02.07.2020 Views

PME Magazine - Edição 17 - julho 2020

Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!

Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

JULHO 2020 | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 17

EDIÇÃO ANO V

REGISTE-SE EM: PMEMAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/

DIRETORA: MAFALDA MARQUES

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

MADALENA

CASCAIS TOMÉ

SIBS APOSTA NO DINHEIRO

INVISÍVEL PARA CONTORNAR

A PANDEMIA

retoma

CONHEÇA OS NEGÓCIOS

QUE SE REINVENTARAM NA CRISE

OLIVE EMOTION

UPHOLD

BRAGA É O PORTO SEGURO DESTA

PLATAFORMA DE MOEDAS DIGITAIS

TODA A EMOÇÃO DO AZEITE NUMA

MARCA COM CARIMBO PORTUGUÊS


REGISTE-SE EM: PMEMAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/


a

FIGURA DE DESTAQUE

a

Negócios na era (pós)Covid-19

Editorial

Índice

p4 | QUATRO ANOS DE PME MAGAZINE

p6 | CASOS DE SUCESSO

Os negócios que reinventaram o álcool em gel desinfetante

p8 | FAN 3D e as viseiras para todos

p9 | ATP e os desafios do setor têxtil

p10| INVESTIMENTO

Sandra Laranjeiro dos Santos e a aposta no Portugal

do interior

p12| Os apoios que as empresas pedem ao Governo

p14| INTERNACIONAL

Uphold e a aposta em Braga

p16| Transinsular e a internacionalização do negócio

p19| AMBIENTE

Como preservar o ambiente na retoma

p21| RH

Gonçalo de Salis Amaral e o futuro das equipas

no pós-pandemia

p23| Paulo Mestre na consultoria ibérica da Primavera BSS

p26| FIGURA DE DESTAQUE

Madalena Cascais Tomé e a transformação digital

que está a tomar conta do mundo

p34| RESPONSABILIDADE SOCIAL

Cristina Campos e a consciência corporativa em tempos

de pandemia

p36| EMPREENDEDORISMO

Olive Emotion e o negócio do azeite português gourmet

p38| Nonagon e o lado empreendedor dos Açores

p40| MEDIR PARA GERIR

Marta Pimentel e a adaptação ao ensino online

p41| MARKETING

Pedro Montijo e a importância do Marketing 4.0

p43| TECNOLOGIA

Nuno Nunes e o futuro dos negócios

p45| Tech4Covid19 e a tecnologia contra a pandemia

p47| AGENDA

Seminário dos Negócios

p48| FORA D'HORAS

Os novos hábitos de socialização

p50| OPINIÃO

Luís Araújo e a promoção do melhor destino turístico do

mundo

Ficha técnica

DIRETORA: Mafalda Marques

EDITORA: Ana Rita Justo

REDAÇÃO: Mariana Barros Cardoso e Pedro Montijo

VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes e João Filipe Aguiar

DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes

DIGITAL MANAGERS: Pedro Montijo, Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cristina Campos, Gonçalo de Salis Amaral, Luís Araújo,

Marta Pimentel, Nuno Nunes, Pedro Montijo, Sandra Laranjeiro dos Santos

ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt)

DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques

EMAIL: publicidade@pmemagazine.com

PROPRIEDADE: Massive Media Lda.

NIPC: 510 676 855

MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:

LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C

1900-221 Lisboa

REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C

1900-221 Lisboa

TELEFONE: 211 934 140

EMAIL: info@pmemagazine.com

N. DE REGISTO NA ERC: 126819

EDIÇÃO N.º: 17

DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17

ISSN: 2184-0903

TIRAGEM: 1000 exemplares

IMPRESSÃO: Ocyan

Estrada da Outurela, 118, Edificio Holanda - Bloco 1, 2794-084 Carnaxide

DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual

PERIODICIDADE: Trimestral

Desengane-se quem pensa que

a pandemia acabou. O mundo

mudou e temos de nos habituar a

viver – e conviver – com um vírus

que mudou para sempre a forma

de fazer negócios, de trabalhar

em equipa, de fazer crescer a

economia.

Apesar disso e de todas as mudanças que estão a ocorrer à

nossa volta, a PME Magazine está de parabéns e completa,

esta edição, quatro anos de vida. Numa altura em que muitos

negócios são postos à prova e o negócio dos media é cada vez

mais desafiado a fazer mais com menos, continuamos cá para

lhe levar a melhor informação empresarial, certos de que juntos

seremos sempre mais fortes e faremos mais pelo nosso

país e pela nossa economia.

Assim pensa, também, Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS

e figura de capa desta nossa 17.ª edição, ela que foi entrevistada

pela PME Magazine em janeiro, mas, com os constrangimentos

da Covid-19, também viu a publicação da sua entrevista

adiada, pois valores mais altos se levantavam. Agora,

partilhamos duas entrevistas com a responsável máxima da

SIBS: a de janeiro e também a atualização feita no passado

mês de maio, provando que negócios robustos podem abalar,

mas não quebram.

Dedicamos esta edição, também, aos negócios que se

reinventaram na retoma, aos movimentos voluntários criados

para fazer face à pandemia, como o Tech4Covid19, à aposta

da norte-americana Uphold em Braga, a novos negócios

portugueses, como o da Olive Emotion, e a incubadoras que

continuam a fazer de tudo para termos uma economia mais

tecnológica, como o parque tecnológico de São Miguel,

Nonagon.

A todos os que têm contribuído para o crescimento da PME

Magazine, colaboradores, parceiros, a todas as figuras de

capa e a todos os entrevistados, o nosso muito obrigado. O

vosso negócio é a fonte que nos alimenta de esperança de

que dias melhores virão e que estaremos cá para os viver.

ColorADD

na PME Magazine

A PME Magazine conta com 14 grandes secções,

que servem de guia estrutural para as temáticas

abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,

foi integrado nas secções o sistema de

identificação de cores ColorADD. Assim, cada

secção conta com uma cor diferente, identificada

com um símbolo que permite a pessoas

daltónicas identificarem as cores que estão a

ver.

Desenvolvido com base nas três cores primárias,

representadas através de símbolos gráficos,

o código ColorADD assenta num processo

de associação lógica que permite ao daltónico,

através do conceito da adição das cores, relacionar

os símbolos e facilmente identificar toda

a paleta de cores. O branco e o preto surgem

para orientar as cores para as tonalidades claras

e escuras.

Boas leituras e bons negócios!

Azul

Vermelho

ANA RITA JUSTO | EDITORA

Verde

Roxo

Amarelo

Castanho

Laranja

Tons Claros

Tons Escuros

Branco

Cinza

Claro

Preto

Cinza

Escuro

3


o

aniversário

A PME MAGAZINE FAZ QUATRO ANOS

Divulgação

Foi em finais de junho de 2016 que nasceu a PME Magazine, um projeto corporativo que tinha por missão dar

voz às pequenas e médias empresas. A missão continua e, hoje, partilhamos consigo a satisfação e quatro anos

de trabalho feito. Pedimos às nossas figuras de capa que deixassem as suas mensagens de parabéns, que

partilhamos aqui.

Parabéns à PME Magazine e toda a equipa

de bravos profissionais. A revista tem

sido um importante veículo de informação

e promoção do setor empresarial em

Portugal e na CPLP, contribuindo para o

crescimento das PME – motores da economia

da nossa comunidade. É, para mim,

motivo de muito orgulho, ser parte da história

da PME Magazine e ter sido a primeira

figura de capa de uma revista carregada

de qualidade jornalística e editorial, que

completa quatro anos de comprometimento,

qualidade e excelência.

Salimo Abdula, presidente da Confederação

Empresarial da CPLP

Muitos parabéns, PME Magazine, por

estes quatro anos de vida. Que venham

muitos mais de bom jornalismo e de informação

de relevância, sobretudo para as

pequenas e médias empresas e que, acima

de tudo, possamos continuar juntos e por

muitos anos. Parabéns!

Rita Nabeiro, CEO da Adega Mayor

4

Parabéns por quatro anos cheios de entusiasmo,

de paixão, de intensidade, onde

a PME Magazine tem vindo a crescer e a

posicionar-se nas revistas deste setor.

Foram pioneiros em lançar primeiro a edição

online e, como vemos, o online é o futuro.

Não percam nunca o vosso sonho de

serem empreendedores. Estamos a ver as

consequências económicas da Covid-19.

Vai ser duro porque não vamos ver uma

recuperação imediata, mas isso não quer

dizer que percamos a nossa esperança.

Ninguém nem nada pode travar os nossos

sonhos.

Beatriz Rubio, CEO da Remax Portugal

Nos últimos quatro anos, a PME Magazine

tem desempenhado um papel fundamental

na informação económica em Portugal.

As PME têm um peso crucial na economia

portuguesa e foram os verdadeiros motores

na recuperação do emprego e do

produto nos anos pós-crise. Estou certo

de que estarão novamente à altura dos

desafios. Parabéns pelos quatro anos de

informação dedicada às empresas e empresários

que, no terreno, geram riqueza

e garantem empregos, dando visibilidade

aos seus projetos e voz aos seus atores.

Desejo felicidades e uma vida longa à

PME Magazine.

António Saraiva, presidente da CIP

Parabéns à PME Magazine! Mais do que

nunca, o apoio às PME será vital para a

recuperação económica. É bom saber que

podemos contar com a PME Magazine

para conectar os nossos empreendedores,

partilhar conhecimento e contactos

entre todas as partes. Continuação de um

ótimo trabalho. De um amigo e que está a

torcer para que tudo corra bem.

Tim Vieira, fundador da BraveGeneration

Muitos parabéns, PME Magazine, pelos

vossos quatro anos ao serviço do empreendedorismo

e dos empreendedores.

O vosso exemplo é um exemplo daquilo

que Portugal precisa e todos estes anos

têm sido um contributo para que a economia

portuguesa cada vez mais seja melhor

e sempre, sempre, com amor. Que continuem

nesse caminho maravilhoso!

Sandra Correia, CEO da Novacortiça

Nestes quatro anos, a PME Magazine dedicou

o seu trabalho às empresas portuguesas.

Parabéns pelo trabalho feito.

Espero que possa continuar a fazê-lo por

muitos mais apoiando a recuperação empresarial.

José Avillez, chef e CEO do Grupo Avillez


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A PME MAGAZINE ocupa um espaço importante

nos media como veículo de informação

para as PME portuguesas. Está

duplamente de parabéns: pelo seu quarto

aniversário e pelo excelente trabalho e

desempenho que tem tido ao longo deste

tempo. Muitos Parabéns! E votos de que

continue a crescer e a ajudar as PME a

modernizarem-se e a adaptarem-se aos

enormes desafios que temos pela frente!

Isabel Neves, presidente da Star Busy

Em apenas quatro anos, a PME Magazine

conquistou um lugar de referência no

panorama empresarial português e posicionou-se

como fonte de informação

relevante. O Turismo de Portugal considera-a

um meio importantíssimo na divulgação

das suas ações e da estratégia que

desenvolve para que o país continue a ser

o melhor destino turístico do mundo. Sinceros

votos de parabéns e muito sucesso.

Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal

Muitos parabéns à PME Magazine pelos

seus quatro anos em pleno. Obrigado pelo

vigor e disponibilização da informação

sobre as PME portuguesas, que em vários

artigos de opinião já tive o orgulho de

participar. Muito obrigado também pela

divulgação da excelência das PME portuguesas,

base da nossa economia. Por

muitos mais anos em parceria.

Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New

Nos últimos quatro anos, a PME Magazine

tem estado ao lado do tecido empresarial

português, contribuindo para o seu

reconhecimento nacional e internacional.

Missão em que a Altice Portugal se revê,

contribuindo com o seu know-how nas telecomunicações,

um dos setores mais importantes

para o País. Numa altura em que

os media têm vivido momentos difíceis,

intensificados pela pandemia, a Altice

Portugal tem desempenhado um importante

papel junto do setor, ao sensibilizar

grupos económicos e empresas a continuarem

a investir nos media. Parabéns!

Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal

Muitos parabéns, PME Magazine, por

quatro anos como meio de excelência

para divulgação de notícias. Parabéns por

darem voz às nossas pequenas e médias

empresas, por acompanharem a velocidade

de transformação e por nos fazerem

sentir parte desta jornada. Que venham

muitos mais anos de cooperação e que

continuem a viver com a mesma intensidade

e paixão. Votos de muito sucesso e

um muito obrigada!

Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal

Cara PME Magazine, desejamos da parte

da Science4you um excelente aniversário

e que seja um ano excelente e cheio de vitórias!

Muitos parabéns.

Miguel Pina Martins, CEO da Science4You

Não posso deixar de me associar ao quarto

aniversário da PME Magazine, felicitando-a

e desejando que tenha muita força

para continuar os seus desafios, que na

altura que passamos, a nível nacional e

social, sabemos que não será fácil, mas

com uma boa equipa e com a coesão de

todos será uma mais-valia para o público

a que se destina. Parabéns e que alcancem

os vossos objetivos, muito obrigado

por todo o trabalho.

Leonor Freitas, sócia-gerente

da Casa Ermelinda Freitas

É com muita alegria que me associo ao

quarto aniversário da PME Magazine, com

os melhores votos para a revista e toda a

equipa que a constrói! Muitos parabéns a

todos e um grande abraço.

Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova

Muitos parabéns à PME Magazine por

este quarto aniversário. Que seja o marco

não só do sucesso que foi concretizado

até aqui, mas de muitas e novas edições

e muitos e novos anos de vida. É uma revista

de referência, ímpar na informação

ao segmento das pequenas e médias empresas

em Portugal, que se rege por uma

política de isenção e rigor muito presente.

Só posso parabenizar e fazer votos reforçados

de que façam e continuem a fazer o

excelente trabalho que têm feito até aqui.

Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS

5


e

CASOS DE SUCESSO

REINVENTAR PARA AJUDAR

Mariana Barros Cardoso

Black Pig Gin e João Filipe Aguiar

São várias as empresas que, todos os dias, têm

de reinventar-se para dar continuidade ao seu

negócio numa altura em que o mundo encara uma

pandemia. A Covid-19 trouxe a capacidade de os

empresários perceberem o que é que podiam fazer

para manter postos de trabalho, as empresas a

funcionar e muitos perceberam como é que podiam

ajudar. O álcool gel esteve em falta durante algum

tempo e a Casa Ermelinda Freitas e a Black Pig

Gin foram duas das empresas que reinventaram o

álcool para produzir um bem fundamental na luta

contra a propagação da doença.

Durante muito tempo faltou solução de álcool desinfetante

em Portugal, situação que levou ao aumento astronómico

de preços deste que acabou por tornar-se

num bem essencial. Cientes deste problema, algumas

empresas que lidam diretamente com o álcool arranjaram

forma de o transformar... em gel.

Foi na procura de empresas que se tenham reinventado

que vimos sentido em falar com a Casa Ermelinda

Freitas que, juntamente com o Instituto Politécnico de

Setúbal (IPS), está a produzir álcool gel e viseiras.

