BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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SE ESSAS PAREDES FALASSEM...
que seriam destinadas a crianças da pré-escola até a oitava série, unificando
os curso primário e secundário. Nesse ano, eu e mais outras colegas fomos
remanejadas para a Escola Estadual de Primeiro Grau “Prof a Paulina Nunes de Moraes” e
o antigo Grupo Escolar também foi transformado em Escola Estadual de Primeiro
Grau “Professor Fausto Lex”.
2º Grupo Escolar, em 1939. (Fonte: Arquivo do Estado de São Paulo)
Se as paredes desse querido Grupo Escolar, paredes velhas e desgastadas
já nessa época, falassem, com certeza também pensariam e certamente se
lembrariam, emocionadas, de um tempo em que as crianças respeitavam os
adultos, especialmente os professores, levantando-se, cerimoniosas, sempre
que o Diretor ou uma visita inesperada adentrasse a sala de aula. Falariam
também das comportadas filas de alunos que se formavam no pátio antes do
início das aulas, mantendo um braço de distância do coleguinha da frente,
disposição que nem sempre era seguida com exatidão; mas a verdade é que
as filas ensinavam às crianças o sentido da ordem e da disciplina, indispensáveis
para um mundo de paz. Era bonito ver aquele ondular de saias azuis pregueadas
e o caminhar concentrado dos meninos em seus uniformes, também
em azul e branco, num singelo caleidoscópio de duas cores.
Na sala de aula, em carteiras de madeira também já muito desgastadas
pelo uso contínuo, dispunham seu material na prateleira que ficava
sob o tampo, tampo este que continha uma pequena cavidade redonda para
os tinteiros (que já não eram mais utilizados, substituídos que foram pelas
esferográficas). Os alunos sentavam-se em duplas a princípio, mas logo passaram
a ocupar carteiras individuais. Os cadernos também refletiam ordem
e capricho, impecavelmente encapados com papel impermeável (cujas cores