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PREFÁCIO
Ainda que transmitir sentimentos por meio das palavras seja difícil,
Valter Hugo Mãe faz parecer tarefa extremamente fácil. Nascido na
Angola colonial em 25 de setembro de 1971, o escritor português é,
para José Saramago, um “tsunami” literário.
Em O paraíso são os outros, livro lançado em 2014, Valter Hugo
Mãe ocupa o olhar de uma criança para falar sobre o amor e todas as
suas nuances. De acordo com o próprio autor, o livro surgiu depois
de uma reflexão acerca da popular expressão de Sartre, que afirma
que “o inferno não são os outros. [...] Eles são o paraíso, porque um
homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos
que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a
tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa.
Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão
sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver
e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como
uma coisa qualquer.”
Com a ingenuidade e imaginação características de uma menina,
Valter nos envolve com uma narrativa que num primeiro momento
pode até parecer apenas uma história infantil, mas que no fundo
carrega uma grande densidade de reflexões. Nos convida a expandir
nossa imaginação e a resgatar um olhar ainda cheio de intrigas e
fascínio. Possui o poder de ensinar as crianças, mas, mais importante,
de ensinar os adultos.
Valter Hugo Mãe, com sua maestria em escolher as palavras certas
e despertar os mais diversos sentimentos, prova mais uma vez
que bastam poucos elementos para se criar uma obra impactante,
importante e extremamente delicada.