Na iniciativa de reinvenção que junta a empresa vitivinícola

e o IPS, o fabrico dos já cerca de seis mil litros

de álcool gel está a ser desenvolvido nas instalações

da Casa Ermelinda Freitas, em Fernando Pó, Palmela,

embora tenha sido o IPS o responsável pelo desenvolvimento

tecnológico que culminou na criação da solução

antissética. Um trabalho que orgulha bastante a

sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas, Leonor Freitas,

que adianta que “nesta fase as preocupações devem

estar centradas nas pessoas, depois nas pessoas,

e ainda nas pessoas”.

Quem também pensou nas pessoas foi Miguel Ângelo

Nunes, fundador da Black Pig Gin, que conta que a

ideia de produzir álcool gel surgiu do sentimento de

ajudar a comunidade, afirmando que não podia “virar

a cara à situação”, prevalecendo a vontade de “fazer

algo pela região” (Santiago do Cacém), num momento

em que se vive uma situação nova.

No caso de Miguel, o desinfetante foi produzido na

destilaria onde produz gin e rum, não havendo uma

necessidade de readaptação, uma vez que a estrutura

leve com que conta tem vários níveis de formação, o

que permitiu reconverter o processo produtivo para álcool

gel e desinfetante. Embora tivesse o conhecimento

para o fazer, a destilaria do litoral alentejano esteve

6

Black Pig Gin já produziu álcool gel para oferecer a 1300 empresas

em contacto permanente com entidades competentes

para o controlo total do produto final que começou

logo a ser oferecido e distribuído ao Hospital do Litoral

Alentejano e, segundo foi apurado pelo município de

Santiago do Cacém, a distribuição foi feita a cerca de

1300 empresas. Na génese desta ação está o estímulo

para a reabertura dos negócios do concelho, que se

depararam com uma quebra na receita e com os custos

com equipamentos de segurança, conta-nos Miguel.

Também a produção do álcool gel pela Casa Ermelinda

Freitas foi distribuída em hospitais e IPSS do distrito

de Setúbal, onde é sediada a empresa vinícola. Leonor

Freitas sentiu necessidade de colaborar com instituições

mais desfavorecidas, como lares, prisões e outras

instituições carenciadas de idosos.

"Nesta fase as preocupações

devem estar centradas

nas pessoas", diz Leonor Freitas

Ambas as iniciativas tiveram o apoio dos seus municípios.

“Não há dúvida que, juntando vontades, saberes, colaboradores

podemos ser solidários e, com um pequeno

gesto, fazer uma grande mudança e ajuda para a vida

das pessoas e instituições”, sublinha Leonor Freitas.


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A Black Pig Gin também quis fazer um pequeno gesto

para uma grande mudança e, dessa forma, juntou-se à

causa de ajuda do Badoca Safari Park – um parque do

concelho de Santiago do Cacém que conta com mais

de 400 animais de 75 espécies – em que, na compra

de cada garrafa no site da empresa, a marca oferece

dez quilos de cereais para a alimentação dos animais

do Badoca Park.

Quando questionado sobre o valor de mercado que

comporta todo o álcool gel que já doou, Miguel prefere

não o mencionar.

“Achamos que, no contexto atual, não é o mais importante.

O importante é ajudar o próximo e não os custos

financeiros.”

No entanto, e de alguma forma, os clientes da Black Pig

Gin quiseram ajudar o fundador da empresa e começaram

por comprar uma garrafa de gin por cada doação

feita pela destilaria, o que Miguel releva ter tido uma

importância “crucial”.

"O importante é ajudar

o próximo e não os custos

financeiros", diz Miguel Nunes

Também para a Casa Ermelinda Freitas foi importante

a colaboração da destilaria Vinisol, que facultou álcool

a um preço mais baixo numa altura em que os custos

estavam bastante elevados devido à procura. Leonor

Freitas acredita que “unindo esforços podemos fazer

muito mais do que isoladamente”, reconhecendo a

importância de toda a ajuda técnica que foi dada pelo

IPS, e que, não olhando a “valores apurados”, sabe que

ao pensar nos seis mil litros, o valor é elevado, mas com

a colaboração entre as três instituições foi possível.

Miguel Ângelo Nunes, fundador da Black Pig Gin

Para a responsável, o mais importante neste momento

é o que se passa com a sociedade. Embora esteja

“preocupada com a economia”, está "muito mais preocupada

com as pessoas”.

“Quando estivermos bem lutaremos pela economia,

agora vamos lutar pelas pessoas”, assevera.

A Black Pig Gin rege-se pela paixão, perseverança e

resiliência e é nessa base que tem ajudado as empresas,

IPSS e o Hospital do Litoral Alentejano.

A Covid-19 chegou a Portugal em março deste ano e

desde então foram várias as empresas que tiveram de

se reinventar, quer para garantir a sustentabilidade do

seu próprio negócio quer para ajudar empresas cuja

receita não permitia que se reinventassem. Também à

escala humana foram várias as empresas que uniram

esforços para produzir os “bens essenciais” para a luta

contra a Covid-19, como máscaras, luvas, álcool gel,

viseiras e desinfetantes, que durante algum tempo estiveram

esgotados.

Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas

O Governo Português criou um microsite – covid19.

min-saude.pt – de acesso a orientações para a colocação

de produtos no mercado por parte de fabricantes

nacionais que habitualmente não fazem este tipo

de produção. No site, as empresas encontram direções

específicas, técnicas e procedimentos administrativos

que devem seguir para produzir estes materiais que

podem fazer a diferença no combate à pandemia.

7


e

CASOS DE SUCESSO

IMPRESSÃO 3D REVOLUCIONA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Ana Rita Justo

FAN 3D

A FAN 3D foi uma das empresas que se adaptou para fabricar viseiras

a partir da impressão em 3D, com ajuda de muitas outras empresas

e pessoas que também queriam ajudar. O futuro antevê novos

desenvolvimentos em equipamentos para espaços comerciais e

consultórios médicos.

As potencialidades da impressão 3D são imensas, mas

nem toda a gente parece acreditar nisso. Eurico Assunção

acredita. Foi por isso que, no ano passado, fundou

a FAN 3D para fazer consultoria em engenharia e revenda

de equipamentos de impressão 3D. O que ele

não sabia é que este ano iria estar a usar esses equipamentos

para produzir viseiras.

A pandemia de Covid-19 trouxe várias necessidades

de diferentes equipamentos de proteção. A FAN 3D é

uma microempresa de consultoria em engenharia e foi

fundada por Eurico Assunção – que acumula funções

na Federação Europeia de Soldadura – e por outras

duas colegas da Federação, Rute Ferraz e Luísa Coutinho.

Quando a Covid-19 chegou a Portugal, o fundador

apercebeu-se de que havia falta de viseiras no

hospital de São Bernardo, Setúbal, cidade onde reside.

“Tentámos perceber, primeiro, o que era uma viseira,

fomos ver o que havia noutros países. Encontrámos algumas

iniciativas de impressão 3D de viseiras, arranjámos

o ficheiro e imprimimos. Umas colegas testaram

num turno, voltámos a imprimir com ajustes até chegarmos

às finais”, revela o responsável.

A partir daí, o movimento escalou: “Começámos a ter

pedidos de todo o país, a ter pessoas a contactar-nos

porque tinham uma impressora 3D e queriam ajudar”.

Rapidamente, a FAN 3D criou um formulário online para

receber os pedidos e outro para quem quisesse ajudar.

Com a ajuda de pessoas de todo o país e também de

empresas como a Autoeuropa, que imprimiu viseiras,

ou como a Filkemp ou a Lisnave que doaram material,

foram produzidas e doadas mais de seis mil viseiras a

profissionais de saúde de todo o país.

“Só conseguimos fazer isto porque tivemos muita gente,

individuais e empresas, a ajudar-nos”, ressalva o

engenheiro mecânico.

Além das viseiras para adulto, a FAN 3D também desenvolveu

viseiras para crianças para entregar no Hospital

de São Bernardo, de forma que as crianças que

8

Eurico Assunção, fundador da FAN 3D

acedam às urgências estejam também protegidas. Outros

materiais foram também bem-sucedidos, como fitas

em nylon para prender as máscaras, de forma a não

causar feridas nas orelhas dos profissionais de saúde.

NOVOS PRODUTOS NO HORIZONTE

A febre das viseiras deu, entretanto, espaço para pensar

novos equipamentos neste contexto de pandemia e

é nisso que agora a FAN 3D está a focar-se.

“Isto permitiu-nos explorar outras coisas que não tínhamos

tido tempo de explorar, fazer testes, prototipagens

diferentes. Não somos os únicos a produzir

viseiras, mas o facto de termos sido os primeiros e

de termos um contacto

muito próximo com

profissionais de saúde

permitiu-nos entrar

noutros produtos e é

algo que agora estamos

a ver como é que

podemos adaptar às

nossas atividades normais”,

explica.

O foco, agora, está em

produtos “associados

à reabertura de espaços

comerciais e consultórios”

médicos,

como pequenos adaptadores

para abrir portas

sem usar as mãos,

mas apenas os braços,

produzidos com material antibacteriano.

FAN 3D começou a fabricar viseiras a

partir da impressão 3D

Eurico Assunção revela, ainda, a possibilidade de a

FAN 3D dedicar-se mais aos equipamentos médicos

e à certificação dos mesmos: “Os médicos não tinham

noção da capacidade da tecnologia 3D e acho que

agora as pessoas vão começar a olhar para ela com

outros olhos”.


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

“EMPRESAS VÃO TER DE RESISTIR NUM CENÁRIO

ADVERSO MUITO DIFÍCIL” - Mário Jorge Machado

Ana Rita Justo

ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

O setor têxtil foi profundamente afetado pela quebra de

atividade com a Covid-19. A certificação para produção de

máscaras sociais e equipamentos de proteção veio ajudar,

mas a incerteza ainda é grande. Mário Jorge Machado,

presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

(ATP) revela as principais preocupações do setor.

PME Magazine – Que impacto no setor teve a certificação

para a chamada máscara social?

Mário Jorge Machado – Uma grande percentagem

(cerca de 70%) de empresas do setor têxtil e vestuário

aderiu ao lay-off simplificado, total ou parcial, em

consequência de uma drástica redução na procura, não

havendo ainda expectativas positivas face a uma retoma

da atividade no setor. A produção de máscaras sociais

(e de outros equipamentos de proteção individual

ou artigos para a área hospitalar) permitiu que algumas

empresas do setor continuassem a ter alguma atividade.

Todavia, na maioria dos casos essa atividade não

é suficiente para manter ativos todos os trabalhadores

dessas empresas. Apenas umas centenas de empresas

estão envolvidas na produção destes produtos. No

último inquérito que fizemos, um quarto das empresas

assinalaram estar a trabalhar nesta área.

PME Mag. – Pode partilhar connosco as principais

conclusões desse inquérito?

M. J. M.– Das respostas que já recebemos, podemos

partilhar o seguinte: 42% das empresas que responderam

tiveram uma redução do volume de negócios superior

a 50% em abril, sendo que as expectativas para

maio se mantêm na mesma linha, com 36% das empresas

a afirmar que terão uma quebra na faturação superior

a 50%. 69% das empresas previam continuar em

lay-off (total ou parcial) em junho.

PME Mag. – Quais as principais preocupações apresentadas

pelas empresas?

M. J. M.– As empresas identificam a falta de encomendas,

atrasos nos pagamentos por parte dos clientes,

problemas de tesouraria, dificuldades no acesso aos

apoios do Estado, com particular destaque para as dificuldades

de acesso às linhas de crédito Covid-19. Há

uma grande incerteza quanto à retoma nos próximos

dois meses: apenas 8% das empresas acredita numa

retoma da atividade com níveis superiores a 80%, até

ao final do mês de julho; 19% acredita que a essa data

poderemos ter uma retoma entre 60% a 80%; 25% antevê

uma retoma entre 40% a 60%; 23% prevê que seja

Presidente da ATP defende reforço dos apoios ao setor têxtil

entre 20% a 40% e outros 25% estimam uma retoma da

atividade inferior a 20%.

PME Mag. – Como estão as empresas do setor a reagir

a esta nova realidade? O que mudou?

M. J. M.– Conforme referi, a realidade que ainda se

vive no setor é pautada pela falta de procura e quebra

nas encomendas, sobretudo de artigos de moda e

têxteis para o lar, mas também nalguns produtos mais

técnicos, como têxteis para o setor automóvel. Esta

quebra de procura tem impacto em toda a cadeia de

abastecimento, desde as matérias primas até ao produto

final, passando pelas atividades de enobrecimento.

Se pensarmos no vestuário ou têxteis para a casa,

verificou-se uma quebra drástica no consumo deste

tipo de artigos nos últimos meses, um pouco por todo

o mundo (a maioria dos produtos fabricados em Portugal

têm como destino mercados da União Europeia) e,

apesar de estarmos a assistir a uma abertura gradual

das lojas, há uma grande incerteza e falta de confiança

quanto ao futuro, com muitas variáveis no desconhecido,

como por exemplo, a possibilidade de um novo

surto e de novas medidas restritivas e ainda o impacto

da pandemia no nível do rendimento das famílias e incerteza

quanto às suas prioridades e níveis de consumo.

Neste contexto, é ainda difícil planear e antecipar

as necessidades de produção. Face a este cenário de

incerteza, acreditamos que as marcas, nos próximos

tempos, irão privilegiar encomendas mais pequenas

e fornecedores que sejam flexíveis e capazes de uma

resposta rápida, atributos que caracterizam a indústria

têxtil e vestuário portugueses. Todavia, até ao momento,

a maioria das empresas deste setor vai ter de resistir

num cenário adverso muito difícil, para o qual será

fundamental o reforço dos apoios, nomeadamente na

componente financeira.

9


p

INVESTIMENTO

SUSTENTAR EMPRESAS, EMPREGO E RENDIMENTO:

O INTERIOR COMO FUGA PÓS-PANDEMIA

Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, SP RL

LS Advogados, SP RL

Se os novos tempos são tempos de nos reinventarmos

e arriscarmos, não poderíamos, pois, escolher melhor

tema!

Porque sem empresas, arriscamos nós, não há sociedade,

o pacote fiscal aprovado pelo executivo aposta

na atracação do tecido empresarial para o Interior

com uma taxa reduzida de IRC para PME, taxa essa

que será de 12,5% para os primeiros 25.000 euros de

matéria coletável e um incentivo ao reinvestimento dos

lucros através de uma majoração de 20% dos benefícios

previstos no regime da dedução por lucros retidos

e reinvestidos.

Note-se que para usufruir dos benefícios fiscais acima

a PME terá de:

Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, SP RL

A presente crónica, escrita em tempo de pandemia,

num contexto em que o desconfinamento é impulsionado

pelos principais atores políticos, mereceu-nos

um olhar de esperança, mas de responsabilidade.

Se na adversidade o povo português é exímio em encontrar

soluções e ultrapassar desafios, que o levaram,

desde tempos idos, a dar novos mundos ao mundo, e

o primeiro-ministro nos diz: “Com a mesma determinação

com que soubemos conter-nos em casa, temos

de fazer o esforço de sustentar empresas, emprego e

rendimento, porque sem empresas, emprego e rendimento

a economia não cresce, não vive, e a sociedade

definha. Se não foi a doença que deu cabo de nós, também

não pode ser a cura que dá cabo de nós”. O que

podem os portugueses ousar, mantendo a prudência

nestes novos tempos?

