BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
150
HISTÓRIAS (E NOVAS HISTÓRIAS) DA MINHA CIDADE
Outro grupo importante que surgiu em Barretos na década de 50 foi
o Núcleo de Universitários de Barretos – o NUB. Quase todos os estudantes em cursos
superiores passaram a morar em cidades grandes, como Rio de Janeiro, São
Paulo, Ribeirão Preto, Campinas, entre outras. Nas férias escolares, esses
estudantes voltavam a Barretos e, através do NUB, movimentavam a cidade
com eventos sociais, culturais e esportivos.
No Brasil, a década de 50 foi historicamente marcada pelo surgimento
da Bossa Nova, em 1958. O novo som, a nova batida — a nova música do Brasil.
Por Nivaldo Gomes
NOVAS HISTÓRIAS DA MINHA CIDADE
Talvez eu, aos 41 anos, não tenha tantas histórias para contar como o
meu pai, que já tem seus felizes 86. Muita coisa mudou! Os barzinhos de hoje,
em sua maioria, duram poucos anos e acabam não se tornando referências
históricas. As boates, as serestas, os bailes e o carnaval não existem mais em
nossa Barretos. Hoje, as turmas se reúnem aos domingos na Região dos Lagos,
na casa de amigos, onde tenha uma churrasqueira, ou pedem comida por
aplicativos de celular, ficando, assim, na comodidade de suas casas.
O único cinema da cidade, no shopping, raramente lota. Peças de teatro,
quase não acontecem por aqui. A meu ver, a Internet distanciou as verdadeiras
amizades; as redes sociais fazem com que muitas pessoas vivam de
aparência; o espetáculo ao vivo perdeu espaço para a Netflix. As cartinhas
de amor perderam espaço para as mensagens de WhatsApp. Telefone perdeu
a sua principal função, que é telefonar. Hoje, é usado para muitas outras coisas,
entre as quais distrair crianças ou nos afundar em notícias negativas.
Hoje, está quase todo mundo sem tempo. Gastamos nossa saúde pra ganhar
dinheiro e gastamos nosso dinheiro para recobrar a saúde.
Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto.
A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar — e humilde o
bastante para aprender. Em meio à pandemia do Coronavírus, confinados em
casa aprendemos a ajoelhar-nos diante do invisível: estamos nos distanciando
ainda mais uns dos outros para aprendermos, na dor da solidão, a importância
do coletivo. Também para sabermos valorizar um abraço, o que não é
possível nos contatos virtuais: esses não são suficientes para aquecer um coração.
A lição da regeneração ficará de herança para as próximas gerações.
Nasci no Chão Preto, na terra de Chico Barreto, administrada hoje pelo prefeito
Guilherme Ávila. Aprendi a amar essa cidade, casei com meu amor, com a minha
Renata. Sinto saudade da minha mãe, dos eternos amigos do extinto Soares
de Oliveira, mas me orgulho em ser “júnior” e carregar eternamente comigo o