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Revista Apólice #256

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JULHO 2020 • Nº 256 • ANO 25

conectando você ao mercado de seguros

ANOS

ESPECIAL SEGURO RURAL

Valor da subvenção ao

prêmio do seguro rural

dobra em 2020

O desafio de trazer os

pequenos produtores para o

mercado de seguros

ESPECIAL SEGURO TRANSPORTE

Tecnologia melhora

processos de subscrição de

riscos e acompanhamento

Seguro Ambiental é

ferramenta para proteger

transportadores e a

sociedade

Giovanni Cezimbra Balen

FRACEL

CORRETORA

Atendimento personalizado ao cliente

aumenta faturamento da corretora



EDITORIAL

Seguro rural segue

em frente mesmo

com a pandemia

O

Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural

segue crescendo ano a ano. Para a safra 20/21, o valor

pode chegar a R$ 1,3 bi. É um alento para o setor, que vê

na ampliação deste programa uma oportunidade para ampliar a

cultura do seguro entre os produtores rurais.

Entretanto, o que anima o mercado de seguros em

relação aos incentivos governamentais é a inclusão de projetos

exclusivos para a disseminação do seguro entre os produtores da

agricultura familiar e para lugares específicos, como as regiões

Norte e Nordeste. Por enquanto, cada programa destes receberá

verba de R$ 50 milhões para subvenção aos prêmios de seguros.

Caso sejam aprovados, devem ser ampliados, o que é sempre

positivo para o setor.

Outra área que apresenta recuperação após a pandemia

é o setor de seguro de transporte. Também menos impactado

durante este período de exceção, o setor recebe atenção especial

da área de tecnologia das seguradoras e de prestadores de

serviços. Com menor possibilidade de acompanhamento físico

dos negócios, é cada vez mais comum a utilização de tecnologia

embarcada nos transportadores e nas mercadorias para garantir

a segurança das pessoas, cargas e veículos.

Se o mundo mudou muito nos últimos meses, o setor

de transporte, que já passava pela transformação digital há

algum tempo, nunca deixou de se atualizar. Telemetria e gadgets

embarcados colaboram para a geração de dados que ajudam a

tornar a subscrição mais eficiente, além de acelerar a regulação

dos sinistros. Para eles, este é o “sempre” normal.

Boa leitura!

JULHO 2020 • Nº 256 • ANO 25

EXPEDIENTE

Diretora de Redação:

Kelly Lubiato - MTB 25933

klubiato@revistaapolice.com.br

Diretor Executivo:

Francisco Pantoja

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Redação:

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Colaboradores:

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Solange Guimarães

Thais Ruco

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Diagramação e Arte:

Enza Lofrano

Assinaturas:

Jaqueline Silva

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Tiragem: 15.000 exemplares

Circulação: Nacional

Periodicidade: Mensal

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de seus autores,

não representando, necessariamente, a

opinião desta revista.

Esta revista é uma

publicação independente

da Correcta Editora Ltda e

de público dirigido

Diretora de Redação

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para

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Especial Seguro Rural

MERCADO

Como fica a disseminação da

cultura do seguro na agricultura

familiar e como proteger as

vendas dos produtores rurais,

que despencaram drasticamente

durante o período de isolamento

social imposto pela covid-19

>> PÁG. 20

Especial Seguro Transporte

CAPA

Parceria é o nome do jogo.

Desenvolver uma apólice

de seguros a partir das

necessidades do cliente fez

com que a Fracel

multiplicasse seu

faturamento, além de

beneficiar todos os

produtores ligados à segurada

>> PÁG. 10

RISCO AMBIENTAL

Ainda há coberturas que

são pouco comercializadas

e compreendidas. O

Risco Ambiental é uma

preocupação não apenas dos

transportadores, mas também

da sociedade, que é afetada

por negócios não sustentáveis

>> Pág. 26

ÍNDICE

05 painel

08 gente

14 artigo

Suhai apresenta sua nova

ferramenta para ampliar as

oportunidades de negócios digitais

para os corretores de seguros e seus

clientes durante e após a pandemia

ESPECIAL SEGURO RURAL

15 newe

Seguradora passou a ter controle

100% em novembro e agora aposta

no crescimento sustentado por

novos produtos e pela ampliação

dos programas de proteção

utilizados pelo Governo Federal

Conjuntura

16 conjuntura

Governo aumenta investimento no

Programa de Subvenção ao Seguro

Rural - PSR e anima mercado de

seguros. Verba do fundo do seguro

rural quase dobrou em 2020, para

R$ 955 mi e pode chegar a R$ 1,3 bi

em 2021

ESPECIAL SEGURO TRANSPORTE

30 tecnologia

A nova realidade do mercado

impulsionou as empresas a

investirem mais em recursos

tecnológicos, intensificando a

aproximação do prestador de

serviços com o seu cliente

Os artigos assinados são de

responsabilidade exclusiva de

seus autores, não representando,

necessariamente, a opinião desta revista.

4


PAINEL

aquisição

Diretores compram operação

de seguro viagem

Sete diretores da April Brasil Seguro Viagem

anunciaram a compra da operação de seguro viagem

da multinacional francesa no mercado brasileiro. O

acordo prevê a manutenção da marca e a continuidade

dos produtos e serviços da seguradora.

O quadro societário

da nova companhia é

formado pelo CEO, Luiz

Gustavo da Costa; e pelos

diretores Claudia Brito

(Comercial); Bruno Venancio

(Jurídico e Compliance);

Marcelo Galbe (Tecnologia e Inovação); Juliana

Paschoa (Financeiro); Juçara Serrano (Operações); e

Taís Mahalem (Marketing e Digital). Os novos sócios

possuem amplo tempo de atuação na empresa, alguns

com mais de 14 anos, além de profundo know how no

mercado segurador e de turismo.

rede social

Seguradora

lança página

no Instagram

A AXA no

Brasil lançou sua

página na rede

social Instagram,

com conteúdo

focado em atender

às demandas

dos clientes e corretores. O perfil é mais um resultado

dos investimentos em digitalização e visa reforçar os

pilares de parceria e proximidade da companhia no relacionamento

com seus públicos.

O canal vai trazer informações institucionais, de

produtos, além de dados e tendências de mercado que

podem ser usadas pelo corretor em seu período negócio.

O perfil pretende também mostrar como é a experiência

de trabalho com a empresa.

consolidação

Susep concede autorização prévia da

operação de seguro de automóveis

A Superintendência

de Seguros

Privados (Susep) comunicou

a autorização

prévia para a

Allianz adquirir o controle

societário da Sul

América Seguros de

Automóveis e Massificados

S.A. (SulAmérica Auto). A partir de agora, a multinacional

alemã poderá concretizar a compra, conforme

contrato assinado pelas companhias em 22 de agosto

de 2019. Na ocasião, foi anunciada a aquisição das operações

pela seguradora por R$ 3 bilhões.

A entidade denomina “aprovação prévia” porque

a operação ainda está sujeita ao cumprimento das formalidades

legais e condições previstas contratualmente.

Até que se efetive a compra, as partes continuarão

a conduzir seus negócios de forma independente.

Nada muda para os clientes, corretores, assessorias e colaboradores

de ambas as companhias.

produto

Vida empresarial turbinado

A Liberty Seguros anunciou uma série de melhorias

em um de seus principais produtos do segmento

vida: o Liberty Vida Global, voltado para empresas com

até 600 colaboradores. As novidades vêm para atender

a uma crescente demanda de corretores de todo o Brasil,

ampliar as possibilidades de negócios para esses parceiros

e oferecer seguros empresariais mais completos.

O produto foi elaborado para proteger os funcionários

das organizações de maneira coletiva e, com

a novidade, passa a ter uma contratação mais rápida e

simples, além de uma aceitação flexível para diversos

formatos de contratos trabalhistas, como trabalhador

temporário ou jovem

aprendiz, que tenham vínculos

empregatício com

o estipulante e estejam

registrados e cadastrados

no E-Social ou na ausência

deste, na GFIP, e sócios e/

ou diretores constantes

no contrato social entre

outros tipos de registro.

5


PAINEL

A juíza Andrea de Araújo Peixoto,

da 10ª Vara Federal do Rio de

Janeiro, deu liminar a mandado de

segurança coletivo impetrado pela

Fenacor contra a superintendente

da Susep, Solange Vieira, e contra a

própria autarquia, suspendendo, até

a decisão final do processo, a eficácia

do trecho do art. 4º da Resolução

382/20 do CNSP segundo o qual, antes da aquisição de

produto de seguro, de capitalização ou de previdência

complementar aberta, o intermediário deve disponibilizar

formalmente ao cliente, no mínimo, informações sobre,

entre outros, o montante de sua remuneração pela intermediação

do contrato, acompanhado dos respectivos vatecnologia

consolidação 2

Aumenta demanda por vistorias online

A Bradesco

Auto/RE registrou

um crescimento de

578% no número

de vistorias de automóveis

de forma

online, serviço que

permite aos segurados

de todo o

Brasil realizarem a

inspeção dos seus veículos por conta própria. O crescimento

foi verificado em abril, em comparação ao mês

de março, período inicial de isolamento social devido à

pandemia de coronavírus.

“Levando em consideração a recomendação

de diminuir a circulação de pessoas por conta da pandemia,

a empresa estimulou entre seus segurados a

realização da autovistoria online, o que permitiu que

apólices de contratação, endossos e renovação fossem

efetivadas. Além disso, esse serviço reforçou uma

das principais premissas da seguradora: levar comodidade

e novas soluções aos clientes. Acreditamos que

esse serviço continuará tendo demanda elevada após

a pandemia”, afirma Saint Clair Lima, diretor da seguradora.

Corretora cresce com aquisição

A Alper Consultoria de Seguros adquiriu a Transbroker

Corretora de Seguros. A operação faz parte da

estratégia da companhia de crescer via aquisições e

também organicamente. “Essa é nossa primeira aquisição

no ano, mas já estamos de olho em novas oportunidades

para o segundo semestre”, revela o presidente

da empresa, Marcos

Aurélio Couto, acrescentando

que o objetivo

é fazer entre

três a cinco aquisições

por ano. O valor

da compra foi de R$

58,05 milhões.

Couto ressalta

que o setor de seguro

de transporte é

estratégico para a

companhia e a meta é tornar o segmento o segundo

maior da empresa no médio prazo, ficando atrás

apenas de saúde, que hoje responde por 40% da receita.

“O seguro de carga é obrigatório no país, por

isso é um segmento muito interessante. Além disso, a

Transbroker tem como vantagem um hall de atuação

diversificado”, diz.

jurídico

Liminar que suspende eficácia de dispositivos da Resolução 382/20

lores de prêmio comercial ou contribuição

do contrato a ser celebrado.

