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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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JORGE ANDRADE: CULTURA, FAMÍLIA E HISTÓRIA EM SUAS OBRAS 47

ção”, em 1991, e decidi que era exatamente isso o que eu buscava: a arte

dramática; e, a segunda, afetivamente, quando 17 anos depois, também através

de sua obra, conheci seu sobrinho Guilherme, o homem por quem me

apaixonei, casei e vivi uma linda história de amor.

Aluisio Jorge Andrade Franco, nasceu em Barretos, São Paulo, em

21/05/1922. Filho do casal Ignácio de Lima Franco e Albertina de Andrade

Franco, teve quatro irmãos: Aradir, Amélia, Ademar e a caçula Anna Luiza.

Casou-se em 1956 com Helena de Almeida Prado, com quem teve três filhos:

Gonçalo, Camila e Blandina.

Jorge, desde criança, já demonstrava ser diferente do mundo que o

rodeava. A família pertencia à aristocracia da terra, mas Jorge não se considerava

um fazendeiro; talvez, como dizia em suas entrevistas:

Posso ser um “fazendeiro do ar” na classificação de Carlos Drummond de Andrade.

Os valores da época eram o cavalo, o cachorro e a caça, em um meio

agreste. Era um mundo onde não se conhecia o rádio, a TV e muito menos

a arte; nesse mundo, ele amava os livros, comovia-se com a música, criava

estórias e torcia pela caça.

A “conscientização” de seu trabalho como dramaturgo veio quando foi

assistir a montagem de “Anjos de Pedra”, de Tennessee Willians, no TBC/SP, em

1950. Ele conheceu Cacilda Becker, que transformou seu destino, aconselhando-o

a fazer a Escola de Arte Dramática – EAD, com a finalidade de escrever. Já

no primeiro ano, criou a obra teatral “O Telescópio”, descobrindo-se dramaturgo.

Outro conselho essencial para sua escolha foi quando, em uma viagem aos

Estados Unidos, conheceu o dramaturgo Arthur Miller, que lhe diz:

Volte para seu país, Jorge, e procure descobrir porque os homens são o que são e não o que

gostariam de ser, e escreva sobre a diferença.

Sua primeira montagem profissional aconteceu em 1955, em São Paulo,

no Teatro Maria DellaCosta: “A Moratória”, peça que teve Fernanda Montenegro no

início de sua carreira como atriz, com a direção de Giani Rato.

Suas obras são de conteúdo denso, intenso, ousado, original. Este homem

não corria atrás do apelo popular mais fácil, de agradar por agradar:

ele realmente respeitava a inteligência do público, instigando-o a refletir e a

criar uma imagem própria.

São obras de grandes cenários, movimentações complicadas e muitos

personagens. Mas se não fosse para escrever o que queria, não escrevia.

Para ele, o teatro é onde o homem está sendo representado.

Seus textos evidenciam famílias, culturas e história, como, por exemplo

em “A Moratória”, que enfoca a derrocada do café e o declínio de toda uma

classe patriarcal devido à crise de 1929.

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