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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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SILVESTRE DE LIMA: AS MULTIFACES DO PERSONAGEM QUE TRANSFORMOU BARRETOS 177

da política, além de trazer os aspectos e os cheiros do local, dava voz a sua

gente, concedendo ao semanário textos próprios de barretenses, entre eles

Jesuíno de Melo, que registrava as memórias dos primeiros moradores e Almeida

Pinto, que publicava crônicas sobre o cotidiano da cidade de maneira

bem-humorada e rimada.

Outra característica interessante do hebdomadário é a presença de uma

mulher, a jovem Noemi Nogueira, que traduzia obras célebres e, entre todo

esse turbilhão de novidades, ainda havia espaço para as poesias de Silvestre,

que incontestavelmente fizeram a história do jornalismo barretense. De voo

célere, alcançou as principais capitais, sendo bastante elogiado por colegas

da imprensa carioca, berço do jornalismo no Brasil, com os quais aprendeu o

ofício e se moldou jornalista. O escritor Arthur Azevedo, um dos fundadores

da Academia Brasileira de Letras, em “O Paiz”, saudou-o festivamente

“Quem é vivo sempre aparece. Acabo de receber da cidade de Barretos (Estado de São

Paulo) o 1º. Número d’O Sertanejo, periódico hebdomadário que tem como redactor-chefe

Silvestre de Lima, meu velho e affectuoso companheiro de vida litteraria, estimado

poeta que há muito tempo não dava um ar de sua graça, e de quem eu não recebia, há

não sei quantos anos, a mais ligeira notícia” 2 .

Outro trecho relevante da escrita de Arthur aponta para a maneira

como a cidade era vista

“Não me interessa tão pouco outras colunas de prosa, aliás bem escripta, que lá vem

n’O Sertanejo, cujo merecimento litterario excede, evidentemente, a media do jornalismo

da roça” 3 .

Como visto, Barretos era uma cidade essencialmente rural, até então

conhecida por atos de violência e a qualidade de suas pastagens. Com o

pioneirismo de Silvestre, tem-se, através da introdução da imprensa, uma

leitura urbana de um espaço rural, com destaque para as potencialidades do

local, atraindo assim novos olhares sobre a cidade, que contribuíram para a

sua modernização.

Silvestre estudou no Rio de Janeiro, onde se encantou com o jornalismo,

abraçando-o apaixonadamente e fazendo deste ofício sua profissão, fato que

certamente o influenciou na inauguração da imprensa barretense. Ainda na

capital, habituou-se às lutas políticas e às facilidades proporcionadas pela

modernidade, fatos que o levaram a ingressar na política local, passando a

atuar na melhoria das condições da cidade e na higiene do espaço urbano, o

que incluía a instalação de Posto Zootécnico, do primeiro grupo escolar, iluminação

pública e água encanada, entre outros.

2 O Paiz, Rio de Janeiro, 09/Abr/1900. Acervo BN. (grafia de época preservada)

3 Idem. (grafia de época preservada)

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