Revista Apólice #256
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JULHO 2020 • Nº 256 • ANO 25
conectando você ao mercado de seguros
ANOS
ESPECIAL SEGURO RURAL
Valor da subvenção ao
prêmio do seguro rural
dobra em 2020
O desafio de trazer os
pequenos produtores para o
mercado de seguros
ESPECIAL SEGURO TRANSPORTE
Tecnologia melhora
processos de subscrição de
riscos e acompanhamento
Seguro Ambiental é
ferramenta para proteger
transportadores e a
sociedade
Giovanni Cezimbra Balen
FRACEL
CORRETORA
Atendimento personalizado ao cliente
aumenta faturamento da corretora
EDITORIAL
Seguro rural segue
em frente mesmo
com a pandemia
O
Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural
segue crescendo ano a ano. Para a safra 20/21, o valor
pode chegar a R$ 1,3 bi. É um alento para o setor, que vê
na ampliação deste programa uma oportunidade para ampliar a
cultura do seguro entre os produtores rurais.
Entretanto, o que anima o mercado de seguros em
relação aos incentivos governamentais é a inclusão de projetos
exclusivos para a disseminação do seguro entre os produtores da
agricultura familiar e para lugares específicos, como as regiões
Norte e Nordeste. Por enquanto, cada programa destes receberá
verba de R$ 50 milhões para subvenção aos prêmios de seguros.
Caso sejam aprovados, devem ser ampliados, o que é sempre
positivo para o setor.
Outra área que apresenta recuperação após a pandemia
é o setor de seguro de transporte. Também menos impactado
durante este período de exceção, o setor recebe atenção especial
da área de tecnologia das seguradoras e de prestadores de
serviços. Com menor possibilidade de acompanhamento físico
dos negócios, é cada vez mais comum a utilização de tecnologia
embarcada nos transportadores e nas mercadorias para garantir
a segurança das pessoas, cargas e veículos.
Se o mundo mudou muito nos últimos meses, o setor
de transporte, que já passava pela transformação digital há
algum tempo, nunca deixou de se atualizar. Telemetria e gadgets
embarcados colaboram para a geração de dados que ajudam a
tornar a subscrição mais eficiente, além de acelerar a regulação
dos sinistros. Para eles, este é o “sempre” normal.
Boa leitura!
JULHO 2020 • Nº 256 • ANO 25
EXPEDIENTE
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Especial Seguro Rural
MERCADO
Como fica a disseminação da
cultura do seguro na agricultura
familiar e como proteger as
vendas dos produtores rurais,
que despencaram drasticamente
durante o período de isolamento
social imposto pela covid-19
>> PÁG. 20
Especial Seguro Transporte
CAPA
Parceria é o nome do jogo.
Desenvolver uma apólice
de seguros a partir das
necessidades do cliente fez
com que a Fracel
multiplicasse seu
faturamento, além de
beneficiar todos os
produtores ligados à segurada
>> PÁG. 10
RISCO AMBIENTAL
Ainda há coberturas que
são pouco comercializadas
e compreendidas. O
Risco Ambiental é uma
preocupação não apenas dos
transportadores, mas também
da sociedade, que é afetada
por negócios não sustentáveis
>> Pág. 26
ÍNDICE
05 painel
08 gente
14 artigo
Suhai apresenta sua nova
ferramenta para ampliar as
oportunidades de negócios digitais
para os corretores de seguros e seus
clientes durante e após a pandemia
ESPECIAL SEGURO RURAL
15 newe
Seguradora passou a ter controle
100% em novembro e agora aposta
no crescimento sustentado por
novos produtos e pela ampliação
dos programas de proteção
utilizados pelo Governo Federal
Conjuntura
16 conjuntura
Governo aumenta investimento no
Programa de Subvenção ao Seguro
Rural - PSR e anima mercado de
seguros. Verba do fundo do seguro
rural quase dobrou em 2020, para
R$ 955 mi e pode chegar a R$ 1,3 bi
em 2021
ESPECIAL SEGURO TRANSPORTE
30 tecnologia
A nova realidade do mercado
impulsionou as empresas a
investirem mais em recursos
tecnológicos, intensificando a
aproximação do prestador de
serviços com o seu cliente
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de
seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião desta revista.
4
PAINEL
aquisição
Diretores compram operação
de seguro viagem
Sete diretores da April Brasil Seguro Viagem
anunciaram a compra da operação de seguro viagem
da multinacional francesa no mercado brasileiro. O
acordo prevê a manutenção da marca e a continuidade
dos produtos e serviços da seguradora.
O quadro societário
da nova companhia é
formado pelo CEO, Luiz
Gustavo da Costa; e pelos
diretores Claudia Brito
(Comercial); Bruno Venancio
(Jurídico e Compliance);
Marcelo Galbe (Tecnologia e Inovação); Juliana
Paschoa (Financeiro); Juçara Serrano (Operações); e
Taís Mahalem (Marketing e Digital). Os novos sócios
possuem amplo tempo de atuação na empresa, alguns
com mais de 14 anos, além de profundo know how no
mercado segurador e de turismo.
rede social
Seguradora
lança página
no Instagram
A AXA no
Brasil lançou sua
página na rede
social Instagram,
com conteúdo
focado em atender
às demandas
dos clientes e corretores. O perfil é mais um resultado
dos investimentos em digitalização e visa reforçar os
pilares de parceria e proximidade da companhia no relacionamento
com seus públicos.
O canal vai trazer informações institucionais, de
produtos, além de dados e tendências de mercado que
podem ser usadas pelo corretor em seu período negócio.
O perfil pretende também mostrar como é a experiência
de trabalho com a empresa.
consolidação
Susep concede autorização prévia da
operação de seguro de automóveis
A Superintendência
de Seguros
Privados (Susep) comunicou
a autorização
prévia para a
Allianz adquirir o controle
societário da Sul
América Seguros de
Automóveis e Massificados
S.A. (SulAmérica Auto). A partir de agora, a multinacional
alemã poderá concretizar a compra, conforme
contrato assinado pelas companhias em 22 de agosto
de 2019. Na ocasião, foi anunciada a aquisição das operações
pela seguradora por R$ 3 bilhões.
A entidade denomina “aprovação prévia” porque
a operação ainda está sujeita ao cumprimento das formalidades
legais e condições previstas contratualmente.
Até que se efetive a compra, as partes continuarão
a conduzir seus negócios de forma independente.
Nada muda para os clientes, corretores, assessorias e colaboradores
de ambas as companhias.
produto
Vida empresarial turbinado
A Liberty Seguros anunciou uma série de melhorias
em um de seus principais produtos do segmento
vida: o Liberty Vida Global, voltado para empresas com
até 600 colaboradores. As novidades vêm para atender
a uma crescente demanda de corretores de todo o Brasil,
ampliar as possibilidades de negócios para esses parceiros
e oferecer seguros empresariais mais completos.
O produto foi elaborado para proteger os funcionários
das organizações de maneira coletiva e, com
a novidade, passa a ter uma contratação mais rápida e
simples, além de uma aceitação flexível para diversos
formatos de contratos trabalhistas, como trabalhador
temporário ou jovem
aprendiz, que tenham vínculos
empregatício com
o estipulante e estejam
registrados e cadastrados
no E-Social ou na ausência
deste, na GFIP, e sócios e/
ou diretores constantes
no contrato social entre
outros tipos de registro.
5
PAINEL
A juíza Andrea de Araújo Peixoto,
da 10ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, deu liminar a mandado de
segurança coletivo impetrado pela
Fenacor contra a superintendente
da Susep, Solange Vieira, e contra a
própria autarquia, suspendendo, até
a decisão final do processo, a eficácia
do trecho do art. 4º da Resolução
382/20 do CNSP segundo o qual, antes da aquisição de
produto de seguro, de capitalização ou de previdência
complementar aberta, o intermediário deve disponibilizar
formalmente ao cliente, no mínimo, informações sobre,
entre outros, o montante de sua remuneração pela intermediação
do contrato, acompanhado dos respectivos vatecnologia
consolidação 2
Aumenta demanda por vistorias online
A Bradesco
Auto/RE registrou
um crescimento de
578% no número
de vistorias de automóveis
de forma
online, serviço que
permite aos segurados
de todo o
Brasil realizarem a
inspeção dos seus veículos por conta própria. O crescimento
foi verificado em abril, em comparação ao mês
de março, período inicial de isolamento social devido à
pandemia de coronavírus.
“Levando em consideração a recomendação
de diminuir a circulação de pessoas por conta da pandemia,
a empresa estimulou entre seus segurados a
realização da autovistoria online, o que permitiu que
apólices de contratação, endossos e renovação fossem
efetivadas. Além disso, esse serviço reforçou uma
das principais premissas da seguradora: levar comodidade
e novas soluções aos clientes. Acreditamos que
esse serviço continuará tendo demanda elevada após
a pandemia”, afirma Saint Clair Lima, diretor da seguradora.
Corretora cresce com aquisição
A Alper Consultoria de Seguros adquiriu a Transbroker
Corretora de Seguros. A operação faz parte da
estratégia da companhia de crescer via aquisições e
também organicamente. “Essa é nossa primeira aquisição
no ano, mas já estamos de olho em novas oportunidades
para o segundo semestre”, revela o presidente
da empresa, Marcos
Aurélio Couto, acrescentando
que o objetivo
é fazer entre
três a cinco aquisições
por ano. O valor
da compra foi de R$
58,05 milhões.
Couto ressalta
que o setor de seguro
de transporte é
estratégico para a
companhia e a meta é tornar o segmento o segundo
maior da empresa no médio prazo, ficando atrás
apenas de saúde, que hoje responde por 40% da receita.
“O seguro de carga é obrigatório no país, por
isso é um segmento muito interessante. Além disso, a
Transbroker tem como vantagem um hall de atuação
diversificado”, diz.
jurídico
Liminar que suspende eficácia de dispositivos da Resolução 382/20
lores de prêmio comercial ou contribuição
do contrato a ser celebrado.
A decisão também suspende
os efeitos do art. 9º da mesma Resolução
382/20, o qual cria a figura
do “cliente oculto”, que, segundo a
norma, “poderá pesquisar, simular e
testar, de forma presencial ou remota,
o processo de contratação, a distribuição,
a intermediação, a promoção, a divulgação e a
prestação de informações de produtos, de serviços ou de
operações relativos a seguro, capitalização ou previdência
complementar aberta, com vistas a verificar a adequação
das práticas de conduta de intermediários e entes supervisionados
à regulação vigente”.
