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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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MINHA BARRETOS NOS ANOS 60

Consistia o footing redondo de todos os rapazes andarem em volta da fonte

num sentido e as garotas andarem em sentido contrário. Quando uma garota

interessava, a troca de olhares era feita a cada volta, até que houvesse o

contato. No footing quadrado, os rapazes ficavam parados nas vitrines das lojas

e as garotas iam e viam de uma esquina na outra, também à procura dos

olhares. Daí saíram muitos casamentos.

Nessa época, só víamos as garotas: no footing, nas saídas das escolas,

missas e nas brincadeiras dançantes que eram realizadas nas casas. As

músicas novas só ouvíamos pelo rádio e demoravam para chegar discos em

Barretos. Quando alguém conseguia um disco novo, logo emprestava para

fazer a brincadeira dançante. Discos eram os LPs, long plays, discos de vinil

que podiam conter várias músicas e eram reproduzidos em toca-discos com

agulhas magnéticas. Assim, nós curtimos Elvis Presley, The Beatles, Rolling Stones,

curtimos rock, twist, hully gally e outros. Também fazíamos serenata de lambreta

e com toca-disco Sonata debaixo do braço, pois ele era portátil e à pilha:

que dava para o “garupa” segurar. Só complicava um pouco quando chovia.

Nessa fase de minha juventude frequentava o clube União dos Empregados

no Comércio de Barretos. Vi toda construção da praça de esportes, sendo que

no local da Primavera havia poucas casas e o córrego ainda era aberto. Uma

curiosidade era o campo de futebol que não era gramado e em desnível, mas

usufruímos bastante. Tínhamos um time que se chamava Pinga Fogo, de boas

lembranças e de bons amigos. Nas boates e bailes, com a presença das mães,

a fiscalização do salão era rigorosa, sendo que se você não andasse direito

um diretor te chamava para a diretoria no meio do salão. Outros tempos...

À noite, a reunião da moçada era no Pão de Açúcar, padaria na esquina

da rua 20 com avenida 21. Ali se jogava conversa fora, se bebia, entremeado

da degustação de salsicha, que ficava rolando num aquecedor, te convidando

para ir comer. Nunca mais vi daquele jeito. Depois de um tempo, descíamos

para o Café Ivaí, na esquina da rua 18 com avenida 19, esperando a passagem

do Viola, que se intitulava o Prêmio Nobel da Alimentação: fazia as melhores

coxinhas do mundo. Ele tinha uma caderneta que anotava o fiado, pois fazia

isso toda noite.

No trecho da rua 18 entre as avenidas 19 e 17, havia, na esquina, o

Café Ivaí; logo depois, no sentido 19 para 17, havia o Restaurante Pimentinha, a

empresa de ônibus São Manoel, o Afrikan Bar, o Nenê da Garaparia e o Café São Paulo,

onde havia mesas de bilhar. Eram pontos muito frequentados.

Em 1967, eu trabalhava no comércio e fazia curso de Contabilidade no

Ateneu Municipal — escola que tinha uma fanfarra muito boa — e fazia o Tiro

de Guerra.

O Tiro de Guerra era onde hoje é o Shopping, um espaço bem amplo

onde fazíamos nossas instruções. Nessa época, o Ginásio Rochão estava em

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