17.08.2020 Views

BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

74

OS ITALIANOS EM BARRETOS

As regiões ao Norte do rio Pó permaneceram no “status” socioeconômico

idêntico ao de antes da unificação. Havia grande disparidade entre classe

rica e classe pobre, estando essa quase na miséria que dominava toda a

região.

A Venécia, ainda em parte sob o domínio austríaco, o Trentino-Alto Ádige

todo, também sob o domínio austríaco e pretendido pela Itália, apresentavam

uma situação política de instabilidade e de futuro incerto.

Neste cenário de dificuldades e incertezas, uma leva considerável de

italianos decidiu sair de seu país de origem e se aventurar em outras terras,

atrás de um futuro que poderia lhes dar uma garantia de vida melhor.

Tanto o meu avô quanto, certamente, todos aqueles que deixaram a sua

terra, não enxergavam oportunidade melhor do que aportar no novo mundo,

ainda por explorar e cheio de oportunidades.

Como a maioria dos imigrantes italianos era experiente na atividade

agrícola, já era encaminhada ao trabalho em grandes fazendas de café, substituindo

a mão-de-obra escrava abolida recentemente (1888).

Várias famílias italianas foram encaminhadas para a nossa região. Até

hoje há remanescentes destes primeiros imigrantes.... Marchi, Ducatti, Martinelli,

Benedetti...

Daniel Bampa, nascido em 23 de março de 1871, na comune São Michele

Extra, na província de Verona, imigrou para o Brasil entre 1893/94. Chegou

ainda solteiro e com aproximadamente 22 anos, acompanhado do seu irmão

José Bampa, casado, então com 2 filhos.

Ficou aqui até por volta de 1897, quando voltou para a Itália. Três anos

depois, embarcou no vapor Arno para retornar a Barretos. Nessa viagem

conheceu minha avó, Virgínia Martinelli, casando-se às onze horas do dia 13

de outubro de 1900. Faleceu aos 63 anos, no dia 18 de maio de 1934, vítima

de colapso cardíaco, segundo atestado de óbito fornecido pelo médico patrício,

Dr. Carmélio Guagliano.

Trabalhando duro, Daniel Bampa conseguiu fazer o seu “pé de meia” e,

com uma família numerosa, fundou um pequeno armazém e adquiriu uma

pequena gleba, onde obtinha o sustento para os 12 componentes da família.

Era bastante comum a reunião de toda família em torno de uma grande

mesa, contando com três dezenas de descendentes, numa algazarra, fala

alta, tendo boa parte dos integrantes o ato de proferir palavrões, principalmente

após o segundo copo de um bom tinto, mesmo que não fosse um Brunello

Di Montalcino.

Como toda família italiana, a mesa farta fazia parte da cultura, contando

com a extensa variedade de comida oriunda da “Velha Bota”, como espaguete,

lasanha, pizza, nhoque, capelete, polenta e ravioli, entre outros, sempre

acompanhada de velhas canções, não só napolitanas, mas de todas as

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!