6
sinistro
Seguradoras montam planos especiais
para atender segurados atingidos por
ciclone bomba
O ciclone bomba que atingiu os estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, principalmente, residências,
edificações e até mesmo lavouras causou grandes perdas.
Entretanto, quem contava com uma apólice de seguro
pode ter os danos reparados pelas seguradoras, que adotaram
diversas ações para atender os clientes prejudicados
pelo fenômeno.
Os prejuízos podem ter alcançado R$ 500 milhões
apenas em Santa Catarina. As carteiras que mais foram afetadas
na região foram a residencial, empresarial, condomínio,
patrimonial rural e agrícola.
Muitas seguradoras agiram com planos de contingência
na região. A Bradesco Auto/RE deu início a 31ª
Operação Calamidade no dia 1 de julho. Por conta da urgência
da situação, a operação tem como objetivo atender
de forma mais célere o corretor e o segurado a partir de
um processo de pagamento mais ágil do valor do seguro
contratado.
Na Tokio Marine foram registrados 300 avisos de sinistros,
a maior parte dos clientes de Empresarial, cujos prejuízos
já estão sendo apurados pela organização. A companhia
já acionou sua Área Comercial nas regiões atingidas
para atender aos segurados. Entre as ações tomadas pela
seguradora para minimizar os danos está a simplificação
do processo de regulação e a elaboração de orçamentos
em tempo mínimo. “O acionamento pode ser feito por telefone
ou pelo aplicativo, canais de atendimento que também
tiveram sua capacidade reforçada para uma atuação
emergencial durante o período das ocorrências climáticas”,
ressalta Adilson Lavrador, diretor Executivo de Operações,
Tecnologia e Sinistros da empresa.
Na Liberty, a Fácil Assist, empresa de assistência da
seguradora, já estava com sua rede de prestadores preparada
para ações emergenciais, principalmente para cobertura
de telhados. Os analistas da organização estão efetuando
contato com clientes e corretores para realizar as
regulações por meio de vídeo conferências. “Em qualquer
tipo de ocorrência natural, a primeira e mais importante
atitude que os segurados devem tomar é preservar suas
vidas e tomar medidas para proteger seus bens, como,
por exemplo, retirar itens expostos que podem ser levados
com o vento e causar danos a casa ou outras propriedades”,
ressalta Mario Cavalcante, diretor de Massificados
da companhia.
saúde
ANS inclui teste sorológico para covid-19 no rol de coberturas obrigatórias
A Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS) incluiu na lista de coberturas
obrigatórias dos planos de saúde o
teste sorológico para o novo coronavírus.
Os exames sorológicos, pesquisa de anticorpos
IgA, IgG ou IgM (com Diretriz de
Utilização), detectam a presença de anticorpos
produzidos pelo organismo após
exposição ao vírus.
O procedimento passa a ser de cobertura obrigatória
para os planos de saúde nas segmentações ambulatorial,
hospitalar (com ou sem obstetrícia) e referência nos
casos em que o paciente apresente ou tenha
apresentado um dos quadros clínicos
descritos a seguir:
Síndrome Gripal: quadro respiratório
agudo, caracterizado por sensação febril ou
febre, acompanhada de tosse ou dor de garganta
ou coriza ou dificuldade respiratória.
Síndrome Respiratória Aguda Grave:
desconforto respiratório/dificuldade para
respirar ou pressão persistente no tórax ou saturação de
oxigênio menor do que 95% em ar ambiente ou coloração
azulada dos lábios ou rosto.
7
gente
COMITÊ EXECUTIVO
Após a conclusão da compra da SulAmérica
auto e ramos elementares, a Allianz anunciou a
composição de seu comitê executivo: Eduard Folch,
presidente da Allianz Brasil,
Andreas Kerl, diretor executivo
Financeiro, David Beatham,
diretor executivo de Massificados
e Vida, Eduardo Dal Ri, diretor
executivo Comercial, Karine
Barros, diretora executiva de
Negócios Corporativos e Saúde,
Luis Cartolano, diretor executivo de Marketing,
Marco Campos, diretor executivo de RH e Comunicação,
Renato Roperto, diretor executivo de Sinistros
e Rosely Boer, diretora executiva de Operações.
ESTRATÉGIAS PÚBLICAS
O Grupo Mongeral Aegon
criou a Diretoria de Estratégias
Públicas, área que terá
como objetivo o planejamento,
estruturação, negociação e
eficiência dos contratos relacionados
a este setor. A posição
será ocupada por Arnaldo
Lima. O executivo é economista e administrador,
formado pela University of Central Oklahoma, nos
Estados Unidos.
PRESIDENTE DO CONSELHO
A Seguradora Líder conta
com um novo presidente no
Conselho de Administração.
Leandro Martins Alves, nomeado
em 1º de junho, chega
à companhia com o compromisso
de apoiar o processo de
aperfeiçoamento do Seguro do
Acidente de Trânsito. “Há muitos avanços conquistados
nos últimos anos e seguiremos nesse processo
de transformação em um esforço conjunto entre sociedade,
Estado e mercado segurador”, pontua Alves.
CUIDANDO DE PESSOAS
Soneli Angelini é a nova
head de Recursos Humanos da
Ô Insurance. Com mais de 25
anos de experiência, a executiva
terá como objetivo implementar
as melhores práticas de gestão
de pessoas e compartilhar do
processo de transformação digital da companhia,
priorizando a experiência e a satisfação dos seus diversos
públicos.
COMERCIAL PARA SEGURO
GARANTIA
A Ezze Seguros anunciou
Luiz Verri como seu novo superintende
comercial de garantias.
O executivo, especialista em
relacionamento com clientes, tem em seu histórico
profissional atuação na área comercial em seguradoras
como Itaú Seguros e Chubb.
DIRETO PARA A INSURTECH
Carlos Colucci, ex vicepresidente
da HDI Seguros, acaba
de se juntar à diretoria da
insurtech Pier, para comandar
a carteira de seguros de automóveis.
Após 20 anos na seguradora, Colucci encara
agora novos desafios.
NOVOS PORTOS
A THB Brasil apresentou
Simone Ramos como superintendente
de Portos & Logística
dentro da divisão de Specialty.
Simone chega com a missão de
desenvolver a área com uma
equipe especializada e entregar soluções diferenciadas
a todos os clientes do segmento.
8
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CAPA
FRACEL
Conceito de proteção integral para
cliente multiplica produção
de corretora
OBSERVAR AS DORES DOS
CLIENTES É FUNDAMENTAL
PARA CRIAR UMA PARCERIA
DE TRABALHO EM QUE AS
PARTES SAEM GANHANDO
Kelly Lubiato
Oexemplo de produtos criados para atender grandes clientes
pode ser replicado para menores, ou para um grupo de clientes
com a mesma necessidade, que atuem em um mesmo nicho
ou em uma mesma região. Porém, para chegar a formatação de
um desenho, é preciso que o corretor de seguros tenha um olhar atento
para o negócio do cliente, identificando quais são os seus gargalos.
A solução pode estar na prateleira da seguradora, em produtos
que possam ser adaptados ou, dependendo do volume do negócio,
pode ser formulada de maneira bem específica.
10
A agroindústria é uma das maiores produtoras
de proteína animal (aviária e suína)
brasileira e delega a criação de seu plantel
a outros produtores menores.
Giovanni Cezimbra Balen, gestor
de Riscos Diferenciados da Fracel, conta
que desde 2016, a empresa começou
a desenvolver um projeto em conjunto
com a cliente para buscar no mercado de
seguros e resseguros condições melhores
para proteger o plantel de aves e suínos,
cuja produção concentra-se na região
e que está exposto a riscos de doenças
ou de catástrofes, cuja possibilidade de
acontecer é pequena, mas com alto poder
de perdas irrecuperáveis.
Com as informações em mãos,
começou a busca por experiências similares
em países como México, Estados
Unidos e Alemanha, olhando de perto o
seguro animal e a proteção para a criação
animal em larga escala. No Brasil,
existe o seguro pecuário, porém sua proteção
concentra-se em rebanho de bovinos
e cavalos de raça, majoritariamente.
Enquanto o trabalho era desenvolvido
junto aos resseguradores internacionais,
na região de Chapecó, os produtores
rurais pediam que, além dos animais,
"Sempre fazemos uma análise do
risco como um todo e tentamos
proteger o cliente na integralidade
Na região oeste de Santa Catarina, predomina a agroindústria
de proteína. Assim como o Sudoeste do Paraná e o Noroeste do
Rio Grande do Sul, a região concentra uma série de pequenos produtores
que atendem os grandes frigoríficos. E os pequenos são o
elo fraco desta corrente, onde problemas com questões climáticas,
por exemplo, podem tomar dimensões catastróficas (leia box sobre
ciclone bomba no Sul do País.
A cooperativa alimentícia Aurora (terceira maior do país, segundo
ranking da Revista Forbes) já era cliente da Fracel Corretora,
mas ainda contava com alguns gaps na proteção de seus parceiros.
GIOVANNI CEZIMBRA BALEN
11
CAPA
FRACEL
FRACEL EM NÚMEROS
LADO SOCIAL DO SEGURO
FUNDADA EM
1992
14 filiais
faturamento
R$ 72 milhões
52 colaboradores
13 mil clientes
houvesse proteção também para os aviários
e as pocilgas, porque os custos deste
tipo de seguro de propriedade rural passaram
a subir muito, não só em termos
de prêmios como também de franquias,
que se elevaram de forma agressiva nos
últimos anos.
“Desenvolvemos em parceria com
a Sompo, seguradora que detém a apólice
de riscos operacionais da Aurora, uma
apólice para proteger as benfeitorias dos
produtores rurais.
O TRABALHO NA PRÁTICA
Em julho de 2019, o projeto ficou
pronto para ser colocado no mercado.
Segundo Balen, o cliente gostou tanto
do resultado que colocou no projeto
100% das propriedades parceiras, que
representam seis mil unidades. “Onde há
um animal da Aurora, há um seguro para
protegê-lo”, destaca Balen.
Este não é um produto tradicional.
Os seguros de propriedades rurais do
mercado tem uma importância segurada
para incêndio, com coberturas proporcionais
de no máximo 50% para outros tipos
O ciclone bomba
no Sul do Brasil atingiu os
estados de Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e Paraná
no dia 30 de junho de
2020. Treze mortes foram
confirmadas e as perdas
financeiras, apenas no
estado de Santa Catarina,
foram estimadas em R$ 280
milhões pela Defesa Civil.