O interior, que tanto se tem falado como reduto de segurança

do “bicho mau”, afigurar-se-á também como

porta para a esperança no desenvolvimento económico?

Ora, neste contexto de pandemia, foi publicado o Guia

Fiscal do Interior, elaborado pela Secretaria de Estado

da Valorização do Interior e pela Secretaria de Estado

dos Assuntos Fiscais, com o apoio da Autoridade Tributária

e Aduaneira, que anuncia os benefícios fiscais

para as famílias, e medidas de apoio às empresas e ao

investimento muito importantes nestes territórios.

10

a) exercer a atividade e ter direção efetiva nas áreas

beneficiárias;

b) não ter salários em atraso;

c) a empresa não resultar de cisão efetuada nos dois

anos anteriores à usufruição dos benefícios;

d) a determinação do lucro tributável ser efetuada com

recurso a métodos diretos de avaliação ou no âmbito

do regime simplificado de determinação da matéria

coletável (ou seja, não poderá incorrer no regime de

ser alvo de inspeções tributárias que corrigem indiciariamente

os resultados apresentados).

Nota: Quadro Exemplificativo do impacto na redução de IRC em PME

do interior

Às medidas acima há a somar a atração de investimento

com deduções à coleta de IRC mais elevadas, através

de condições vantajosas para investimentos que

reduzam assimetrias regionais, sobretudo se aplicados

em áreas menos desenvolvidas.

O Guia Fiscal do Interior destaca ainda os investimentos

para a silvicultura, fundamentais para regenerar

e melhorar os povoamentos florestais, sobretudo em

anos pós-incêndios, como é o caso em Portugal.


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Assim, há importantes incentivos fiscais à silvicultura

que, grosso modo, dividem-se em dois grupos fundamentais:

Isenções – contribuintes estão isentos de certos

impostos, como seja o caso do IMI, IMT e Selo nas

aquisições de prédios (ou partes de prédios) rústicos

situados em áreas abrangidas por Zonas de Intervenção

Florestal e nas aquisições dos prédios rústicos

destinados à exploração florestal, desde que confinantes

com prédios submetidos a um plano de gestão

floresta;

E majorações – as despesas dos contribuintes

são majoradas, deste modo reduzindo o valor de IRC a

pagar, por exemplo com a consideração em 140%, para

efeitos de apuramento do lucro tributável em IRC e IRS,

dos gastos com contribuições financeiras dos proprietários

e produtores florestais aderentes a uma zona

de intervenção florestal destinadas ao fundo comum

constituído pela respetiva entidade gestora; operações

de defesa da floresta contra incêndios; elaboração de

planos de gestão florestal; despesas de certificação

florestal; e despesas com a mitigação/adaptação florestal

às alterações climáticas.

Uma empresa considera-se situada no Interior se exercer

atividade e tiver direção efetiva num dos territórios

elencados no Anexo da Portaria n.º 208/2017, de 13 de

julho (em que encontramos concelhos do Alto e Baixo

Alentejo; do Alentejo Central e Litoral; do Algarve; do

Alto Minho, Trás-os-Montes; do Tâmega; das Beiras;

da zona do Ave; Cávado e Douro; da Lezíria do Tejo e o

Médio Tejo; zonas da região de Aveiro; Leiria; Viseu e

Coimbra), sendo que como a medida abrange PME, estaremos

sempre a falar de empresas que empreguem

até 250 pessoas e cuja faturação não ultrapasse os 50

milhões de euros, ou o balanço total até 43 milhões de

euros.

É caso para dizer: o interior aqui tão perto, que o descubramos

e nele reinventemos com segurança uma

economia que não podemos deixar morrer!

Terminamos, pois, com o mestre Alberto Caeiro (“O

Guardador de Rebanhos”. 1.ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa:

Jan. 1925.), esperando que o texto motive o leitor

e o deixe voar, na direção da retoma da economia, afinal,

o vento passa…

«Olá, guardador de rebanhos,

Aí à beira da estrada,

Que te diz o vento que passa?»

«Que é vento, e que passa,

E que já passou antes,

E que passará depois.

E a ti o que te diz?»

11


p

INVESTIMENTO

EMPRESAS PEDEM RESPOSTA CÉLERE E

REALISTA

Ana Rita Justo

CIP e CPPME

Com uma quebra de 2,4% na economia portuguesa no primeiro trimestre e o desemprego a aproximar-se

dos níveis verificados durante o período da troika, a urgência por medidas para apoiar as empresas aumenta

a cada dia. CIP e Confederação das Micro Pequenas e Médias Empresas falam à PME sobre o caminho a

seguir.

O fantasma de uma crise tão má como a que levou à intervenção

da troika é cada vez mais real. O Governo estima

que Portugal chegue ao fim do ano com o desemprego

nos 9,6% e uma quebra no produto interno bruto

(PIB) a rondar os 7%, enquanto o número de empresas

a aderir ao lay-off simplificado já superou os 100 mil.

António Saraiva, presidente da CIP – Confederação

Empresarial de Portugal, considera que as “empresas

portuguesas têm demonstrado uma grande resiliência

nesta situação de exceção”, mas teme que isso não

seja suficiente para ‘segurar’ a economia.

“O Governo tem revelado dificuldade em responder

com a dimensão, com a agilidade e com a rapidez que

considerámos, desde o primeiro momento, que a situação

exige. Esta é uma avaliação motivada pelo contacto

direto com as empresas, através das associações

que integram a CIP, e que tem demonstrado ter total

aderência com a realidade”, sublinha o presidente da

CIP, acrescentando que há “um grande desfasamento

entre as necessidades e os montantes mobilizados”,

bem como “dificuldades na concretização dos apoios

anunciados e mesmo dos aprovados”.

Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa

das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), reconhece

que “ninguém contava com esta calamidade,

muito menos as micro e pequenas empresas”.

“Desde o primeiro momento que a CPPME afirmou que

as medidas do Governo eram minimalistas e insuficientes,

com a gravidade de se apoiarem em legislação

anterior, face a uma situação nova e desconhecida.

Veja-se por exemplo a Linha Capitalizar Covid19 com

as regras de 2018, ou o lay-off assente no Código de

Trabalho de 2017”, sublinha.

"O Governo tem revelado

dificuldade em responder com a

agilidade e com a rapidez que

considerámos, desde o primeiro

momento, que a situação exige",

diz António Saraiva

O responsável lembra que as microempresas representam

96,1% do total de empresas em Portugal (segundo

dados do INE de 2018, eram 1.278.164 as empresas em

Portugal, das quais 1.227.831 eram microempresas) e

que é preciso “tomar medidas a médio e longo prazo,

estruturantes” para fazer face a esta situação.

RETOMA COM CONFIANÇA

Nesse sentido, o presidente da CPPME dá conta da

disponibilidade da Confederação para “ajudar a construir

uma economia forte e robusta”.

António Saraiva, presidente da CIP

12

“Nesta nova fase, o Governo terá de trabalhar arduamente

com as autoridades sanitárias responsáveis no

sentido de ajudar a levantar a economia portuguesa,

dando confiança aos seus agentes económicos”, advoga.


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Tanto a CPPME como a CIP apresentaram medidas ao

Governo de apoio às empresas neste contexto de pandemia.

O presidente da CIP considera que, em primeiro

lugar, o Governo deve promover instrumentos de capitalização

das empresas, que “que possam subsistir e

manter empregos”, bem como o reforço das “linhas de

crédito disponibilizadas, que se encontram esgotadas,

mas acrescentando capacidade de resposta do sistema

financeiro e do sistema de garantia mútuo, ao mesmo

tempo que tem de reduzir a burocracia, que atingiu

um nível inaceitável”.

Na mesma linha, o presidente da CPPME defende a

eliminação de todos os “impedimentos que as micro

e pequenas empresas têm no acesso à legislação que

estabelece e regula os apoios aos empresários, nomeadamente

dívidas ao Fisco e à Segurança Social, incidentes

bancários das empresas ou dos seus titulares,

resultados e demonstrações de exercícios anteriores”.

"O Governo terá de trabalhar

arduamente com as autoridades

sanitárias responsáveis no sentido

de ajudar a levantar a economia

portuguesa", sublinha Jorge Pisco

Além disso, Jorge Pisco defende uma “medida compensatória”

que abranja um apoio aos sócios-gerentes,

bem como instituir um regime jurídico de proteção

em caso de desemprego para os sócios-gerentes.

Ambas as confederações concordam que o Estado

deve, ainda, fazer o “pagamento urgente das dívidas

às empresas, com prioridade às micro e pequenas empresas”,

advoga o presidente da CPPME.

“O Estado pode e deve dar o exemplo, cumprindo prazos

de pagamento a fornecedores, o que constitui, por

si só, um apoio à liquidez dos agentes económicos.

Pode e deve, igualmente, adaptar a fiscalidade para

que esta constitua uma resposta a esta situação de

exceção, contribuindo para a recuperação económica,

através, por exemplo, do incentivo à capitalização e da

criação de condições para a melhoria da liquidez”, refere,

por seu turno, António Saraiva.

GABINETE DE APOIO PARA MICRO E PME

Uma das medidas defendidas pela CPPME é a criação

“com a máxima urgência”, diz o presidente, de um gabinete

de apoio para as micro e pequenas empresas,

apontando que “a Segurança Social, o IAPMEI e a banca

revelam não estar à altura do momento especial”

que estamos a viver.

“As vítimas têm sido os micro, pequenos e médios empresários,

os seus trabalhadores e as suas famílias

que, batendo a estas portas, ou não são devidamente

esclarecidos dos seus direitos, mesmo que insuficien-

Jorge Pisco, presidente da CPPME

tes, ou lhes são exigidos imensos papéis e garantias”,

lamenta.

O presidente revela, ainda: “Recebemos todos os dias

dezenas e dezenas de testemunhos de todo o país, de

empresários a relatar-nos os seus esforços para continuar

com o seu negócio e as dificuldades que encontram

junto dos departamentos oficiais”.

Jorge Pisco pede, também, a criação de um “fundo de

tesouraria para as micro e pequenas empresas, à margem

da Linha Capitalizar 2018”, além da isenção temporária

de encargos fiscais e de outras despesas como

água, luz e o pagamento de rendas, com “apoio compensatório

aos proprietários dos imoveis”; a eliminação

do Pagamento por Conta em 2020 e o “reembolso célere

do IVA”.

MAIS FORMAÇÃO

Já a CIP advoga por mais investimento em formação,

revela António Saraiva: “Antes o desenvolvimento da

economia portuguesa já o exigia e essa exigência tornou-se

mais premente com o choque provocado pela

pandemia de Covid-19”.

O presidente da CIP lança, ainda, críticas à resposta da

União Europeia a este contexto.

“O tempo de resposta da UE merece crítica, porque a

morosidade tem como resultado empresas que desaparecem

e empregos que deixam de existir, mas acredito

que se conseguirá um entendimento para a criação

e um programa de resposta a esta crise. Portugal terá

de aproveitar esse apoio da melhor forma, com investimento

regrado e produtivo, para que a economia se

mantenha na rota dos ganhos de competitividade e não

perca a corrida face a quem parte mais à frente”, sublinha.

13


r

INTERNACIONAL

BRAGA É O “CORAÇÃO” DA UPHOLD

Ana Rita Justo

Uphold

A pandemia levou muitas empresas a retraírem o seu investimento, mas não a Uphold, plataforma financeira

digital norte-americana com escritórios em Braga e que mantém a intenção de chegar aos 100 colaboradores

até ao final de 2020. O CEO, J. P. Thieriot, e o CTO, Rui Marinho, explicam à PME Magazine o porquê desta

aposta no Norte de Portugal.

Portugal surge muito naturalmente no mapa de investimentos

da Uphold, uma fintech de Sillicon Valley que

lançou, em 2014, uma plataforma financeira digital

disponível em mais de 180 países e com acesso a 27

moedas nacionais, 30 moedas digitais, quatro metais

preciosos e outros produtos de poupança e crédito.

A empresa nasceu em São Francisco, Estados Unidos

da América, e conta hoje com escritórios em Nova Iorque,

Londres, Xangai e também em Braga, integrando

o ecossistema da Startup Braga e onde, revela o CEO,

J. P. Thieriot, a empresa encontrou o “coração da empresa”.

“Começámos a trabalhar com grupos de diferentes

localizações e o que reparámos é que o trabalho

vindo de Portugal era sempre melhor, chegava a

horas, dentro do budget”, afirma o responsável. A

eficiência demonstrada levou à contratação, em

2014, de Tiago Ribeiro e Rui Marinho, fundadores da

startup portuguesa Seegno, que passaram a integrar a

estrutura responsável pela Uphold em Portugal, ambos

como CTO (chief technology officers), que conta agora

com cerca de 70 trabalhadores em Braga.

“Além da nossa presença em Braga, vamos todos os

anos para o retiro da empresa no Algarve e passamos

muito tempo no Porto. Portugal tornou-se no coração

cultural e espiritual da empresa de uma forma muito

importante e não é por acaso”, advoga o CEO.

Já o CTO Rui Marinho reconhece grandes investimentos

de outros concorrentes tecnológicos em Portugal,

J.P. Thieriot criou a Uphold em 2014

mas sublinha que a grande vantagem competitiva da

Uphold para quem lá trabalha está no desenvolvimento

das competências core.

“De uma perspetiva de desenvolvimento do produto,

temos 60 pessoas em Braga”, explica o responsável

português, entre engenheiros, desenvolvimento de

produto e infraestruturas.

Até final do ano, a Uphold quer contratar mais 30

profissionais de engenharia, data scientists, product

developers e responsáveis de gestão de projetos.

“Isto está a ser feito em reposta à pandemia, para

mostrar, não apenas à comunidade local, mas a todo

o país, a forma como queremos que a empresa cresça,

juntamente com a retoma da economia portuguesa. O

momento não foi ao acaso, queríamos dar um sinal a

outras empresas de que vamos sair desta situação mais

cedo do que tarde e vamos dar o nosso melhor para que

isto aconteça”, afiança Rui Marinho.

Escritórios de Braga contam com cerca de 70 colaboradores

14

“O mercado das moedas digitais é muito entusiasmante

para quem está a ser recrutado. Como lidamos com

grandes avanços em tecnologia, isso tem um papel importante

na hora de convencer os candidatos a mudar


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

de emprego ou a candidatarem-se à nossa empresa”,

acrescenta.

A PRÓXIMA SILICON VALLEY

A aposta em Portugal dura há mais de seis anos e levou,

inclusivamente, a Uphold a adquirir uma outra startup

portuguesa no ano passado, a Scytale, uma agência de

web development. J. P. Thieriot sublinha, mais uma vez,

que esta aposta não acontece por acaso.

