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A vida usa Salto Alto
Um dia, olhando o espelho de Oxum, com o coração apertado e a mente aflita
com a vida, minha mãe pediu para eu fechar os olhos.
Me vi num lugar todo branco, aos poucos tomando forma. Era uma grossa
camada de nuvens que me envolvia. Um barulho cadenciado me chamou a
atenção. Era o barulho de alguém andando de salto alto.
Percebi que estava sendo arrastada, quase carregada por essa pessoa. Eu olhava
pra trás e só via nuvens. Por máximo que tentasse parar, me soltar ou voltar, a
pessoa não me largava e continuava a me puxar. Então mãe começou a me
explicar:
-Filha, a vida é essa mulher de salto alto. Ela possui o próprio ritmo, constante.
Não importa o que você queira fazer, se vai querer parar no tempo, voltar ao
passado, sair fugindo. A vida vai continuar te puxando. Experimente andar
junto dela.
Me virei a frente. Não via nada além das nuvens. Sentia algo me puxando, o
som dos saltos, mas também não a via. Estava andando tropeçando. Tinha
dificuldade de caminhar sem ver nada na minha frente. Tentei ir um pouco
mais rápido e tropecei em uma pedra.
- Mãe, como posso andar se não vejo nada?
- Escuta a vida na sua própria cadência. O próprio pulsar da vida.
Começei a andar ajeitando meus passos com os da vida. Subimos morros e
escadas, fizemos curvas. As vezes me distraia e levava um puxão e,
rapidamente, entrava no ritmo da vida.
- Agora a filha entende? A filha não precisa ver o que está na frente com medo
de tropeçar. Só precisa ter fé na vida que ela vai te levar em segurança pelos
caminhos mais tortuosos e a filha não vai tropeçar. Mas se acabar se distraindo,
a vida vai te dar um puxão até entrar no ritmo de novo. Sentir o pulsar da vida
a todo momento é a coisa mais importante que a filha precisa fazer.
Edição 07/20 contato: portalcdovendas@gmail.com
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