A decisão também suspende

os efeitos do art. 9º da mesma Resolução

382/20, o qual cria a figura

do “cliente oculto”, que, segundo a

norma, “poderá pesquisar, simular e

testar, de forma presencial ou remota,

o processo de contratação, a distribuição,

a intermediação, a promoção, a divulgação e a

prestação de informações de produtos, de serviços ou de

operações relativos a seguro, capitalização ou previdência

complementar aberta, com vistas a verificar a adequação

das práticas de conduta de intermediários e entes supervisionados

à regulação vigente”.

6


sinistro

Seguradoras montam planos especiais

para atender segurados atingidos por

ciclone bomba

O ciclone bomba que atingiu os estados de Santa

Catarina e Rio Grande do Sul, principalmente, residências,

edificações e até mesmo lavouras causou grandes perdas.

Entretanto, quem contava com uma apólice de seguro

pode ter os danos reparados pelas seguradoras, que adotaram

diversas ações para atender os clientes prejudicados

pelo fenômeno.

Os prejuízos podem ter alcançado R$ 500 milhões

apenas em Santa Catarina. As carteiras que mais foram afetadas

na região foram a residencial, empresarial, condomínio,

patrimonial rural e agrícola.

Muitas seguradoras agiram com planos de contingência

na região. A Bradesco Auto/RE deu início a 31ª

Operação Calamidade no dia 1 de julho. Por conta da urgência

da situação, a operação tem como objetivo atender

de forma mais célere o corretor e o segurado a partir de

um processo de pagamento mais ágil do valor do seguro

contratado.

Na Tokio Marine foram registrados 300 avisos de sinistros,

a maior parte dos clientes de Empresarial, cujos prejuízos

já estão sendo apurados pela organização. A companhia

já acionou sua Área Comercial nas regiões atingidas

para atender aos segurados. Entre as ações tomadas pela

seguradora para minimizar os danos está a simplificação

do processo de regulação e a elaboração de orçamentos

em tempo mínimo. “O acionamento pode ser feito por telefone

ou pelo aplicativo, canais de atendimento que também

tiveram sua capacidade reforçada para uma atuação

emergencial durante o período das ocorrências climáticas”,

ressalta Adilson Lavrador, diretor Executivo de Operações,

Tecnologia e Sinistros da empresa.

Na Liberty, a Fácil Assist, empresa de assistência da

seguradora, já estava com sua rede de prestadores preparada

para ações emergenciais, principalmente para cobertura

de telhados. Os analistas da organização estão efetuando

contato com clientes e corretores para realizar as

regulações por meio de vídeo conferências. “Em qualquer

tipo de ocorrência natural, a primeira e mais importante

atitude que os segurados devem tomar é preservar suas

vidas e tomar medidas para proteger seus bens, como,

por exemplo, retirar itens expostos que podem ser levados

com o vento e causar danos a casa ou outras propriedades”,

ressalta Mario Cavalcante, diretor de Massificados

da companhia.

saúde

ANS inclui teste sorológico para covid-19 no rol de coberturas obrigatórias

A Agência Nacional de Saúde Suplementar

(ANS) incluiu na lista de coberturas

obrigatórias dos planos de saúde o

teste sorológico para o novo coronavírus.

Os exames sorológicos, pesquisa de anticorpos

IgA, IgG ou IgM (com Diretriz de

Utilização), detectam a presença de anticorpos

produzidos pelo organismo após

exposição ao vírus.

O procedimento passa a ser de cobertura obrigatória

para os planos de saúde nas segmentações ambulatorial,

hospitalar (com ou sem obstetrícia) e referência nos

casos em que o paciente apresente ou tenha

apresentado um dos quadros clínicos

descritos a seguir:

Síndrome Gripal: quadro respiratório

agudo, caracterizado por sensação febril ou

febre, acompanhada de tosse ou dor de garganta

ou coriza ou dificuldade respiratória.

Síndrome Respiratória Aguda Grave:

desconforto respiratório/dificuldade para

respirar ou pressão persistente no tórax ou saturação de

oxigênio menor do que 95% em ar ambiente ou coloração

azulada dos lábios ou rosto.

7


gente

COMITÊ EXECUTIVO

Após a conclusão da compra da SulAmérica

auto e ramos elementares, a Allianz anunciou a

composição de seu comitê executivo: Eduard Folch,

presidente da Allianz Brasil,

Andreas Kerl, diretor executivo

Financeiro, David Beatham,

diretor executivo de Massificados

e Vida, Eduardo Dal Ri, diretor

executivo Comercial, Karine

Barros, diretora executiva de

Negócios Corporativos e Saúde,

Luis Cartolano, diretor executivo de Marketing,

Marco Campos, diretor executivo de RH e Comunicação,

Renato Roperto, diretor executivo de Sinistros

e Rosely Boer, diretora executiva de Operações.

ESTRATÉGIAS PÚBLICAS

O Grupo Mongeral Aegon

criou a Diretoria de Estratégias

Públicas, área que terá

como objetivo o planejamento,

estruturação, negociação e

eficiência dos contratos relacionados

a este setor. A posição

será ocupada por Arnaldo

Lima. O executivo é economista e administrador,

formado pela University of Central Oklahoma, nos

Estados Unidos.

PRESIDENTE DO CONSELHO

A Seguradora Líder conta

com um novo presidente no

Conselho de Administração.

Leandro Martins Alves, nomeado

em 1º de junho, chega

à companhia com o compromisso

de apoiar o processo de

aperfeiçoamento do Seguro do

Acidente de Trânsito. “Há muitos avanços conquistados

nos últimos anos e seguiremos nesse processo

de transformação em um esforço conjunto entre sociedade,

Estado e mercado segurador”, pontua Alves.

CUIDANDO DE PESSOAS

Soneli Angelini é a nova

head de Recursos Humanos da

Ô Insurance. Com mais de 25

anos de experiência, a executiva

terá como objetivo implementar

as melhores práticas de gestão

de pessoas e compartilhar do

processo de transformação digital da companhia,

priorizando a experiência e a satisfação dos seus diversos

públicos.

COMERCIAL PARA SEGURO

GARANTIA

A Ezze Seguros anunciou

Luiz Verri como seu novo superintende

comercial de garantias.

O executivo, especialista em

relacionamento com clientes, tem em seu histórico

profissional atuação na área comercial em seguradoras

como Itaú Seguros e Chubb.

DIRETO PARA A INSURTECH

Carlos Colucci, ex vicepresidente

da HDI Seguros, acaba

de se juntar à diretoria da

insurtech Pier, para comandar

a carteira de seguros de automóveis.

Após 20 anos na seguradora, Colucci encara

agora novos desafios.

NOVOS PORTOS

A THB Brasil apresentou

Simone Ramos como superintendente

de Portos & Logística

dentro da divisão de Specialty.

Simone chega com a missão de

desenvolver a área com uma

equipe especializada e entregar soluções diferenciadas

a todos os clientes do segmento.

8


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CAPA

FRACEL

Conceito de proteção integral para

cliente multiplica produção

de corretora

OBSERVAR AS DORES DOS

CLIENTES É FUNDAMENTAL

PARA CRIAR UMA PARCERIA

DE TRABALHO EM QUE AS

PARTES SAEM GANHANDO

Kelly Lubiato

Oexemplo de produtos criados para atender grandes clientes

pode ser replicado para menores, ou para um grupo de clientes

com a mesma necessidade, que atuem em um mesmo nicho

ou em uma mesma região. Porém, para chegar a formatação de

um desenho, é preciso que o corretor de seguros tenha um olhar atento

para o negócio do cliente, identificando quais são os seus gargalos.

A solução pode estar na prateleira da seguradora, em produtos

que possam ser adaptados ou, dependendo do volume do negócio,

pode ser formulada de maneira bem específica.

10


A agroindústria é uma das maiores produtoras

de proteína animal (aviária e suína)

brasileira e delega a criação de seu plantel

a outros produtores menores.

Giovanni Cezimbra Balen, gestor

de Riscos Diferenciados da Fracel, conta

que desde 2016, a empresa começou

a desenvolver um projeto em conjunto

com a cliente para buscar no mercado de

seguros e resseguros condições melhores

para proteger o plantel de aves e suínos,

cuja produção concentra-se na região

e que está exposto a riscos de doenças

ou de catástrofes, cuja possibilidade de

acontecer é pequena, mas com alto poder

de perdas irrecuperáveis.

Com as informações em mãos,

começou a busca por experiências similares

em países como México, Estados

Unidos e Alemanha, olhando de perto o

seguro animal e a proteção para a criação

animal em larga escala. No Brasil,

existe o seguro pecuário, porém sua proteção

concentra-se em rebanho de bovinos

e cavalos de raça, majoritariamente.

Enquanto o trabalho era desenvolvido

junto aos resseguradores internacionais,

na região de Chapecó, os produtores

rurais pediam que, além dos animais,

"Sempre fazemos uma análise do

risco como um todo e tentamos

proteger o cliente na integralidade

Na região oeste de Santa Catarina, predomina a agroindústria

de proteína. Assim como o Sudoeste do Paraná e o Noroeste do

Rio Grande do Sul, a região concentra uma série de pequenos produtores

que atendem os grandes frigoríficos. E os pequenos são o

elo fraco desta corrente, onde problemas com questões climáticas,

por exemplo, podem tomar dimensões catastróficas (leia box sobre

ciclone bomba no Sul do País.

A cooperativa alimentícia Aurora (terceira maior do país, segundo

ranking da Revista Forbes) já era cliente da Fracel Corretora,

mas ainda contava com alguns gaps na proteção de seus parceiros.

GIOVANNI CEZIMBRA BALEN

11


CAPA

FRACEL

FRACEL EM NÚMEROS

LADO SOCIAL DO SEGURO

FUNDADA EM

1992

14 filiais

faturamento

R$ 72 milhões

52 colaboradores

13 mil clientes

houvesse proteção também para os aviários

e as pocilgas, porque os custos deste

tipo de seguro de propriedade rural passaram

a subir muito, não só em termos

de prêmios como também de franquias,

que se elevaram de forma agressiva nos

últimos anos.

“Desenvolvemos em parceria com

a Sompo, seguradora que detém a apólice

de riscos operacionais da Aurora, uma

apólice para proteger as benfeitorias dos

produtores rurais.

O TRABALHO NA PRÁTICA

Em julho de 2019, o projeto ficou

pronto para ser colocado no mercado.

Segundo Balen, o cliente gostou tanto

do resultado que colocou no projeto

100% das propriedades parceiras, que

representam seis mil unidades. “Onde há

um animal da Aurora, há um seguro para

protegê-lo”, destaca Balen.

Este não é um produto tradicional.

Os seguros de propriedades rurais do

mercado tem uma importância segurada

para incêndio, com coberturas proporcionais

de no máximo 50% para outros tipos

O ciclone bomba

no Sul do Brasil atingiu os

estados de Santa Catarina,

Rio Grande do Sul e Paraná

no dia 30 de junho de

2020. Treze mortes foram

confirmadas e as perdas

financeiras, apenas no

estado de Santa Catarina,

foram estimadas em R$ 280

milhões pela Defesa Civil.