“A Universidade do Minho está entre as universidades

com programas de ciências computacionais mais antigos

da Europa. A presença da equipa em Portugal não

tem que ver com o facto de se ter suporte mais barato,

mas sim com inovação global e com o desenvolvimento

de tecnologia de classe mundial. Isto não acontece no

vazio, trabalharam bem na Universidade do Minho para

terem tantas mentes tecnológicas de classe mundial

nos dias de hoje”, adianta.

"O mercado das moedas

digitais é muito entusiasmante

para quem está a ser recrutado",

diz Rui Marinho

Além disso, o CEO aponta a “mais recente legislação

no que toca aos impostos” relacionados com criptomoedas,

o que faz de Portugal “uma casa muito atrativa

para esta indústria e que tem potencial para ser a

próxima Silicon Valley”.

“Há uma ligeira parte negra: a lei laboral portuguesa

não é a mais clara ou convidativa do mundo, mas em

todos os restantes aspetos – talento, regras, montar

uma legislação atrativa para o desenvolvimento e comércio

de criptomedas – fizeram um trabalho incrivelmente

bom, possivelmente melhor do que noutros

países.”

Com a equipa a ser maioritariamente da região Norte de

Portugal, com idade média de 32 anos (20% mulheres

e 80% homens), Rui Marinho diz ter uma equipa equilibrada,

a quem a Uphold consegue incutir uma “cultura

norte-americana muito forte” no que toca às regalias

para quem ali trabalha.

“Uma das regalias – que esperamos poder retomar depois

de a pandemia passar – é que oferecemos o almoço

aos nossos colaboradores todos os dias, de forma

a que possam debater ideias, não apenas de trabalho,

mas também de fora. Isso cria um sentido diferente de

grupo e de amizade e é uma das razões por que temos

tão pouca gente a deixar a empresa.”

PANDEMIA… POSITIVA?

No que toca ao mercado das moedas digitais, J. P.

Thieriot é perentório ao afirmar que a pandemia acabou

por trazer benefícios a quem trabalha no setor, em

Rui Marinho, CTO e responsável pelas operações da empresa em Portugal

detrimento de outros altamente penalizados pela

Covid-19. A perspetiva de emissão de moeda para

fazer face à crise atual poderá, segundo o próprio,

beneficiar as criptomoedas.

“Os Estados Unidos vão querer fazer melhor do que na

crise de 2008 e não vão só dar dinheiro aos bancos ou

fazer empréstimos. Será preciso imprimir dinheiro e

pô-lo nas mãos das pessoas – o que penso que será o

correto, mas isso significa que o valor das moedas irá

desvalorizar. O dólar norte-americano é relativamente

mais forte, mas comparado com as bitcoins ou ouro

físico irá perder valor, por isso, as bitcoins e o ouro físico

vão ganhar valor em relação à moeda fiduciária. É nesse

espaço que operamos, por isso, a nossa atividade,

mês após mês, continua a crescer à medida que as

pessoas se apercebem daquilo que vai acontecer e de

onde podem alocar as suas poupanças. Estamos num

negócio estranhamente favorável na conjuntura atual”,

advoga.

Já Rui Marinho diz que a empresa vê “com bons olhos

o potencial da nova Zona Livre Tecnológica”, lançada

em abril passado em Matosinhos, no âmbito do plano

do Governo e inscrito no programa Startup Portugal -

Estratégia Nacional para o Empreendedorismo.

“A Zona Livre Tecnológica pode providenciar uma

sandbox regulatória para empresas como a nossa, que

querem lançar produtos completamente diferentes

e assim têm o enquadramento legal necessário, sem

terem medo do que irá acontecer. Estamos muito

entusiasmados com o que isto irá trazer para o setor

das fintech.”

Atualmente, a Uphold conta com 2,2 milhões de utilizadores

e com um ritmo de crescimento de sete mil

novos utilizadores por dia. A expectativa é, por isso, de

chegar ao final do ano com 3,5 milhões de utilizadores.

“Estamos a mudar a forma como o dinheiro circula e

a forma como as pessoas podem aceder a coisas que

nunca tinham conseguido aceder anteriormente, na

esperança de tornar as suas vidas melhores”, acrescenta

J.P. Thieriot.

15


r

INTERNACIONAL

"JÁ PERCORREMOS MAIS DE 10 MILHÕES

DE MILHAS NÁUTICAS” - Matthieu Roger

Mariana Barros Cardoso

Transinsular

Definindo-se como o mais importante armador português de transporte marítimo de cargas, a Transinsular

faz parte do grupo ETE. Com 100% capital português, a empresa dá conta das maiores dificuldades em

tempos da Covid-19, sem esquecer o compromisso em manter os serviços operacionais e o compromisso

em chegar além-fronteiras com a sua operação em Cabo Verde. Regida por inovação, antecipação e

responsabilidade, a Transinsular já percorreu o equivalente a quase 500 voltas ao mundo.

bem como na área da logística, com capacidade de

oferecer um serviço end-to-end. Destaque, ainda, para

a área de engenharia, manutenção e reparação naval,

com dois estaleiros, um em cada uma das margens do

Tejo, uma mais-valia na manutenção das frotas de navios

e contentores da Transinsular. Por último, uma referência

à linha internacional, que tem como principal

destino Cabo Verde, sendo Portugal o maior mercado

de origem das mercadorias.

Matthieu Roger, CEO da Transinsular, empresa do Grupo ETE

PME Magazine – Como caracteriza o percurso da

Transinsular?

Matthieu Roger – A Transinsular tem um papel muito

importante na economia portuguesa, e nas regiões

autónomas da Madeira e Açores. A principal linha de

negócio é o abastecimento regular daquelas regiões,

que são dependentes do exterior, importando a maioria

dos bens de consumo, matérias-primas, entre outros e

assegurando as exportações e o transporte interilhas

e inter-regiões. A Transinsular, ao ser adquirida pelo

Grupo ETE, passou a beneficiar de um significativo

conjunto de sinergias. O Grupo ETE cresceu a partir das

atividades portuária e fluvial, que, nos anos 40 e 50,

estavam intimamente ligadas, já que a própria operação

portuária era feita ao “largo”, isto é, no meio do rio,

zona que oferecia os calados necessários para os navios

poderem carregar e descarregar. Naquela época,

para navios de determinada dimensão, não era possível

descarregar diretamente nos terminais portuários,

pelo que a operação ao largo – fluvial – continua a ser

uma atividade realizada em exclusivo pelo grupo, no rio

Tejo. O grupo foi ganhando dimensão no agenciamento

marítimo, detendo o maior agente nacional, a Navex,

16

PME Mag. – Qual foi a melhor oportunidade de expansão

da empresa?

M. R.– A Transinsular, sendo essencialmente uma empresa

nacional, terá de alguma forma o seu desempenho

ligado ao próprio país. Tivemos um período em que

o país cresceu, as regiões autónomas desenvolveram-

-se e cresceram acima do país e a Transinsular acompanhou

esse crescimento. Para o desenvolvimento das

várias infraestruturas de obras públicas nos Açores e

na Madeira, no final dos anos 90 e princípio dos anos

2000, foi fundamental a frota de navios cimenteiros da

Transinsular, auto carregadores e auto descarregadores,

que efetuaram o transporte de todo o cimento

necessário para as referidas obras. Essa terá sido uma

boa fase.

PME Mag. – Integram o Grupo ETE, com 100% capital

português. É o segredo para ser uma referência na

economia do mar?

M. R.– A origem do capital, por si só, não pode explicar

o sucesso ou sermos uma referência na economia

do mar. Essa qualidade resulta de termos clientes satisfeitos

e de sermos credíveis nas relações que estabelecemos.

Temos experiência na economia do mar,

o que nos confere uma capacidade de antecipação e

adaptação à mudança. O capital 100% português é,

apesar de tudo, muito importante, pois podermos ter

operadores nacionais nos ativos estratégicos do país,

como são os portos e a própria marinha mercante.

PME Mag. – Quantos navios compõem, atualmente,

a frota da Transinsular?

M. R.– A frota atual é composta por oito navios que

servem com frequência as regiões autónomas e Cabo


PLANETA

A CAMINHO

DE UMA

PEGADA MAIS

SUSTENTÁVEL

Pegada a pegada, o SAPO contribui para que o mundo fique mais verde

e a nova área de conteúdos Planeta, convida cada um de nós a fazer

parte desta mudança. O caminho da sustentabilidade faz-se com artigos

sobre desperdício zero, com o Reduzir, Reciclar e Reutilizar como mote

e pondo em prática dicas, sugestões e ideias simples que tornam o nosso

dia-a-dia cada vez mais verde.

.

sapo.pt/planeta


r

INTERNACIONAL

Verde, dos quais seis são próprios. Já percorremos

desde o início mais de 10 milhões de milhas náuticas, o

equivalente a quase 500 vezes a volta do mundo.

PME Mag. – As pessoas são um dos pilares fundamentais

da vossa empresa?

M. R.– As pessoas são sempre o pilar fundamental de

uma empresa. No nosso caso, os navios, as gruas, os

armazéns são ativos fundamentais, mas que qualquer

empresa pode adquirir. O mesmo não se poderá dizer

quanto às pessoas. Termos as pessoas certas, no lugar

certo, faz a diferença. Atualmente, empregamos 140

colaboradores.

"Termos as pessoas

certas, no lugar certo,

faz a diferença"

PME Mag. – Termos um dos maiores portos da Europa

faz com que seja mais fácil ter sucesso numa empresa

de transportes marítimos de cargas?

M. R.– No nosso caso diria que as mais-valias e/ou sinergias

resultam do facto de a Transinsular estar integrada

num grupo que tem uma posição muito forte no

setor portuário nacional, com presença em todos os

terminais portuários relevantes do país. Isto permite

que o armador tenha uma agilidade e capacidade de

chegar mais perto dos seus clientes. Também o facto

de determos a nossa própria operação logística de forma

integrada nos próprios terminais portuários ou com

grande proximidade dos mesmos assegura eficiência e

rapidez na resposta.

PME Mag. – Que medidas têm para promover a sustentabilidade

ambiental?

M. R.– As questões de melhoria e sustentabilidade

ambiental são uma preocupação constante na nossa

gestão e na nossa atividade diária. Há mais de dez anos

que temos adotado medidas, na sua grande maioria,

sempre alinhadas com recomendações e orientações

da IMO [n. d. r. International Maritime Organization].

Recentemente, podemos destacar a adoção do tipo

de combustível VLSFO [Very Low Sulphur Fuel Oil] para

os nossos navios, que resulta numa menor emissão de

gases poluentes.

PME Mag. – Quais foram as maiores dificuldades

encontradas neste tempo de Covid-19?

M. R.– Fazemos parte da minoria da população que

teve de se manter ativa e continuar na “linha da frente”

para que o país não parasse. Numa atividade como a

da Transinsular, que implica manter todos os serviços

operacionais - administrativos e frota de navios – foram

vários os desafios que nos foram impostos. Assegurar

o regime de teletrabalho à maioria das equipas

administrativas, manter a full-time uma resposta aos

nossos clientes, manter as tripulações dos navios a

bordo – confinadas ao mesmo espaço de circulação

- obrigou-nos a ajustar procedimentos e a definir regras

que permitissem manter a segurança de todos.

Por outro lado, conseguimos reorganizar alguns serviços

por forma a manter a frequência do abastecimento

em Cabo Verde. O novo serviço Cabo Verde Expresso,

que liga Portugal a Cabo Verde em sete dias, explica

esta resposta em tempos de Covid-19. O grupo fechou

também uma parceria com os Correios de Cabo Verde,

assegurando a expedição internacional e nacional de

carga postal por via marítima e onde a Transinsular e a

Transinsular Cabo Verde [armador local], têm um papel

ativo. Numa fase em que o sistema aéreo de alguns

países se mantém suspenso, esta foi uma parceria feliz

para cumprirmos o habitual compromisso de resposta

com aquele país.

PME Mag. – Quais são as bases para manter a empresa

reconhecida internacionalmente?

M. R.– São muitos anos neste setor e onde fazemos

apenas aquilo que sabemos. Isto deve-se não só à

passagem de know-how entre gerações, mas também

à estabilidade da gestão, permitindo manter ao longo

do tempo a confiança dos nossos clientes.

"São muitos anos neste

setor e onde fazemos

apenas aquilo que sabemos"

PME Mag. – Qual o volume de negócios global do

Grupo ETE e quantas pessoas emprega?

M. R.– Atualmente, o Grupo ETE emprega mais de 900

colaboradores e gera um volume de negócios anual

superior a 200 milhões de euros. Detém uma presença

internacional com operações próprias em cinco países

(Colômbia, Uruguai, Cabo Verde, Moçambique e Portugal),

em três continentes.

PME Mag. – O sucesso vem de?

M. R.– Inovação, antecipação e responsabilidade. Temos

o compromisso de continuar a inovar e antecipar

soluções que garantam a satisfação dos nossos clientes

que dão o seu contributo de forma sustentada ao

crescimento e economia do país.

18


b

AMBIENTE

JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

PRESERVAR O AMBIENTE NA RETOMA

Mariana Barros Cardoso

Zero e Quercus

O país começa a retomar a normalidade com o desconfinamento e torna-se urgente respeitar os limites

do planeta na retoma económica. A PME Magazine falou com Francisco Ferreira, presidente da Zero –

Associação Sistema Terrestre Sustentável, e com Paula Nunes da Silva, presidente de direção nacional da

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, para perceber de que modo é que as pequenas

e médias empresas podem ajudar a cumprir o compromisso ambiental para este e para os anos seguintes.

suaves de mobilidade, como as bicicletas, aquisição

de frota elétrica para passageiros e para transporte de

mercadorias, bem como investimentos em energias renováveis

para fornecimento de eletricidade aos edifícios

e eficiência energética das empresas.

Estes investimentos devem ser feitos com uma avaliação

do custo-benefício das medidas para a própria

empresa, para a sociedade e para os colabores, reforça

Francisco.

"As medidas têm

que ser das empresas,

mas também das autarquias",

diz Paula Nunes Silva

Paula Nunes da Silva, presidente da direção nacional da Quercus

A retoma económica e a manutenção de boas regras

de preservação do meio ambiente são preocupações

constantes. Torna-se, por isso, importante saber que

tipo de investimento é necessário para adotar medidas

mais sustentáveis a nível ambiental dentro das próprias

empresas, passando pela preservação do ambiente na

retoma da economia nos tempos atuais e pelo veículo

facilitador que esta a adoção de medidas e meios sustentáveis

pode ter na reativação das economias.

Questionada acerca das medidas que as empresas deviam

adotar para cumprir com as diretrizes europeias

no que toca às metas ambientais, Paula Nunes da Silva,

presidente da direção nacional da Quercus, diz esperar

uma resposta não só corporativa, mas também institucional

ao nível do poder local.

“As medidas têm que ser das empresas, mas também

das autarquias para se atingir a neutralidade carbónica,

que pode ser assegurada de forma prática e com alteração

do consumo dos edifícios com recurso a energias

renováveis, por exemplo”, apela.

