BARRETOS EM 3ª PESSOA
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.
Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.
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JOSÉ VICENTE DIAS LEME 107
sicas do ano. Bezerra foi o grande vencedor com dois troféus: pela melhor
música e pelos melhores versos. O único a ganhar dois prêmios com uma só
música.
Ah! Quanta mágua / E você sabe porque / Se eu fosse um fio d’água / Estaria a correr
Até chegar ao mar... até você.
Ainda nos anos 50, Bezerra teve um encontro, no Rio de Janeiro, com
a cantora Linda Batista. Mostrou-lhe o samba “Exaltação ao Rio”, que Linda
gravou na RCA Victor dias depois. Como o compositor era do interior (Barretos)
e não vivia de música, a gravadora resolveu “criar” um parceiro para
Bezerra de Menezes. No disco de 78 rotações, ao lado de seu nome, aparece o
de Aldacyr Louro, um homem que era divulgador da RCA e que passou a ser
meeiro do compositor. O único em toda a história musical de Bezerra, que nem
mesmo nunca viu o seu sócio. Nem em fotografia.
Um pandeiro, um tamborim / Uma noite estrelada / As cores do arco-íris
Uma morena bronzeada / Quero tudo quanto é belo / Pra traçar este perfil
Da mais linda cidade / Do meu Brasil.
Rio de Janeiro / Doce quarela / Deus te pintou / E maravilhado / Do Corcovado
Não se afastou. / Praças Paris, gente alegre e feliz / Guanabara luzindo ao lugar
Copacabana é uma pequena / Bronzeada, debruçada / Olhando o mar.
Rio de Janeiro / Em fevereiro / Em março ou abril
É sempre a festa brejeira / Das cores da Bandeira / Do nosso Brasil”.
No auge dos Festivais Internacionais da Canção (FIC), idealizados e dirigidos
pelo barretense Augusto Marzagão e levados a efeito pela TV Globo, Marzagão
veio a Barretos num período de Festa do Peão, trazido pelo amigo Sebastião
Monteiro de Barros, hospedando-se na casa do sogro deste, Joaquim de
Oliveira Pereira. Eu fui encarregado de levar Marzagão à casa de Bezerra
de Menezes, para ouvir suas músicas. Acompanhada ao piano pelo marido,
Lígia cantou as músicas mais conhecidas e Marzagão ficou maravilhado com
a obra musical do conterrâneo. Pelas tantas, com os filhos de Bezerra e Lígia
já em casa, Marzagão pede a palavra e anuncia:
Quero comunicar-lhe que o meu primeiro convidado para júri deste ano do Festival Internacional
da Canção está aqui presente: é Bezerra de Menezes.
Imediatamente telefonei para O Diário, comunicando o fato. Minutos depois,
chegavam à casa da avenida 25 Monteiro Filho, Joel Waldo e o fotógrafo
Ismael, que registrou o momento. E Bezerra foi para o Festival. Ainda hoje,
quando a Globo, em seus programas jornalísticos, relembra a fase do FIC,
Bezerra sempre aparece.
Mais bela que o céu / Que o mar, que a terra / Que o luar
O sol, as estrelas / Vivem no brilho / Do seu olhar.