Giovanni Cezimbra Balen,
da Fracel Corretora, descreve
o que encontrou na
região. “Muita destruição e
impossibilidade de continuação
imediata da produção”.
Segundo ele, 216 propriedades
estavam cobertas
pelo seguro oferecido pela
cooperativa Aurora.
“Tenho muito orgulho
deste lado social do seguro.
Em uma tragédia deste
porte, vemos que os mais
atingidos são as pessoas
mais humildes. É muito gratificante
poder levar uma
indenização para que as
pessoas possam reconstruir
a sua vida”.
de danos. Estas coberturas, entretanto, não eram suficientes para
atender uma região com riscos de tornados, por exemplo, com poder
de destruir totalmente as instalações.
“Desenhamos com a Sompo Seguros um produto com verba
única para qualquer uma das garantias. O valor que atribuímos para
capital de risco oferece cobertura de 100% para todos os eventos,
o que possibilita ao produtor o poder para reconstruir o aviário do
zero. Com um seguro tradicional ele não conseguiria fazer isso”, explica
Balen.
O produto especialmente desenhado para a Aurora também
cobre desmoronamento, interrupção de utilidades, como a falta de
energia elétrica, por exemplo, que prejudica a criação animal pela
12
falta de ventilação. “O evento de Descanso mostrou que este foi um
golaço da Aurora, porque o produto dá a condição de se manter em
atividade sem desprender o recurso financeiro, investindo apenas
o valor da franquia. Em um seguro convencional, o beneficiário receberia
uma parte e teria que financiar a outra, ou tirar de alguma
outra atividade ou desistir”, lamenta o executivo.
No início do projeto, há um ano, houve certo desconforto
por parte de outros corretores de seguros que atuam na região e
das cooperativas de crédito que comercializam seguros para estes
pequenos produtores. Entretanto, pelo interesse da cooperativa
em manter os pequenos ativos para viabilizar a produção da indústria,
ela própria se encarregou de toda a negociação e paga o
prêmio correspondente à sua matéria prima. “Toda a negociação
foi feita pela Aurora, que debita o valor do prêmio diretamente
dos seus parceiros”, pontua Balen. O custo do seguro para o produtor
é muito mais vantojoso do que outras coberturas disponíveis
no mercado, mas não customizadas. Isso é possível porque a
adesão é compulsória para os parceiros da cooperativa. Balen esclarece:
outras cooperativas já tentaram desenvolver produtos parecidos
com adesão facultativa. Entretanto, apenas os produtores
com riscos agravados acabavam aderindo ao produto, aumentando
muito a sinistralidade pela seleção de risco, o que inviabilizou
projetos anteriores”.
Há uma segunda fase deste projeto que está em andamento,
cujo produto já foi homologado pela Sompo, que cobre as doenças
que podem dizimar os planteis, como gripe suína, influenza aviária
ou doença de New Castle. “Estamos discutindo alguns números
para possíveis indenizações, porque elas podem garantir até perda
de lucro de exportação. Para tanto é necessário mensurar o lucro
que cada mercado representa na carteira do cliente”, pondera Balen.
Somente este produto promoveu um salto na arrecadação
de prêmios da corretora Fracel. “Saímos de uma produção de R$ 300
mil/ano em propriedades rurais para R$ 7 milhões, desde julho de
2019”, comemora Balen. Para a renovação da apólice, a empresa já
pensa em novas coberturas e melhorias para a próxima vigência.
SEGURO DE TRANSPORTE
Ainda em parceria com a Sompo Seguros, todo o seguro de
transporte da cooperativa Aurora é feito também pela Fracel Corretora.
Balen destaca que todos os meses é feita uma reunião do Comitê
de Gestão do Risco de Transporte, que reúne representantes do
cliente, das gerenciadoras de risco, da seguradora e da corretora para
discutir entre 10 e 15 mil embarques por mês. “Verificamos quais são
as não conformidades, os transportadores e motoristas que eventualmente
não cumprem as regras de gerenciamento de risco, como
excesso de velocidade ou parada em local proibido, por exemplo”.
Nesta reunião mensal são mapeados os piores transportadores
e os piores motoristas. Da mesma forma, são identificados os
melhores, que recebem uma premiação.
“O objetivo é estarmos atentos a todos os desvios da operação.
Há três anos, a Aurora pagava mais seguro do que paga hoje,
com um volume muito menor de embarques”, comemora o corretor
de seguros. Para ele, é muito importante a corretora de seguros ter
"Quando contratamos
um serviço para nossa
empresa, esperamos que a
prestadora traga soluções
para o nosso negócio. É
esse o sentimento quanto ao
atendimento da Fracel Seguros,
por meio do nosso corretor.
Respostas rápidas, resolutivas
e inteligentes para a empresa"
FRANCINE ROMAN,
diretora Jurídica da Transportes Silvio,
cliente da Fracel
alguém internamente que seja especialista
em gerenciamento de risco de transporte.
“Temos contas ruins e nervosas,
mas tem cliente que nos procura porque
sabe que temos a receita do bolo e que
sabemos como melhorar a carteira. Há
clientes que não tinham mais opção de
apólices no mercado e para os quais fazemos
a gestão e viabilizamos os contratos
de seguro”, pontua Balen.
Em grandes centros, é comum as
grandes corretoras oferecerem um trabalho
especializado em seguros de transporte.
Entretanto, no interior o corretor de
seguros está habituado a vender apenas
seguro de automóvel e residência. “Nós
optamos pela especialização para buscar
novas fontes de renda”, completa.
13
ARTIGO
AUTOMÓVEL
Ferramenta aumenta oportunidades de
negócio em ambiente digital e prepara
corretores para atuar no ‘novo normal’
Robson Tricarico*
Há anos se fala do movimento de digitalização
O novo sistema permite, também, as vendas
da indústria do seguro. Se no passado a pergunta
era quando isso iria acontecer, a pande-
cada corretor. Além disso, permite a geração constante
cruzadas (cross-selling) para o mailing de clientes de
mia e o isolamento social trouxeram a resposta: o momento
é agora. É preciso que o ecossistema caminhe
O Suhai Link viabiliza a formação de parcerias
de leads qualificados e a construção de novos mailings.
cada vez mais rápido nesse sentido, porque essa será com estabelecimento de diversos segmentos, como
a prática mesmo após o fim do distanciamento, com a concessionárias, postos de combustíveis, lojas de peças
etc, para que seus clientes sejam impactados com
chegada do ‘novo normal’.
Aqui na Suhai Seguradora, a gente mantém os links ou QR Code para a ferramenta, recebendo em
há um bom tempo os canais digitais como fontes de troca, por exemplo, uma bonificação pelos clientes indicados.
conectividade e, mais do que isso, de possibilidades.
Exatamente por isso, a companhia sempre utilizou a
Por último, mas não menos importante, proporciona
a criação de campanhas específicas para os
tecnologia para colocar os nossos corretores parceiros
em contato com seu público-alvo.
worksites, ou seja, a possibilidade de ter um desconto
especial para parcerias em que as empresas apre-
Nos últimos meses, aliamos toda a nossa experiência
em seguro de furto e roubo à nossa confiança na sentem o seguro Suhai para seus colaboradores. E de
tecnologia e inovação, para criar o Suhai Link, uma ferramenta
que permite aos corretores ampliar as opor-
corretor passe o dia apresentando o serviço no local.
forma totalmente digital, sem a necessidade de que o
HOME tunidades OFFICE: de conquistar novos clientes e viabilizar os
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CORRETOR.
e fazer o seu cadastro na área
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cotação para e/ou verificar cotaram se as e coberturas não transmitiram dos clientes a proposta, estão adequadas
diretor Comercial
da Suhai Seguradora
às gerando suas necessidades.
assim, uma cesta de leads.
14
ESPECIAL SEGURO RURAL
NEWE
Crescimento sustentado por novos
produtos e ampliação dos mecanismos
de proteção utilizados pelo governo
SEGURADORA QUE PASSOU A TER CONTROLE 100% NACIONAL A PARTIR DE NOVEMBRO DE 2019, A NEWE
DEVE PRATICAMENTE DOBRAR O FATURAMENTO EM 2020, INVESTINDO EM NOVOS PRODUTOS, ENTRE
ELES, OS SEGUROS PARAMÉTRICOS E COM AMPLA UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
A
NEWE Seguros investe no setor de seguro rural, utilizando
toda a expertise de seus controladores, que juntos somam
mais de 80 anos de atuação no setor, para fornecer soluções
rápidas e eficientes. “Temos muita velocidade e flexibilidade
nas tomadas de decisão, diferente do modelo de operação de uma
multinacional. Quando evoluímos no contato com o cliente, somos
capazes de criar soluções inovadoras em um espaço de tempo recorde”,
afirma Gabriel Boyer, Vice-Presidente de operações da NEWE.
A evolução do modelo de operação respeita os padrões internacionais
de gestão de riscos, porém trazendo uma maior agilidade
para o ajuste de rumo, quando necessário. “Tudo é rapidamente
analisado pela alta direção da companhia, seja para a recusa
de um risco, sua aceitação, ou até mesmo a busca de uma solução
alternativa. Isso faz parte do nosso DNA”, enfatiza.
Após encerrar o ano de 2019 com faturamento de R$ 80 milhões,
a meta agora é atingir a marca de R$ 150 milhões de receita
até o final de 2020. A seguradora concentra suas operações em seguros
agrícolas com foco principal em grãos.
Para alcançar as metas, a seguradora está ampliando o seu
leque de produtos para outras categorias, como produção de frutas,
equipamentos agrícolas e seguro de vida do produtor rural.
“Algumas dessas novidades já foram submetidas ao órgão regulador,
Susep, e aguardam somente o seu aval para serem lançadas”,
avisa Boyer.
A NEWE acompanha o movimento do governo que está ampliando
o alcance do programa de subvenção ao seguro rural com
foco no desenvolvimento de novas áreas, culturas e perfil dos segurados.
Boyer explica que a seguradora está investindo pesado em
tecnologia para alcançar o maior número de clientes possível.