Já Francisco Ferreira, presidente da Zero, dá-nos conta

da importância do estímulo ao uso de modos mais

Para a presidente da Quercus, a contabilização destas

medidas de sustentabilidade e investimentos em

energias renováveis revelam-se, a longo prazo, numa

poupança económica para a empresa. A responsável

concede importância às campanhas junto dos colaboradores,

apelando à poupança dos consumíveis em

escritórios e outros equipamentos das empresas, bem

como a alteração das lâmpadas para LED, a diminuição

de deslocações ou substituição de veículos utilizados

por bicicletas ou viaturas elétricas e a correta utilização

de recursos hídricos.

INVESTIR NAS PESSOAS

Para estas alterações ocorrerem nas empresas, para

a rentabilidade ambiental e até económica, é preciso

investimento para se conseguir adotar medidas mais

sustentáveis.

A presidente de direção nacional da Quercus acredita

que “parte significativa do investimento está nas

pessoas e na alteração de comportamentos que terão

investimentos mais avultados”. Contudo, Paula Nunes

da Silva acredita que, feito um plano de gestão, muitas

dessas medidas poderão compensar a médio, longo

prazo para as empresas.

Quando questionada sobre os “investimentos avultados”

a mesma diz referir-se ao “setor de construção e

19


b

AMBIENTE

reabilitação e outros investimentos relacionados com a

transição para o digital”.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) já deu

conta da possível descida de um total de 6% nas emissões

globais de dióxido de carbono devido à pandemia

causada pela Covid-19. No entanto, esta descida das

emissões globais de dióxido de carbono não é suficiente

para fazer recuar as alterações climáticas, alertou

a mesma organização. Desta forma, a preservação

do ambiente na retoma da economia é importante.

Para Francisco Ferreira, é, “sem dúvida, possível” fazer

retomar a economia nos tempos atuais, com base na

preservação do ambiente. O presidente da Zero elucida

alguns exemplos para isso, como a “aposta numa

economia de base mais local e nacional para se poder

ajudar em momentos de crise como o presente”. Neste

âmbito, lembra, por exemplo, o acesso a recursos para

a produção de material necessário para a área da saúde,

evitando assim, deslocações.

MUDAR A PENSAR NO FUTURO

No que toca às pessoas, Paula Nunes da Silva acredita

que estão preocupadas com o seu trabalho, mas também

com a mudança no mindset das empresas.

“O cidadão comum, obviamente está preocupado com

o seu trabalho, mas já existe uma preocupação em exigir

uma mudança de estratégia económica.”

Também o presidente da Zero afirma que esta mudança

“é de grande importância na preparação da sociedade

e da economia para outras crises fundamentais como

são a climática e a ambiental”.

“A experiência atual que vivemos permite compreender

as consequências que podem resultar da impreparação

para enfrentar os riscos que se colocam à sociedade

e à economia”, defende, sendo por isso “importante,

aplicar ensinamentos à gestão de outras crises que serão

muito benéficos para a sociedade”.

O presidente da Zero defende, ainda, a redução dos

níveis de consumo e o aumento da eficiência no uso

de recursos no futuro e ainda o desenvolvimento do

tecido empresarial tendo em conta novas realidades

emergentes e o reforço das sinergias para soluções

criativas.

Presidente da Zero defende

redução dos níveis de consumo

e mais eficiência no uso

dos recursos disponíveis

Muito importante também, na retoma da economia e na

preservação do meio ambiente é a promoção da economia

circular através da “reutilização e reciclagem de

resíduos, da aposta na reabilitação das cidades e vilas"

e “numa agricultura de múltiplos outputs de base local

e regional assente em circuitos curtos de distribuição”,

adianta Francisco Ferreira.

Já a Quercus alerta, ainda, para a Diretiva de Informação

Não Financeira, da Comissão Europeia, que determina

que, a partir de março de 2021, o setor financeiro

terá de reportar onde é que inclui os temas ambientais

nos seus produtos financeiros. Já em 2022, estas

empresas terão de reportar a percentagem de vendas

“verdes”, isto é, sustentáveis e se estas cumprem estes

seis objetivos: “mitigação às alterações climáticas;

adaptação às alterações climáticas; uso e proteção

dos recursos marinhos; transição para a economia circular;

prevenção e controlo de poluição; proteção dos

ecossistemas de elevado valor ecológico”.

Francisco Ferreira, presidente da Zero

20


q

RH

JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A GRANDE REVELAÇÃO

Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida

HR Consulting, responsável pela área de consultoria

Neves de Almeida HR Consulting

Passadas as semanas de confinamento, importa, em

período de progressiva retoma da atividade económica,

refletir e, acima de tudo, interiorizar a aprendizagem

que esta pandemia nos demonstrou. Se é certo que há

consequências a lamentar pelos óbitos, desemprego

e quebras no PIB mundial, outras há que deverão ser

alavancadas, como são os casos da relevância dos sistemas

nacionais de saúde; da solidariedade e colaboração

entre pessoas e nações; da enorme capacidade

do ser humano em adaptar-se, inovar e reinventar-se;

da crucial e urgente consciencialização da sustentabilidade

dos nossos sistemas económicos, assegurando

a conservação do meio ambiente, com recurso à melhor

utilização das tecnologias existentes.

Nenhum destes temas é novo, mas não há dúvida de

que esta pandemia revelou a sua inequívoca relevância

e urgência na mudança de atuação, mesmo junto

dos mais céticos. Ao nível do trabalho, as medidas de

distanciamento social forçaram-nos à disseminação

do teletrabalho, até então muito questionado face à

sua eficiência e eficácia, bem como à capacidade das

organizações e dos líderes para o gerir e monitorizar,

mantendo as equipas unidas e motivadas, trabalhando

de forma mais colaborativa.

Um estudo da Neves de Almeida HR Consulting (1) ,

junto de mais de 200 empresas a operar em território

nacional durante o mês de abril, em pleno período de

confinamento, revelou que 69% das empresas inquiridas

mantinham a atividade normal com teletrabalho

total ou parcial, demonstrando uma rápida adaptação

às circunstâncias, quando tal foi exigido (os setores

onde tais valores eram bem mais reduzidos foram os da

Hotelaria, Turismo, Desporto e Ensino, assim como a

Construção, Infraestruturas, Transportes e Logística).

Da mesma forma, mais de 90% destas organizações

revelaram um nível elevado de adaptação, da organização

e os seus colaboradores, para o trabalho à distância

e gestão de equipas remotas. Esta percentagem

rondava os 50% antes da pandemia. Adicionalmente,

cerca de 80% destas empresas assumiram que o teletrabalho

teve impacto nulo, moderadamente positivo

ou mesmo muito positivo na performance do negócio

e na produtividade dos colaboradores, indiciando nenhum

fundamento para as resistências à maior utilização

deste tipo de trabalho, alavancando os seus benefícios

(como a otimização de custos e maior qualidade

de vida). Ainda assim, tivemos relatos dos esforços

feitos na maior disseminação de equipamentos e soluções

tecnológicas que permitissem esta mobilidade

Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting

e acessibilidade em segurança, o que não é de admirar,

quando no primeiro trimestre deste ano ainda tínhamos

cerca de 40% das organizações com níveis baixos de

desenvolvimento digital.

"Cerca de 80% destas empresas

assumiram que o teletrabalho teve

impacto nulo, moderadamente

positivo ou mesmo muito positivo

na performance do negócio"

O teletrabalho foi a revelação mais óbvia e imediata

que a Covid-19 forçou e demonstrou como possível

e até vantajoso. No entanto, outras revelações foram

verificadas, nomeadamente, na mobilidade do talento

dentro da organização ou mesmo entre organizações,

bem como na aceleração da automação.

Várias empresas passaram a desenvolver atividades

que até há umas semanas não imaginariam desenvolver,

obrigando os respetivos líderes a reajustarem o

trabalho e os seus colaboradores face a uma nova pro-

21


q

RH

cura e necessidades de mercado. São exemplo disto as

empresas têxteis, que passaram a produzir máscaras e

vestuário de proteção, bem como outras do ramo automóvel,

que passaram a fabricar ventiladores. Poderia

existir melhor revelação da capacidade de adaptação

do trabalho e do talento às necessidades de mercado,

desenvolvendo a resiliência e agilidade organizacionais

necessárias em tempos de incerteza?

A capacidade de mover talento para as atividades mais

críticas, de forma rápida e eficiente, criando equipas

multidisciplinares, dispersas, mais autónomas e libertando-as

das tradicionais hierarquias e burocracias

organizacionais é essencial para reagir, em tempo útil,

aos constantes desafios e mudanças.

"A capacidade de mover talento

para as atividades mais críticas,

de forma rápida e eficiente,

criando equipas multidisciplinares,

dispersas, é essencial para reagir,

em tempo útil, aos constantes

desafios e mudanças"

Da mesma forma, permite reagir a eventuais baixas

na força de trabalho ou constrangimentos no recrutamento.

Igualmente, a capacidade de desmantelar as

funções em tarefas, permitindo perceber o que poderá

ser feito por outros e até em remoto, redistribuindo

o trabalho, permitirá lidar com inúmeras situações no

futuro.

Por outro lado, aumentar a automação é cada vez mais

mandatório, contribuindo para a credibilidade no serviço

prestado, focando o trabalho humano nas componentes

relacionais com clientes, bem como na monitorização

dos indicadores da atividade, muitas das quais

poderão ser realizadas de forma remota. Em tempos de

pandemia permitem a redução do risco de contágio e,

passado esse período, alavancar os benefícios e eficiências

do trabalho remoto com impacto positivo ou

nulo na performance e na produtividade.

Em Portugal, este conceito de mover alento já está a ser

levado ao seu nível seguinte, fazendo-se entre organizações

que, temporariamente, têm necessidades distintas,

alinhando-se na utilização do mesmo. Por exemplo,

empresas da grande distribuição já partilham pools

de talento com outras organizações, de acordo com as

necessidades. Quem recebe identifica as competências

que necessita, alinhando com quem disponibiliza questões

relacionadas com o período temporal, compensação,

seguros e benefícios associados durante esse período.

Sendo um período difícil é, sem dúvida, um momento

que coloca à prova a nossa criatividade e agilidade,

acelerando as tendências que já se vinham a verificar,

se bem que a ritmos distintos nos vários países e organizações,

no tipo de trabalho que é executado, como

executamos e como gerimos. Somos, assim, forçados a

quebrar as resistências e indecisões, adotando e adaptando-nos

a algo que mudará o panorama global do trabalho,

mesmo depois de termos a pandemia controlada,

já que nos ajudam a responder à constante volatilidade

do mercado e suas necessidades.

Assumindo-se como grande revelação, a Covid-19 está

a contribuir para nossa a resiliência, agilidade e sustentabilidade,

se soubermos ler os sinais e atuar em conformidade,

alavancando o que já temos disponível.

(1)

Estudo HR Perspectives 20/21

O teletrabalho foi a revelação mais óbvia e imediata que a Covid-19 forçou

22


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

BI

q

Pedro Montijo

Divulgação

Paulo Mestre é o diretor de

consultoria ibérica da Primavera BSS

O grupo tecnológico Primavera BSS anunciou o reforço da

unidade de consultoria – dedicada à transformação digital de

processos de negócio e à integração de sistemas de informação

– com a contratação de um diretor para o mercado ibérico. Paulo

Mestre foi o escolhido para dirigir a Primavera Consulting Ibéria,

reforçando a estratégia de proximidade ao segmento das médias

empresas, disponibilizando soluções e know-how especializados

na modernização tecnológica das empresas, sobretudo de média

e grande dimensão. Com mais de 20 anos de experiência no setor

das tecnologias, Paulo Mestre liderou vários projetos e equipas

de TI em Portugal.

Paulo Mestre liderou vários projetos de TI em Portugal

FOTOGRAFIA CORPORATIVA

PERFIL PROFISSIONAL | EVENTOS EMPRESARIAIS

912 659 442 jfa@joaofilipeaguiar.pt https://joaofilipeaguiar.pt

23


Carlos Matos é o novo 'country

manager' da Hoya Lens

A HOYA Corporation reforçou a sua

equipa com a entrada de Carlos Matos

para a estrutura da Hoya Lens Iberia,

na qualidade de country manager para

Portugal. A empresa é liderada por

Jose Fraile, diretor-geral da região.

Com este reforço, a Hoya dá por finalizada

a sua reorganização em Portugal,

iniciada em 2019, com o objetivo

de reforçar a sua aposta estratégica

no país.

Hugo Gomes da Silva na direção

médica da AstraZeneca Portugal

Hugo Gomes da Silva é o novo diretor

Médico e Regulamentar da

AstraZeneca Portugal. Com uma

vasta carreira no setor farmacêutico,

nomeadamente na área de

investigação e desenvolvimento,

Hugo Gomes da Silva trabalhou em

diferentes áreas terapêuticas, nomeadamente

doenças respiratórias,

infeciosas, oncológicas, metabólicas,

cardiovasculares, terapêutica

genética e doenças raras.

Francisco Febrero

lidera Gfi Portugal

Francisco Febrero, atual CEO da

ROFF, assumiu a liderança do grupo

Gfi em Portugal. Após esta nomeação,

Febrero passa a conciliar a função

de country manager do grupo Gfi

com a de CEO da ROFF e vice-presidente

corporativo do grupo Gfi, com

o pelouro mundial do negócio SAP

do grupo.

Rui Torgal é o novo

diretor-geral da ERA

A ERA Portugal passa a ter uma nova

função dentro da sua estrutura administrativa

com a passagem de Rui

Torgal para o cargo de diretor-geral.

A trabalhar na ERA há 18 anos,

Rui Torgal foi diretor nacional de

operações durante dez anos e, antes

disso, desempenhou as funções

de consultor de operações e diretor

regional Norte de operações.

Nelson Ferreira junta-se

à equipa da iad Portugal

Em tempo de desconfinamento, a

rede de consultores imobiliários independentes

reforça a equipa com

um elemento de peso. Nelson Ferreira

assume o cargo de responsável

de performance de rede da sede da

Iad Portugal e o objetivo continua a

ser claro: ser a maior rede imobiliária

a nível nacional.

David Gendry

lidera Seat Portugal

David Gendry está ligado à Seat

desde 2012, tendo mais de 17 anos

de experiência no mercado automóvel

e é agora o diretor-geral da

marca em Portugal. Desempenhou

várias funções na área do marketing

e vendas. O novo diretor-geral

assume a direção da marca no país,

num momento de grande adaptação

e desafios no mercado.

24


Transmissões

em Direto

Filmes

Corporativos

Cobertura

de Eventos

Vídeo

Marketing

C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,

f i q u e m a i s p e r t o d o s s e u s c l i e n t e s .

www.nortfilmes.pt


a

FIGURA DE DESTAQUE

HOUVE UMA ALTERAÇÃO

ABRUPTA NOS HÁBITOS

DAS PESSOAS EM TODAS

AS SUAS DIMENSÕES

Madalena

CascaisTomé

Madalena Cascais Tomé é CEO da SIBS desde final de 2015

26


JULHO ABRIL 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Ana Rita Justo

João Filipe Aguiar

Com mais de 10 milhões de transações por dia, a SIBS aposta num futuro em que os pagamentos são cada vez

mais invisíveis e em ajudar as empresas a melhorar ainda mais a experiência que dão aos seus consumidores.