Giovanni Cezimbra Balen,

da Fracel Corretora, descreve

o que encontrou na

região. “Muita destruição e

impossibilidade de continuação

imediata da produção”.

Segundo ele, 216 propriedades

estavam cobertas

pelo seguro oferecido pela

cooperativa Aurora.

“Tenho muito orgulho

deste lado social do seguro.

Em uma tragédia deste

porte, vemos que os mais

atingidos são as pessoas

mais humildes. É muito gratificante

poder levar uma

indenização para que as

pessoas possam reconstruir

a sua vida”.

de danos. Estas coberturas, entretanto, não eram suficientes para

atender uma região com riscos de tornados, por exemplo, com poder

de destruir totalmente as instalações.

“Desenhamos com a Sompo Seguros um produto com verba

única para qualquer uma das garantias. O valor que atribuímos para

capital de risco oferece cobertura de 100% para todos os eventos,

o que possibilita ao produtor o poder para reconstruir o aviário do

zero. Com um seguro tradicional ele não conseguiria fazer isso”, explica

Balen.

O produto especialmente desenhado para a Aurora também

cobre desmoronamento, interrupção de utilidades, como a falta de

energia elétrica, por exemplo, que prejudica a criação animal pela

12


falta de ventilação. “O evento de Descanso mostrou que este foi um

golaço da Aurora, porque o produto dá a condição de se manter em

atividade sem desprender o recurso financeiro, investindo apenas

o valor da franquia. Em um seguro convencional, o beneficiário receberia

uma parte e teria que financiar a outra, ou tirar de alguma

outra atividade ou desistir”, lamenta o executivo.

No início do projeto, há um ano, houve certo desconforto

por parte de outros corretores de seguros que atuam na região e

das cooperativas de crédito que comercializam seguros para estes

pequenos produtores. Entretanto, pelo interesse da cooperativa

em manter os pequenos ativos para viabilizar a produção da indústria,

ela própria se encarregou de toda a negociação e paga o

prêmio correspondente à sua matéria prima. “Toda a negociação

foi feita pela Aurora, que debita o valor do prêmio diretamente

dos seus parceiros”, pontua Balen. O custo do seguro para o produtor

é muito mais vantojoso do que outras coberturas disponíveis

no mercado, mas não customizadas. Isso é possível porque a

adesão é compulsória para os parceiros da cooperativa. Balen esclarece:

outras cooperativas já tentaram desenvolver produtos parecidos

com adesão facultativa. Entretanto, apenas os produtores

com riscos agravados acabavam aderindo ao produto, aumentando

muito a sinistralidade pela seleção de risco, o que inviabilizou

projetos anteriores”.

Há uma segunda fase deste projeto que está em andamento,

cujo produto já foi homologado pela Sompo, que cobre as doenças

que podem dizimar os planteis, como gripe suína, influenza aviária

ou doença de New Castle. “Estamos discutindo alguns números

para possíveis indenizações, porque elas podem garantir até perda

de lucro de exportação. Para tanto é necessário mensurar o lucro

que cada mercado representa na carteira do cliente”, pondera Balen.

Somente este produto promoveu um salto na arrecadação

de prêmios da corretora Fracel. “Saímos de uma produção de R$ 300

mil/ano em propriedades rurais para R$ 7 milhões, desde julho de

2019”, comemora Balen. Para a renovação da apólice, a empresa já

pensa em novas coberturas e melhorias para a próxima vigência.

SEGURO DE TRANSPORTE

Ainda em parceria com a Sompo Seguros, todo o seguro de

transporte da cooperativa Aurora é feito também pela Fracel Corretora.

Balen destaca que todos os meses é feita uma reunião do Comitê

de Gestão do Risco de Transporte, que reúne representantes do

cliente, das gerenciadoras de risco, da seguradora e da corretora para

discutir entre 10 e 15 mil embarques por mês. “Verificamos quais são

as não conformidades, os transportadores e motoristas que eventualmente

não cumprem as regras de gerenciamento de risco, como

excesso de velocidade ou parada em local proibido, por exemplo”.

Nesta reunião mensal são mapeados os piores transportadores

e os piores motoristas. Da mesma forma, são identificados os

melhores, que recebem uma premiação.

“O objetivo é estarmos atentos a todos os desvios da operação.

Há três anos, a Aurora pagava mais seguro do que paga hoje,

com um volume muito menor de embarques”, comemora o corretor

de seguros. Para ele, é muito importante a corretora de seguros ter

"Quando contratamos

um serviço para nossa

empresa, esperamos que a

prestadora traga soluções

para o nosso negócio. É

esse o sentimento quanto ao

atendimento da Fracel Seguros,

por meio do nosso corretor.

Respostas rápidas, resolutivas

e inteligentes para a empresa"

FRANCINE ROMAN,

diretora Jurídica da Transportes Silvio,

cliente da Fracel

alguém internamente que seja especialista

em gerenciamento de risco de transporte.

“Temos contas ruins e nervosas,

mas tem cliente que nos procura porque

sabe que temos a receita do bolo e que

sabemos como melhorar a carteira. Há

clientes que não tinham mais opção de

apólices no mercado e para os quais fazemos

a gestão e viabilizamos os contratos

de seguro”, pontua Balen.

Em grandes centros, é comum as

grandes corretoras oferecerem um trabalho

especializado em seguros de transporte.

Entretanto, no interior o corretor de

seguros está habituado a vender apenas

seguro de automóvel e residência. “Nós

optamos pela especialização para buscar

novas fontes de renda”, completa.

13


ARTIGO

AUTOMÓVEL

Ferramenta aumenta oportunidades de

negócio em ambiente digital e prepara

corretores para atuar no ‘novo normal’

Robson Tricarico*

Há anos se fala do movimento de digitalização

O novo sistema permite, também, as vendas

da indústria do seguro. Se no passado a pergunta

era quando isso iria acontecer, a pande-

cada corretor. Além disso, permite a geração constante

cruzadas (cross-selling) para o mailing de clientes de

mia e o isolamento social trouxeram a resposta: o momento

é agora. É preciso que o ecossistema caminhe

O Suhai Link viabiliza a formação de parcerias

de leads qualificados e a construção de novos mailings.

cada vez mais rápido nesse sentido, porque essa será com estabelecimento de diversos segmentos, como

a prática mesmo após o fim do distanciamento, com a concessionárias, postos de combustíveis, lojas de peças

etc, para que seus clientes sejam impactados com

chegada do ‘novo normal’.

Aqui na Suhai Seguradora, a gente mantém os links ou QR Code para a ferramenta, recebendo em

há um bom tempo os canais digitais como fontes de troca, por exemplo, uma bonificação pelos clientes indicados.

conectividade e, mais do que isso, de possibilidades.

Exatamente por isso, a companhia sempre utilizou a

Por último, mas não menos importante, proporciona

a criação de campanhas específicas para os

tecnologia para colocar os nossos corretores parceiros

em contato com seu público-alvo.

worksites, ou seja, a possibilidade de ter um desconto

especial para parcerias em que as empresas apre-

Nos últimos meses, aliamos toda a nossa experiência

em seguro de furto e roubo à nossa confiança na sentem o seguro Suhai para seus colaboradores. E de

tecnologia e inovação, para criar o Suhai Link, uma ferramenta

que permite aos corretores ampliar as opor-

corretor passe o dia apresentando o serviço no local.

forma totalmente digital, sem a necessidade de que o

HOME tunidades OFFICE: de conquistar novos clientes e viabilizar os

O Suhai Link já está disponível para os mais de

negócios, de forma 100% digital, utilizando um link ou 26 mil corretores cadastrados, há pouco mais de 40

QR Code. "Nós já Então, vínhamos além conversando de conectá-los com com os corretores quem pre-dcisa a contratar necessidade o seguro, da digitalização. também estamos De repente, ajudando a pandemia a fez Esse projeto é possível de ser aplicado com essa

seguros dias e é totalmente gratuito para parceiros Suhai.

sobre

com reduzir que todos custos nós operacionais. acelerássemos este processo e conseguíssemos simplicidade porque há anos a Suhai entende que a

atender os Os clientes benefícios a partir do Suhai do trabalho Link são em inúmeros. home-office. E eu conectividade é a chave para o sucesso. Entendemos

gosto "O sempre trabalho de em listar casa e ‘Top contato 5’ Vantagens online em ao invés minhas de aumentar que fazer o corretor se conectar rapidamente com seu

a distância apresentações, fez ela especialmente diminuir. Hoje nas estamos lives mais que fazemos próximos das cliente, pessoas

aos do nossos que na parceiros. antiga normalidade. Nossas sucursais fazem vai lives, fazer a diferença, especialmente neste momento.

reduzir custos e movimentar a indústria é o que

reuniões O virtuais primeiro para é que a troca o Suhai de informações Link não impõe com limites, grupos menores A Suhai Seguradora está presente em todo o

de mínimo corretores, ou máximo, praticamente de geração todos de os links dias. e QR Codes, ou país e atualmente ocupa a 11ª posição no ranking nacional

ar-Susep, entre todas as seguradoras de cobertura

seja, A o matriz corretor, se pode organizou ter um para para atuar cada em tipo alguns de público pilares, como

recadação, que ele precisar vendas e/ou e pagamentos rede social de que benefícios. deseja divulgar Isso pensando . casco nas auto + assistência 24h. Para se tornar um parceiro

e não aproveitar as vantagens do Suhai Link, caso ainda

pessoas e Depois, nas soluções como segundo de contibuidade benefício, para destaco que as que pessoas

ficassem a ferramenta expostas." possibilita que o cliente faça a cotação e não seja, basta acessar o site

eventualmente contrate o seguro num formato de autosserviço,

isto é, ele faz uma simulação e pode trans-

CORRETOR.

e fazer o seu cadastro na área

AÇÃO PARA CORRETORES:

mitir a proposta a partir dele. Isso reduz a necessidade

de contato "Trabalhamos direto com para o corretor os corretores que, com para isso, a geração otimiza de leads,

com seu o tempo Win Social, e diminui uma insurtech suas despesas que trabalha administrativas. com nichos. O Este *ROBSON é um TRICARICO

braço corretor para só trabalhar vai atuar com nos upsell clientes e cross-sell, que não finalizaram com trabalho a de atualização

cotação para e/ou verificar cotaram se as e coberturas não transmitiram dos clientes a proposta, estão adequadas

diretor Comercial

da Suhai Seguradora

às gerando suas necessidades.

assim, uma cesta de leads.

