BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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OS ITALIANOS EM BARRETOS
As regiões ao Norte do rio Pó permaneceram no “status” socioeconômico
idêntico ao de antes da unificação. Havia grande disparidade entre classe
rica e classe pobre, estando essa quase na miséria que dominava toda a
região.
A Venécia, ainda em parte sob o domínio austríaco, o Trentino-Alto Ádige
todo, também sob o domínio austríaco e pretendido pela Itália, apresentavam
uma situação política de instabilidade e de futuro incerto.
Neste cenário de dificuldades e incertezas, uma leva considerável de
italianos decidiu sair de seu país de origem e se aventurar em outras terras,
atrás de um futuro que poderia lhes dar uma garantia de vida melhor.
Tanto o meu avô quanto, certamente, todos aqueles que deixaram a sua
terra, não enxergavam oportunidade melhor do que aportar no novo mundo,
ainda por explorar e cheio de oportunidades.
Como a maioria dos imigrantes italianos era experiente na atividade
agrícola, já era encaminhada ao trabalho em grandes fazendas de café, substituindo
a mão-de-obra escrava abolida recentemente (1888).
Várias famílias italianas foram encaminhadas para a nossa região. Até
hoje há remanescentes destes primeiros imigrantes.... Marchi, Ducatti, Martinelli,
Benedetti...
Daniel Bampa, nascido em 23 de março de 1871, na comune São Michele
Extra, na província de Verona, imigrou para o Brasil entre 1893/94. Chegou
ainda solteiro e com aproximadamente 22 anos, acompanhado do seu irmão
José Bampa, casado, então com 2 filhos.
Ficou aqui até por volta de 1897, quando voltou para a Itália. Três anos
depois, embarcou no vapor Arno para retornar a Barretos. Nessa viagem
conheceu minha avó, Virgínia Martinelli, casando-se às onze horas do dia 13
de outubro de 1900. Faleceu aos 63 anos, no dia 18 de maio de 1934, vítima
de colapso cardíaco, segundo atestado de óbito fornecido pelo médico patrício,
Dr. Carmélio Guagliano.
Trabalhando duro, Daniel Bampa conseguiu fazer o seu “pé de meia” e,
com uma família numerosa, fundou um pequeno armazém e adquiriu uma
pequena gleba, onde obtinha o sustento para os 12 componentes da família.
Era bastante comum a reunião de toda família em torno de uma grande
mesa, contando com três dezenas de descendentes, numa algazarra, fala
alta, tendo boa parte dos integrantes o ato de proferir palavrões, principalmente
após o segundo copo de um bom tinto, mesmo que não fosse um Brunello
Di Montalcino.
Como toda família italiana, a mesa farta fazia parte da cultura, contando
com a extensa variedade de comida oriunda da “Velha Bota”, como espaguete,
lasanha, pizza, nhoque, capelete, polenta e ravioli, entre outros, sempre
acompanhada de velhas canções, não só napolitanas, mas de todas as