Uma entrevista que, na verdade, foram duas à CEO da SIBS, Madalena Cascais Tomé – a primeira quando ainda

não se adivinhava a pandemia e a segunda já de olhos postos na retoma.

PME Magazine – De que forma é que as soluções

cashless da SIBS têm ajudado as empresas a reinventar-se?

Madalena Cascais Tomé – Desde logo, o passarmos

para pagamentos eletrónicos e toda esta lógica de digitalização

é algo que aporta muita eficiência às empresas.

Acreditamos que é por via dessa eletronização

e dessa digitalização que, quer as empresas, quer

também os utilizadores conseguem ter mais tempo

para aquilo que é mais importante, para se focarem nas

suas atividades, nos seus processos produtivos. Cada

vez mais, não só as soluções mais tradicionais, como

os chamados POS [n. d. r. point of sale, em português,

ponto de venda], a aceitação física de pagamentos, que

tem tido uma aceleração muito importante nos últimos

anos, tem estado a crescer a um ritmo superior do ritmo

da economia e contribui para que todos os processos

de compra, de check-out, possam ser muito agilizados.

No fundo, o que os negócios querem é vender, o que as

pessoas querem é comprar e o pagamento acaba por

ter de ser o mais invisível possível, o mais digital possível.

Temos também trabalhado muitíssimo naquilo que

é trazer toda esta realidade para o online. Acreditamos

que, sobretudo para o tecido empresarial português,

para as PME, o e-commerce é uma enorme oportunidade,

porque é passar do mercado português, que é relativamente

mais contido, para o mercado que tem uma

escala global… Temos muitos exemplos disso já em

Portugal e as nossas soluções de pagamentos digitais

para o e-commerce têm feito esse contributo. A forma

como vemos isto é muito empenhada, muito ativa e que

“Acreditamos que, sobretudo para

o tecido empresarial português,

para as PME, o e-commerce

é uma enorme oportunidade"

também acreditamos que vai muito além daquilo que

é tecnologia. Além das soluções tecnológicas, fazemos

um trabalho muito ativo no terreno com as empresas.

Estamos, por exemplo, presentes na Iniciativa

do Comércio Digital, em que temos estado a fazer um

roadshow por todo o país, no fundo, para trazer estas

soluções e muita desta aprendizagem para as nossas

PME e para os nossos empresários para garantir que

toda esta componente do pagamento e da presença

online fica muito facilitada. Queremos, de facto, ter

este papel e este contributo muito ativo para garantir

que a nossa economia é cada vez mais digital e que as

27

nossas empresas são cada vez mais produtivas e eficientes,

porque acreditamos que esse é o caminho no

futuro.

PME Mag. – Pode destacar algum caso em concreto?

M. C. T. – Isso seria, porventura, injusto. O que é importante

é, cada vez mais, haver esta dinâmica muito

mais alargada. Sabemos que, no nosso tecido empresarial,

mais de cerca de metade das empresas são

microempresas e, portanto, fazer com que todas estas

microempresas consigam dar esse salto é o que vai

dinamizar a nossa economia. Posso referir-lhe alguns

números: como disse, as compras eletrónicas estão a

crescer acima do valor da economia – têm crescido cerca

de 10% ao ano; as compras no comércio digital têm

crescido cerca de 40% ao ano. Vê-se bem esta dinâmica

e esta evolução que tem acontecido para o digital.

Acho que também é importante reforçar que as nossas

soluções, muitas vezes, vão além disso. Por exemplo,

temos áreas, que são menos conhecidas, como a produção

de cartões, em que também aí estamos a apoiar

e a desenvolver soluções inovadoras, como os cartões

de fidelização. Ou seja, cada vez mais garantindo que

estas empresas conseguem ter ferramentas de diferenciação

no seu posicionamento no mercado.

PME Mag. – Conseguiram tornar o Web Summit

cashless, que outros exemplos como este pode dar?

M. C. T. – Uma das áreas que tem sido muito interessante

trabalhar tem sido toda a lógica dos festivais e

dos eventos. De facto, é uma área em que cada vez

mais as pessoas querem estar descontraídas a usufruir

da experiência. Ter esta lógica cashless tem sido

muito importante. Temos trabalhado com diversas organizações,

desde festivais de música, até feiras mais

regionais e locais no sentido de garantir que durante

o evento as pessoas não têm de manusear cash, têm,

sim, de usufruir da experiência, fazer cada vez mais o

seu convívio e a utilização, quer da parte mais de food

and beverages [comida e bebida], quer também de outras

áreas de merchandising que possam utilizar. Temos

algo que é muito interessante que é um beer point, para

utilizar ou para beber uma cerveja, ou, por exemplo, tirar

um café – cada vez mais podemos fazê-lo só com o

nosso telemóvel, não precisamos de ter toda a logística

de ter moedas, que é sempre um grande inconveniente.

E começamos também a trabalhar naquilo que eu acredito

que é o futuro dos pagamentos que são os pagamentos

invisíveis. Todas as experiências que existem lá

fora, nós já estamos também a pilotar com algumas en-

27


a

FIGURA DE DESTAQUE

tidades em Portugal no sentido de garantir que, mesmo

em retalhistas, grandes superfícies, pontos de venda, é

cada vez mais possível fazer a compra sem ter de fazer

o pagamento e, portanto, cada vez mais o futuro será a

invisibilidade do pagamento, porque as pessoas querem

comprar, não querem pagar.

CEO venceu prémio “Best Digital Leader” em 2019

“SEGURANÇA PRIMEIRO”

PME Mag. – A segurança é muito importante neste

tipo de pagamentos. É assim que surge o serviço antifraude

Paywatch?

M. C. T. – Sim, toda a filosofia da SIBS é uma filosofia

“Security by Design”, todas as nossas soluções – e isso

é algo que nos caracteriza e nos diferencia e que tem

contribuído para termos os níveis de segurança que temos,

que são destacados a nível europeu – é que todas

as soluções que fazemos começam e pensam na segurança

em primeiro plano. Todo o paradigma de pagamento

está a passar de uma lógica de autorização para

uma lógica de autenticação. Eu não autorizo a transação,

eu mostro que sou e isso permite-me fazer um

conjunto de operações e um conjunto de pagamentos.

Não só do ponto de vista do Paywatch, dos serviços antifraude

que temos 24 sobre 7 e que estão em permanência

a olhar para todo o ecossistema de pagamentos

em Portugal e nos mercados onde estamos presentes

para atuar sobre esse tema, mas também todas as soluções

tecnológicas caminham cada vez mais para uma

autenticação a que chamamos forte, muito assente em

biometria, muito assente em conceitos de tokenização,

para que se atue, não só no início do pagamento, com a

tal autenticação, mas depois durante todo o processo,

e aí, sim, entram também os processos da Paywatch e

toda esta vigilância que fazemos 24 sobre 7 e toda esta

atuação que fazemos em permanência de forma invisível

e que está lá todo o tempo.

28

PME Mag. – Que balanço faz do programa SIBS

Payforward?

M. C. T. – Tem sido extremamente positivo e aqui se

calhar destacaria duas vertentes, desde logo o ecossistema

e a dinamização de soluções novas e, de facto,

têm surgido imensas ideias interessantes. Ao longo das

três edições do programa, tivemos mais de 150 startups

a participar, muitas delas internacionais, mais de 70%

destas startups são internacionais e isso tem alimentado

uma dinâmica de soluções e de conceitos, de provas

e de experiências muito interessante. Mas, também, o

próprio trabalho em conjunto da equipa da SIBS com

estas equipas de startups que têm, muitas vezes, uma

dinâmica diferente. Tem sido muito enriquecedor, quer

da nossa perspetiva, quer na perspetiva destas startups.

Edição após edição, temos tido cada vez mais

candidaturas e uma das coisas que tem sido realçada

pelas startups participantes tem sido a enorme aprendizagem

que têm tido com as pessoas da SIBS e a

enorme partilha de experiências. Isto tem gerado um

networking muito interessante, que até subsiste após a

edição do programa. Tem sido, de facto, muito, muito

interessante.

PME Mag. – Quantas empresas já beneficiam dos

instant payments?

M. C. T. – Neste momento – e isso é algo que vale a

pena destacar no mercado português – temos uma

percentagem de cobertura de instant payments quase

próxima dos 100% das contas empresariais. É algo

bastante único no contexto europeu. A plataforma de

instant payments que foi desenvolvida pela SIBS tem

uma abrangência enorme. Estamos, neste momento, a

operar na interoperabilidade desta mesma plataforma

para chegar aos outros mercados, mas tem tido uma

abrangência única, ímpar no contexto europeu. Quer

do ponto de vista de instant payments, quer do ponto

de vista de open banking, temos sido pioneiros na forma

como introduzimos estas soluções no mercado e na

abrangência que estas soluções têm.

“Temos uma cobertura de instant

payments quase próxima dos 100%

das contas empresariais"

PME Mag. – Que papel tem o SIBS Analytics na perceção

dos hábitos de consumo dos portugueses?

M. C. T. – Desde logo, é uma ferramenta útil em diversas

dimensões, é muito uma aprendizagem de utilização.

Foi essa, também, a nossa visão, ao lançar o

SIBS Analytics, pôr no mercado e disponível, quer para

as PME, empresas de várias dimensões, quer também

para a academia, um conjunto de dados que são importantes

para caracterizar a nossa economia e a nossa

atividade económica. Tem sido um crescendo de procura

nessa matéria. Também temos apoiado as empresas

nalgumas análises mais específicas relativas

ao seu setor e relativas à sua própria atividade, mas,

na prática, o que eu aconselharia ou recomendaria é

muito uma lógica de teste e de experimentação, porque

a informação é muito rica e pode ser muito útil para

as empresas, sobretudo para se situarem no seu setor

de atividade, naquilo que, no fundo, tem sido o perfil


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

de utilização entre nacionais e estrangeiros. Há uma

panorâmica muito interessante, com uma atualidade

muito grande sobre estes dados, porque, na prática, os

dados estão disponíveis relativamente ao mês anterior

e isso é uma atualidade muito importante para se perceber,

de forma muito rápida, como é que estão a evoluir

os principais indicadores de consumo.

“ADAPTAÇÃO É FUNDAMENTAL”

PME Mag. – O que é que as empresas precisam de ter

em conta hoje para vingarem?

M. C. T. – Diria que a tecnologia – e essa é a grande

revolução, o grande contexto de revolução que vivemos

é muito rápido, muito acessível, muito dinâmico.

Portanto, a capacidade de adaptação é fundamental.

Os temas de tecnologia são, obviamente, muito importantes

e, hoje, a tecnologia está disponível de uma

forma muito acessível, muito fácil. E depois, toda esta

capacidade de adaptação. Quer, por um lado, garantir

a eficiência, isso é o fundamental para a competição e

para a competitividade da empresa, mas também, sobretudo,

apostar nos seus fatores de diferenciação que

são cada vez mais importantes.

PME Mag. – Qual a previsão de transações para

2020?

M. C. T. – Nós terminámos o ano de 2019 com 3,8 mil

milhões de transações, só para ter uma ideia isto representa

cerca de 10 milhões de transações por dia,

quando em 2018 tínhamos tido 8,9. Portanto, na prática,

temos mais um milhão de transações por dia, o

que significa um crescimento de cerca de 10%. Como

lhe dizia, esta digitalização manifesta-se e está a manifestar-se

também nestes indicadores. Acreditamos

que esta tendência de crescimento se vai manter. Aqui

também é muito importante a nossa presença nos mercados

internacionais e também destacaria a presença

na Polónia, em que estamos com um crescimento ainda

mais acelerado, porque há uma lógica de incentivos

públicos à digitalização, nomeadamente através

da constituição daquilo que é o fundo chassless e aí os

nossos crescimentos estão a ser acelerados, na ordem

dos 40%. É, de facto, um mercado onde o crescimento

ainda será mais acelerado, mais dinâmico e onde, até

por via da aquisição que fizemos de um player polaco

estamos no top 3 do crescimento no mercado. Estamos

a dar um contributo muito importante para este crescimento

e para esta digitalização.

PME Mag. – Qual é exatamente a estratégia de internacionalização

da SIBS

M. C. T. – A nossa aposta é crescer nos mercados em

que estamos presentes e sedimentar essa posição aí

e, com esse entorno, continuar a crescer no contexto

europeu, porque estamos num mercado altamente

dinâmico e competitivo, de crescimento acelerado. A

SIBS é um dos top players europeus de pagamentos e

queremos, por via também deste crescimento, manter-

-nos nessa posição de liderança no contexto europeu.

No mercado da Polónia, continuamos com este crescimento

orgânico acelerado, na ordem dos 40%, como

lhe referi, e também continuamos ativamente à procura

de outras oportunidades de crescimento inorgânico.

Nos mercados em vias de desenvolvimento em que estamos

presentes, nomeadamente nos mercados africanos,

continuamos a fazer uma aposta também muito

grande no desenvolvimento dessas economias. No último

ano, processaram, através das nossas soluções,

através da nossa tecnologia, cerca de dois mil milhões

de transações. Mercados que, quando nós começámos

SIBS processou 3,8 mil milhões de transações no ano passado

29


a Figura de destaque

a trabalhar, eram muito incipientes do ponto de vista de

aceitação eletrónica, e estamos também a levar para

estes mercados toda a lógica das wallets digitais e dos

pagamentos móveis, aí também dando um contributo

muito importante para essa digitalização e também, por

esta via de internacionalização, queremos continuar a

levar a tecnologia portuguesa e a mostrar a tecnologia

portuguesa, que é distintiva e no caso dos pagamentos

é muitíssimo distintiva no contexto europeu.

Empresa portuguesa criou MB Way para facilitar pequenos pagamentos

“MB WAY FACILITOU PEQUENOS

PAGAMENTOS”

PME Mag. – De que forma o MB Way alterou os hábitos

de consumo dos portugueses?

M. C. T. – O MB Way, uma das coisas que tem facilitado

são os pequenos pagamentos. Cerca de 60%

das transferências são abaixo dos 20 euros, que tipicamente

eram transferências que se calhar eram feitas

em dinheiro e, isso sim, é um indicador muito positivo,

mais uma vez, desta alteração de comportamentos

para uma lógica muito mais digital. Temos cerca de 1,2

milhões de compras físicas por mês com o MB Way*, o

que significa que há uma alteração de hábito, há pessoas

que já não utilizam a carteira no seu dia-a-dia,

que apenas com o seu telemóvel conseguem fazer a

maior parte da sua utilização, incluindo as compras físicas.

Utilizar também o multibanco, que hoje é possível

só com o telemóvel fazer todas as operações. No

final do ano, quisemos também trazer o “Ser Solidário”

para o MB Way, porque acreditamos que a tecnologia

só faz sentido se puder estar ao serviço das pessoas e

da comunidade. Queremos também continuar a apoiar

e a facilitar os pequenos donativos para as instituições

que fazem parte deste serviço.

PME Mag. – Para quando a internacionalização do

MB Way?