14


ESPECIAL SEGURO RURAL

NEWE

Crescimento sustentado por novos

produtos e ampliação dos mecanismos

de proteção utilizados pelo governo

SEGURADORA QUE PASSOU A TER CONTROLE 100% NACIONAL A PARTIR DE NOVEMBRO DE 2019, A NEWE

DEVE PRATICAMENTE DOBRAR O FATURAMENTO EM 2020, INVESTINDO EM NOVOS PRODUTOS, ENTRE

ELES, OS SEGUROS PARAMÉTRICOS E COM AMPLA UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS

A

NEWE Seguros investe no setor de seguro rural, utilizando

toda a expertise de seus controladores, que juntos somam

mais de 80 anos de atuação no setor, para fornecer soluções

rápidas e eficientes. “Temos muita velocidade e flexibilidade

nas tomadas de decisão, diferente do modelo de operação de uma

multinacional. Quando evoluímos no contato com o cliente, somos

capazes de criar soluções inovadoras em um espaço de tempo recorde”,

afirma Gabriel Boyer, Vice-Presidente de operações da NEWE.

A evolução do modelo de operação respeita os padrões internacionais

de gestão de riscos, porém trazendo uma maior agilidade

para o ajuste de rumo, quando necessário. “Tudo é rapidamente

analisado pela alta direção da companhia, seja para a recusa

de um risco, sua aceitação, ou até mesmo a busca de uma solução

alternativa. Isso faz parte do nosso DNA”, enfatiza.

Após encerrar o ano de 2019 com faturamento de R$ 80 milhões,

a meta agora é atingir a marca de R$ 150 milhões de receita

até o final de 2020. A seguradora concentra suas operações em seguros

agrícolas com foco principal em grãos.

Para alcançar as metas, a seguradora está ampliando o seu

leque de produtos para outras categorias, como produção de frutas,

equipamentos agrícolas e seguro de vida do produtor rural.

“Algumas dessas novidades já foram submetidas ao órgão regulador,

Susep, e aguardam somente o seu aval para serem lançadas”,

avisa Boyer.

A NEWE acompanha o movimento do governo que está ampliando

o alcance do programa de subvenção ao seguro rural com

foco no desenvolvimento de novas áreas, culturas e perfil dos segurados.

Boyer explica que a seguradora está investindo pesado em

tecnologia para alcançar o maior número de clientes possível.

O futuro será dos produtos paramétricos, com análise e regulação

dos riscos feita 100% de forma digital. Essa migração para o

100% digital será ainda mais importante com a decisão do governo

de implementar um projeto piloto para produtores oriundos do Pronaf

(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar),

antes amparados pelo Proagro (Programa de Garantia da Atividade

Agropecuária).

“Queremos ser a seguradora que melhor vai atender os

clientes do PSR (Programa de Subvenção do Seguro Rural) que são

GABRIEL BOYER

Kelly Lubiato

oriundos do Pronaf/Proagro. Já vínhamos

acompanhando esse movimento do

governo muito de perto”, destaca Boyer.

Este programa deve trazer produtores

menores para o mercado de seguros, o

que amplia a necessidade de produtos

mais simples, ágeis e de rápida regulação.

A distribuição dos produtos da

NEWE é feita exclusivamente por corretores

de seguros especializados e deve

ser ampliada com a chegada de novos

consumidores de outros programas de

fomento à produção rural. “Faremos um

blend de produtos tradicionais e produtos

de tecnologia, mas queremos estar

prontos quando a migração do Proagro

for feita de forma completa. Seremos os

líderes deste setor”, antecipa Boyer.

15


ESPECIAL SEGURO RURAL

CONJUNTURA

Governo quer ampliar consumidores

VERBA DO FUNDO DO SEGURO RURAL QUASE DOBROU EM 2020, PARA R$ 955 MI E

PODE CHEGAR A R$ 1,3 BI EM 2021. PEQUENOS PRODUTORES DO PROAGRO E DO

PRONAF DEVEM PARTICIPAR DE PROJETO PILOTO PARA AMPLIAR SEGURO RURAL

Kelly Lubiato

Investimento financeiro e capacitação

profissional. Desta forma o Governo

Federal pretende ampliar a penetração

do seguro rural para áreas menos

atingidas e também para novas culturas.

Para o ano civil de 2020, o investimento

total da subvenção do seguro rural será

de R$ 955 milhões. Para 2021, a previsão

orçamentária é de R$ 1,3 bilhão.

De acordo com Pedro Loyola, diretor do Departamento de

Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Mapa,

o objetivo do Governo é entregar o programa com uma cifra de

R$ 2,2 bilhões no programa de subvenção, podendo chegar a 30

mil hectares de áreas seguradas. “Estas são estimativas, que dependem

do comportamento da contratação, porque a demanda

é dinâmica”, explica Loyola.

No caso do seguro rural as 14 seguradoras que participam do

programa são as intermediárias, pois a subvenção é para o produtor.

16


de seguro no campo

As seguradoras recebem as propostas do produtor e repassam a documentação

para o Mapa. Depois, da confirmação da subvenção, ela

oferece o desconto para o produtor, com um sistema operacional

mais inteligente. O produtor, na legislação atual, tem o poder de escolher

com qual seguradora deseja trabalhar, assim como o corretor.

PROGRAMAS AMPLIADOS

No final de junho, o Mapa publicou a Resolução número 75,

que aprovou o projeto piloto do seguro rural para operações enquadradas

no Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, para algumas culturas específicas. De acordo com

Loyola, serão destinados R$ 50 milhões para esta fase.

“O objetivo desse projeto é fomentar a contratação de seguro

rural para esse público específico, que em muitos casos ainda não

conhece como funciona esse mecanismo de mitigação de riscos.

Para isso, vamos proporcionar condições diferenciadas no Programa.

Além disso, o projeto também servirá para

avaliar a capacidade das seguradoras de

ofertar produtos compatíveis a esse perfil

de produtor rural”, explica. Hoje o produtor

paga em torno de 3,8% de prêmio. “Por

isso, vamos trazer a subvenção para que

ele possa comparar os produtos e incentivá-lo

a fazer o seguro agrícola, que é um

produto mais moderno que o Pronaf, que

remonta à década de 1970 e é muito burocrático”,

acrescenta o executivo.

Aém disso, o Ministério também

lançou um aplicativo do seguro rural,

com várias funcionalidades que podem

ser consultadas pelo produtor rural para

auxiliá-lo na contratação do produto.

17


ESPECIAL SEGURO RURAL

CONJUNTURA

SEGURO RURAL É:

SEGURO

AGRÍCOLA

SEGURO DE

MÁQUINAS E

EQUIPAMENTOS

SEGURO DE VIDA

DO PRODUTOR

RURAL

PEDRO LOYOLA, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SEGURO DE

FLORESTAS

SEGURO

PECUÁRIO

SEGURO

AQUÍCOLA

MARIA HELENA MONTEIRO,

da ENS

DANIEL NASCIMENTO,

da Fenseg

“Às vezes, ele não sabe, por exemplo, qual seguradora atua em seu

município. O aplicativo PSR (Programa Seguro Rural) disponibiliza a

consulta de seguradoras, quais culturas estão disponíveis, dicas de

seguro, simulações para saber valor do prêmio e da subvenção. É

um aplicativo educativo, consultivo, para disseminação da cultura”,

ressalta Loyola.

O modelo de contratação do seguro rural remete a um produto

mais flexível. É possível fazer uma subscrição mais detalhada,

de acordo com os riscos de cada produtor e suas necessidades de

coberturas (franquia, nível de cobertura etc).

O projeto piloto do Proagro pode atender até 25 mil produtores

e deve durar de julho a setembro.

DESAFIOS

Para disseminar a cultura do seguro como ferramenta de proteção

é preciso dar previsibilidade e consistência para o programa.

As metas devem ser mantidas independente de quem esteja à frente

do Governo, para que as seguradoras tenham segurança para aderir

ao programa.

“Estamos trabalhando para fomentar a capacitação de corretores

de seguros e peritos agrícolas, para promover o seguro rural

com qualidade na subscrição e na regulação dos sinistros. Não

adianta ter seguro rural e na hora que precisa não ter perito, não

ter serviço adequado etc”, avalia Loyola.

Para suprir esta demanda, a ENS - Escola de Negócios e Seguros

- está em contato com equipes do Mapa para enfrentar estas

18


PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR)

ANO PRODUTORES APÓLICES ÁREA SEGURADA/ IMPORTÂNCIA PRÊMIO SUBSÍDIO

HECTARE DA SEGURADA

2018 42.296 63 mil 4,6 mi 12,4 bi 487 mi 366 mi

2019 57.750 93 mil 6,7 mi 19,8 bi 812 mi 432 mi

2020 27.899 38 mil 2,2 mi 6,1 bi 311 mi 191 mi

(em aberto)

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

demandas por capacitação e formação para peritos especializados

em seguro rural, bem como no aprofundamento da formação de

corretores de seguros que trabalham com seguros rurais.

“Nosso curso para Habilitação de Corretores de Seguros

conta com a disciplina de Seguros Rurais, oferecida de forma presencial

ou em EAD. A ideia agora é aprofundarmos a capacitação,

investindo numa formação mais abrangente sobre os produtos

atrelados aos seguros rurais e à inspeção de riscos rurais”, destaca

Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da ENS.

A escola estuda agora o curso para a formação de peritos.

Segundo Maria Helena, “o curso está sendo formatado por especialistas

dentro do Mapa e da comissão responsável dentro da

FenSeg - Federação Nacional das Seguradoras de Seguros Gerais.

A ENS vai participar do processo de seleção da instituição que preparará

o programa, pela sua demonstrada capacidade técnica em

produzir conteúdo especializado”.

O vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Fenseg,

Daniel Nascimento, comemora o crescimento do valor da subvenção

ao seguro rural, afirmando que é um incentivo para o crescimento

da área segurada no Brasil. “Todo o recurso disponibilizado

pelo Governo será consumido no seguro rural”.

O mercado de seguros rural cresceu 35% nos primeiros

meses de 2020, apenas o agrícola cresceu 64% no mesmo período.

Até 2019, o seguro agrícola seguia uma tendência de anos

anteriores, porque não há subvenção que cubra todo o setor. “De

R$ 2,4 bi que o mercado fez em prêmio do agrícola no ano passado,

posso afirmar que 50% disso entrou na subvenção”, afirma

Nascimento.

A média dos percentuais de subvenção para soja, por exemplo,

é de 25% de subvenção que o produtor rural tem direito. Em

fruta, o prêmio é agravado pelo risco da atividade e a subvenção

pode chegar a 40%.

Em média, 14% a 15% da área plantada tem seguro. Ainda

não é possível saber quanto a área plantada

com seguro deverá aumentar.

“A natureza do seguro rural é catastrófica.

Há cerca de 6 a 7 anos, percebemos

que o produtor passou a contratar

produtos mesmo sem a subvenção, por

conta da sua natureza. Ela afeta um município

ou região inteira”, avalia Nascimento.

A perda cria consciência no produtor

rural.

