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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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ADONIAS GARCIA

pessoas terem ideia de como era, de fato, no “estradão”. A ideia não vingou,

mas na terceira festa foi retomada e meu pai foi um dos principais incentivadores,

convencendo vários comissários: no geral, eles achavam difícil e caro;

afinal, pagariam todas as despesas. Enfim, acabou acontecendo, não com a

ponta de boi, só almoço.

A lembrança é estendida, oralmente, até hoje. Participaram, entre outros,

os seguintes comissários: Anésio Garcia, Antônio Ângelo, Zé Meinberg,

Saluzão, João Latão, Tuca Preto, Nego Ângelo, Tim, Geromão, Lindolfo Jota,

Afrânio, Deco de Paula, Etelvino Bráz de Ávila e Gerônimo Machado. A comida

servida era arroz branco, feijão, mandioca cozida, paçoca no pilão e carne

assada. A famosa “Maria Isabel” (arroz com carne seca), que às vezes se fazia

no estradão, só entraria no cardápio junto ao feijão gordo na década de 1980,

depois que Alceu do Berrante viu esse prato em restaurantes do Mato Grosso

e, junto com um grupo de pessoas ligadas aos Clube “Os Independentes”, começou

a fazê-lo em vários eventos, de aniversários a quermesses. Ocorre que, em

1980, o presidente da República da época veio a Barretos e o Alceu fez para

sua equipe essa comida. Por conta do grande sucesso nesse momento e nesses

eventos todos, é que foram acrescentados à Queima do Alho da Festa

do Peão. Vale lembrar que o nome “Arroz a Carreteiro” (ou arroz carreteiro) foi

importado da região Sul do Brasil — lá, esse prato é tradicional.

Eu disse que a minha primeira infância (nasci em 1969) era num fim

de um ciclo: pois bem, com a criação de um frigorífico em Barretos no início

do século XX, houve um mudança na economia do município — nossa região

já era, antes disso, ao que parece desde o final do século XIX, uma região

com boiadas, mas a partir desse momento, até meados do século XX, tornou-

-se um local com cenário e vida muito particular, como um centro da cultura

e da economia boiadeira; as comitivas, então, floresceram e a profissão de

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