160PRISCILA VENTURA TRUCULLO_________________1 A discussão teórica acerca dos conceitos marxistas de classe e consciência de classe é profícua e perpassavários autores da história e das ciências sociais. Um dos entendimentos mais recorrentes é aquele dado peloclássico A formação da classe operária inglesa de E. P. Thompson, segundo o qual “A classe acontece quandoalguns homens, como resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidadede seus interesses entre si, e contra outros homens cujos interesses diferem (e geralmente se opõem) dosseus. A experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção em que os homensnasceram – ou entraram involuntariamente. A consciência de classe é a forma como essas experiências sãotratadas em termos culturais: encarnadas em tradições, sistemas de valores, ideias e formas institucionais. Se aexperiência aparece como determinada, o mesmo não ocorre com a consciência de classe”. THOMPSON, E. P.A formação da classe operária inglesa, v. I, A árvore da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 10.2 A concepção materialista da história nos mostra que em “cada fase histórica se encontra um resultado material,um somatório de forças de produção, uma relação historicamente criada entre indivíduos e a natureza e daquelesentre si, que cada geração recebe da que a precedeu [...] partimos do homem realmente ativo, para, com baseno seu processo real de vida, mostrarmos também o desenvolvimento dos reflexos ideológicos e dos ecos desseprocesso de vida [...] Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência”.GARDINER, P. Marx: a concepção materialista da história. In: ___ (org.) Teorias da história. 4 ed. Lisboa:Fundação Calouste Gulbenkian, 1995, p. 158-159.3 HOBSBAWM, E. O fazer-se da classe operária. In: ___ Mundos do Trabalho: novos estudos sobre históriaoperária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 282.4 “Convidam-se as classes operárias todas a comparecer hoje as 12h do dia à Rua Tiradentes em frente à ferrariaMantoni”. O Commercio 6.8.1911 In: ARAÚJO, C. R. A. Perfil dos Operários do Frigorífico Anglo deBarretos (1927-1935) 2003. Dissertação (Mestrado em História). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,Universidade Estadual de Campinas: Campinas, 2003.5 ARAÚJO, C. R. A. Op. cit; p. 80.6 BATALHA, C. H. M; SILVA, F. T.; FORTES, A. Cultura de classe: identidade e diversidade na formação doproletariado. Campinas: Unicamp, 2004, p. 12.7 Destaca-se entre os imigrantes a presença dos lituanos nas primeiras décadas do frigorífico. Alvos recorrentesda vigilância de agentes federais, chegaram a sofrer deportações. ARAÚJO, C. R. A. Op. cit.; p. 80-8; 100-1.Ver também: WELCH, C.; GERALDO, S. Lutas camponesas no interior paulista: memórias de Irineu Luísde Moraes. São Paulo: Paz e Terra, 1992.8 Entre estes migrantes destacaram-se os baianos. Centenas foram contratados pela família Prado para exerceratividades mais penosas e de baixa remuneração, como o desmatamento e limpeza das terras. In: ARAÚJO, C.R. Op. cit; p. 77-8.9 “No ano de 1933 [...] foi fundado o “Sindicato dos Trabalhadores em Frigorífico”, hoje, “Sindicato dos Trabalhadoresnas Indústrias de Alimentação de Barretos”. O sindicato foi prontamente reconhecido em 31 de maiode 1933 pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, criado por Getúlio Vargas [...] o que diminuiu a autonomiados trabalhadores em relação as suas reinvindicações, que passaram a ser ‘mediadas’ e ‘medidas’ pelosrepresentantes do capital e da ordem pública” In: ARMANI, K; FERNANDES, S.; TINELLI, R.; TRUCULLO,P. Descobrindo Barretos (1854-2012). Barretos: Liverpool, 2012, p. 234. Sobre a atuação do Sindicato daAlimentação, ver também: MENEZES, B. A. Nossa Luta: PT em Barretos-SP. 2 ed. S/E. Barretos: ?, p. 34-6.10 Sobre os depoimentos colhidos pela historiadora: “[...] É evidente no discurso dos operários o agradecimentoaos antigos patrões, paternalistas. Todas histórias são contadas com emoção e fazem parte de um rico acervoda memória popular que certamente merece maior atenção e cuja recuperação é parte importante da história domunicípio.” ARAÚJO, C. R. A. Op. cit.; p. 67.11 PERINELLI NETO, H. Espaço(s) fabril(is) e tempos sociais diversos: etnografia histórica, particularidadesda modernidade brasileira e o Frigorífico de Barretos (1909/1931). p. 2. Acesso em: https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/01523.pdf
A CLASSE OPERÁRIA EM BARRETOS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES (...) 16112 O conceito é da historiadora Margareth Rago: “Nesta utopia reformadora, a superação da luta de classespassava pela desodorização do espaço privado do trabalhador de duplo modo: tanto pela designação da formade moradia popular, quanto pela higienização dos papéis sociais representados no interior do espaço domésticoque se pretendia fundar. A família nuclear, reservada, voltada para si mesma, instalada numa habitaçãoaconchegante deveria exercer uma sedução no espírito do trabalhador, integrando-o ao universo dos valoresdominantes”. RAGO, M. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar – Brasil 1890-1930. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1985, p. 61.13 BATALHA, C. H. M; SILVA, F. T.; FORTES, Op. cit.; p. 13.14 Neste sentido ver o trabalho de HOFT, R. O processo de urbanização em Barretos (1910-1930). 2009.Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdades Integradas FAFIBE: Bebedouro, 2009.15 REMIJO, A. P. A situação da classe trabalhadora nos frigoríficos de Barretos: antagonismo da superexploração.2013. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Universidade Federal de Santa Catarina: Florianópolis,2013.Priscila Ventura Trucullo é historiadora e professora de história da redepública do estado de São Paulo. Desenvolveu pesquisas no campo da história local deBarretos, memória e modernização
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