O futuro será dos produtos paramétricos, com análise e regulação
dos riscos feita 100% de forma digital. Essa migração para o
100% digital será ainda mais importante com a decisão do governo
de implementar um projeto piloto para produtores oriundos do Pronaf
(Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar),
antes amparados pelo Proagro (Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária).
“Queremos ser a seguradora que melhor vai atender os
clientes do PSR (Programa de Subvenção do Seguro Rural) que são
GABRIEL BOYER
Kelly Lubiato
oriundos do Pronaf/Proagro. Já vínhamos
acompanhando esse movimento do
governo muito de perto”, destaca Boyer.
Este programa deve trazer produtores
menores para o mercado de seguros, o
que amplia a necessidade de produtos
mais simples, ágeis e de rápida regulação.
A distribuição dos produtos da
NEWE é feita exclusivamente por corretores
de seguros especializados e deve
ser ampliada com a chegada de novos
consumidores de outros programas de
fomento à produção rural. “Faremos um
blend de produtos tradicionais e produtos
de tecnologia, mas queremos estar
prontos quando a migração do Proagro
for feita de forma completa. Seremos os
líderes deste setor”, antecipa Boyer.
15
ESPECIAL SEGURO RURAL
CONJUNTURA
Governo quer ampliar consumidores
VERBA DO FUNDO DO SEGURO RURAL QUASE DOBROU EM 2020, PARA R$ 955 MI E
PODE CHEGAR A R$ 1,3 BI EM 2021. PEQUENOS PRODUTORES DO PROAGRO E DO
PRONAF DEVEM PARTICIPAR DE PROJETO PILOTO PARA AMPLIAR SEGURO RURAL
Kelly Lubiato
Investimento financeiro e capacitação
profissional. Desta forma o Governo
Federal pretende ampliar a penetração
do seguro rural para áreas menos
atingidas e também para novas culturas.
Para o ano civil de 2020, o investimento
total da subvenção do seguro rural será
de R$ 955 milhões. Para 2021, a previsão
orçamentária é de R$ 1,3 bilhão.
De acordo com Pedro Loyola, diretor do Departamento de
Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Mapa,
o objetivo do Governo é entregar o programa com uma cifra de
R$ 2,2 bilhões no programa de subvenção, podendo chegar a 30
mil hectares de áreas seguradas. “Estas são estimativas, que dependem
do comportamento da contratação, porque a demanda
é dinâmica”, explica Loyola.
No caso do seguro rural as 14 seguradoras que participam do
programa são as intermediárias, pois a subvenção é para o produtor.
16
de seguro no campo
As seguradoras recebem as propostas do produtor e repassam a documentação
para o Mapa. Depois, da confirmação da subvenção, ela
oferece o desconto para o produtor, com um sistema operacional
mais inteligente. O produtor, na legislação atual, tem o poder de escolher
com qual seguradora deseja trabalhar, assim como o corretor.
PROGRAMAS AMPLIADOS
No final de junho, o Mapa publicou a Resolução número 75,
que aprovou o projeto piloto do seguro rural para operações enquadradas
no Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar, para algumas culturas específicas. De acordo com
Loyola, serão destinados R$ 50 milhões para esta fase.
“O objetivo desse projeto é fomentar a contratação de seguro
rural para esse público específico, que em muitos casos ainda não
conhece como funciona esse mecanismo de mitigação de riscos.
Para isso, vamos proporcionar condições diferenciadas no Programa.
Além disso, o projeto também servirá para
avaliar a capacidade das seguradoras de
ofertar produtos compatíveis a esse perfil
de produtor rural”, explica. Hoje o produtor
paga em torno de 3,8% de prêmio. “Por
isso, vamos trazer a subvenção para que
ele possa comparar os produtos e incentivá-lo
a fazer o seguro agrícola, que é um
produto mais moderno que o Pronaf, que
remonta à década de 1970 e é muito burocrático”,
acrescenta o executivo.
Aém disso, o Ministério também
lançou um aplicativo do seguro rural,
com várias funcionalidades que podem
ser consultadas pelo produtor rural para
auxiliá-lo na contratação do produto.
17
ESPECIAL SEGURO RURAL
CONJUNTURA
SEGURO RURAL É:
SEGURO
AGRÍCOLA
SEGURO DE
MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS
SEGURO DE VIDA
DO PRODUTOR
RURAL
PEDRO LOYOLA, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEGURO DE
FLORESTAS
SEGURO
PECUÁRIO
SEGURO
AQUÍCOLA
MARIA HELENA MONTEIRO,
da ENS
DANIEL NASCIMENTO,
da Fenseg
“Às vezes, ele não sabe, por exemplo, qual seguradora atua em seu
município. O aplicativo PSR (Programa Seguro Rural) disponibiliza a
consulta de seguradoras, quais culturas estão disponíveis, dicas de
seguro, simulações para saber valor do prêmio e da subvenção. É
um aplicativo educativo, consultivo, para disseminação da cultura”,
ressalta Loyola.
O modelo de contratação do seguro rural remete a um produto
mais flexível. É possível fazer uma subscrição mais detalhada,
de acordo com os riscos de cada produtor e suas necessidades de
coberturas (franquia, nível de cobertura etc).
O projeto piloto do Proagro pode atender até 25 mil produtores
e deve durar de julho a setembro.
DESAFIOS
Para disseminar a cultura do seguro como ferramenta de proteção
é preciso dar previsibilidade e consistência para o programa.
As metas devem ser mantidas independente de quem esteja à frente
do Governo, para que as seguradoras tenham segurança para aderir
ao programa.
“Estamos trabalhando para fomentar a capacitação de corretores
de seguros e peritos agrícolas, para promover o seguro rural
com qualidade na subscrição e na regulação dos sinistros. Não
adianta ter seguro rural e na hora que precisa não ter perito, não
ter serviço adequado etc”, avalia Loyola.
Para suprir esta demanda, a ENS - Escola de Negócios e Seguros
- está em contato com equipes do Mapa para enfrentar estas
18
PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR)
ANO PRODUTORES APÓLICES ÁREA SEGURADA/ IMPORTÂNCIA PRÊMIO SUBSÍDIO
HECTARE DA SEGURADA
2018 42.296 63 mil 4,6 mi 12,4 bi 487 mi 366 mi
2019 57.750 93 mil 6,7 mi 19,8 bi 812 mi 432 mi
2020 27.899 38 mil 2,2 mi 6,1 bi 311 mi 191 mi
(em aberto)
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
demandas por capacitação e formação para peritos especializados
em seguro rural, bem como no aprofundamento da formação de
corretores de seguros que trabalham com seguros rurais.
“Nosso curso para Habilitação de Corretores de Seguros
conta com a disciplina de Seguros Rurais, oferecida de forma presencial
ou em EAD. A ideia agora é aprofundarmos a capacitação,
investindo numa formação mais abrangente sobre os produtos
atrelados aos seguros rurais e à inspeção de riscos rurais”, destaca
Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da ENS.
A escola estuda agora o curso para a formação de peritos.
Segundo Maria Helena, “o curso está sendo formatado por especialistas
dentro do Mapa e da comissão responsável dentro da
FenSeg - Federação Nacional das Seguradoras de Seguros Gerais.
A ENS vai participar do processo de seleção da instituição que preparará
o programa, pela sua demonstrada capacidade técnica em
produzir conteúdo especializado”.
O vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da Fenseg,
Daniel Nascimento, comemora o crescimento do valor da subvenção
ao seguro rural, afirmando que é um incentivo para o crescimento
da área segurada no Brasil. “Todo o recurso disponibilizado
pelo Governo será consumido no seguro rural”.
O mercado de seguros rural cresceu 35% nos primeiros
meses de 2020, apenas o agrícola cresceu 64% no mesmo período.
Até 2019, o seguro agrícola seguia uma tendência de anos
anteriores, porque não há subvenção que cubra todo o setor. “De
R$ 2,4 bi que o mercado fez em prêmio do agrícola no ano passado,
posso afirmar que 50% disso entrou na subvenção”, afirma
Nascimento.
A média dos percentuais de subvenção para soja, por exemplo,
é de 25% de subvenção que o produtor rural tem direito. Em
fruta, o prêmio é agravado pelo risco da atividade e a subvenção
pode chegar a 40%.
Em média, 14% a 15% da área plantada tem seguro. Ainda
não é possível saber quanto a área plantada
com seguro deverá aumentar.
“A natureza do seguro rural é catastrófica.
Há cerca de 6 a 7 anos, percebemos
que o produtor passou a contratar
produtos mesmo sem a subvenção, por
conta da sua natureza. Ela afeta um município
ou região inteira”, avalia Nascimento.
A perda cria consciência no produtor
rural.
O grande desafio para o mercado
segurador é fornecer produtos e serviços
para que o produtor rural acompanhe o
desenvolvimento da sua lavoura, com o
devido sensoriamento. “Esta é uma tendência
para os próximos anos”, confirma
Nascimento, acrescentando que isso
acontecerá não apenas na subscrição
mas também para a regulação de sinistros.
Em 2020, o desafio para regular sinistros
com a pandemia foi grande, porque o
produtor não queria receber o perito, ou
o perito não queria ir, ou a cidade estava
fechada para receber gente de fora. “A alternativa
foi pegar dados de entidades da
região ou contar com os dados remotos já
disponíveis em algumas apólices”.
As seguradoras hoje investem
para baratear o custo final da regulação
dos sinistros. Por isso, companhias e Governo
querem investir na criação de ferramentas
remotas para treinamento de
corretores de seguros e peritos.
19
ESPECIAL SEGURO RURAL
MERCADO
Como se sustenta o seguro
rural em meio à pandemia?
PLANO SAFRA PARA 2020/21 EMPOLGA REPRESENTANTES DO MERCADO
SECURITÁRIO E DE ENTIDADES DA ÁREA AGRÍCOLA, MAS HÁ MUITO AINDA A
SER DEBATIDO E A BUSCA DE SOLUÇÕES É MAIS QUE PREMENTE, SOBRETUDO
EM RELAÇÃO À DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DO SEGURO NA AGRICULTURA
FAMILIAR E DE COMO PROTEGER AS VENDAS DOS PRODUTORES RURAIS, QUE
DESPENCARAM DRASTICAMENTE DURANTE O LONGO E ÁRDUO PERÍODO
DE ISOLAMENTO SOCIAL IMPOSTO PELA COVID-19
André Felipe de Lima
Ela nasceu e cresceu na lavoura
com os pais, plantando morangos
e folhosas na região serrana
do estado do Rio de Janeiro. Hoje, com 28
anos, a técnica em agropecuária Lorena
Shuenck toca adiante o empreendimento
familiar, mas sem abrir mão do seguro
para defendê-lo contra intempéries comuns
ao negócio agrícola. “O pequeno
agricultor familiar está familiarizado com
seguro porque, principalmente na região serrana, as chuvas de verão,
esses fatores climáticos, são muito grandes. Também tivemos
problemas com pragas. O agricultor da região serrana está mais focado.
