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BARRETOS EM 3ª PESSOA

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”. Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

Essa é uma obra sobre a cidade. Sobre o seu passado. Aqui, a cidade, Barretos, substantivo próprio, ganha novas roupagens, inclusive na gramática. Ela passa a ser o assunto em comum e a referência em quem todos os autores se debruçam; a 3ª pessoa – “ela”.

Independente da natureza dos textos e da origem dos autores, a ideia é que os leitores, especialmente os barretenses, tenham a chance de visualizar a paisagem da cidade nos tempos idos, em diferentes décadas.

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BEZERRINHA: 70 ANOS

O filme, nunca vi, nem tive notícia de que alguém tivesse visto. Mas a

chegada de Bezerrinha a Barretos foi filmada pelo seu tio Sinhô.

Eu tenho um rancho que fica em Barretos / Não existe outro igual no sertão

Moroso passa pertinho o Rio Grande / Soluçando uma doce canção.

Nome nacional da MPB, o compositor Bezerra de Menezes teve, como

primeira música gravada, no início dos anos 50, o samba “Triste Quarta-

-Feira”. O cantor foi Albertinho Fortuna, da Rádio Nacional, e a gravadora, a

Continental.

Eu sofro, sem um ai, sem um queixume / Ao ver o lança-perfume / Que no seu colo brincou.

Lembranças, eis tudo quanto me resta / Meu quarto parece em festa /

Mas sei que a festa acabou.

Quando das comemorações do Quarto Centenário de São Paulo, em 54,

Bezerrinha foi para as “paradas de sucessos” com seu samba-exaltação “Perfil

de São Paulo”, gravado na Columbia por Sílvio Caldas, que trinta anos antes

havia sido, em Barretos, motorista do dr. Benevides de Andrade Figueira.

Aonde estão teus sobrados / De longos telhados / E teus lampiões

E os moços da Academia / Na noite tão fria /Cantando canções

“Perfil de São Paulo” tornou-se um clássico da MPB, tanto que tem mais

de vinte gravações, sendo as de Silvio Caldas, Agnaldo Rayol, Jair Rodrigues,

Inezita Barroso, Titulares do Ritmo e Orquestra de Luiz Arruda Pais as mais

conhecidas.

E sinhazinha delgada / Pisando a calçada / Na tarde vazia /

O tempo mudou / Mas não apagou / A tua poesia.

Quando, nos anos 60, a gravadora Copacabana resolveu homenagear o

presidente Costa e Silva com um LP, pediu-lhe que relacionasse as dez músicas

da sua preferência para que Agnaldo Rayol as gravasse. E “Perfil de São

Paulo” abriu a lista das preferidas do então Presidente da República.

Não mudou / Não se acabou / A tua sedução / A garoa / Cai à toa / Pra guardar a tradição

São Paulo num só minuto / É o Braz, Tietê, Viaduto / Barracas de flores / E a multidão.

Ainda hoje, quando se vai homenagear São Paulo, o samba de Bezerra

de Menezes abre ou fecha qualquer evento. Tornou-se uma obrigatoriedade.

Quase como cantar o Hino Nacional nos jogos do Brasil.

Os pardais / Em madrigais / O sol rasgando / A cerração

E a noite com seus pintores / Apagando, acendendo em cores / Teu nome no meu coração.

Houve até um concurso para nele serem escolhidas as melhores mú-

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