O grande desafio para o mercado

segurador é fornecer produtos e serviços

para que o produtor rural acompanhe o

desenvolvimento da sua lavoura, com o

devido sensoriamento. “Esta é uma tendência

para os próximos anos”, confirma

Nascimento, acrescentando que isso

acontecerá não apenas na subscrição

mas também para a regulação de sinistros.

Em 2020, o desafio para regular sinistros

com a pandemia foi grande, porque o

produtor não queria receber o perito, ou

o perito não queria ir, ou a cidade estava

fechada para receber gente de fora. “A alternativa

foi pegar dados de entidades da

região ou contar com os dados remotos já

disponíveis em algumas apólices”.

As seguradoras hoje investem

para baratear o custo final da regulação

dos sinistros. Por isso, companhias e Governo

querem investir na criação de ferramentas

remotas para treinamento de

corretores de seguros e peritos.

19


ESPECIAL SEGURO RURAL

MERCADO

Como se sustenta o seguro

rural em meio à pandemia?

PLANO SAFRA PARA 2020/21 EMPOLGA REPRESENTANTES DO MERCADO

SECURITÁRIO E DE ENTIDADES DA ÁREA AGRÍCOLA, MAS HÁ MUITO AINDA A

SER DEBATIDO E A BUSCA DE SOLUÇÕES É MAIS QUE PREMENTE, SOBRETUDO

EM RELAÇÃO À DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DO SEGURO NA AGRICULTURA

FAMILIAR E DE COMO PROTEGER AS VENDAS DOS PRODUTORES RURAIS, QUE

DESPENCARAM DRASTICAMENTE DURANTE O LONGO E ÁRDUO PERÍODO

DE ISOLAMENTO SOCIAL IMPOSTO PELA COVID-19

André Felipe de Lima

Ela nasceu e cresceu na lavoura

com os pais, plantando morangos

e folhosas na região serrana

do estado do Rio de Janeiro. Hoje, com 28

anos, a técnica em agropecuária Lorena

Shuenck toca adiante o empreendimento

familiar, mas sem abrir mão do seguro

para defendê-lo contra intempéries comuns

ao negócio agrícola. “O pequeno

agricultor familiar está familiarizado com

seguro porque, principalmente na região serrana, as chuvas de verão,

esses fatores climáticos, são muito grandes. Também tivemos

problemas com pragas. O agricultor da região serrana está mais focado.

Muitos agricultores hoje tiram (sic) o Pronaf (Programa Nacional

de Fortalecimento da Agricultura Familiar) de custeio por conta do

seguro”, diz Lorena. Mas como garantir a ponta do negócio, ou seja,

o consumidor final, em meio à pandemia do coronavírus? O seguro

pode ser a ferramenta para que o agricultor, especialmente os ditos

“pronafianos”, ou seja, os da agricultura familiar, mitigue eventuais

prejuízos com as vendas em tempos tão oblíquos? Apólice abordou

20


O pequeno agricultor familiar está

familiarizado com seguro porque,

principalmente na região serrana,

as chuvas de verão, esses fatores

climáticos, são muito grandes.

Também tivemos problemas com

pragas. O agricultor da região

serrana está mais focado. Muitos

agricultores hoje tiram (sic) o

Pronaf (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura

Familiar) de custeio por conta

do seguro”

LORENA SHUENCK,

técnica em agropecuária

as questões e Lorena respondeu sem rodeios: “As vendas, especialmente

dos pequenos produtores rurais, despencaram.”

Com o avanço da covid-19, a contratação do seguro é mais

do que estratégica. É indispensável. Lorena sabe disso e trata o seguro

como mais um importante insumo para tocar a lavoura. “A pandemia

afetou nossa produção diretamente na venda e na compra

dos insumos. A venda caiu drasticamente”, lamenta a técnica agrícola,

referindo-se aos impactos da doença, do isolamento social e

da crise econômica na aquisição de insumo para manter a lavoura

ativa. Safra.

Como anda, afinal, o Plano Safra? O

investimento para a safra 2020/21 é superior

6,1% em relação ao destinado para a

de 2019/20, com o Ministério da Agricultura

desembolsando R$ 236,3 bilhões, ou

seja, R$ 13,56 bilhões a mais que o montante

contemplado no plano anterior. O

governo também ampliou, e significativamente,

reconheça-se, a subvenção do seguro

rural para o ciclo vindouro em 30%.

21


ESPECIAL SEGURO RURAL

MERCADO

GUILHERME SILVEIRA,

da Genebra

Mas há quem ache que os valores

inseridos pelo governo no mercado agrícola

estão aquém do que poderia oferecer

para apoiar um setor que, na safra

anterior, registrou recorde na produção

de grãos — algo na casa de 250 milhões

de toneladas — e que hoje responde por,

aproximadamente, 20% do PIB brasileiro.

“Esse valor poderia ser maior para

garantir mais segurança para os produtores

rurais. O baixo valor liberado de

subvenção resulta em baixa adesão ao

seguro rural, atualmente aproximadamente

10% dos produtores utilizam o

seguro, esse é um número muito baixo,

que deixa os agricultores em uma situação

muito fragilizada”, pontua o diretor-

-executivo e sócio da Genebra Seguros,

Guilherme Silveira, que reconhece ter

a pandemia gerado incerteza no setor

de seguros. “Passadas algumas semanas, os negócios voltaram ao

normal. Na agricultura local, o maior impacto foi decorrente da estiagem,

que gerou queda de 48,5% na produção da soja e indenizações

na ordem de R$1,9 bilhões”, declarou.

Mas há o rol dos satisfeitos com o Plano Safra 2020/21, do qual

faz parte o superintendente de seguros rurais da Brasilseg, empresa

do Grupo BB Seguros, Paulo Hora. “Entendemos que esses valores

atendem à demanda reprimida do mercado e possibilitarão crescimento

da área segurada para algo em torno de 30% da área total

plantada”, frisa Hora. Segundo sua avaliação, a pandemia não teve

impacto negativo direto no mercado de seguros rurais, que, explica

ele, manteve-se crescente principalmente em função da preocupação

e consciência do produtor sobre os riscos climáticos. “Em relação

à agricultura, de forma geral, também não foi o setor mais afetado

pela pandemia. A maioria das cadeias produtivas se manteve atuante

abastecendo o mercado interno e internacional. A exceção se deu,

principalmente, nas cadeias de hortifrúti, flores e demais produtos

mais perecíveis, que são de rápido consumo e têm distribuição em

feiras e comércios locais. Esses pequenos produtores tiveram mais

dificuldade e precisaram se adaptar, revendo, em alguns momentos,

suas estratégias de distribuição de produtos.”

Hora também enfatiza ações estruturantes que abrangem o

plano estratégico de gestão de risco, dentre elas: dar mais transparência

às informações, recorrendo a aplicativo do PSR, Atlas do seguro

rural e notícias na mídia; fomentar a cultura do seguro junto

aos produtores rurais; realizar integrações entre produtores e suas

lideranças, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(Mapa) e as seguradoras para desenvolvimento de produtos (monitor

do seguro rural); integrar programas como PSR e Proagro; discutir

de forma integrada adequações de regulamentos específicos do

seguro rural junto à Superintendência de Seguros Privados (Susep);

fiscalizar e inibir risco moral, e por fim, estruturar programas de capacitação

de peritos e corretores de forma mais padronizada e integrada

com a universidade.

“Os consumidores de seguro rural são, na grande maioria, pequenos

e médios produtores. A área média das apólices contratadas

dentro do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural em

Em relação à agricultura, de forma geral, também não foi o

setor mais afetado pela pandemia. A maioria das cadeias

produtivas se manteve atuante abastecendo o mercado

interno e internacional. A exceção se deu, principalmente,

nas cadeias de hortifrúti, flores e demais produtos mais

perecíveis, que são de rápido consumo e têm distribuição

em feiras e comércios locais”

PAULO HORA, da Brasilseg

22


“Os recursos próprios dos produtores e dos fornecedores

de insumos e trading passaram a ser os grandes

financiadores do setor. Certamente, o seguro rural dará

mais confiança para essa matriz supridora de crédito

continuar a cumprir esse papel relevante, antes amparado

somente pelo governo. Estamos nos primeiros passos para

avançarmos de maneira correta nessa estratégia

MARCELLO BRITO, da Abag

2019 foi de 75 hectares. Existe no governo a intenção de integrar os

programas de gestão de risco. Um dos programas que deve ter seu

público migrado para o seguro privado é o Proagro”, destaca Hora,

assinalando que esse movimento deverá reforçar ainda mais a presença

de pequenos produtores, em especial, de agricultura familiar,

consumindo seguro agrícola.

Também entre os que aplaudem o Pronaf está o presidente

da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito. “A

sua meta (do Pronaf) consiste em chegar a R$ 2,5 bilhões até a safra

2022/23. Se isso, de fato, ocorrer, a cobertura de seguro poderá abranger

30 milhões de hectares, o que será uma quantidade expressiva.

Direcionar a política agrícola nesse caminho trará grandes benefícios

em termos de garantia de renda para o agricultor”, empolga-se Brito.

OTIMISMO EM CONTA

No centro do debate sobre o Plano Safra, a Associação Brasileira

dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas)

esteve presente no lançamento do programa para 2020/21, e

acompanhou e fez uma análise do que foi apresentado. “Especificamente

falando de seguro, foi um ano importante no qual houve um

aumento significativo dos recursos para subvenção do seguro rural,

mas é bom que fique claro que a fruticultura demanda muito pouco

ainda em relação à subvenção do seguro rural através do Ministério

da Agricultura”, pondera o presidente da Abrafrutas, Guilherme Cruz.

Ele explica que quase 100% dos recursos que são destinados e

que são captados na subvenção para a fruticultura são gastos com as

culturas da uva e da maçã, que têm um risco climático muito grande,

sobretudo no sul do Brasil. “Ainda não é uma característica, ainda não

é uma prática do produtor de frutas buscar, subvenção do seguro rural

junto ao Ministério da Agricultura, mesmo porque, como a fruticultura

está muito suscetível a pragas e doenças, o risco climático muitas

vezes é pouco”, avalia Cruz, esclarecendo, contudo, que grande parte

da fruticultura do país concentra-se no Nordeste, onde a chuva e, consequentemente,

as intempéries são poucas. “

O seguro rural, nas duas últimas edições do Plano Safra,

tem tido destaque como programa de política agrícola. Como explica

Paulo Hora, isso ocorre por dois motivos: o primeiro seria a

“consciência” tanto do governo quanto

do setor privado, como um todo, sobre a

“importância estratégica” do seguro rural

para a agricultura brasileira. O segundo

— prossegue Hora — é a “maior disponibilidade”

de produtos e de serviços do

mercado segurador, que já opera com 14

companhias de seguro que têm investido

em processos, canais de distribuição

e produtos para diversos segmentos.

