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RCIA - ED. 179 - JUL 2020

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Luís Carlos

BEDRAN

Sociólogo e cronista da Revista Comércio,

Indústria e Agronegócio de Araraquara

O segredo da felicidade

Felicidade nada mais é do que

um estado de espírito, o de possuir

uma condição de equilíbrio, de

satisfação pessoal perante o mundo,

de estar de bem com a vida. É

procurada por todos, mesmo sem

o saberem, vivendo ou não em sociedade

e depende do entendimento

que cada um tem dela.

Felicidade absoluta e permanente

não existe; o que há mesmo

são breves instantes de felicidade e,

sendo possível, tentar aproveitar ao

máximo esses momentos. Ela tem

caráter pessoal, compartilhando-a

ou não com seu semelhante. Entretanto,

alguns filósofos entendem

que ela somente pode existir no convívio

social e, por isso consideramna

até um direito, tal como exposto

no século 18 em alguns Estados da

Federação americana e também na

Declaração dos Direitos do Homem

e do Cidadão, criação da Revolução

Francesa de 1789.

Mas o que queremos expor é

uma ideia que evidentemente não

deve ser inédita, pois o conhecimento

humano é antigo e muito vasto e

até nalgum lugar já foi levantada.

É que essa qualidade, a de ser feliz,

que sequer precisa ser a maior possível,

porém mesmo a pequenina, a

depender do estado de espírito de

cada pessoa, pode subordinar-se a

pelo menos três requisitos básicos:

Saúde, Sorte e Sabedoria.

Assim a Saúde viria em primeiro

lugar, porque sem ela não temos

nada. Até poderíamos afirmar que,

mesmo com pouca saúde, física e

mentalmente, de certa forma viveríamos

razoavelmente bem de acordo

com as circunstâncias. Porém

essa é uma característica que nem

todas as pessoas conseguem ter: a

da resiliência, ou seja, a capacidade

de adaptação do ser humano frente

aos obstáculos existentes. Então

tudo irá depender de cada um.

Um outro requisito para que possamos

atingir a felicidade seria a

Sorte. Porque a vida não é matemática,

não é racional completamente.

Vai depender do acaso, dos acontecimentos

que se sucedem durante

o tempo, durante o transcorrer da

vida, que tanto podem ser ou não

favoráveis. Isso na hipótese de que

o indivíduo consiga viver bastante, o

que nem sempre se consegue.

É aquilo que os árabes chamam

de Maktub, o destino, o que estava

escrito, o que tinha de acontecer.

Pois o que representa o destino, a

vida, não é o jogo do xadrez, racional

e matemático. É o jogo do

gamão para os orientais, o Taule

que não depende apenas da habilidade,

do raciocínio dos jogadores

e sim dos dados que são jogados

no tabuleiro, do acaso, da sorte ou

do azar.

Será que se não tivermos sorte

em nossa existência chegaríamos

a ser completamente felizes? Essa

é uma reflexão filosófica que nem

todas as pessoas costumam pensar

e seria típica daquelas que vivem

bastante, dos idosos. Porque os jovens

de um modo geral, simplesmente

vivem o dia a dia e nunca se

sabe se conseguirão chegar um dia

à velhice.

Mas as pessoas que vivem bastante

podem dar muitos exemplos

sobre os familiares ou os amigos

que, pelas mais várias circunstâncias,

acidentes, doenças, ou fatalidades

que geralmente não provocaram,

morreram ainda jovens.

Azar mesmo. Então quer dizer que

as pessoas, somente tendo saúde

e sorte poderiam ser consideradas

felizes?

Aí é que está a questão. Cremos

que não. Ou nem sempre. Porque

não bastam. Ainda precisamos

possuir um terceiro elemento, justamente

para administrar ambas,

tanto a saúde como a sorte. E que

é a Sabedoria. Porque precisamos

conduzir a sorte com sabedoria, o

que não significa inteligência, desde

que, obviamente, tivéssemos saúde.

Meu amigo Manoel José Caldas

dos Santos, o Neco, dos velhos tempos

do IEBA, faz uma analogia com

o pensamento de Al-Khwarizmi, o

Pai da Álgebra, um filósofo árabe.

Ele pontuava o valor de um homem,

considerando para a Ética o dígito

1; para a inteligência, agregava

o 0, ou seja 10; para a Riqueza,

acrescentava mais um zero, 100 e

depois mais um zero para a Beleza,

num total de 1.000. Mas se a ética

não estivesse presente, nada mais

teríamos.

Então, da mesma forma, a saúde

vem em primeiro lugar; a sorte,

em segundo e para completá-las,

em terceiro, a sabedoria, somando

100. Assim, se não tivéssemos saúde,

sorte e sabedoria inexistiriam.

Assim, o ser humano tendo saúde

e sorte, mas sabendo geri-las

com sabedoria, que pode incluir a

inteligência - no que nos diferenciamos

dos outros seres vertebrados ou

invertebrados, os quais ainda desconhecemos

o quanto eles são, se

são, inteligentes - podemos chegar

à conclusão de termos encontrado

o segredo da verdadeira felicidade.

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