Muitos agricultores hoje tiram (sic) o Pronaf (Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar) de custeio por conta do
seguro”, diz Lorena. Mas como garantir a ponta do negócio, ou seja,
o consumidor final, em meio à pandemia do coronavírus? O seguro
pode ser a ferramenta para que o agricultor, especialmente os ditos
“pronafianos”, ou seja, os da agricultura familiar, mitigue eventuais
prejuízos com as vendas em tempos tão oblíquos? Apólice abordou
20
O pequeno agricultor familiar está
familiarizado com seguro porque,
principalmente na região serrana,
as chuvas de verão, esses fatores
climáticos, são muito grandes.
Também tivemos problemas com
pragas. O agricultor da região
serrana está mais focado. Muitos
agricultores hoje tiram (sic) o
Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar) de custeio por conta
do seguro”
LORENA SHUENCK,
técnica em agropecuária
as questões e Lorena respondeu sem rodeios: “As vendas, especialmente
dos pequenos produtores rurais, despencaram.”
Com o avanço da covid-19, a contratação do seguro é mais
do que estratégica. É indispensável. Lorena sabe disso e trata o seguro
como mais um importante insumo para tocar a lavoura. “A pandemia
afetou nossa produção diretamente na venda e na compra
dos insumos. A venda caiu drasticamente”, lamenta a técnica agrícola,
referindo-se aos impactos da doença, do isolamento social e
da crise econômica na aquisição de insumo para manter a lavoura
ativa. Safra.
Como anda, afinal, o Plano Safra? O
investimento para a safra 2020/21 é superior
6,1% em relação ao destinado para a
de 2019/20, com o Ministério da Agricultura
desembolsando R$ 236,3 bilhões, ou
seja, R$ 13,56 bilhões a mais que o montante
contemplado no plano anterior. O
governo também ampliou, e significativamente,
reconheça-se, a subvenção do seguro
rural para o ciclo vindouro em 30%.
21
ESPECIAL SEGURO RURAL
MERCADO
GUILHERME SILVEIRA,
da Genebra
Mas há quem ache que os valores
inseridos pelo governo no mercado agrícola
estão aquém do que poderia oferecer
para apoiar um setor que, na safra
anterior, registrou recorde na produção
de grãos — algo na casa de 250 milhões
de toneladas — e que hoje responde por,
aproximadamente, 20% do PIB brasileiro.
“Esse valor poderia ser maior para
garantir mais segurança para os produtores
rurais. O baixo valor liberado de
subvenção resulta em baixa adesão ao
seguro rural, atualmente aproximadamente
10% dos produtores utilizam o
seguro, esse é um número muito baixo,
que deixa os agricultores em uma situação
muito fragilizada”, pontua o diretor-
-executivo e sócio da Genebra Seguros,
Guilherme Silveira, que reconhece ter
a pandemia gerado incerteza no setor
de seguros. “Passadas algumas semanas, os negócios voltaram ao
normal. Na agricultura local, o maior impacto foi decorrente da estiagem,
que gerou queda de 48,5% na produção da soja e indenizações
na ordem de R$1,9 bilhões”, declarou.
Mas há o rol dos satisfeitos com o Plano Safra 2020/21, do qual
faz parte o superintendente de seguros rurais da Brasilseg, empresa
do Grupo BB Seguros, Paulo Hora. “Entendemos que esses valores
atendem à demanda reprimida do mercado e possibilitarão crescimento
da área segurada para algo em torno de 30% da área total
plantada”, frisa Hora. Segundo sua avaliação, a pandemia não teve
impacto negativo direto no mercado de seguros rurais, que, explica
ele, manteve-se crescente principalmente em função da preocupação
e consciência do produtor sobre os riscos climáticos. “Em relação
à agricultura, de forma geral, também não foi o setor mais afetado
pela pandemia. A maioria das cadeias produtivas se manteve atuante
abastecendo o mercado interno e internacional. A exceção se deu,
principalmente, nas cadeias de hortifrúti, flores e demais produtos
mais perecíveis, que são de rápido consumo e têm distribuição em
feiras e comércios locais. Esses pequenos produtores tiveram mais
dificuldade e precisaram se adaptar, revendo, em alguns momentos,
suas estratégias de distribuição de produtos.”
Hora também enfatiza ações estruturantes que abrangem o
plano estratégico de gestão de risco, dentre elas: dar mais transparência
às informações, recorrendo a aplicativo do PSR, Atlas do seguro
rural e notícias na mídia; fomentar a cultura do seguro junto
aos produtores rurais; realizar integrações entre produtores e suas
lideranças, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) e as seguradoras para desenvolvimento de produtos (monitor
do seguro rural); integrar programas como PSR e Proagro; discutir
de forma integrada adequações de regulamentos específicos do
seguro rural junto à Superintendência de Seguros Privados (Susep);
fiscalizar e inibir risco moral, e por fim, estruturar programas de capacitação
de peritos e corretores de forma mais padronizada e integrada
com a universidade.
“Os consumidores de seguro rural são, na grande maioria, pequenos
e médios produtores. A área média das apólices contratadas
dentro do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural em
Em relação à agricultura, de forma geral, também não foi o
setor mais afetado pela pandemia. A maioria das cadeias
produtivas se manteve atuante abastecendo o mercado
interno e internacional. A exceção se deu, principalmente,
nas cadeias de hortifrúti, flores e demais produtos mais
perecíveis, que são de rápido consumo e têm distribuição
em feiras e comércios locais”
PAULO HORA, da Brasilseg
22
“Os recursos próprios dos produtores e dos fornecedores
de insumos e trading passaram a ser os grandes
financiadores do setor. Certamente, o seguro rural dará
mais confiança para essa matriz supridora de crédito
continuar a cumprir esse papel relevante, antes amparado
somente pelo governo. Estamos nos primeiros passos para
avançarmos de maneira correta nessa estratégia
MARCELLO BRITO, da Abag
2019 foi de 75 hectares. Existe no governo a intenção de integrar os
programas de gestão de risco. Um dos programas que deve ter seu
público migrado para o seguro privado é o Proagro”, destaca Hora,
assinalando que esse movimento deverá reforçar ainda mais a presença
de pequenos produtores, em especial, de agricultura familiar,
consumindo seguro agrícola.
Também entre os que aplaudem o Pronaf está o presidente
da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito. “A
sua meta (do Pronaf) consiste em chegar a R$ 2,5 bilhões até a safra
2022/23. Se isso, de fato, ocorrer, a cobertura de seguro poderá abranger
30 milhões de hectares, o que será uma quantidade expressiva.
Direcionar a política agrícola nesse caminho trará grandes benefícios
em termos de garantia de renda para o agricultor”, empolga-se Brito.
OTIMISMO EM CONTA
No centro do debate sobre o Plano Safra, a Associação Brasileira
dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas)
esteve presente no lançamento do programa para 2020/21, e
acompanhou e fez uma análise do que foi apresentado. “Especificamente
falando de seguro, foi um ano importante no qual houve um
aumento significativo dos recursos para subvenção do seguro rural,
mas é bom que fique claro que a fruticultura demanda muito pouco
ainda em relação à subvenção do seguro rural através do Ministério
da Agricultura”, pondera o presidente da Abrafrutas, Guilherme Cruz.
Ele explica que quase 100% dos recursos que são destinados e
que são captados na subvenção para a fruticultura são gastos com as
culturas da uva e da maçã, que têm um risco climático muito grande,
sobretudo no sul do Brasil. “Ainda não é uma característica, ainda não
é uma prática do produtor de frutas buscar, subvenção do seguro rural
junto ao Ministério da Agricultura, mesmo porque, como a fruticultura
está muito suscetível a pragas e doenças, o risco climático muitas
vezes é pouco”, avalia Cruz, esclarecendo, contudo, que grande parte
da fruticultura do país concentra-se no Nordeste, onde a chuva e, consequentemente,
as intempéries são poucas. “
O seguro rural, nas duas últimas edições do Plano Safra,
tem tido destaque como programa de política agrícola. Como explica
Paulo Hora, isso ocorre por dois motivos: o primeiro seria a
“consciência” tanto do governo quanto
do setor privado, como um todo, sobre a
“importância estratégica” do seguro rural
para a agricultura brasileira. O segundo
— prossegue Hora — é a “maior disponibilidade”
de produtos e de serviços do
mercado segurador, que já opera com 14
companhias de seguro que têm investido
em processos, canais de distribuição
e produtos para diversos segmentos.
Um dos principais consultores do
setor, o ex-secretário de Política Agrícola
entre 2003 e 2006 e atual presidente da
Câmara de Crédito e Comercialização do
Mapa, Ivan Wedekin define como fundamentais
as políticas públicas para a expansão
do seguro rural no Brasil: “É o que
mostra a análise comparativa de 2006
com 2019. Como todos sabemos, em
2005 foi feita a regulamentação do PSR
e lá em 2006 o mercado total de prêmios
de seguro rural era de apenas 88 milhões
de reais. Hoje, o mercado é de 2.4 bilhões
de reais. Nós tivemos um mercado privado
que cresceu muito nesse período, ele
aumentou 64 vezes em relação ao que era
em 2006, 31 milhões de reais”.
INCREMENTANDO NEGÓCIOS
COM SEGURO RURAL
A escalada impiedosa do coronavírus
mexeu com o setor agrícola, principalmente
na ponta final representada
pelo o consumidor. Muitas indagações
são feitas por representantes do mercado
e também da área securitária. O
seguro rural pode ser verdadeiramente
23
ESPECIAL SEGURO RURAL
MERCADO
Especificamente falando de seguro,
foi um ano importante no qual
houve um aumento significativo
dos recursos para subvenção do
seguro rural, mas é bom que fique
claro que a fruticultura demanda
muito pouco ainda em relação à
subvenção do seguro rural através
do Ministério da Agricultura”
GUILHERME CRUZ, da Abrafrutas
traduzido como uma ferramenta para
ajudar a incrementar negócios diante
desse contexto tão desfavorável imposto
pela pandemia, além de simplesmente
protegê-lo? Como isso seria possível?
