BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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FUTEBOL – MEMÓRIA 1965: O EMBLEMÁTICO EPISÓDIO DO TREM DA FOME 153
peonato Paulista da Primeira Divisão, que dava acesso à Divisão Especial, a
principal do futebol paulista.
A fase de classificação foi muito disputada, mas o BEC sobrepôs-se
diante dos adversários. Em vinte jogos disputados venceu 12, empatou quatro
e perdeu quatro. Marcou 42 gols e sofreu 23, ficando com um saldo de
19. O campeonato começou em 27 de junho de 1965, quando o BEC foi derrotado
por 3 x 1 para o Batatais. A fase de classificação terminou em 13 de
novembro, em Rio Preto, quando o BEC empatou com o Rio Preto em 0 x 0.
Naquela época, a classificação era medida pela equipe que tivesse o
menor número de pontos perdidos — diferente de hoje, que é feita por pontos
ganhos. O BEC foi o primeiro colocado da série Carlos Nelli, com 12 pontos
perdidos, seguido do Santacruzense com 16 (segundo lugar), Francana e
Batatais, 17 (terceiro), Corinthians de Prudente e Tupã, 19 (quinto), Votuporanguense,
19 (sexto), Taquaritinga e Rio Preto, 24 (sétimo), Osvaldo Cruz
e Batatais, 26 (nono).
Assim, chegou à final, no Estádio do Pacaembu, frente ao Bragantino
em plenas condições de conquistar o título, numa melhor de três – uma vitória
e um empate eram suficientes para conquistar o acesso.
Em preparação para as finais, o Barretos alojou-se na sede do Corinthians,
o Parque São Jorge, durante 13 dias, ocupando o ginásio local até a
data do primeiro jogo, permanecendo por lá também no intervalo entre primeiro
e o segundo jogo.
Foi naquele final de ano próximo que a torcida barretense protagonizou
um de seus mais emblemáticos episódios: o Trem da Fome. Para chegar
à capital paulista e torcer para o Touro do Vale no segundo jogo, o torcedor
barretense superlotou vários carros de passageiros da então Companhia
Paulista de Estradas de Ferro. Muitos que lá estiveram lembram-se do fato
com muita tristeza, pois o Touro do Vale sucumbiu diante do Bragantino, o
conhecido Massa Bruta.
É uma história com uma pitada de humor e horror devido à passagem
dos coletivos em cada estação ferroviária, cujos pontos de venda eram
saqueados para matar a fome da galera. Ávidos e famintos, os barretenses
aproveitavam-se do momento de paradas dos coletivos, esperando a liberação
da linha. Vidros de salsichas e latas de bolachas foram os comestíveis
preferidos da torcida.
Porém, a partir de um determinado momento, as estações passaram a
ser avisadas com antecedência e os pontos de venda fechavam suas portas.
“Numa cidade, o bar estava fechado e próximo a estação havia um pé
de manga, cujas frutas ainda não estavam maduras. Mas, teve gente que
comeu manga verde mesmo”, lembra-se um torcedor que pede para não ser
identificado.