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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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PRISCILA VENTURA TRUCULLO

— primeira indústria de carne frigorificada do país — influenciou na constituição

e organização do proletariado em Barretos. Sua análise atenta, dá-nos

conta da grande rotatividade dos empregados, os impactos da desigualdade

de gênero na divisão do trabalho, o emprego de menores e os conflitos entre

brasileiros e estrangeiros, que seria a causa de uma greve em 1931 9 .

Destaca também a importância da introdução de preceitos tecnicistas

de caráter taylorista quando a empresa é transferida para o capital britânico

em 1923 — passando a nomear-se Frigorífico Anglo S/A — inserida em uma

tendência, em âmbito nacional, de monopolização estrangeira do mercado

de carnes por trusts. Este processo revelou uma intensa disciplinarização e

repressão promovida pela fábrica, muitas vezes auxiliada pelo poder público,

haja vista as constantes visitas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social

(DEOPS), durante o governo Vargas em Barretos.

Operárias do frigorífico no pátio da empresa. Algumas utilizam uniformes.

As mulheres trabalhavam, principalmente, em setores como o de embutidos, conservas, embalagens e

descarnação. Década de 1930. Fonte: Arquivo do Museu “Ruy Menezes”

O mérito deste trabalho também está em utilizar como método a história

oral 10 , recolhendo depoimentos de antigos trabalhadores, em especial

os que estiveram empregados nas décadas de 1960/70 e que eram filhos

de operários que haviam trabalhado no frigorífico nas décadas anteriores e

morado na vila operária. A partir destes depoimentos, percebeu-se que nenhum

dos antigos trabalhadores disse ter conhecido a fábrica inteira, deduzindo

que a divisão do trabalho gerava também uma divisão dos próprios operários,

que tinham dificuldades de se organizar.

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