“Não há dúvida que o seguro rural
é uma ferramenta realmente importante
para aquelas culturas que o utilizam
com certa frequência. Não é o caso
da fruticultura, especificamente. Porém,
nas culturas onde há uma tradição da
utilização do seguro rural para intempéries
climáticas, como exemplo da uva e
da maçã no sul do Brasil, essa questão
tem feito a diferença”, assinala Guilherme
Cruz, da Abrafrutas.
Para Marcello Brito, da Abag, a
agropecuária cresceu de forma promissora
neste século, tendo como fator estimulante as demandas com
exportações de soja, principalmente para a China, mas, segundo
sua avaliação, a disponibilidade de recursos da política oficial de
crédito rural não acompanhou essa evolução. “Os recursos próprios
dos produtores e dos fornecedores de insumos e trading passaram
a ser os grandes financiadores do setor. Certamente, o seguro rural
dará mais confiança para essa matriz supridora de crédito continuar
a cumprir esse papel relevante antes amparado somente pelo governo.
Estamos nos primeiros passos para avançarmos de maneira
correta nessa estratégia”, acredita Brito.
Para Guilherme Silveira, da Genebra Seguros, "o produtor que
possui o seguro pode alavancar mais a sua operação, obtendo maior
crescimento e lucratividade, além de possuir uma produção mais segura,
que facilita o acesso a instrumentos de crédito, como as CPRs.”
Os segmentos de grãos e frutas são, atualmente, os maiores
consumidores de seguro, em especial pela experiência de perdas passadas
e percepção maior de risco, de forma geral, como explica Hora,
da Brasilseg. Outros segmentos, também sujeitos a perdas, como a
pecuária, sistemas florestais e aquicultura, ainda são muito pouco
protegidos por apólices de seguro no Brasil, ressalta o executivo.
FUNDO CATÁSTROFE, TEMA AINDA INDEFINIDO
Em que patamar se se encontra hoje o Fundo de Catástrofe
do Seguro Rural, que, em sua implantação em 2014, previa algo
em torno de R$ 4 bilhões? Se há uma palavra que o rege essa situação
é incerteza. Como lembra Paulo Hora, o Fundo de Catástrofe
foi criado por lei complementar em 2010 com o objetivo de substituir
o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), entretanto
não teve sua regulamentação e consequente operacionalização
tocadas adiante. “Hoje permanece ainda o FESR como um fundo
para as operações de seguros agrícolas, pecuário, floresta e penhor
rural. Esse tema ainda é pauta de discussão entre o governo e inciativa
privada, uma vez que a realidade do programa de seguro e
resseguro no Brasil, atualmente, é bem diferente da época de criação
desses fundos”, diz Hora.
Para Silveira, da Genebra Seguros, a regulamentação do fundo
de catástrofe promoveria um desenvolvimento exponencial no
mercado segurador, permitindo uma melhor distribuição do risco
agrícola. “Em relação ao FESR, entendemos que o modelo hoje vigente
deve ser melhorado e modernizado, uma vez que os recursos
atualmente disponíveis no FESR não são suficientes para suprir
uma eventual perda catastrófica que possa vir a ocorrer”, entende
o executivo da Genebra Seguros, cuja maior parte dos clientes são
produtores de médio porte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“Nossos clientes possuem alto nível de aversão a risco, devido ao
perfil imprevisível do clima nessa região e sabem do papel fundamental
representado pelo seguro agrícola.”
CULTURA DO SEGURO AINDA NÃO “PEGOU”
NA AGRICULTURA FAMILIAR
Será que o pequeno produtor rural está familiarizado,
igualmente a Lorena Shuenck, com a cultura do seguro? Diretor
financeiro da União das Associações e Cooperativas de Pequenos
24
“Como todos sabemos, em 2005 foi feita a
regulamentação do PSR e lá em 2006 o mercado total
de prêmios de seguro rural era de apenas 88 milhões
de reais. Hoje, o mercado é de 2,4 bilhões de reais. Nós
tivemos um mercado privado que cresceu muito nesse
período, ele aumentou 64 vezes em relação ao que era
em 2006, 31 milhões de reais
IVAN WEDEKIN,
da Câmara de Crédito e Comercialização do Mapa
Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (Unacoop), Luan da
Silva Moraes é pontual na resposta: “Não”.
Para o representante dos agricultores familiares fluminenses,
o pequeno produtor só contrata o seguro porque é um dos
itens obrigatórios do Pronaf. “Não estão muito acostumados a lidar
com o seguro e a se prevenir de riscos. Mesmo o seguro do Pronaf
também é tão difícil receber... eu, por exemplo, se fizesse um
projeto do Pronaf e pudesse retirar o seguro, eu retirava, porque é
tanta coisa... eles procuram tanto um jeito de não pagar (a indenização)
que acabam não pagando mesmo. É muito complicado isso
aí”, afirma Moraes, também produtor rural, em Nova Friburgo, na
região serrana do Rio.
Apólice perguntou ao representante da classe se havia uma
campanha de conscientização da Unacoop para que o pequeno
produtor do estado do Rio aderisse ao seguro. “Acho que poderia
haver uma campanha nossa e de todo o mundo para que as pessoas
passassem a usar o seguro, mas também para que os seguros
fossem mais viáveis, porque, na realidade, só é bom para você
fazer. Na hora de receber é muito trabalhoso e, geralmente, você
quase nunca ganha o direito. Não cobre granizo, não cobre isso,
não cobre aquilo e nem sei se cobriria hoje a pandemia. Se fosse o
caso, essa questão de não conseguir vender (a produção)”, avalia
Moraes.
Para o representante da Unacoop, as seguradoras precisam
estender as garantias para a retração das vendas dos pequenos
produtores durante o longo período de isolamento social. Não há
ainda dados estatísticos, pelo menos do Rio de Janeiro, do impacto
da pandemia na comercialização da agricultura familiar. Mas,
inegavelmente, ele é grande. “Se você tivesse feito um seguro hoje
para lavoura, desconfio que quase ninguém receberia (a indenização
) por causa pandemia, porque não teve problema nas lavouras,
que estão bonitas. Está tudo direitinho. O que não teve foi o
comércio. O que houve foi uma retração do mercado. Os seguros
para agrícola têm que pensar nisso. Como se trabalha com produto
perecível, se não vender na hora que tem que vender, não vai
adiantar nada. O pessoal ficou aqui com caixas e caixas de caqui na
lavoura, e vai fazer o quê? O caqui está
bonito, gostoso e não tem para quem
vender. Então isso tem que ser pensado”,
salienta Moraes.
PARAMETRIZAÇÃO, AINDA UMA
“ILUSTRE” DESCONHECIDA
E como estão os seguros parametrizados,
comercializados especialmente
para riscos rurais? Guilherme Silveira, da
Genebra Seguros, assinala que os seguros
paramétricos ainda são pouco difundidos
no Brasil. Ele diz que, apesar de todo o potencial
gerado pela possibilidade de contratação
de seguros baseados em índices
climáticos, atualmente são poucos os produtores
que se utilizam do instrumento.
“No entanto esse é um produto
com infinitas possibilidades. Acredito
que em alguns anos teremos um produto
desenvolvido o suficiente para que seja
contratado, por exemplo, por um varejista
que tenha os impactos de um inverno
ameno nas vendas de roupas para o frio,
ou de uma produtora de eventos que
queira se proteger do impacto de dias de
chuva na bilheteria”, vislumbra Silveira.
Mas para que esse produto se desenvolva,
completa ele, é fundamental o papel
do mercado ressegurador. “Visto que este
tem maior capacidade de diversificação
de riscos através de diferentes regiões geográficas,
bem como maior entendimento
acerca da probabilidade de materialização
dos riscos.”
25
ESPECIAL TRANSPORTES
RISCO AMBIENTAL
Coberturas e
serviços adicionais
incrementam seguro
de transporte
AINDA HÁ COBERTURAS POUCO
COMPREENDIDAS E CONTRATADAS,
ENQUANTO A PREOCUPAÇÃO
DA SOCIEDADE COM A
SUSTENTABILIDADE AUMENTA
Solange Guimarães
26
O
transporte de cargas envolve dois seguros obrigatórios, o
RCTR-C para o transportador e o Seguro Transporte Nacional,
que deve ser contratado pelo dono da carga, o embarcador.
Dependendo da carga e dos riscos envolvidos há uma grande
variedade de serviços e coberturas adicionais, facultativas ou acessórias
à disposição dos segurados. Algumas dessas coberturas ainda
são pouco utilizadas no Brasil mas, com o crescimento do e-commerce
e das transações internacionais, tendem a ganhar destaque e
exigir maior especialização do corretor de seguros.
A cobertura de Responsabilidade Civil Ambiental, por exemplo,
passou a ser mais procurada, mas ainda está bem abaixo dos
parâmetros internacionais. “Os corretores de seguros ainda não se
deram conta integralmente dos riscos ambientais no transporte de
mercadorias em geral. Apesar de no Brasil o modal rodoviário ser
o mais expressivo em termos de volume de cargas, o seguro ambiental
é pouco explorado. Grande parte dos transportadores e
embarcadores não conhece essa possibilidade de contratação e os
corretores deixam de promovê-la”, comenta o diretor da Conhecer
Seguros, Walter Polido.
Adilson Lima, diretor da Forte Brasil, do hub de transporte da
Rede Lojacorr, concorda. “São poucos os que contratam por prevenção
ou preocupação com o meio ambiente. A maior parte contrata
por já ter ocorrido problemas com órgãos ambientais ou por exigência
de algum embarcador ou cliente.”
Para ele, o corretor tem papel fundamental para mudança do
cenário, porque pode “auxiliar na divulgação e conscientização da
necessidade e da importância de contratar uma apólice que ampara
não só danos ao meio ambiente e a terceiros, mas também o atendimento
emergencial por empresas especializadas, o que certamente
contribuiria para a contenção e redução dos danos”.
Trata-se de uma questão de sustentabilidade. A preocupação
dos consumidores com o impacto ambiental das empresas de todos
os setores cresce a cada dia e está entre os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU),
um acordo que estabelece as metas globais a serem alcançadas até
2030 para deixarmos um planeta melhor para as futuras gerações.
