RCIA - ED. 179 - JUL 2020
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A VELHICE
TEXTO
Profa. Dra. Suzana Cristina
Fernandes de Paiva
Departamento de Economia/
UNESP/Araraquara
Victor Fillipi Martins Souza
da Silva
Graduando do Curso de Ciência
Econômicas da UNESP/Araraquara
15 de junho – Dia Mundial de
Conscientização da Violência
Contra a Pessoa Idosa
O envelhecimento é uma das maiores conquistas
da humanidade no século XX
A Organização das Nações Unidas
(ONU) e a Rede Internacional de
Prevenção à Violência à Pessoa Idosa
elegeram o dia 15 de junho como
o Dia Mundial de Conscientização
da Violência Contra a Pessoa Idosa.
É uma data simbólica que objetiva
conscientizar a sociedade de que os
idosos têm direitos e que todo ato de
violência deve ser repudiado, denunciado
e punido.
O envelhecimento é uma das
maiores conquistas da humanidade
no século XX. De acordo com a ONU,
a população idosa com mais de 65
anos já superou o número de crianças
com menos de 5 anos, e em 2050
uma em cada seis pessoas terá mais
de 65 anos, cerca de 16% da população
total. Em 2019 o Brasil atingiu
de 29 milhões de pessoas com 60
anos ou mais, o que correspondendo
a 13,8% da população total, com tendência
de aumento expressivo para
as próximas décadas, segundo estimativas
do IBGE.
O envelhecimento populacional
tem sido possível graças a conjunção
de diversos fatores que ampliaram a
expectativa de vida das pessoas e
hoje ganha destaque nas agendas
acadêmicas e de políticas públicas.
Mas infelizmente o preconceito e discriminação
por idade também emergiram
como temas importantes.
No Brasil é evidente a discriminação
e estereótipos em relação aos
idosos. Abandono, abuso, omissão,
negligência, maus-tratos, desprezo,
preconceito e violência dos mais
diferentes tipos (física, psicológica,
social, verbal, financeira, sexual) são
expressões de um fenômeno complexo
e multifacetado de difícil controle
e que expressa um grande atraso da
sociedade no trato das pessoas idosas.
A International Network for the
Prevention of Elder Abuse (INPEA) e a
Organização Mundial de Saúde (OMS)
definem a violência contra a pessoa
idosa como “qualquer ato, único ou
repetitivo, ou omissão, que ocorra em
qualquer relação supostamente de
confiança, que cause dano ou incômodo
à pessoa idosa.”
O ageismo ou idadismo são expressões
que representam este
processo discriminatório que cria estereótipos
e alimenta o preconceito
contra a pessoa idosa. Ele está enraizado
em comportamentos e na mentalidade
dos indivíduos, e explicam os
altos índices de violência sofrida por
esta parcela da população.
A face mais terrível desse fenômeno
é o fato de que a maioria dos
agressores são membros da própria
família, tendo em vista que quase
80% da violência contra idosos
acontecem no ambiente doméstico. A
questão se agrava na medida em que
o laço emocional familiar, o medo e
as dificuldades de acesso aos canais
de denúncia, faz com que ocorra uma
subnotificação desse crime bárbaro.
Os dados mais recentes do Disque
100 informam que em 2018 foram registradas
no Brasil 37.454 denúncias
de violações contra a pessoa idosa,
um aumento de 13% em relação ao
ano anterior. Já os dados do DATASUS
revelam que no mesmo ano 2.307
idosos vieram a óbito em decorrência
de agressões, 239 só no Estado
de São Paulo, enquanto Araraquara
registrou 4 óbitos por agressões, 3
por lesões autoprovocadas intencionalmente,
2 por fatos indeterminados
e 15 por quedas.
Infelizmente, a rotina imposta
pela pandemia da Covid-19 tem ampliado
a violência contra as pessoas
idosas. O fato de fazerem parte do
grupo mais vulnerável à Covid-19,
que pode levá-los a morte, já provoca
uma sensação de medo, insegurança
e solidão. Este sentimento tende a
ser agravado com o crescimento do
preconceito que tem se manifestado
na forma de memes, tuites e áudios
preconceituosos que circulam nas
redes sociais. Ainda que possa ser
inconsciente, essa prática tem um
custo emocional elevado e gera mais
preconceitos e constrangimentos.
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