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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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SE ESSAS PAREDES FALASSEM...

dando um aspecto vexatório às filas que se formavam para a chamada “sopa”.

Tempos em que havia aulas, normalmente, todos os sábados e, do corredor

central do estabelecimento, podíamos avistar a rua e pessoas livremente se

dirigindo para festas de fim de tarde, enquanto permanecíamos dentro das

salas de aulas... Mas, por outro lado, tempos em que o antigo curso primário

era tão valorizado que festividades caprichadas eram preparadas ao final da

quarta série para a entrega solene de diplomas.

Ah, se essas paredes falassem... Ressoariam, nos recônditos de seus

velhos tijolos, que mãos anônimas colocaram em pilhas simétricas, as vozes

esquecidas de mestres dedicados que ali deixaram um pouco de suas vidas,

trabalhando assoberbados com classes, geralmente, superlotadas. Tantos

rostos e nomes me afloram à lembrança! Impossível nomear todos, assim

como não posso nomear todos os rostos de alunos com os quais convivi e que

deixaram marcas profundas em minha vida, algumas delas em forma de bilhetinhos

carinhosos escritos com amor e respeito, por mãos infantis de letra

incerta, e conservados, até hoje, em minha pequena caixa de recordações.

Ah, se essas paredes falassem... Também cantariam, compenetradas,

os hinos que as crianças entoavam com seriedade no galpão da escola: Hino

Nacional, Hino à Bandeira, Hino da Proclamação da República, ensinados em sala de aula

com a preocupação de que todas as frases e palavras soassem corretamente

e que, costumeiramente, vinham transcritos na contracapa das brochuras.

Brochuras muitas vezes compradas apressadamente na Papelaria do Deuro, que

ficava quase em frente ao Grupo, local onde hoje funciona uma gráfica.

Lembro-me de ter ensinado também o Hino a Barretos, composição musical do

Professor Aymoré do Brasil e letra escrita pelo Dr. Osório Faleiros da Rocha

e que, na sua primeira estrofe, diz:

Por Barretos, bandeirante,

Desbravador do sertão!

Pela Pátria, avante! Avante!

Levantado o coração!

Não há divisa mais bela,

Mais nobre, mais varonil:

Sejamos a sentinela

Avançada do Brasil.

Cantávamos também o Hino ao Grupo Escolar “Professor Fausto Lex”, escrito pela

Dra. Vera Sonia Abrão, que adaptou uma letra à melodia da canção “Cisne

Branco”, Hino Oficial da Marinha Brasileira (composição de Antonio Manoel do Espírito

Santo e letra de Benedito Xavier de Macedo).

É... “Antigamente a escola era risonha e franca” — lindas e verdadeiras palavras

que encontramos na velha poesia “O Estudante Alsaciano”, do poeta português

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