A Liberty Seguros lançou, em 2019, o “Liberty mais Sustentável
2023”, no qual se compromete a tornar seus produtos mais sustentáveis
e benéficos ao meio ambiente. “No segmento de transportes,
especificamente, acreditamos que seja importante revisarmos o
nosso portfólio atual de seguros, considerando sempre os critérios
ASG (ambiental, social e de governança), além de garantir que os
novos produtos e serviços considerem tais critérios como diferencial
na hora de apresentá-los ao mercado”, explica o diretor de Seguros
Corporativos da Liberty, Marcos Siqueira.
O cuidado inclui a opção de gerenciamento de riscos, que
ajuda a minimizar os acidentes e, consequentemente, os impactos
ambientais. O serviço oferecido pela Liberty foi desenhado especificamente
para cada perfil de cliente e sua respectiva mercadoria
transportada, a partir de tecnologias de inteligência artificial que
controlam a velocidade, a frenagem e ainda determinam o percurso
Os corretores de seguros ainda
não se deram conta integralmente
dos riscos ambientais no transporte
de mercadorias em geral. Apesar
de no Brasil o modal rodoviário
ser o mais expressivo em termos
de volume de cargas, o seguro
ambiental é pouco explorado.”
MARCOS SIQUEIRA,
da Liberty
WALTER POLIDO,
da Conhecer
27
ESPECIAL TRANSPORTES
RISCO AMBIENTAL
Para quem transporta cargas de risco, ter um seguro de
responsabilidade civil ambiental é fundamental, diante
do risco exposto tanto para o dono da mercadoria e
transportador da carga, quanto para a população e meio
ambiente”
ROSE MATOS, da Porto Seguros
Foto: Bernardo Coelho
CARLA ALMEIDA,
da AXA
CARLOS EDUARDO POLIZIO,
da Mapfre
de menor risco de acidentes e roubos, além de considerar uma menor
fadiga para o motorista.
Na mesma linha, a Porto Seguro Transporte lançou recentemente
o novo RC Ambiental Transporte, no qual é possível incluir
uma cobertura adicional para poluição decorrente de eventos não
acidentais durante o transporte da carga, além de diferenciais como
cobertura para poluição decorrente do tanque de combustível e fluídos
automotivos dos veículos transportadores.
“Para quem transporta cargas de risco, ter um seguro de responsabilidade
civil ambiental é fundamental, diante do risco exposto
tanto para o dono da mercadoria e transportador da carga, quanto
para a população e meio ambiente”, afirma Rose Matos, gerente do
Porto Seguro Transportes. O produto foi desenvolvido especialmente
para imprevistos nos transportes de mercadorias e resíduos perigosos
ou poluentes, oferecendo coberturas e contenção para danos que
a carga possa causar ao meio ambiente e à propriedade de terceiros.
Trabalhar a conscientização passou a ser uma tarefa importante.
“A seguradora e o corretor têm o papel fundamental de orientar
em relação ao risco e oferecer soluções para o transportador,
como a apólice de RC Ambiental”, diz Carla Almeida, diretora de P&C
da AXA no Brasil. A executiva destaca que os processos digitalizados
e automatizados da empresa permite atender rapidamente aos
sinistros do Brasil inteiro. Outro diferencial da companhia é contar
com especialistas próprios para o gerenciamento de risco, o que
agrega valor ao produto.
O serviço prestado no momento do sinistro faz toda a diferença
nesse tipo de apólice, conforme explica o superintendente
de seguros de Transporte da Mapfre, Carlos Eduardo Polizio. “Temos
seguro específico para reparação do local do acidente visando a redução
de impactos ambientais decorrente da carga transportada.
Este seguro compreende a limpeza da área contaminada, remoção e
tratamento de resíduos, reconstituição e monitoramento do local e
contenção do produto derramado”, conta.
Walter Polido observa que não é apenas a mercadoria perigosa
que está sujeita a provocar sinistro ambiental. “Dependendo
da região geográfica na qual o evento pode acontecer, determinada
mercadoria aparentemente inócua poderá provocar dano ambiental
de monta. Por exemplo, grãos transgênicos sendo transportados
– como soja ou milho – e, devido a um acidente, a carga se
espalha na região, contaminando culturas adjacentes, as quais possuem
certificação ‘não-trans’”, explica, destacando que “o seguro de
28
transportes de mercadorias, em face ao dano ambiental, é muito
mais abrangente do que se imagina.”
Ainda é comum que empresas que movimentam produtos
não considerados perigosos ou poluentes busquem soluções dentro
da carteira de Transportes mas o produto mais adequado é o RC
Ambiental. “Diversas outras mercadorias podem ser contaminantes,
se grande quantidade entrar em contato com o solo ou águas. A título
de exemplo, a Allianz Seguros já foi procurada por clientes que
transportam leite e estavam preocupados com a questão ambiental,
pois uma grande quantidade de leite derramada pode ser responsável
por contaminar um pequeno lago e matar os peixes que
ali vivem”, relata Karine Barros, diretora de Negócios Corporativos da
Allianz Seguros.
Eduardo Michelin Franco, líder de Marine da Willis Towers
Watson, defende uma política de conscientização social e ambiental,
“além de, claro, uma rápida e dura atuação das entidades governamentais
na responsabilização dos envolvidos”.
Para o Transporte Nacional, a corretora oferece cobertura
adicional de limpeza de pista para caso de acidentes com o veículo
transportador, na qual a seguradora assume todas as despesas incorridas
de remoção da carga avariada, desobstrução da via e, eventualmente,
gastos em descontaminação ambiental e contenção de
poluição gerada pelo acidente. “É uma garantia especial para a minimização
e reparação da poluição ambiental que possa ser gerada
pela carga em casos de acidente. Esta preocupação é muito latente
para as empresas da indústria química, pelo tipo de característica de
seus produtos”, lembra.
OUTROS SERVIÇOS
Para ir além do seguro obrigatório e oferecer uma proteção
mais completa, além do RC Ambiental, o mercado oferece algumas
opções que ainda não são tão conhecidas no Brasil. “Uma solução
que costuma ser praticada em maior escala no exterior combina o
seguro de trânsito com a cobertura para a armazenagem dos estoques
de mercadorias ou matérias-primas, em uma única apólice.
Desta forma, elimina-se possíveis gaps de cobertura decorrentes da
transferência de apólices distintas - de Transportes e de Property -,
além de se trabalhar com clausulado único e mais abrangente”, explica
Sérgio Caron, líder da Prática de Transportes da Marsh Brasil, informando
que este seguro é conhecido como STP-Stock Throughput.
Com o comércio internacional crescente acentua-se o risco
de falha da cadeia de suprimentos ou cadeia logística, fazendo com
que os importadores e exportadores estejam atentos a tais exposições.
Para esses casos existe o TDI – Trade Disruption Insurance que
protege os negócios das empresas, ou seja, o lucro, contra falhas da
cadeia logística, independente do dano físico sofrido pela carga em
si ou pelos estoques.
“A Aon tem trabalhado muito forte nos serviços acessórios,
oferecendo consultoria no gerenciamento de riscos, orientando o
transportador e o dono da carga sobre como acomodar a carga,
qual horário é mais adequado, qual rota é mais segura, qual equipamento
de proteção é mais interessante”, afirma Ricardo Guirao,
diretor de Transportes da Aon.
EDUARDO MICHELIN,
da Willis Towers Watson
SÉRGIO CARON,
da Marsh
RICARDO GUIRAO,
da Aon
Foto: della rocca
29
ESPECIAL TRANSPORTES
TECNOLOGIA
Novos recursos são aliados dos seguros
A NOVA REALIDADE DO MERCADO
IMPULSIONOU AS EMPRESAS A
INVESTIREM MAIS EM RECURSOS
TECNOLÓGICOS, INTENSIFICANDO A
APROXIMAÇÃO DO PRESTADOR DE
SERVIÇOS COM O SEU CLIENTE
Thaís Ruco
O
setor de logística é extremamente
dependente de tecnologia
para evitar acidentes e driblar o
grande desafio do roubo de cargas. As
empresas também investem, e dependem
cada vez mais, de toda a “cadeia de
tecnologia” que rodeia o setor, entre elas:
equipamentos de rastreamento, bloqueadores
de veículos, travas de portas com
abertura remota, carrocerias blindadas,
iscas em tamanhos similares a chips de
celulares, entre muitos outros gadgets
que surgem e se desenvolvem constantemente,
além das gerenciadoras de risco
e consultorias que atuam no setor. Talvez,
hoje, o Brasil seja o país mais desenvolvido
nesta questão de tecnologias embarcadas
em veículos de carga.
Em tempos de isolamento social,
os agentes do segmento recorreram à
ROGÉRIO BRUCH,
da Fetransporte
tecnologia para encontrar soluções para que equipes pudessem
trabalhar em regime de home office, enquanto as áreas operacionais
seguissem no dia-a-dia em centros logísticos e na estrada. “A
tecnologia neste momento da pandemia tem sido um divisor de
águas para o mercado de seguro de transporte de cargas, começando
pela mudança radical na cadeia logística, início de toda operação
de cargas, modificada sensivelmente nos últimos meses. Houve
severas mudanças neste tempo no comportamento de consumo, o
e-commerce registrou crescimento de 1.000% em alguns segmentos,
sendo mais de 4 milhões de novos consumidores somente no
mês de maio. É como se o setor tivesse crescido dois anos em um
mês, o equivalente a uma Black Friday. Imagine o desafio de ter que
entregar estas mercadorias, pois não é somente vender online”,
afirma Rogério Bruch, diretor da Fetransporte Brasil. Segundo ele, a
consequência foi uma transformação digital forçada no segmento.
“O seguro de cargas está atrelado a tudo isso, pois as seguradoras
30
de transportes
IVOR MORENO,
da Argo
CLEBER DE CASTRO,
do Grupo Vista
tiveram que se adaptar rapidamente e entender quais as necessidades
dos embarcadores e transportadores, transformando e modificando
os clausulados, além de assimilar as particularidades de cada
operação”, afirma, ressaltando que o desafio traz a inovação.
Ivor Moreno, Head Marine & Innovation da Argo Seguros,
considera que as empresas que não acompanham as ferramentas
tecnológicas são fadadas a serem preteridas pelos clientes. “As
compras online se desenvolvem, impulsionadas ainda mais pelo
momento, e o segmento de transportes se desdobra para entregar
seus produtos no menor prazo possível para seus clientes. Com esse
contexto, uma empresa que queira se destacar no setor precisa estar
com informações online, não só para seu próprio controle, mas também
para informação ao cliente”, aponta.