Um dos principais consultores do

setor, o ex-secretário de Política Agrícola

entre 2003 e 2006 e atual presidente da

Câmara de Crédito e Comercialização do

Mapa, Ivan Wedekin define como fundamentais

as políticas públicas para a expansão

do seguro rural no Brasil: “É o que

mostra a análise comparativa de 2006

com 2019. Como todos sabemos, em

2005 foi feita a regulamentação do PSR

e lá em 2006 o mercado total de prêmios

de seguro rural era de apenas 88 milhões

de reais. Hoje, o mercado é de 2.4 bilhões

de reais. Nós tivemos um mercado privado

que cresceu muito nesse período, ele

aumentou 64 vezes em relação ao que era

em 2006, 31 milhões de reais”.

INCREMENTANDO NEGÓCIOS

COM SEGURO RURAL

A escalada impiedosa do coronavírus

mexeu com o setor agrícola, principalmente

na ponta final representada

pelo o consumidor. Muitas indagações

são feitas por representantes do mercado

e também da área securitária. O

seguro rural pode ser verdadeiramente

23


ESPECIAL SEGURO RURAL

MERCADO

Especificamente falando de seguro,

foi um ano importante no qual

houve um aumento significativo

dos recursos para subvenção do

seguro rural, mas é bom que fique

claro que a fruticultura demanda

muito pouco ainda em relação à

subvenção do seguro rural através

do Ministério da Agricultura”

GUILHERME CRUZ, da Abrafrutas

traduzido como uma ferramenta para

ajudar a incrementar negócios diante

desse contexto tão desfavorável imposto

pela pandemia, além de simplesmente

protegê-lo? Como isso seria possível?

“Não há dúvida que o seguro rural

é uma ferramenta realmente importante

para aquelas culturas que o utilizam

com certa frequência. Não é o caso

da fruticultura, especificamente. Porém,

nas culturas onde há uma tradição da

utilização do seguro rural para intempéries

climáticas, como exemplo da uva e

da maçã no sul do Brasil, essa questão

tem feito a diferença”, assinala Guilherme

Cruz, da Abrafrutas.

Para Marcello Brito, da Abag, a

agropecuária cresceu de forma promissora

neste século, tendo como fator estimulante as demandas com

exportações de soja, principalmente para a China, mas, segundo

sua avaliação, a disponibilidade de recursos da política oficial de

crédito rural não acompanhou essa evolução. “Os recursos próprios

dos produtores e dos fornecedores de insumos e trading passaram

a ser os grandes financiadores do setor. Certamente, o seguro rural

dará mais confiança para essa matriz supridora de crédito continuar

a cumprir esse papel relevante antes amparado somente pelo governo.

Estamos nos primeiros passos para avançarmos de maneira

correta nessa estratégia”, acredita Brito.

Para Guilherme Silveira, da Genebra Seguros, "o produtor que

possui o seguro pode alavancar mais a sua operação, obtendo maior

crescimento e lucratividade, além de possuir uma produção mais segura,

que facilita o acesso a instrumentos de crédito, como as CPRs.”

Os segmentos de grãos e frutas são, atualmente, os maiores

consumidores de seguro, em especial pela experiência de perdas passadas

e percepção maior de risco, de forma geral, como explica Hora,

da Brasilseg. Outros segmentos, também sujeitos a perdas, como a

pecuária, sistemas florestais e aquicultura, ainda são muito pouco

protegidos por apólices de seguro no Brasil, ressalta o executivo.

FUNDO CATÁSTROFE, TEMA AINDA INDEFINIDO

Em que patamar se se encontra hoje o Fundo de Catástrofe

do Seguro Rural, que, em sua implantação em 2014, previa algo

em torno de R$ 4 bilhões? Se há uma palavra que o rege essa situação

é incerteza. Como lembra Paulo Hora, o Fundo de Catástrofe

foi criado por lei complementar em 2010 com o objetivo de substituir

o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), entretanto

não teve sua regulamentação e consequente operacionalização

tocadas adiante. “Hoje permanece ainda o FESR como um fundo

para as operações de seguros agrícolas, pecuário, floresta e penhor

rural. Esse tema ainda é pauta de discussão entre o governo e inciativa

privada, uma vez que a realidade do programa de seguro e

resseguro no Brasil, atualmente, é bem diferente da época de criação

desses fundos”, diz Hora.

Para Silveira, da Genebra Seguros, a regulamentação do fundo

de catástrofe promoveria um desenvolvimento exponencial no

mercado segurador, permitindo uma melhor distribuição do risco

agrícola. “Em relação ao FESR, entendemos que o modelo hoje vigente

deve ser melhorado e modernizado, uma vez que os recursos

atualmente disponíveis no FESR não são suficientes para suprir

uma eventual perda catastrófica que possa vir a ocorrer”, entende

o executivo da Genebra Seguros, cuja maior parte dos clientes são

produtores de médio porte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

“Nossos clientes possuem alto nível de aversão a risco, devido ao

perfil imprevisível do clima nessa região e sabem do papel fundamental

representado pelo seguro agrícola.”

CULTURA DO SEGURO AINDA NÃO “PEGOU”

NA AGRICULTURA FAMILIAR

Será que o pequeno produtor rural está familiarizado,

igualmente a Lorena Shuenck, com a cultura do seguro? Diretor

financeiro da União das Associações e Cooperativas de Pequenos

24


“Como todos sabemos, em 2005 foi feita a

regulamentação do PSR e lá em 2006 o mercado total

de prêmios de seguro rural era de apenas 88 milhões

de reais. Hoje, o mercado é de 2,4 bilhões de reais. Nós

tivemos um mercado privado que cresceu muito nesse

período, ele aumentou 64 vezes em relação ao que era

em 2006, 31 milhões de reais

IVAN WEDEKIN,

da Câmara de Crédito e Comercialização do Mapa

Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (Unacoop), Luan da

Silva Moraes é pontual na resposta: “Não”.

Para o representante dos agricultores familiares fluminenses,

o pequeno produtor só contrata o seguro porque é um dos

itens obrigatórios do Pronaf. “Não estão muito acostumados a lidar

com o seguro e a se prevenir de riscos. Mesmo o seguro do Pronaf

também é tão difícil receber... eu, por exemplo, se fizesse um

projeto do Pronaf e pudesse retirar o seguro, eu retirava, porque é

tanta coisa... eles procuram tanto um jeito de não pagar (a indenização)

que acabam não pagando mesmo. É muito complicado isso

aí”, afirma Moraes, também produtor rural, em Nova Friburgo, na

região serrana do Rio.

Apólice perguntou ao representante da classe se havia uma

campanha de conscientização da Unacoop para que o pequeno

produtor do estado do Rio aderisse ao seguro. “Acho que poderia

haver uma campanha nossa e de todo o mundo para que as pessoas

passassem a usar o seguro, mas também para que os seguros

fossem mais viáveis, porque, na realidade, só é bom para você

fazer. Na hora de receber é muito trabalhoso e, geralmente, você

quase nunca ganha o direito. Não cobre granizo, não cobre isso,

não cobre aquilo e nem sei se cobriria hoje a pandemia. Se fosse o

caso, essa questão de não conseguir vender (a produção)”, avalia

Moraes.

Para o representante da Unacoop, as seguradoras precisam

estender as garantias para a retração das vendas dos pequenos

produtores durante o longo período de isolamento social. Não há

ainda dados estatísticos, pelo menos do Rio de Janeiro, do impacto

da pandemia na comercialização da agricultura familiar. Mas,

inegavelmente, ele é grande. “Se você tivesse feito um seguro hoje

para lavoura, desconfio que quase ninguém receberia (a indenização

) por causa pandemia, porque não teve problema nas lavouras,

que estão bonitas. Está tudo direitinho. O que não teve foi o

comércio. O que houve foi uma retração do mercado. Os seguros

para agrícola têm que pensar nisso. Como se trabalha com produto

perecível, se não vender na hora que tem que vender, não vai

adiantar nada. O pessoal ficou aqui com caixas e caixas de caqui na

lavoura, e vai fazer o quê? O caqui está

bonito, gostoso e não tem para quem

vender. Então isso tem que ser pensado”,

salienta Moraes.

PARAMETRIZAÇÃO, AINDA UMA

“ILUSTRE” DESCONHECIDA

E como estão os seguros parametrizados,

comercializados especialmente

para riscos rurais? Guilherme Silveira, da

Genebra Seguros, assinala que os seguros

paramétricos ainda são pouco difundidos

no Brasil. Ele diz que, apesar de todo o potencial

gerado pela possibilidade de contratação

de seguros baseados em índices

climáticos, atualmente são poucos os produtores

que se utilizam do instrumento.

“No entanto esse é um produto

com infinitas possibilidades. Acredito

que em alguns anos teremos um produto

desenvolvido o suficiente para que seja

contratado, por exemplo, por um varejista

que tenha os impactos de um inverno

ameno nas vendas de roupas para o frio,

ou de uma produtora de eventos que

queira se proteger do impacto de dias de

chuva na bilheteria”, vislumbra Silveira.

Mas para que esse produto se desenvolva,

completa ele, é fundamental o papel

do mercado ressegurador. “Visto que este

tem maior capacidade de diversificação

de riscos através de diferentes regiões geográficas,

bem como maior entendimento

acerca da probabilidade de materialização

dos riscos.”

25


ESPECIAL TRANSPORTES

RISCO AMBIENTAL

Coberturas e

serviços adicionais

incrementam seguro

de transporte

AINDA HÁ COBERTURAS POUCO

COMPREENDIDAS E CONTRATADAS,

ENQUANTO A PREOCUPAÇÃO

DA SOCIEDADE COM A

SUSTENTABILIDADE AUMENTA

Solange Guimarães

26


O

transporte de cargas envolve dois seguros obrigatórios, o

RCTR-C para o transportador e o Seguro Transporte Nacional,

que deve ser contratado pelo dono da carga, o embarcador.

Dependendo da carga e dos riscos envolvidos há uma grande

variedade de serviços e coberturas adicionais, facultativas ou acessórias

à disposição dos segurados. Algumas dessas coberturas ainda

são pouco utilizadas no Brasil mas, com o crescimento do e-commerce

e das transações internacionais, tendem a ganhar destaque e

exigir maior especialização do corretor de seguros.

A cobertura de Responsabilidade Civil Ambiental, por exemplo,

passou a ser mais procurada, mas ainda está bem abaixo dos

parâmetros internacionais. “Os corretores de seguros ainda não se

deram conta integralmente dos riscos ambientais no transporte de

mercadorias em geral. Apesar de no Brasil o modal rodoviário ser

o mais expressivo em termos de volume de cargas, o seguro ambiental

é pouco explorado. Grande parte dos transportadores e

embarcadores não conhece essa possibilidade de contratação e os

corretores deixam de promovê-la”, comenta o diretor da Conhecer

Seguros, Walter Polido.

