BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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A COLÔNIA JAPONESA E SUA IMPORTÂNCIA EM BARRETOS 121
e, para agravar, usavam o kimono, composto de várias camadas de tecidos.
Além disso, diversos tipos de doenças mataram grande número de japoneses.
Mas os japoneses, com grande determinação e coragem, conseguiram
vencer estes obstáculos, pois não se admitia a expressão derrota: usavam e
usam, até hoje, a expressão gambate, cuja tradução seria ‘esforce-se’, ‘empenhe-se’
para vencer os desafios, as dificuldades. Inclusive, muitos pais utilizavam
e ainda utilizam esta expressão quando mandam seus filhos para um novo
trabalho ou para a faculdade, a fim de vencerem e terem êxitos nos desafios
que se apresentam ao longo de suas vidas.
Assim, foram conseguindo cumprir seu contrato de imigração. À medida
que os imigrantes começaram a se desvincular das fazendas, tratavam logo
de criar escolas de idioma japonês para seus filhos. Em 1932, já contavam
com 189 estabelecimentos reconhecidos (Fonte: Folha de São Paulo); em 1938, já
eram 486 os Nihongakus. Neste mesmo ano, o presidente Getúlio Vargas proibiu
o funcionamento das escolas estrangeiras e, com o início da 2ª Guerra, as
restrições ficaram ainda mais rigorosas, como o uso de idiomas em lugares
públicos, reuniões ou agrupamento de pessoas estrangeiras.
Alguns daqueles que aqui chegaram e trouxeram um pouco de dinheiro,
foram logo comprando seu pedaço de terra. Muitos conseguiram trabalhar
nas próprias fazendas, como parceiros, naquela época chamados de meeiros e,
com seus esforços e com a fertilidade da terra, foram se tornando grandes
produtores; à medida que começaram a prosperar, pelo menos um de seus
filhos era enviado para a cidade grande em busca de estudos.
Em 1923, Kinjo Yamato, passageiro do Kasato Maru, se formou na Escola de
Odontologia de Pindamonhangaba, SP. É o primeiro registro de um filho de
imigrante japonês a se graduar no país, e, em 1948, o primeiro vereador
eleito em São Paulo.
Aqui em Barretos não foi diferente: temos imigrantes que aqui chegaram
não só com suas mãos e braços, mas com grande vontade e esforço (gambate),
para vencer na vida. Conseguiram ocupar importantes posições sociais
e econômicas na comunidade, contribuindo para seu desenvolvimento. Houve
grande número de produtores na área de hortifrutigranjeiros, que supriam
grandes centros consumidores; até aqueles que comercializavam para grandes
centros vendiam seus produtos na feira, na época, localizada na avenida
21, atrás da Igreja Matriz; os grandes produtores de algodão, milho e arroz
vendiam, então, para grandes empresas que o beneficiava e comercializava
para grandes centros consumidores.
Nos anos 1950, foi instalada, aqui em Barretos, uma das maiores beneficiadoras
de arroz da região da Paulista e da Mogiana, que foi a Arrozeira
Barretos, do Sr. João Sato. Ainda tivemos grandes empresários do arroz, como
as famílias dos irmãos Ohara, Motinaga, Cavaguti e Tachibana.