RCIA - ED. 179 - JUL 2020
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EDITORIAL
por: Ivan Roberto Peroni
Um amor louco e as consequências que a
nossa sociedade assumiu durante pandemia
O seqüestro, depois o estupro de
vulnerável, de uma menina de 13
anos, em atos cometidos por um
vigilante de 30, em uma rota de
Maranguape no Ceará até Araraquara
no Estado de São Paulo, culminando
com a prisão do homem e o seu
suicídio no interior da Cadeia Pública
de Santa Ernestina, abre um debate
sobre o comportamento da sociedade
e a influência das redes sociais na vida
das pessoas.
A evolução tecnológica tem
pago um preço muito alto pelo
desconhecimento das conseqüências
geradas na vida de pessoas
despreparadas; o exemplo pode ser
dimensionado na inexperiência de
uma garota de 13 anos, enraizada
nos sertões do nordeste, cheia de
sonhos, motivados pela força da
comunicação, e um segurança ou
vigilante que em momento algum se
atentou para os princípios e as regras
que norteavam sua atividade.
Abestalhados estamos nós que
acompanhamos a destruição de duas
famílias em menos de 72 horas, isto
é a partir da prisão do individuo pelo
seqüestro e o estupro da menina no
começo da sua adolescência. Não
vamos entrar no mérito do caso para
dizer se é amor, paixão ou loucura,
pois entendemos que a sociedade
é que dá forma à tecnologia de
acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam
essas tecnologias. Posso utilizar a tecnologia para comprar uma pizza, como
também para desgraçar a vida do próximo. A evolução da tecnologia das
redes de computadores permitiu um avanço na geração de diferentes formas
de comunicação entre as pessoas, pois através das redes de computadores
é possível conectar-se, superando grandes distâncias e alcançando grandes
velocidades de comunicação.
Isso foi o que aconteceu com a garota e o vigilante, distantes há 2.800
km. A distância trouxe um para perto do outro, só que a mesma distância
deixou de mostrar as consequências concentradas no desespero dos pais que
perderam a filha para um mundo totalmente desconhecido e manipulado
pela irresponsabilidade de quem saiu daqui para ir ao nordeste em busca
de aventura, sabendo pela própria profissão que exercia que isso ia dar
problema.
Nós que trabalhamos com a comunicação sabemos que o celular,
computador é uma necessidade constante. Em nossa atividade diária as
redes sociais deixaram de ser apenas uma forma de manter contatos,
passando a ser fonte de informação, publicidade, oportunidade e também
lazer. Para outros não. As conseqüências vão do uso prolongado, totalmente
desnecessário, às brigas entre marido e mulher, pais e filhos, aumentando
para pessoas assim, o distanciamento da realidade do mundo que vivemos.
Eu penso que as pessoas estão inseridas na sociedade, por meio das relações
que desenvolvem durante toda sua vida, primeiro no âmbito familiar, em
seguida na escola, na comunidade em que vivem e no trabalho; enfim, as
relações que as pessoas desenvolvem e mantêm é que fortalecem a esfera
social. A própria natureza humana nos liga a outras pessoas e estrutura a
sociedade em rede.
Agora temos um louco caso de amor, entre aspas, a provocar um debate na
sociedade para saber quem está certo, quem está errado, mas ficou para o
pagador de impostos mais uma conta pois a viagem de volta, já que a família
não tinha recursos para pagá-la ficou para o Estado do Ceará e a conta pior,
quem sabe, o seguro pela morte do vigilante dentro da cadeia, pois estava ele
sob a guarda do Estado.
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