O uso de tecnologia já vinha conquistando cada vez mais espaço
na evolução dos processos. “Trabalhos repetitivos gradativamente
vinham sendo substituídos por softwares, tornando as pessoas cada
VALDO ALVES,
da Tokio Marine
31
ESPECIAL TRANSPORTES
TECNOLOGIA
ADAILTON DIAS,
da Sompo
JORGE BAU,
da CEABS
CAIO RAMICELLI,
da Tracker
vez mais gestoras dos processos, e menos operadoras. Com a pandemia,
todos fomos obrigados a acelerar a transformação digital e
aderi-la em definitivo. Tanto empresas que já estavam neste processo,
quanto aquelas que ainda relutavam, foram convidadas compulsoriamente
a mergulhar no mundo digital”, comenta Cleber de Castro, diretor
do Grupo Vista. “O seguro de transporte ainda tem muitos processos
manuais, desde a cotação até o faturamento, e deve se adequar
rapidamente às novas necessidades. O resultado é que pós-pandemia
o mundo não será mais o mesmo”, enfatiza.
A automatização da troca de informações no ramo de transportes
é uma tendência que está em pauta há algum tempo e sobre
a qual o mercado tem investido continuamente. “Dispomos atualmente
de ferramentas de busca, compilação e gestão de dados para
fornecer aos subscritores e gestores informações precisas para uma
melhor tomada de decisão e gestão, a fim de oferecer aos corretores
e clientes coberturas e serviços de assessoria e consultoria em
prevenção de perdas, adequadas a cada tipo de operação logística”,
alega Valdo Alves, diretor de Transportes da Tokio Marine.
NOVO GERENCIAMENTO DE RISCOS
O gerenciamento de riscos é ferramenta essencial para o trabalho
da área de logística de transporte, não apenas em seguros –
faz parte do rol de especialidades necessárias para a boa gestão do
segmento. As seguradoras investem cada vez mais em soluções diferenciadas
que observam o todo da cadeia logística de transportes,
desde o armazém até a entrega.
Rafael Carvalho, líder de Transportes & Gerenciamento de Riscos
na Rodobens, afirma que o gerenciamento de riscos é uma das
áreas da cadeia do seguro de transportes que mais cresce, pautada
no avanço da tecnologia. “A melhoria contínua das tecnologias dos
equipamentos utilizados pelas empresas, tais como rastreadores,
bloqueadores, iscas eletrônicas e a telemetria, juntamente com o
desenvolvimento de algoritmos que permitem uma melhor roteirização
dos percursos, contribuem para a melhor eficiência na operação
e também permitem a mitigação dos riscos. Com isso, é possível
a obtenção de condições mais competitivas e adequadas junto ao
mercado segurador”, relata.
“O gerenciamento é essencial para que a empresa, seja embarcadora
ou transportadora, tenha mais eficiência, otimização de
recursos, além de controle na prevenção e redução de perdas e danos.
Também é um recurso eficaz para contribuir com a segurança
e qualidade de vida dos colaboradores envolvidos nos processos
de embarque e transporte”, diz Adailton Dias, diretor Executivo de
Produtos e Resseguro da Sompo Seguros, reforçando que investir
num programa de gerenciamento de riscos estruturado, desenvolvido
e acompanhado por especialistas no segmento é crucial
e pode ser um ponto chave na rentabilização das operações de
transporte.
Para Dias, no gerenciamento de risco, “a integração de diferentes
tecnologias numa única solução, o uso da radiofrequência de longo
alcance, o uso de tecnologias como o Blockchain para monitorar a
carga desde a emissão da nota fiscal até a entrega para o cliente (com
o acompanhamento de todas etapas intermediárias nesse processo),
32
recursos de Business Intelligence para avaliação de dados, rotas, custos
operacionais e outros cruzamentos de dados para a tomada de
decisão são algumas das alternativas que vêm despontando”.
“O mercado está em constante evolução. O gerenciamento
de risco em conjunto com o setor de seguros exigiu tecnologias
e métodos eficazes para a diminuição do roubo e furto de
cargas”, afirma Jorge Bau, CEO da CEABS e da Europ Assistance
Brasil. “Produtos como iscas de cargas e rastreadores com tamanhos
reduzidos, e que sejam imunes a jammer, estão cada dia
mais sendo aprimorados para melhorar a efetividade nas recuperações.
Outro fator importante é a utilização de técnicas de machine
learning com os dados telemáticos gerados para realizar o
trabalho de prevenção, orientando a operação no processo de
desvios comportamentais que possa ocorrer em uma operação
de transportes”, relata.
“Temos percebido um movimento muito favorável de toda
cadeia envolvida no seguro de transporte, muitas gerenciadoras
têm nos procurado para trocarmos informações e conhecimento,
assim como algumas seguradoras têm desenhado projetos específicos
atrelados a nossa tecnologia”, aponta Caio Ramicelli, Gerente
Comercial Seguradoras do Grupo Tracker.
Para Frederico Menegatti, CEO da Getrak, as novidades estão
chegando em duas frentes: tecnologia embarcada e análise
preditiva de dados. “Em termos de equipamento hoje dispomos de
dispositivos que vão embarcados nos veículos, e até mesmo na carga,
que possuem uma inteligência embarcada e múltiplas formas
de comunicação. Do lado dos dados, camadas de processamento
sofisticadas e uso da Inteligência Artificial geram resultados muito
relevantes contra o furto e roubo, bem como aumentado o índice
de recuperação”.
A ampliação da captura de dados em tempo real na logística
é apontada como oportunidade de soluções de prevenção de perda
no transporte de carga a partir do melhor entendimento das operações
e exposições, melhor quantificação das exposições, redução
do volume de prejuízos e frequência de ocorrências e prejuízos. “O
futuro da análise de risco incluirá mecanismos de cálculo de risco,
scorecard e dashboard analytics, e outras soluções para respaldar
alinhamento dos riscos estratégicos, operacionais, financeiro, governança,
risco e compliance; além dos regulatórios e demais”, prevê
Alfredo Chaia, diretor da Risk Veritas. Segundo estudos recentes
analisados pelo especialista, o Risk Analytics Market deverá crescer
de US$ 17,60 bilhões em 2017 para US$ 35,92 bilhões até 2022, a
uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 15,3%.
INOVAÇÃO NAS SEGURADORAS
As seguradoras são as grandes fomentadoras de tecnologia
aplicada ao segmento de transporte. A exposição ao risco é combatida
a partir da análise de dados que incluem todo o processo de
armazenamento, embarque, transporte e entrega da carga, e isso
envolve tecnologia, invariavelmente.
Eliel Fernandes, CEO da Buonny, acredita que as seguradoras
estão inovando, porém “a integração das informação de sinistros e
das condições de seguros com os sistemas avançados das empresas
ALFREDO CHAIA,
da Risk Veritas
RAFAEL CARVALHO,
da Rodobens
ELIEL FERNANDES,
da Buonny
33
ESPECIAL TRANSPORTES
TECNOLOGIA
THIAGO FECHER,
da Educa
ANDRÉ VELLEDA,
da Moraes Velleda
FREDERICO MENEGATTI,
da Getrak
de gerenciamento de risco seria uma forma importante para acrescentar
segurança às pesquisas de motoristas e viagens, além de agilizar
as análises para a regulação dos sinistros”.
O corretor de seguros especialista em Transportes da Educa
Seguros, Thiago Fecher, lembra que as seguradoras têm um importante
papel na evolução do setor, visto que possuem as estatísticas
sobre os eventos que afetam a cadeia logística. “Acredito que a maior
integração e inteligência destes dados pode ser a chave para alcançarmos
soluções ainda mais efetivas para alcançarmos a excelência
na operação de transporte”, corrobora.
Para André Velleda, CEO da Moraes Velleda, as seguradoras
podem inovar com regras mais claras de gerenciamento de risco.
“Temos desde a primeira tecnologia (principal) até a terceira tecnologia
(redundância) sendo embarcadas tanto no caminhão quanto
nas cargas. As seguradoras podem solicitar o espelhamento de determinadas
contas para uma base de controle e apoio ao gerenciamento
de risco e assim acompanhar e apoiar a operação”, sugere.
Segundo Frederico Menegatti, novas tecnologias trazem
novas possibilidades de modelos de negócios. “O fato de se ter em
tempo real o acompanhamento do georreferenciamento e das condições
da carga e veículo possibilita uma nova relação entre segurador
e segurado, gerando ganhos para ambos os lados”.
CORRETORES PARTICIPAM DAS INOVAÇÕES
O corretor de seguros que atua no ramo de transporte, geralmente,
é um profissional com alto grau de especialização, porque
precisa ter conhecimentos bem específicos deste segmento importante
e bastante sensível da economia; estar cada dia mais próximo
dos agentes que atuam no setor, como empresas de gerenciamento
de risco, fabricante de equipamentos, e prestadores de serviço para
atendimento de sinistros, seja um simples atendimento em estrada
ou até mesmo uma remediação para evitar um dano ambiental. As
principais corretoras possuem parcerias sólidas que fornecem ao segurado
um conjunto completo de soluções.
O setor de transporte atende as demandas de vários segmentos
de mercado e, diante disso, os corretores podem auxiliar o
transportador e/ou dono da carga no produto mais adequado a sua
necessidade. Rose Matos orienta: A aposta é investir em segmentos
que contribuirão para o reaquecimento da economia, tais como:
combustíveis, têxteis, construção, alimento e autopeças.
O corretor especialista em seguros de transportes está sempre
evoluindo para entregar uma experiência diferenciada ao seu
cliente. “Na Rodobens utilizamos ferramentas que provocam uma
otimização nos processos, abrindo um caminho para estarmos mais
próximos da jornada do cliente. Para melhorar essa experiência criamos
em 2019 uma área de Gestão Comercial & Qualidade, que garante
a interface, personalização e padronização de atividades que
se relacionam com o cliente”, conta Rafael Carvalho.
Além de intensificar a tecnologia, a pandemia deixou mais
evidente para o mercado de transportes o real papel de uma seguradora
que disponibiliza seguros com serviços de valor agregado,
realizado por equipes estruturadas, altamente qualificadas e com
conhecimento do segmento de transporte como negócio.
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J U N T O S
S O M O S
M A I S
F O R T E S