M. C. T. – Anunciámos, no ano passado, que somos

30

pioneiros e somos membros fundadores de uma associação

internacional de pagamentos e de soluções de

pagamentos digitais. Portanto, é um caminho que estamos

a fazer por essa via e é algo em que estamos a

trabalhar. Este ano já, por exemplo, tivemos a inclusão

dos números internacionais no MB Way, o que já é um

passo nesse sentido, complementando a nossa base

de utilizadores e possibilitando que, cada vez mais, os

estrangeiros que estão em Portugal, ou os portugueses

que estão no estrangeiro com um número

internacional possam também utilizar o

serviço. Eu diria que para breve…

PME Mag. –A SIBS vence o Melhor Projeto

de Transformação Digital 2019.

Como é que se chega até aqui?

M. C. T. – É um enorme orgulho, sobretudo

em nome desta equipa, recebermos

11 prémios de sete entidades diferentes,

desde júris constituídos por personalidades

até eleições dos utilizadores. Acho

que tem sido um enorme trabalho em

equipa. Lá está, nessa diversidade entre a

SIBS mais tradicional, ou as competências

core que tínhamos, e depois todas estas

novas competências que também tivemos

de trazer e com as quais tivemos de completar

a equipa, nomeadamente todas as

lógicas de inteligência artificial, de analytics,

de digitalização, com muito foco e

com muito esforço, com muito empenho,

porque já vínhamos de uma realidade com enorme inovação.

Quer dizer, tínhamos produtos, como o MB Net,

que foram lançados para o online há 18 anos e sobre

isso também continuamos a inovar, muitas vezes, não

só no lançamento de novos produtos, mas no fundo

reconfigurando produtos que já tínhamos, sempre com

uma enorme consciência de se fazer muito bem o nosso

core, porque na prática processamos os tais 3,8 mil

milhões de transações a todo o momento e isso é algo

que exige uma grande responsabilidade e uma grande

atenção, mas conseguindo lançar estas novas soluções

com uma enorme persistência e também com

muita atenção à forma como podemos ter impacto na

vida das pessoas, como é que estas soluções tecnológicas

vão além da tecnologia e conseguem trazer valor,

libertar tempo, trazer conveniência no dia-a-dia das

pessoas. É o exemplo do MB Way, é o exemplo da SIBS

Analytics, é o exemplo dos Instant Payments no caso

das empresas, tem sido muito essa a lógica, tem sido

muito esse o foco.

PME Mag. – Se acontecesse uma crise como a de

2008 a SIBS estaria preparada para a enfrentar?

M. C. T. – Sim, sem dúvida.

PME Mag. – Como vê a SIBS daqui a cinco anos?

M. C. T. – Desde logo, espero lançarmos nos próximos

cinco anos os mesmos 60 novos produtos que lançámos

agora. Continuo a ver a SIBS com esta dinâmica


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A SIBS NA ERA PÓS-COVID

MB Way conta já com 2,4 milhões de utilizadores

de inovação enorme, com este contributo muito ativo

naquilo que é a digitalização dos pagamentos em Portugal,

com este empenho também em ser uma bandeira

da tecnologia portuguesa nos mercados onde estamos

presentes, a continuar a ser um player relevante

no contexto europeu, com o crescimento desta grande

equipa. Hoje, somos quase cerca de mil pessoas e

acho que temos de crescer não só em dimensão, mas

sobretudo em talentos, em desenvolver os talentos

que temos dentro de casa. E a contribuir para que os

pagamentos sejam cada vez mais invisíveis, para que

o sistema de pagamentos nacional continue a ser uma

referência a nível internacional e para que cada vez

mais as pessoas possam ter apenas o seu smartphone

ou o device que escolham para fazer os seus pagamentos

– aliás, para comprar, que se esqueçam quase da

componente do pagamento.

PME Mag. – Como concilia a sua vida pessoal e profissional?

M. C. T. – Como em tudo, é um tema de organização.

Temos de fazer as nossas escolhas, essa é a primeira

questão que é preciso ter presente. É algo que sempre

fiz ao longo da minha carreira e, obviamente, é algo

que também é muito enriquecedor, porque a componente

pessoal é uma inspiração grande para aquilo que

fazemos e que trazemos no dia-a-dia na nossa vida

profissional e vice-versa.

PME Mag. – Desde que foi decretado o confinamento,

o que é que mudou?

M. C. T. – O mundo mudou muito, não só na SIBS,

mas em geral. Todos nós estamos a viver uma época

sem precedentes, a forma como trabalhamos, como

convivemos, como nos entretemos está a mudar completamente.

A SIBS, até antes da declaração do estado

de emergência, acionou um plano de contingência

– tínhamos já um plano de continuidade de negócio

bastante exaustivo, fruto do que é a nossa atividade

como infraestrutura e como empresa tecnológica de

referência. Ativámos o plano de contingência e estamos,

maioritariamente, em teletrabalho, sendo que as

equipas críticas estão ainda no local. Agora, o que verdadeiramente

mudou são também os desafios que se

colocam à nossa atividade, acelerando aquilo que era

uma tendência que já vinha de trás que é a crescente

digitalização e eletronização dos pagamentos. Se há

algo que é marcante neste momento, é uma alteração

abrupta naquilo que são os hábitos das pessoas em

todas as suas dimensões, mas também na forma como

compram, pagam, como, no fundo, satisfazem as suas

necessidades do dia-a-dia. Isto, se alguma coisa vem

trazer à SIBS é acelerar os seus desafios de digitalização

e também demonstrar a importância de uma empresa

tecnológica portuguesa, de base portuguesa.

Porque também se há algo que este momento trouxe

de novo, além dos hábitos das pessoas, das empresas,

é uma descontinuidade naquilo que era um processo

de globalização. Cada vez mais – e este momento

vem mostrar isto – é muito importante a capacidade

de autonomia dos países e dos mercados nas suas infraestruturas

críticas e, obviamente, a infraestrutura

de pagamentos e a atividade e a tecnologia que a SIBS

disponibiliza são críticos e temos tido o foco de estar

à altura de responder a este desafio, contribuindo de

forma muito ativa em tudo aquilo que são as nossas

áreas de intervenção para minimizar o impacto que esta

pandemia está a ter na vida dos portugueses, das empresas

e dos indivíduos e contribuir também de forma

ativa para mitigar a sua propagação, nomeadamente

através das soluções digitais que disponibilizamos.

PME Mag. – Quantos trabalhadores têm em teletrabalho

e presencialmente?

M. C. T. – Temos cerca de 700 trabalhadores em teletrabalho

e cerca de 300 que estão on premises, mas

obviamente também a trabalhar de uma forma diferente.

Todas as equipas que estão de forma incansável a

assegurar estas infraestruturas críticas e que precisam

de o fazer no local estão a trabalhar numa lógica de

espelho e em turnos não simultâneos, também tirando

partido das nossas infraestruturas segregadas, exatamente

para assegurar o máximo de resiliência e para

estarmos, como sempre, em permanência, 24 sobre

7. A SIBS é uma empresa, nessa medida, resiliente. A

nossa preocupação é, desde logo, a saúde dos nossos

31


a FIGURA DE DESTAQUE

SIBS conta já com cerca de mil colaboradores

colaboradores, mas também do ponto de vista daquilo

que é a sua atividade e o trabalho desses nossos colaboradores

e obviamente o foco operacional. A SIBS

é uma empresa robusta, a sua atividade também tem

sido impactada, mas temos, ainda assim, um nível de

atividade que nos permitiu não recorrer ao lay-off.

PME Mag. – De que forma é que esta pandemia impactou

o negócio da SIBS?

M. C. T. – Acho que separaria aqui em vários momentos:

é óbvio que a atividade da SIBS, sendo tão central

no dia-a-dia dos portugueses e das pessoas, está a

ser impactada naquilo que é esta grande alteração de

hábitos de consumo. Num primeiro momento, quando

foi declarado o estado de emergência, houve uma alteração

bastante dramática e um impacto significativo

na principal atividade da SIBS, fruto também do confinamento

que foi decretado com esse estado de emergência.

Aí, fruto desse confinamento e da alteração

dos hábitos de consumo dos portugueses, tivemos um

impacto bastante significativo na atividade. Estamos

a divulgar semanalmente os números também relacionados

com os indicadores de consumo, através do

SIBS Analytics e isso foi bastante visível. A frequência

com que os portugueses compravam decresceu

em 50% e isso também se traduz na nossa atividade.

Mais recentemente, nesta etapa de desconfinamento,

tem-se verificado já uma recuperação desta atividade,

ainda que estejamos com uma quebra de cerca

de 30% na atividade de compra. Também há aqui um

efeito positivo de estímulo à nossa atividade, até mais

do ponto de vista de inovação e de desenvolvimento,

que é o facto de, ao mesmo tempo que se assiste a esta

tendência e a este decréscimo de frequência de compras,

há uma aceleração significativa da digitalização

e uma adoção crescente dos meios de pagamento

eletrónicos. Nesse contexto, é com bastante orgulho

que contribuímos com o MB Way, que é das formas de

pagar mais recomendadas no contexto desta pandemia,

porque é uma forma de pagamento sem contacto.

O MB Way tem, neste momento, mais de 2,4 milhões

de utilizadores e cerca de sete milhões de transações

por mês e tem crescido significativamente no contexto

desta pandemia. Também do lado da transformação

e da nossa atividade mais perto dos nossos parceiros

32

e mais perto das empresas, o que se assiste é a uma

maior digitalização nessa perspetiva. Vemos que houve

setores que foram muitíssimo impactados neste

contexto de confinamento, houve uma concentração

grande de consumo dos portugueses nos setores mais

essenciais – o retalho alimentar, os supermercados, os

hipermercados, as mercearias, as farmácias e as parafarmácias,

que passaram a ter um peso de cerca de

duas em cada três compras dos portugueses. Começa-se

já a ver alguma dispersão e a retoma de alguns

outros setores, mas, sobretudo, o que se assistiu foi

também do lado das empresas a uma transformação

grande para os métodos e os modelos não presenciais,

para o e-commerce e, também nessa medida, a SIBS,

através das suas soluções digitais, está a ter um crescimento,

uma aceleração na adoção dessas soluções,

podendo contribuir para a transição destas empresas

para o digital, que neste contexto tiveram de o fazer de

forma bastante mais acelerada e mais abrupta. Obviamente,

os impactos são, no conjunto da atividade, em

termos de volume, negativos, mas os novos desafios

que trouxeram estão, por outro lado, a ser um estímulo

para desenvolver todas as áreas de digitalização que

são agora a nossa grande aposta de inovação e também

outras áreas em que queremos contribuir do ponto

de vista da solidariedade e de impacto para a sociedade.

Posso referir que a nossa fábrica de cartões está a

produzir viseiras – há aqui também a alteração de algumas

atividades no sentido de podermos contribuir

para aquilo que este momento exige.

PME Mag. – Que medidas tomaram para fazerem a

retoma em segurança?

M. C. T. – Desde logo, as formas de trabalhar vão

adaptar-se de uma forma absolutamente nova. Esta

retoma será feita de uma forma progressiva, mas também

é verdade que estas várias semanas que estivemos

em teletrabalho, ou que uma grande parte das nossas

equipas estiveram em teletrabalho estão a fazer-nos

repensar algumas das formas como trabalhamos e com

que nos organizamos, sobretudo entre as equipas em

várias geografias. Estamos a preparar o regresso dessas

equipas que estão em teletrabalho, vamos fazê-lo

de uma forma faseada, seguindo as recomendações

das autoridades de saúde, fortalecendo e reforçando


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

as medidas de higienização e também de prevenção e

de educação dessa higienização, todos os cuidados de

monitoria térmica e de saúde que terão de ser feitos,

garantir o escalonamento das equipas… Vamos continuar

a fazer este regresso de uma forma faseada, por

turnos não simultâneos e garantindo que há os devidos

cuidados e ressalvas do trabalho em espelho nas atividades

críticas. Estamos, inclusivamente, a duplicar as

instalações das nossas equipas críticas, também para

reforçar essa simultaneidade e, no fundo, estas são as

principais medidas, sempre a par e passo com aquilo

que são as recomendações das autoridades de saúde.

PME Mag. – E agora, como vê o futuro da SIBS?

M. C. T. – A grande incógnita não será o futuro da

SIBS, mas como é que será a retoma da nossa economia.

Há várias versões, algumas até equiparadas com

letras, acho que todos já temos a consciência de que

isto não será uma recuperação em V, não é uma crise

com recuperação rápida. A nossa grande questão é

se isto será uma recuperação mais em U, uma recuperação

mais rápida, ou mais em L, mais progressiva,

ou eventualmente se não teremos aqui uma recidiva e

um novo surto deste vírus e isso provavelmente seria

o cenário mais dramático – não para a SIBS, mas para

a economia como um todo. Independentemente deste

contexto, há algo que é muito promissor na nossa

atividade: o facto de estarmos nesta crescente digitalização

é uma transformação sem precedentes, mas é

uma transformação que, tendo sido acelerada por um

evento conjuntural terá, com certeza, um impacto estrutural.

Portanto, acreditamos e vamos continuar a

contribuir de forma bastante ativa para a digitalização

dos portugueses e também dos outros mercados em

que estamos presentes. Estamos a continuar as nossas

atividades de investimento e de investigação e desenvolvimento

exatamente nesse sentido. Portanto, o

futuro para a SIBS será promissor, obviamente empenhado

em poder acompanhar, apoiar e contribuir para

a recuperação da economia, dos agentes económicos,

dos indivíduos, porque também assumimos como nossa

essa missão, conseguindo introduzir formas de pagamento

que acabam por ser uma interação social tão

importante neste contexto, eficientes, convenientes,

seguras e práticas. Também é importante reforçar que

todo o paradigma de processos produtivos está a ser

alterado e está a vir ao de cima também a importância

das atividades locais e o foco dessas atividades, porque

estamos a ter uma reformulação gigantesca nos

processos produtivos e nas dependências que existiam

entre o país e entre os mercados.

*Notas: a primeira entrevista realizou-se a 15 de janeiro de 2020 e a última

a 22 de maio de 2020. Dados de compras físicas com MB Way atualizados

segundo a entrevista de 22 de maio de 2020

Madalena Cascais Tomé é licenciada em Matemática Aplicada

Madalena

Cascais Tomé

Madalena Cascais Tomé é presidente da comissão executiva da SIBS desde o final de abril de 2015. Foi diretora

de Operações Comerciais da Portugal Telecom, e também diretora de Canais Remotos, Online e Novos

Canais para o segmento PME. Antes de integrar a PT, assumiu funções de chefe de projeto da McKinsey &

Company, com enfoque nas indústrias de banca, seguros, telecomunicações e distribuição e foi consultora de

referência a nível europeu para Retail Banking e Marketing Estratégico.

Madalena Cascais Tomé é licenciada em Matemática Aplicada pelo ISEG, pós-graduada em Estudos de Mercado

e CRM pela Universidade Nova de Lisboa e tem ainda a certificação IDP-C (International Directors Program)

pelo INSEAD. No final de 2019, foi distinguida nos “Portugal Digital Awards” como “Best Digital Leader”.

Sob a sua égide, a SIBS foi distinguida pelos IRG Awards, promovidos pela consultora Deloitte, como o “Melhor

Projeto de Transformação Digital 2019”, pela abrangência e resultados alcançados.

