BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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JOSÉ ILDON GONÇALVES DA CRUZ 99
sentimo-nos frustrados por nada podermos ter feito contra o mais maquiavélico ato
administrativo contra a história barretense. A preservação do patrimônio histórico
de uma cidade é mais do que obrigatório e não é justo que com um simples decreto ou
mesmo uma Lei votada, às pressas, se jogue ao chão o que gerações pioneiras tenham
deixado de si, como testemunho do seu trabalho, de sua inteligência, do seu amor à
terra, onde plantaram o seu destino. O executivo e o Legislativo da época tinham, isso
sim, obrigação de projetar e realizar sólida reforma para o Grupo Escolar “Dr. Antônio
Olympio”, depois (e como mereceriam aplausos e até mesmo placa de bronze com seus
nomes) fazerem construir, à sua volta, artística redoma de cristal, para que as gerações
futuras se orgulhassem do discernimento de cada um, o que, infelizmente, não se
pode fazer agora. A nosso ver, o tombamento do histórico prédio teria sido o caminho
mais acertado. Pelo visto, sem querermos cometer injustiça, os epocários, nem de leve,
sabiam na realidade, o que seria tombamento. Pelo crime, a todos eles, o nosso sentimento
de tristeza.”
O tempo passou. Poucos tiveram a sorte de ter convivido com o poeta.
Seus conhecidos falam dele com encantamento. Era uma pessoa estranha e
generosa, confidente; uma coisa esquisita, fora de série. Era muito bom de
coração, incomum. Um intelectual, uma pessoa sensata. Algo interessante:
ele transitava em todo lugar, assim revelaram os seus contemporâneos.
Tinha tudo para ser uma pessoa arrogante, mas não era. Era poderoso
e não usava esse poder em benefício próprio. Nunca se elogiava pela posição
que tinha. A sua humildade era demais. Ele reclamava muito das pessoas,
mas da vida, nunca reclamou — e isto encantava.
A personalidade de Nidoval era que os outros sempre avançassem. Ele
não diminuía ninguém, nem se diminuía; nem se exaltava. Era mediador.
Sempre fez isso. Sempre ajudou as pessoas. Há muita gente que cresceu no
jornalismo, na política, no meio artístico, na educação, porque ele sempre
deu forças. É aquela coisa — há dois tipos de pessoa: as que nasceram para
aplaudir e as que nasceram para serem aplaudidas.
Nidoval foi as duas pessoas ao mesmo tempo.
Ele tinha a humildade de aplaudir e a humildade de ser aplaudido.
José Ildon Gonçalves da Cruz é membro efetivo da Academia
Barretense de Cultura - ABC, cadeira 23, dos patronos Nidoval Reis e João Cornélio
Perini. Doutorando em Educação, pela Unifesp, sob a orientação da Profª Drª Cláudia
Panizzolo. Autor do livro: Nidoval Reis: biografia de um poeta