a raraescrevedeira-amarela. Outras espécies que aqui podemser vistas incluem a rola-brava, a cotovia-arbórea, o picanço-de-dorso-ruivoe o trigueirão.COORDENADAS41°50’32.1”N - 7°55’17.6”W