Adilson Lima, diretor da Forte Brasil, do hub de transporte da

Rede Lojacorr, concorda. “São poucos os que contratam por prevenção

ou preocupação com o meio ambiente. A maior parte contrata

por já ter ocorrido problemas com órgãos ambientais ou por exigência

de algum embarcador ou cliente.”

Para ele, o corretor tem papel fundamental para mudança do

cenário, porque pode “auxiliar na divulgação e conscientização da

necessidade e da importância de contratar uma apólice que ampara

não só danos ao meio ambiente e a terceiros, mas também o atendimento

emergencial por empresas especializadas, o que certamente

contribuiria para a contenção e redução dos danos”.

Trata-se de uma questão de sustentabilidade. A preocupação

dos consumidores com o impacto ambiental das empresas de todos

os setores cresce a cada dia e está entre os Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU),

um acordo que estabelece as metas globais a serem alcançadas até

2030 para deixarmos um planeta melhor para as futuras gerações.

A Liberty Seguros lançou, em 2019, o “Liberty mais Sustentável

2023”, no qual se compromete a tornar seus produtos mais sustentáveis

e benéficos ao meio ambiente. “No segmento de transportes,

especificamente, acreditamos que seja importante revisarmos o

nosso portfólio atual de seguros, considerando sempre os critérios

ASG (ambiental, social e de governança), além de garantir que os

novos produtos e serviços considerem tais critérios como diferencial

na hora de apresentá-los ao mercado”, explica o diretor de Seguros

Corporativos da Liberty, Marcos Siqueira.

O cuidado inclui a opção de gerenciamento de riscos, que

ajuda a minimizar os acidentes e, consequentemente, os impactos

ambientais. O serviço oferecido pela Liberty foi desenhado especificamente

para cada perfil de cliente e sua respectiva mercadoria

transportada, a partir de tecnologias de inteligência artificial que

controlam a velocidade, a frenagem e ainda determinam o percurso

Os corretores de seguros ainda

não se deram conta integralmente

dos riscos ambientais no transporte

de mercadorias em geral. Apesar

de no Brasil o modal rodoviário

ser o mais expressivo em termos

de volume de cargas, o seguro

ambiental é pouco explorado.”

MARCOS SIQUEIRA,

da Liberty

WALTER POLIDO,

da Conhecer

27


ESPECIAL TRANSPORTES

RISCO AMBIENTAL

Para quem transporta cargas de risco, ter um seguro de

responsabilidade civil ambiental é fundamental, diante

do risco exposto tanto para o dono da mercadoria e

transportador da carga, quanto para a população e meio

ambiente”

ROSE MATOS, da Porto Seguros

Foto: Bernardo Coelho

CARLA ALMEIDA,

da AXA

CARLOS EDUARDO POLIZIO,

da Mapfre

de menor risco de acidentes e roubos, além de considerar uma menor

fadiga para o motorista.

Na mesma linha, a Porto Seguro Transporte lançou recentemente

o novo RC Ambiental Transporte, no qual é possível incluir

uma cobertura adicional para poluição decorrente de eventos não

acidentais durante o transporte da carga, além de diferenciais como

cobertura para poluição decorrente do tanque de combustível e fluídos

automotivos dos veículos transportadores.

“Para quem transporta cargas de risco, ter um seguro de responsabilidade

civil ambiental é fundamental, diante do risco exposto

tanto para o dono da mercadoria e transportador da carga, quanto

para a população e meio ambiente”, afirma Rose Matos, gerente do

Porto Seguro Transportes. O produto foi desenvolvido especialmente

para imprevistos nos transportes de mercadorias e resíduos perigosos

ou poluentes, oferecendo coberturas e contenção para danos que

a carga possa causar ao meio ambiente e à propriedade de terceiros.

Trabalhar a conscientização passou a ser uma tarefa importante.

“A seguradora e o corretor têm o papel fundamental de orientar

em relação ao risco e oferecer soluções para o transportador,

como a apólice de RC Ambiental”, diz Carla Almeida, diretora de P&C

da AXA no Brasil. A executiva destaca que os processos digitalizados

e automatizados da empresa permite atender rapidamente aos

sinistros do Brasil inteiro. Outro diferencial da companhia é contar

com especialistas próprios para o gerenciamento de risco, o que

agrega valor ao produto.

O serviço prestado no momento do sinistro faz toda a diferença

nesse tipo de apólice, conforme explica o superintendente

de seguros de Transporte da Mapfre, Carlos Eduardo Polizio. “Temos

seguro específico para reparação do local do acidente visando a redução

de impactos ambientais decorrente da carga transportada.

Este seguro compreende a limpeza da área contaminada, remoção e

tratamento de resíduos, reconstituição e monitoramento do local e

contenção do produto derramado”, conta.

Walter Polido observa que não é apenas a mercadoria perigosa

que está sujeita a provocar sinistro ambiental. “Dependendo

da região geográfica na qual o evento pode acontecer, determinada

mercadoria aparentemente inócua poderá provocar dano ambiental

de monta. Por exemplo, grãos transgênicos sendo transportados

– como soja ou milho – e, devido a um acidente, a carga se

espalha na região, contaminando culturas adjacentes, as quais possuem

certificação ‘não-trans’”, explica, destacando que “o seguro de

28


transportes de mercadorias, em face ao dano ambiental, é muito

mais abrangente do que se imagina.”

Ainda é comum que empresas que movimentam produtos

não considerados perigosos ou poluentes busquem soluções dentro

da carteira de Transportes mas o produto mais adequado é o RC

Ambiental. “Diversas outras mercadorias podem ser contaminantes,

se grande quantidade entrar em contato com o solo ou águas. A título

de exemplo, a Allianz Seguros já foi procurada por clientes que

transportam leite e estavam preocupados com a questão ambiental,

pois uma grande quantidade de leite derramada pode ser responsável

por contaminar um pequeno lago e matar os peixes que

ali vivem”, relata Karine Barros, diretora de Negócios Corporativos da

Allianz Seguros.

Eduardo Michelin Franco, líder de Marine da Willis Towers

Watson, defende uma política de conscientização social e ambiental,

“além de, claro, uma rápida e dura atuação das entidades governamentais

na responsabilização dos envolvidos”.

Para o Transporte Nacional, a corretora oferece cobertura

adicional de limpeza de pista para caso de acidentes com o veículo

transportador, na qual a seguradora assume todas as despesas incorridas

de remoção da carga avariada, desobstrução da via e, eventualmente,

gastos em descontaminação ambiental e contenção de

poluição gerada pelo acidente. “É uma garantia especial para a minimização

e reparação da poluição ambiental que possa ser gerada

pela carga em casos de acidente. Esta preocupação é muito latente

para as empresas da indústria química, pelo tipo de característica de

seus produtos”, lembra.

OUTROS SERVIÇOS

Para ir além do seguro obrigatório e oferecer uma proteção

mais completa, além do RC Ambiental, o mercado oferece algumas

opções que ainda não são tão conhecidas no Brasil. “Uma solução

que costuma ser praticada em maior escala no exterior combina o

seguro de trânsito com a cobertura para a armazenagem dos estoques

de mercadorias ou matérias-primas, em uma única apólice.

Desta forma, elimina-se possíveis gaps de cobertura decorrentes da

transferência de apólices distintas - de Transportes e de Property -,

além de se trabalhar com clausulado único e mais abrangente”, explica

Sérgio Caron, líder da Prática de Transportes da Marsh Brasil, informando

que este seguro é conhecido como STP-Stock Throughput.

Com o comércio internacional crescente acentua-se o risco

de falha da cadeia de suprimentos ou cadeia logística, fazendo com

que os importadores e exportadores estejam atentos a tais exposições.

Para esses casos existe o TDI – Trade Disruption Insurance que

protege os negócios das empresas, ou seja, o lucro, contra falhas da

cadeia logística, independente do dano físico sofrido pela carga em

si ou pelos estoques.

“A Aon tem trabalhado muito forte nos serviços acessórios,

oferecendo consultoria no gerenciamento de riscos, orientando o

transportador e o dono da carga sobre como acomodar a carga,

qual horário é mais adequado, qual rota é mais segura, qual equipamento

de proteção é mais interessante”, afirma Ricardo Guirao,

diretor de Transportes da Aon.

EDUARDO MICHELIN,

da Willis Towers Watson

SÉRGIO CARON,

da Marsh

RICARDO GUIRAO,

da Aon

Foto: della rocca

29


ESPECIAL TRANSPORTES

TECNOLOGIA

Novos recursos são aliados dos seguros

A NOVA REALIDADE DO MERCADO

IMPULSIONOU AS EMPRESAS A

INVESTIREM MAIS EM RECURSOS

TECNOLÓGICOS, INTENSIFICANDO A

APROXIMAÇÃO DO PRESTADOR DE

SERVIÇOS COM O SEU CLIENTE

Thaís Ruco

O

setor de logística é extremamente

dependente de tecnologia

para evitar acidentes e driblar o

grande desafio do roubo de cargas. As

empresas também investem, e dependem

cada vez mais, de toda a “cadeia de

tecnologia” que rodeia o setor, entre elas:

equipamentos de rastreamento, bloqueadores

de veículos, travas de portas com

abertura remota, carrocerias blindadas,

iscas em tamanhos similares a chips de

celulares, entre muitos outros gadgets

que surgem e se desenvolvem constantemente,

além das gerenciadoras de risco

e consultorias que atuam no setor. Talvez,

hoje, o Brasil seja o país mais desenvolvido

nesta questão de tecnologias embarcadas

em veículos de carga.

Em tempos de isolamento social,

os agentes do segmento recorreram à

ROGÉRIO BRUCH,

da Fetransporte

tecnologia para encontrar soluções para que equipes pudessem

trabalhar em regime de home office, enquanto as áreas operacionais

seguissem no dia-a-dia em centros logísticos e na estrada. “A

tecnologia neste momento da pandemia tem sido um divisor de

águas para o mercado de seguro de transporte de cargas, começando

pela mudança radical na cadeia logística, início de toda operação

de cargas, modificada sensivelmente nos últimos meses. Houve

severas mudanças neste tempo no comportamento de consumo, o

e-commerce registrou crescimento de 1.000% em alguns segmentos,

sendo mais de 4 milhões de novos consumidores somente no

mês de maio. É como se o setor tivesse crescido dois anos em um

mês, o equivalente a uma Black Friday. Imagine o desafio de ter que

entregar estas mercadorias, pois não é somente vender online”,

afirma Rogério Bruch, diretor da Fetransporte Brasil. Segundo ele, a

consequência foi uma transformação digital forçada no segmento.

“O seguro de cargas está atrelado a tudo isso, pois as seguradoras

30


de transportes

IVOR MORENO,

da Argo

CLEBER DE CASTRO,

do Grupo Vista

tiveram que se adaptar rapidamente e entender quais as necessidades

dos embarcadores e transportadores, transformando e modificando

os clausulados, além de assimilar as particularidades de cada

operação”, afirma, ressaltando que o desafio traz a inovação.

