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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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Elas, de Barretos!

Karla Armani Medeiros

S

“Antes, a mulher era explicada pelo homem, disse a jovem personagem do meu

romance ‘As meninas’. Agora é a própria mulher que se desembrulha, se explica”.

(Lígia Fagundes Telles)

e, na Literatura, a mulher demorou para se tornar autora de suas

próprias divagações, imagine na História? Aliás, na História ela demorou para

se tornar até personagem. Inserir a mulher como personagem histórico, seja por

sua trajetória individual de vida e trabalho ou como grupo social, foi tarefa da

nascente história de gênero – corrente só vigente após a segunda metade do século

XX. Quando se trata de história local e regional, cuja escala de observação e

tempo é reduzida, a situação da mulher como personagem é ainda mais desafiadora.

Isso, porque, durante décadas, a história local foi tratada pelo viés

memorialista, em que temas históricos de uma cidade eram narrados a partir

da vivência individual do autor, sem bases metodológicas e teóricas. Deste

modo, o passado de uma cidade era narrado pela exaltação das figuras dos

ditos grandes homens, seguindo a linha factual e política da história tradicional.

Numa análise genérica de obras memorialistas vê-se que às mulheres

eram relegadas poucas citações, geralmente as condicionando a seus maridos

e sobrenomes de família, ou a simples omissão. O contrário, porém,

revelam as fontes históricas: isto é, quando o historiador vasculha arquivos e

se depara com fotografias, jornais e documentos — qual não é a surpresa de

sempre encontrar por ali a aparição de mulheres?

Deste modo, como uma forma de demonstração de que as fontes históricas

podem ser desvendadas por olhares diferenciados, a História local

— hoje dialogada com a micro-história, a história social e a história cultural — tem a

chance de corporificar a vida, os atos, o trabalho e os legados de mulheres.

Dentro deste contexto, a cidade de Barretos se compõe como próspero

exemplo de localidade a ser estudada pelo viés da história local a partir da ação

de personagens mulheres. O passado da cidade foi alvo de vivências marcantes

nos períodos do Brasil Imperial e Republicano, visto Barretos ter sido

inicialmente habitada a partir da década de 1830 e oficialmente fundada em

1854. Nas últimas décadas, o município tem sido estudado por pesquisas

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