BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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BEZERRINHA: 70 ANOS
Francisco de Assis Bezerra de Menezes - o Bezerrinha,
compositor barretense.
Fonte: Arquivo do Museu “Ruy Menezes”
Mostrado para Elizeth Cardoso há quase trinta anos, o samba “Por
Falta de Adeus” ficou de ser gravado pela Divina, que acabou não o fazendo.
Se for por falta de adeus / Até nunca mais / Vá com Deus /
Pode ir embora, sem explicação / A porta é a mesma / Que um dia se abriu
Pra você no meu coração / Carregue tudo que é seu / Deixe nada pra mim
Nem saudade / Saudade pra quê / Nosso amor já morreu.
Entrevistado por um jornal da cidade há alguns anos, Bezerra disse
que “Um Milhão de Madrugadas” é, das suas músicas, a preferida. Sobre
essa marcha-rancho, conto-lhes a seguinte história: estava eu como gerente
da Rádio Cultural de Guaíra; Luiz Aguiar foi contratado para organizar uma semana
de shows e, como a cidade não tinha um hotel de luxo para hospedar os
artistas, foi alugada uma grande casa. No dia em que Altemar Dutra ia se
apresentar, procurei-o, levando duas cópias da letra de Bezerra, que já era
conhecido de nome, pois dele lhe falava sempre a cantora Helena de Lima,
que já havia gravado, de Bezerra, o samba “Quando a Saudade Chegar”.
Altemar, saído do banho, estava com uma toalha enrolada na cintura,
sentado na cama, violão nas mãos e um copo de uísque na cadeira. Ao seu
lado me sentei e mostrei a letra do “Milhão”. Pediu-me que a cantasse. Tirou
uns acordes no violão e, depois, cantamos juntos. Aprendeu a música e disse:
Vou gravar! Vai ser o meu segundo “Trovador”. No papel da minha cópia da letra, anotou
o número do seu telefone em São Paulo e disse: “Diga ao Bezerra para que me telefone.
Quero que vá jantar em minha casa. À noite, só saio quando tenho show. No mais, sou homem de ficar
em casa e quero ouvir o que Bezerra tiver para mostrar”. No mesmo dia, telefonei para a
casa de Bezerra, contei o fato à dona Lígia, dei-lhe o telefone do Altemar... e o
“miserável” do compositor não foi visitar o grande cantor, que queria gravar