Ivor Moreno, Head Marine & Innovation da Argo Seguros,

considera que as empresas que não acompanham as ferramentas

tecnológicas são fadadas a serem preteridas pelos clientes. “As

compras online se desenvolvem, impulsionadas ainda mais pelo

momento, e o segmento de transportes se desdobra para entregar

seus produtos no menor prazo possível para seus clientes. Com esse

contexto, uma empresa que queira se destacar no setor precisa estar

com informações online, não só para seu próprio controle, mas também

para informação ao cliente”, aponta.

O uso de tecnologia já vinha conquistando cada vez mais espaço

na evolução dos processos. “Trabalhos repetitivos gradativamente

vinham sendo substituídos por softwares, tornando as pessoas cada

VALDO ALVES,

da Tokio Marine

31


ESPECIAL TRANSPORTES

TECNOLOGIA

ADAILTON DIAS,

da Sompo

JORGE BAU,

da CEABS

CAIO RAMICELLI,

da Tracker

vez mais gestoras dos processos, e menos operadoras. Com a pandemia,

todos fomos obrigados a acelerar a transformação digital e

aderi-la em definitivo. Tanto empresas que já estavam neste processo,

quanto aquelas que ainda relutavam, foram convidadas compulsoriamente

a mergulhar no mundo digital”, comenta Cleber de Castro, diretor

do Grupo Vista. “O seguro de transporte ainda tem muitos processos

manuais, desde a cotação até o faturamento, e deve se adequar

rapidamente às novas necessidades. O resultado é que pós-pandemia

o mundo não será mais o mesmo”, enfatiza.

A automatização da troca de informações no ramo de transportes

é uma tendência que está em pauta há algum tempo e sobre

a qual o mercado tem investido continuamente. “Dispomos atualmente

de ferramentas de busca, compilação e gestão de dados para

fornecer aos subscritores e gestores informações precisas para uma

melhor tomada de decisão e gestão, a fim de oferecer aos corretores

e clientes coberturas e serviços de assessoria e consultoria em

prevenção de perdas, adequadas a cada tipo de operação logística”,

alega Valdo Alves, diretor de Transportes da Tokio Marine.

NOVO GERENCIAMENTO DE RISCOS

O gerenciamento de riscos é ferramenta essencial para o trabalho

da área de logística de transporte, não apenas em seguros –

faz parte do rol de especialidades necessárias para a boa gestão do

segmento. As seguradoras investem cada vez mais em soluções diferenciadas

que observam o todo da cadeia logística de transportes,

desde o armazém até a entrega.

Rafael Carvalho, líder de Transportes & Gerenciamento de Riscos

na Rodobens, afirma que o gerenciamento de riscos é uma das

áreas da cadeia do seguro de transportes que mais cresce, pautada

no avanço da tecnologia. “A melhoria contínua das tecnologias dos

equipamentos utilizados pelas empresas, tais como rastreadores,

bloqueadores, iscas eletrônicas e a telemetria, juntamente com o

desenvolvimento de algoritmos que permitem uma melhor roteirização

dos percursos, contribuem para a melhor eficiência na operação

e também permitem a mitigação dos riscos. Com isso, é possível

a obtenção de condições mais competitivas e adequadas junto ao

mercado segurador”, relata.

“O gerenciamento é essencial para que a empresa, seja embarcadora

ou transportadora, tenha mais eficiência, otimização de

recursos, além de controle na prevenção e redução de perdas e danos.

Também é um recurso eficaz para contribuir com a segurança

e qualidade de vida dos colaboradores envolvidos nos processos

de embarque e transporte”, diz Adailton Dias, diretor Executivo de

Produtos e Resseguro da Sompo Seguros, reforçando que investir

num programa de gerenciamento de riscos estruturado, desenvolvido

e acompanhado por especialistas no segmento é crucial

e pode ser um ponto chave na rentabilização das operações de

transporte.

Para Dias, no gerenciamento de risco, “a integração de diferentes

tecnologias numa única solução, o uso da radiofrequência de longo

alcance, o uso de tecnologias como o Blockchain para monitorar a

carga desde a emissão da nota fiscal até a entrega para o cliente (com

o acompanhamento de todas etapas intermediárias nesse processo),

32


recursos de Business Intelligence para avaliação de dados, rotas, custos

operacionais e outros cruzamentos de dados para a tomada de

decisão são algumas das alternativas que vêm despontando”.

“O mercado está em constante evolução. O gerenciamento

de risco em conjunto com o setor de seguros exigiu tecnologias

e métodos eficazes para a diminuição do roubo e furto de

cargas”, afirma Jorge Bau, CEO da CEABS e da Europ Assistance

Brasil. “Produtos como iscas de cargas e rastreadores com tamanhos

reduzidos, e que sejam imunes a jammer, estão cada dia

mais sendo aprimorados para melhorar a efetividade nas recuperações.

Outro fator importante é a utilização de técnicas de machine

learning com os dados telemáticos gerados para realizar o

trabalho de prevenção, orientando a operação no processo de

desvios comportamentais que possa ocorrer em uma operação

de transportes”, relata.

“Temos percebido um movimento muito favorável de toda

cadeia envolvida no seguro de transporte, muitas gerenciadoras

têm nos procurado para trocarmos informações e conhecimento,

assim como algumas seguradoras têm desenhado projetos específicos

atrelados a nossa tecnologia”, aponta Caio Ramicelli, Gerente

Comercial Seguradoras do Grupo Tracker.

Para Frederico Menegatti, CEO da Getrak, as novidades estão

chegando em duas frentes: tecnologia embarcada e análise

preditiva de dados. “Em termos de equipamento hoje dispomos de

dispositivos que vão embarcados nos veículos, e até mesmo na carga,

que possuem uma inteligência embarcada e múltiplas formas

de comunicação. Do lado dos dados, camadas de processamento

sofisticadas e uso da Inteligência Artificial geram resultados muito

relevantes contra o furto e roubo, bem como aumentado o índice

de recuperação”.

A ampliação da captura de dados em tempo real na logística

é apontada como oportunidade de soluções de prevenção de perda

no transporte de carga a partir do melhor entendimento das operações

e exposições, melhor quantificação das exposições, redução

do volume de prejuízos e frequência de ocorrências e prejuízos. “O

futuro da análise de risco incluirá mecanismos de cálculo de risco,

scorecard e dashboard analytics, e outras soluções para respaldar

alinhamento dos riscos estratégicos, operacionais, financeiro, governança,

risco e compliance; além dos regulatórios e demais”, prevê

Alfredo Chaia, diretor da Risk Veritas. Segundo estudos recentes

analisados pelo especialista, o Risk Analytics Market deverá crescer

de US$ 17,60 bilhões em 2017 para US$ 35,92 bilhões até 2022, a

uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 15,3%.

INOVAÇÃO NAS SEGURADORAS

As seguradoras são as grandes fomentadoras de tecnologia

aplicada ao segmento de transporte. A exposição ao risco é combatida

a partir da análise de dados que incluem todo o processo de

armazenamento, embarque, transporte e entrega da carga, e isso

envolve tecnologia, invariavelmente.

Eliel Fernandes, CEO da Buonny, acredita que as seguradoras

estão inovando, porém “a integração das informação de sinistros e

das condições de seguros com os sistemas avançados das empresas

ALFREDO CHAIA,

da Risk Veritas

RAFAEL CARVALHO,

da Rodobens

ELIEL FERNANDES,

da Buonny

33


ESPECIAL TRANSPORTES

TECNOLOGIA

THIAGO FECHER,

da Educa

ANDRÉ VELLEDA,

da Moraes Velleda

FREDERICO MENEGATTI,

da Getrak

de gerenciamento de risco seria uma forma importante para acrescentar

segurança às pesquisas de motoristas e viagens, além de agilizar

as análises para a regulação dos sinistros”.

O corretor de seguros especialista em Transportes da Educa

Seguros, Thiago Fecher, lembra que as seguradoras têm um importante

papel na evolução do setor, visto que possuem as estatísticas

sobre os eventos que afetam a cadeia logística. “Acredito que a maior

integração e inteligência destes dados pode ser a chave para alcançarmos

soluções ainda mais efetivas para alcançarmos a excelência

na operação de transporte”, corrobora.

Para André Velleda, CEO da Moraes Velleda, as seguradoras

podem inovar com regras mais claras de gerenciamento de risco.

“Temos desde a primeira tecnologia (principal) até a terceira tecnologia

(redundância) sendo embarcadas tanto no caminhão quanto

nas cargas. As seguradoras podem solicitar o espelhamento de determinadas

contas para uma base de controle e apoio ao gerenciamento

de risco e assim acompanhar e apoiar a operação”, sugere.

Segundo Frederico Menegatti, novas tecnologias trazem

novas possibilidades de modelos de negócios. “O fato de se ter em

tempo real o acompanhamento do georreferenciamento e das condições

da carga e veículo possibilita uma nova relação entre segurador

e segurado, gerando ganhos para ambos os lados”.

CORRETORES PARTICIPAM DAS INOVAÇÕES

O corretor de seguros que atua no ramo de transporte, geralmente,

é um profissional com alto grau de especialização, porque

precisa ter conhecimentos bem específicos deste segmento importante

e bastante sensível da economia; estar cada dia mais próximo

dos agentes que atuam no setor, como empresas de gerenciamento

de risco, fabricante de equipamentos, e prestadores de serviço para

atendimento de sinistros, seja um simples atendimento em estrada

ou até mesmo uma remediação para evitar um dano ambiental. As

principais corretoras possuem parcerias sólidas que fornecem ao segurado

um conjunto completo de soluções.

O setor de transporte atende as demandas de vários segmentos

de mercado e, diante disso, os corretores podem auxiliar o

transportador e/ou dono da carga no produto mais adequado a sua

necessidade. Rose Matos orienta: A aposta é investir em segmentos

que contribuirão para o reaquecimento da economia, tais como:

combustíveis, têxteis, construção, alimento e autopeças.

O corretor especialista em seguros de transportes está sempre

evoluindo para entregar uma experiência diferenciada ao seu

cliente. “Na Rodobens utilizamos ferramentas que provocam uma

otimização nos processos, abrindo um caminho para estarmos mais

próximos da jornada do cliente. Para melhorar essa experiência criamos

em 2019 uma área de Gestão Comercial & Qualidade, que garante

a interface, personalização e padronização de atividades que

se relacionam com o cliente”, conta Rafael Carvalho.

Além de intensificar a tecnologia, a pandemia deixou mais

evidente para o mercado de transportes o real papel de uma seguradora

que disponibiliza seguros com serviços de valor agregado,

realizado por equipes estruturadas, altamente qualificadas e com

conhecimento do segmento de transporte como negócio.

34


J U N T O S

S O M O S

M A I S

F O R T E S


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