BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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ALGUNS APONTAMENTOS DE TRAJETÓRIAS PRETAS EM BARRETOS
tos da urbanização do bairro Outro Mundo, o território das manifestações culturais
pretas, o congado, a representação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, os
bailados guerreiros, os capoeiras e até as macumbeiras.
O Outro Mundo tinha características ainda muito rurais; no bairro, residiam
ex-escravizados como Policarpo, Mãe Mina, Rita Bagagem, lavadeiras, imigrantes
não desejáveis e as putas do Bico do Pavão 4,5 . Este mesmo bairro que
abrigava tanta diversidade cultural, possuía comércio próprio e se mostrava
com uma efetiva autossustentabilidade; o mesmo bairro contava com estruturas
mínimas como saneamento básico, calçamento de ruas — a vida por lá
se demonstrava precária 6 .
OS Colunistas do “O Correio de Barretos”
Foto aérea demonstra a estrutura urbana de Barretos no ano de 1917. Fonte: Acervo do Museu Histórico
Artístico e Folclórico “Ruy Menezes”
Ao retratarmos os conteúdos do jornal O Correio de Barretos, ressalta-se
que o periódico foi uma das principais expressões da mídia impressa em Barretos.
Foi fundado pelo único prefeito negro da história de Barretos, Coronel
Silvestre de Lima, um poeta talentoso, elogiado por grandes nomes da literatura
brasileira, como os famosos Machado de Assis e José do Patrocínio 7 .
Os feitos de Silvestre de Lima foram muitos, mas nosso objetivo é retratar
um pouco dos personagens Adão de Carvalho e Geremaro Manhães. Alguns dirão
que o professor Adão de Carvalho é um grande exemplo da meri tocracia; porém
nós dizemos que não: a história de Adão de Carvalho, homem negro, baiano que
escolhe, na Barretos do século XX, a busca de condições menos desumanas
de viver, assemelha-se com dezenas de trabalhadoras e trabalhadores rurais
4
PIACENTINI, B. C. Beni, o mito sexual de uma época. s/r, p.85-86.
5
NETO, Humberto Perinelli, PAZIANI, Rodrigo Ribeiro, A Construção da Civilidade numa Cidade do
Brasil Central Pecuário: Segurança Pública, Urbanização e Sociabilidade em Barretos (1890/1937). p.3-4.
6
ARMANI, Karla de Oliveira et. al. Descobrindo Barretos 1854-2012. Barretos/SP: Liverpool, 2012.
7
SUELI, Tosta Fernandes, “Razões e Sensibilidades: a trajetória de Silvestre de Lima.