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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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FILETAGEM: A ARTE DOS CAMINHÕES DE BOI

Como havia uma demanda grande por reformas de carrocerias, Ferreira

decidiu trabalhar como autônomo. Segundo o pintor, esse segmento já foi

muito próspero, mas existe uma tendência de queda. As razões são encontradas,

principalmente, nas mudanças nas relações de trabalho.

“Antigamente, os motoristas eram os donos dos caminhões e tinham uma relação diferente

com o veículo. Era comum personalizar o caminhão”, explicou o pintor. De fato, os caminhões

boiadeiros eram decorados ao gosto do motorista-proprietário: a cabine

se transformava em um segundo lar para o condutor. Havia banco que

virava cama, cortina para quebrar o sol, capas ou colchas de chenille para

os bancos, adesivos no para-brisa, amuletos ou imagens no painel, além das

famosas frases de para-choque que significavam a filosofia do caminhoneiro.

E, claro, a decoração da carroceria também era um elemento de identidade

do motorista.

Atualmente, as transportadoras de gado trabalham com caminhões e

carretas terceirizados. As gaiolas de madeira ficaram para trás. As carretas

de hoje são de aço, com modelos também padronizados com até dois pavimentos

para o transporte do gado. Na maioria dos casos, as carretas são

pintadas numa só cor, sem apelo visual.

Apesar de tudo, o pintor Ferreira orgulha-se da atividade, que exige

muita habilidade.

“Pode até ser pintor famoso, mas se não tiver jeito com o filete, não faz o que eu faço”, cita,

manejando o pincel.

Ferreira mostra que o seu trabalho é quase artesanal, feito à mão mesmo.

Até os pontinhos coloridos dos desenhos são feitos com as pontas dos dedos.

Numa época de mudanças, o filetador Manoel Luis Ferreira pode ser considerado

um dos últimos remanescentes de uma arte que já foi muito popular na

região de Barretos.

Marcos Valério Diamantino nasceu em 1960, em Barretos, SP. Membro

da Academia Barretense de Cultura, é jornalista, professor de Artes e escritor, tendo

publicado três romances: “Homem escreve diário?” (2016); “Nós que trocávamos

cartas de amor” (2017) e “Tempo bom em Alpondras” (2019).

É casado e pai de duas filhas (foto: Mário Menezes)

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