BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
158
PRISCILA VENTURA TRUCULLO
— primeira indústria de carne frigorificada do país — influenciou na constituição
e organização do proletariado em Barretos. Sua análise atenta, dá-nos
conta da grande rotatividade dos empregados, os impactos da desigualdade
de gênero na divisão do trabalho, o emprego de menores e os conflitos entre
brasileiros e estrangeiros, que seria a causa de uma greve em 1931 9 .
Destaca também a importância da introdução de preceitos tecnicistas
de caráter taylorista quando a empresa é transferida para o capital britânico
em 1923 — passando a nomear-se Frigorífico Anglo S/A — inserida em uma
tendência, em âmbito nacional, de monopolização estrangeira do mercado
de carnes por trusts. Este processo revelou uma intensa disciplinarização e
repressão promovida pela fábrica, muitas vezes auxiliada pelo poder público,
haja vista as constantes visitas de agentes do Departamento de Ordem Política e Social
(DEOPS), durante o governo Vargas em Barretos.
Operárias do frigorífico no pátio da empresa. Algumas utilizam uniformes.
As mulheres trabalhavam, principalmente, em setores como o de embutidos, conservas, embalagens e
descarnação. Década de 1930. Fonte: Arquivo do Museu “Ruy Menezes”
O mérito deste trabalho também está em utilizar como método a história
oral 10 , recolhendo depoimentos de antigos trabalhadores, em especial
os que estiveram empregados nas décadas de 1960/70 e que eram filhos
de operários que haviam trabalhado no frigorífico nas décadas anteriores e
morado na vila operária. A partir destes depoimentos, percebeu-se que nenhum
dos antigos trabalhadores disse ter conhecido a fábrica inteira, deduzindo
que a divisão do trabalho gerava também uma divisão dos próprios operários,
que tinham dificuldades de se organizar.