BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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MUSEU RUY MENEZES POR ELE MESMO 163
sores para que eu acontecesse. E assim foi feito. Depois de muitas reuniões,
conversas informais e todo tipo de debate, em 1961 eu fui apresentado ao
mundo pela primeira vez. Naquela época, eu ganhei o nome de Museu Histórico
e Pedagógico Ana Rosa, em homenagem à esposa do fundador da nossa cidade,
Francisco Barreto. Era tempo do nascimento de vários museus pelo estado
de São Paulo com essa denominação. A minha não era oficial, mas fazia jus
ao meu conteúdo. Fiz tanto sucesso logo na minha chegada, que várias pessoas
me trouxeram presentes que eu guardo comigo aqui até hoje, como a
cruz (que dizem que foi da sepultura do Chico Barreto, mas eu não sei, não...).
Recebi até carta do Diretor do Serviço de Museus do estado, Vinício Stein
Campos, parabenizando o professor Raul pelo meu nascimento. Achei fantástico!
Está guardadinha aqui comigo, para quem quiser ver.
Só que o tempo passou e eu cresci — claro, e não cabia mais na minha
casa. Eram tantos os presentes doados que não tinha espaço para mais
nada. Daí o professor teve a ideia: vamos entregar o museu para o município.
E em 1973, depois (de novo) de muita conversa, debate, questionamentos,
eu acabei me mudando. Vim pra esse prédio que é mais antigo do que
qualquer pessoa que você conheça! Mas ele é muito importante, sabe? Ele
era o Paço Municipal, por onde vários prefeitos passaram. Ele foi inaugurado em
1907. Muito antigo. Quem fez esse prédio lindo foi o então prefeito Antonio
Olympio. Tem registro no jornal O Sertanejo (que também é antigo, de 1900,
mas essa informação saiu no dia 2 de setembro de 1906) e eu também o
tenho! Mais tarde, ele ganhou as duas águias que encimam sua entrada e
passou a ser conhecido como Palácio das Águias, numa referência ao Palácio da
República, no Rio de Janeiro, onde ficava a sede do governo federal naquela
época; nesse mesmo ano, ele também ganhou o busto da República, que está
até hoje no nosso salão principal. E mais uma curiosidade sobre esse prédio
tão importante e interessante: ao redor dele existem 17 janelas, sabe para
quê? Entrar luz e vento. Quando o prédio foi inaugurado, não havia energia
elétrica em Barretos (ela só veio em 1911); então precisava desse tanto de
janelas para as coisas poderem acontecer lá dentro. E, agora, esse prédio tão
importante seria a minha casa. Só minha.
Eu já era crescido e precisava do meu espaço.
Mas eu vim em definitivo só no dia 6 de fevereiro de 1979, quando
renasci nessa casa nova, com uma festança. Até o bispo da cidade, Dom Antonio
Maria Mucciolo, veio me abençoar. Tenho várias fotos para mostrar. O
povo todo na porta pra me ver. Que festa! Vieram várias pessoas importantes,
como o prefeito da época, o Melek Zaiden Geraige e a dona Lydia Scanavino
Scortecci — essa é a minha mãezona; sempre cuidou de mim, desde
que eu nasci e, quando eu fiquei grande, foi ela que me acompanhou e fez a
minha mudança — entre muitos outros.