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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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JOSÉ VICENTE DIAS LEME 109

suas músicas. Hoje, Altemar é uma grande saudade.

Hoje eu completo um milhão de madrugadas / A noite se enfeitou prá me esperar

A lua, vendo estrelas acordadas / Trouxe o céu para as calçadas / Sobre o céu vou caminhar.

Boa noite estrelas, boa noite / Lua querida, minha namorada / Até parece que o sereno

Chora comigo nesta madrugada / Gente da noite me acenando / Quanto calor no seu abraço

Boa noite velho camarada / Eu sempre ouço por onde eu passo / Deixe que eu fique a sós a noite

Qual namorada sempre de mãos dadas / A noite é velha companheira

Me faz lembrar antigas madrugadas / No céu há um milhão de estrelas

Que se acenderam prá me esperar / Vou apagá-las uma a uma / Assim que o dia clarear”.

Em muitas das letras de suas músicas, Bezerra tem homenageado figuras

queridas da cidade, como aconteceu com o saudoso Padre Primo Scussolino

em “Canoeiro”, gravado na Copacabana por Inezita Barroso.

Hoje tem festa em Barretos / Com foguete e procissão

Padre Primo me pediu / Tu não faltes pro leilão.

Há perto de cindo anos, conheci em São Paulo o então diretor da Discos

Eldorado, Aloísio Falcão, que me ofereceu alguns discos e autografou um LP

para que eu levasse a Bezerra de Menezes. Nele estava o “Perfil de São

Paulo” com os Titulares do Ritmo, cantando à capela. De tanto falar no compositor

barretense, o diretor da Eldorado disse-me que ouviria mais músicas

de Bezerra, desde que estivessem gravadas em fita. Poderiam até acontecer

novas gravações. Bezerra não me deu a fita, o tempo passou. Aloísio saiu da

Eldorado e acabou não acontecendo nada.

Estava escrito desde o começo / Que eu te amaria a qualquer preço

Estava escrito na minha mão / Que teu seria meu coração

Prá que trazer o coração aflito / Tudo passou, nada restou, estava escrito.

Embora o Samba seja o seu forte, Bezerra tem composições gostosíssimas

na linha sertaneja, fazendo, também, música para se cantar em igrejas

e procissões. Quem não conhece estes versos?

Vento gelado batendo em meu rosto / Me diz que é agosto / Florada do ipê no sertão

Diz que eu me esqueça de todos apertos / Que eu vá prá Barretos / Pra Festa do Peão.

Há uma composição que, segundo dizem, Bezerra dedicou carinhosamente

à esposa Lígia.

Não troco o céu pela terra / Você bem sabe porque / Não troco nada no mundo

Pelo mundo que tenho em você. / Não troco o céu pela terra / Querer o céu para quê

Se eu tenho tudo na terra (bis) / Se eu tenho o céu em você.

Outra, também, dedicada à esposa, é o samba-canção “Contraste”, gra-

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