EMANCIPAÇÃO DE CARMO DO CAJURU
A obra de José Demétrio Coelho narra o processo de emancipação (do começo ao fim), valorizam as pessoas que romperam inúmeros obstáculos pela transformação do distrito em município e abrem um novo capítulo na história e na cultura cajuruenses.
A obra de José Demétrio Coelho narra o processo de emancipação (do começo ao fim), valorizam as pessoas que romperam inúmeros obstáculos pela transformação do distrito em município e abrem um novo capítulo na história e na cultura cajuruenses.
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cabeceiras. A população do bairro adjacente e marginais viveu momentos
de verdadeira angústia e sofrimento. Desabaram-se algumas
casas e muros que foram arrastados pelas águas revoltas e impetuosas.
A custo inaudito salvaram-se os moradores das casas submersas. Duas
dessas vítimas, Ritinha Teles e seu irmão Miguel, desceram levados
pela correnteza a mais de 500 metros, ficando presos a uma moita
de espinheiro em plena vastidão das águas. Dali, foram retirados com
vida decorridas muitas horas, mesmo assim porque seus gritos de socorro
os localizaram.
Era tão forte a correnteza que foi necessário ir uma pessoa a nado,
levando uma corda para se fixar na ramagem e, assim presa de lado a
lado, pode servir de corrimão aos salvadores dos náufragos.
Felizmente não se registraram perdas de vida, mas os prejuízos foram
enormes. A nossa ponte de concreto, ligando o bairro Bonfim, teve os
aterros laterais danificados e levados pelas águas, que cavaram um
sulco profundo numa das extremidades, deixando o estacamento completamente
descoberto.
Vamos ter o tráfego por aquela via de acesso interrompido por vários
dias, ainda mais que não poderão correr também os trens da Rede Mineira
de Viação (RMV), que teve dois pontilhões danificados, o do Vau
e outro à saída da Vila, próximo ao rio Pará.
· 11 de dezembro de 1948 ·
Em virtude da paralisação dos trens da RMV, devido ao desabamento
de pontilhões ontem, e mais a greve dos ferroviários, hoje declarada,
ficamos completamente sem comunicação com Belo Horizonte e Divinópolis,
o mesmo acontecendo por estrada de rodagem, devido a se
terem corrido os aterros da ponte de concreto sobre o Empanturrado.
Assim, sitiados como estamos, ficamos em completa ignorância do que
se passa lá fora e nem, tampouco, ficamos conhecendo o resultado final
da votação do Projeto n. 255. Estamos a 22 dias da instalação do
município, sem oportunidade de qualquer providência. Ignoramos por
completo o programa oficial e seu ritual para a instalação do município.
· 25 de dezembro de 1948 ·
Manifestou hoje o povo seu regozijo pela emancipação de Carmo do
Cajuru. Apesar da chuva fina e impertinente que cai de contínuo, reu-
EMANCIPAÇÃO DE CARMO DO CAJURU
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