BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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BEZERRINHA: 70 ANOS
vado pelo excelente Miltinho, no RGE.
Amor faz par com saudade / Saudade não vive sozinha
Deus quis que eu fosse só seu / E que você fosse minha.
Bezerra tem dezenas de sambas que precisavam ser gravados. Como
“Sol de Boêmio”, feito sob medida para a voz de Nelson Gonçalves.
Segue seu destino como a cigarra vadia / Que viveu cantando até morrer
Só quem morre um pouco a cada dia / Sabe realmente o que é viver”.
Certa feita, indo a Guaíra para uma audiência no Fórum, chegou até
à Rádio Cultura, onde eu trabalhava, contando-me ter feito uma canção para a
antiga “capital do ouro branco”. Pedi-lhe que cantasse, escrevesse a letra, e
ele o fez no verso de um envelope de ofício, assinando e datando: 10/02/76.
Nasceu da cantiga das águas / Em busca de um lago / Para morar / Nasceu da florada do ipê
Não perguntes por que / Ninguém sabe explicar. / Guairá Flor menina em botão
És pura e bela como uma oração / E esse teu jeitinho que me inspira
A te dizer e a repetir Guaíra / Conserva-te menina até o fim
Teus namorados querem-te assim. / Que bom dizer-te em forma de canção
Que estás todinha no meu coração (bis).
Gosto muito do samba-canção “Miragem”, gravado na Continental por
Lueli Figueiró. Para quem tem boa memória, quero lembrar que a gaúcha
Lueli foi a cantora contratada pelas Lojas Coteninga, quando da inauguração de
sua filial em Barretos, na avenida 19, ao lado da Casa Baroni.
Tanto esperei que eu nem senti / O inverno na folhagem
Então compreendi que andamos / Em vão correndo atrás de uma miragem.
Não dependendo da música para viver, Bezerra não procura cantor
para gravar os sambas que faz. Eu mesmo não conheço 5% da obra do nosso
compositor. E ele nem está aí. Com mais aposentadorias que o Franco Montoro,
seu negócio é viajar, bebericar, aproveitar a vida. No que está muito
certo. Salve ele!
De copo na mão, mesmo à distância, receba o tim-tim do seu velho
admirador e amigo.
Nota: Neste ano de 2020, completou-se o centenário
do nascimento de Bezerrinha; homenageado,
aqui, por essa bela amizade
José Vicente Dias Leme é barretense, de 1931.
Comunicador desde 1951, atua como jornalista e locutor na Rede Vida de Televisão.
Ocupa a cadeira 31 da ABC, cujo patrono é o
jornalista, escritor e poeta José Dias Leme