33


i

RESPONSABILIDADE SOCIAL

CRIAR VALOR PARA AS NOSSAS PESSOAS E PARA A

SOCIEDADE ATRAVÉS DE UM NEGÓCIO RESPONSÁVEL

Cristina Campos, presidente do Grupo Novartis Portugal

Grupo Novartis Portugal

empresas procurarem a ‘validação’ da sociedade provando,

através das suas ações, que colocam as pessoas

acima dos lucros, afirmando-se verdadeiramente

como um cidadão corporativo que contribui para um

bem maior.

Cristina Campos, presidente do Grupo Novartis Portugal

A Novartis tem a aspiração de ser líder em temas ambientais,

sociais e de governance e de construir confiança

com a sociedade, que é, aliás, uma das nossas

principais prioridades estratégicas. Centramos a nossa

atuação em quatro áreas principais, críticas para a

nossa estratégia e contribuição para um mundo melhor:

fazer parte da solução no acesso a medicamentos,

conduzir a nossa atuação de acordo com os mais elevados

padrões éticos, ajudar a combater os desafios

da saúde global e ser um cidadão responsável.

A missão da Novartis é, aliás, inerentemente social:

reimaginar a medicina para melhorar e prolongar a vida

das pessoas. Desenvolvemos terapêuticas inovadoras

e pretendemos fazê-las chegar ao maior número

possível de pessoas. Nos últimos 20 anos, a Novartis

evoluiu consideravelmente na sua abordagem à responsabilidade

corporativa, para além das iniciativas

filantrópicas, de forma a integrar o acesso nas nossas

atividades de negócio. Empenhados em integrar sistematicamente

estratégias de acesso na forma como

investigamos, desenvolvemos e disponibilizamos os

nossos medicamentos em todo o mundo, queremos ser

transparentes na forma como partilhamos os sucessos,

os desafios e as aprendizagens.

O contexto atual, com o mundo a enfrentar uma pandemia

nunca vista, é, sem dúvida, um desafio para a

sociedade e para o setor empresarial, mas também

o devemos encarar como uma oportunidade para as

34

A nossa contribuição em Portugal tem-se centrado em

garantir que os nossos esforços e recursos contribuem

para dar resposta às reais necessidades sentidas no

terreno, quer no reforço das infraestruturas de saúde,

quer na proteção dos profissionais de saúde que

se encontram mais expostos, na linha da frente deste

combate e que são essenciais para cuidarem não só

dos doentes de Covid-19, mas de todos os outros. No

total, a Novartis já doou 375 mil euros para o combate à

pandemia em Portugal. Apoios estes que se enquadram

no “Covid-19 Response Fund”, um fundo internacional

criado pela empresa para apoiar as comunidades mais

afetadas, no valor de 20 milhões de dólares.

Aliámo-nos à plataforma “Todos por quem cuida”, uma

iniciativa conjunta entre a APIFARMA, a Ordem dos

Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos com um donativo

de 215 mil euros para combate à Covid-19; ao

movimento Tech4Covid19 com um donativo de 135 mil

euros para comprar material de proteção individual

para profissionais de saúde e, mais recentemente, à

Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa com

um donativo de 25 mil euros para, através do seu Departamento

de Microbiologia e Imunologia, poder disponibilizar

às instituições de saúde recursos técnicos e

científicos para o diagnóstico do vírus através do rastreio

do SARS-Cov-2.

Novartis tem-se aliado a várias iniciativas de combate à Covid-19


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Sentimos, institucionalmente e individualmente, um

apelo urgente de poder contribuir para melhorar a comunidade

onde nos inserimos, não só neste contexto

de pandemia, mas no nosso dia-a-dia. As nossas equipas

têm sempre muita vontade de ajudar e, por isso,

trabalhar o voluntariado junto das nossas pessoas tem

sido um compromisso assumido pela Novartis que, há

mais de 20 anos, organiza o Dia da Comunidade que

decorre em 58 países, incluindo Portugal, e que pretende

apoiar a população carenciada das regiões onde

a empresa está inserida. Cerca de 24 mil colaboradores

em todo o mundo dão apoio a instituições sem fins

lucrativos, representando um total de 200 mil horas ao

serviço da comunidade. Em Portugal os nossos colaboradores

aderem massivamente a este apelo e, entretanto,

o dia já se transformou também em “Noite da

Comunidade” e continuamos a fazer crescer o projeto

com várias oportunidades para os colaboradores darem

também um pouco de si à comunidade.

“A Novartis já doou 375 mil euros

para o combate à pandemia em

Portugal"

Por último, mas talvez o mais importante, é necessário

reforçar que o que faz o sucesso de uma empresa é a

sua cultura e as suas pessoas. As nossas pessoas são

a nossa prioridade sempre. E, neste contexto de pandemia,

com riscos de saúde associados e com a organização

toda a trabalhar remotamente, a nossa prioridade

foi e continua a ser garantir a saúde e segurança

das nossas pessoas, ajudando-as a manterem-se com

energia e inspiradas a contribuir para a nossa missão.

Para as incentivar a sentirem-se mais saudáveis

e conscientes da sua performance e energia, disponibilizámos

a todos os colaboradores a “Tignum X app”

com acesso grátis a um membro da família e oferta de

50 sessões de coaching virtuais. A equipa de colaboradores

- “Energized for Life” - apoia também com ideias

e iniciativas que nos permitem trabalhar remotamente

Grupo conta com cerca de 24 mil trabalhadores em todo o mundo

com sucesso, partilhando com frequência nos nossos

canais internos de comunicação muitas dicas sobre a

gestão do trabalho remoto, disponibilização de aulas

de ginástica e mindfullness e incentivando a que os colaboradores

partilhem experiências uns com os outros,

fomentando o espírito de comunidade.

A nossa oferta formativa, nomeadamente online, era já

muito vasta, mas também a reforçámos, por exemplo, o

acesso grátis ao Coursera e extensível às famílias. Também

temos disponível o Linkedin learning, entre outras

formações que o nosso learning hub permite realizar.

“O que faz o sucesso de uma

empresa é a sua cultura e as suas

pessoas. As nossas pessoas são

a nossa prioridade sempre"

Investimos muito do nosso tempo de confinamento a

reforçar as nossas competências e a evoluir a nossa

cultura empresarial, muito focada no empoderamento,

inspiração e curiosidade e na liderança de serviço, focada

na remoção de obstáculos. A experiência que estamos

a viver enquanto organização motiva-nos também

a pensar na nossa Employee Journey, ajustando-a

de forma customizada, informada e inclusiva, permitindo

a flexibilidade que sempre caracterizou a Novartis e

adaptando-a a novos modelos de trabalho assíncrono

que valorizem a colaboração e que permitam um maior

equilíbrio entre a vida profissional e familiar.

No final deste grande desafio para a sociedade global,

estou certa de que sairemos com a convicção ainda

mais reforçada de que são as pessoas que fazem a diferença.

Vamos continuar a apostar nelas.

35


h

empreendedorismo

“O AZEITE É O NOSSO OURO LÍQUIDO” - Isabel Faria

Mariana Barros Cardoso

OliveEmotion

“A capacidade de reinventar o azeite não tem limites”.

Esta é uma das frases que pode ler ao longo

da entrevista dada pela Isabel Faria à PME Magazine

sobre a OliveEmotion, empresa que trabalha o

azeite de forma distintiva. A CEO conta-nos como

surgiu e ideia de criar um negócio que reinventa um

produto tão característico do nosso país e garante

que temos “condições excelentes para poder fazer

grandes azeites”.

PME Magazine – Como é que surgiu a ideia de um negócio

onde se reinventa o azeite?

Isabel Faria – Já tinha a ideia há alguns anos, pois

sempre considerei o azeite um líquido precioso, com

tantos benefícios para a saúde e com tanto potencial

gastronómico que era um desperdício não promover

este potencial de uma forma reinventada. O azeite é o

nosso ouro líquido, temos das melhores variedades de

azeitona do mundo combinadas com terroirs que nos

permitem excelentes azeites. Um azeite do Alentejo é

muito distinto de um azeite de Trás-os-Montes, onde

as características do terreno, do clima, dos diferentes

frutos secos podem influenciar o sabor do azeite. Em

Portugal temos condições excelentes para poder fazer

grandes azeites.

PME Mag. – Qual a mensagem por detrás da

OliveEmotion?

I. F.– A OliveEmotion é uma marca de azeite premium

que pretende espoletar ligações emocionais pela redescoberta

do azeite e a atração por combinações

inexploradas. E por isso potenciamos as experiências

gastronómicas com chefs e experiências de viagens de

azeite juntamente com parcerias que vamos estabelecendo.

"Em Portugal temos condições

excelentes para poder fazer

grandes azeites"

PME Mag. – Quais são as maiores dificuldades em

vender a ideia de uma maneira diferente de consumir

azeite?

I. F.– Como produto, questões como a quantidade de

benefícios que tem para a saúde. O azeite, por já estar

na nossa alimentação em Portugal de uma forma

tão rotineira e não ter sido tão valorizado ao longo de

tantos anos, torna mais difícil agora querer diferenciar

num contexto atual o que distingue um azeite de outro

em termos de qualidade. Acabamos por ter de ir por

outras vias de diferenciação, como a forma inovadora

36

Isabel Faria, CEO da OliveEmotion

como possamos combinar o azeite com outros ingredientes

e as experiências que possamos criar à volta do

azeite.

PME Mag. – Como é que é o procedimento de “transformação”

do azeite?

I. F.– Um azeite extra virgem é puro sumo de azeitona,

sendo o processo constituído por várias etapas desde

a apanha da azeitona até ao armazenamento do azeite.

É o processo normal, onde temos a receção das azeitonas

que passam por um processo de limpeza, lavagem

e pesagem. No seguimento, é feita a moenda, batedura

e extração do azeite. É depois filtrado, armazenado em

depósitos e embalado.

"Um azeite extra virgem é puro

sumo de azeitona"

PME Mag. – Como é que é feito o controlo de qualidade

do mesmo?

I. F.– Trabalhamos atualmente com uma especialista

em azeite que trabalha o perfil de azeite da OliveEmotion

que se pretende internacional. É a responsável pelo

desenvolvimento do blend. Trabalhamos sempre

com azeites provenientes de azeitonas de pequenos


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

produtores. Esse blend é depois formulado num lagar

certificado e com todas as condições de higiene e

segurança e permanece num depósito que possa servir

a marca OliveEmotion.

PME Mag. – Qual é a durabilidade do azeite?

I. F.– O nosso azeite é um azeite extra virgem e, mantendo

as suas características com a maior frescura

possível, tem uma validade de dois anos desde que é

embalado. Esta duração pode variar em função de condições

como o tipo de embalagem em que é embalado

e a sua preservação. À medida que vamos aprendendo

mais sobre os diferentes azeites começamos a perceber

melhor as diferenças entre eles. É um pouco como

os vinhos.

PME Mag. – Há uma ínfima capacidade de reinventar

o azeite?

I. F.– A capacidade de reinventar o azeite não tem limites.

O azeite pode ser utilizado na gastronomia de

múltiplas formas, com combinações novas que normalmente

não nos lembraríamos. Pode ser utilizado em

tratamentos e prevenção de doenças graças aos seus

mais de 100 benefícios para a saúde. E até cosmética e

tratamentos de beleza têm beneficiado cada vez mais

da utilização do azeite para a pele e para o cabelo. Há

aqui um potencial tremendo que se pode explorar.

PME Mag. – Há um target específico para o vosso

produto?

I. F.– Trabalhamos essencialmente com um posicionamento

premium em lojas gourmet, lojas especializadas

de azeite e no canal de hotelaria e restauração com

hotéis de quatro e cinco estrelas.

" Até cosmética e tratamentos de

beleza têm beneficiado cada vez

mais da utilização do azeite para

a pele e para o cabelo"

Portugal tem as melhores variedades de azeitona do mundo

te para dar visibilidade à marca internacionalmente e

promover o conceito e ser diferenciador. E com o digital

chegamos a todo o mundo. É preciso trabalhar uma

série de ferramentas do marketing digital que nos permitam

chegar aos consumidores e potenciar a venda.

PME Mag. – De que tipo de investimento carece um

bom cartão de visita dos tempos modernos?

I. F.– Nos últimos meses, vemos a importância do digital

e das vendas online. É um processo que leva tempo

e requer um investimento elevado, pois, em determinados

segmentos, não era até agora usual comprar produtos

online, como é o caso do azeite.

PME Mag. – Onde vê a OliveEmotion em dez anos?

I. F.– Atualmente, é muito difícil antever onde vão estar

as marcas por horizontes temporais muito largos

porque o contexto atual é muito dinâmico e temos de

ajustar-nos. O objetivo da OliveEmotion é ser uma

marca fortemente implementada internacionalmente e

reconhecida pela forma como chega aos seus consumidores,

potenciando as experiências à volta do azeite

e os benefícios que o azeite tem enquanto gordura

saudável e tentando alavancar a sua presença através

de um forte investimento digital que ajude a potenciar

essas experiências.

PME Mag. – Venceram nos prémios de melhor website

e escolha do consumidor nos E-AgroAwards. Um

bom website é o melhor cartão de visita de uma empresa?

I. F.– Ter um bom website, atualmente, é importan-

37


h

empreendedorismo

NONAGON – O PARQUE DE CIÊNCIA

E TECNOLOGIA DOS AÇORES

Mafalda Marques

Nonagon

O Nonagon é o primeiro parque de ciência e tecnologia

da região autónoma dos Açores, localizado na

cidade de Lagoa, ilha de S. Miguel. Tem, à data, 28

empresas instaladas, sobretudo na área das tecnologias

de informação e comunicação (TIC) e das

indústrias culturais e criativas (ICC). Em entrevista

à PME Magazine, Arnaldo Machado, presidente do

conselho de administração, apresenta-nos o lado

empreendedor do arquipélago.

O Nonagon é uma iniciativa do Governo Regional dos

Açores, em parceria com a Câmara Municipal de Lagoa,

sendo o seu grande objetivo promover a articulação

entre o setor público, privado e universitário. O parque

tecnológico afirma-se como um polo agregador

na prestação de serviços especializados, direcionados

à promoção da transferência de conhecimento para as

empresas, à incubação de empresas de base tecnológica,

fomentando o surgimento de startups e spin-offs,

criando emprego qualificado e novos produtos ou serviços.

O Nonagon atua ao nível da disponibilização de espaço,

energia entre outros serviços gerais e de valor

acrescentado para empresas. Disponibiliza espaços de

incubação, espaços empresariais e de cowork. Apoia a

sua comunidade empresarial com uma equipa de gestão

que acompanha o desenvolvimento dos negócios,

facilita a articulação com veículos de financiamento,

com especialistas e mentores em áreas técnicas específicas.

Além disso, as empresas incubadas podem,

ao abrigo de protocolos, beneficiar de consultoria em

propriedade intelectual, aceder a laboratórios de referência

para testes de soluções tecnológicas numa

abordagem de test before invest (testar antes de investir).

Organiza ainda workshops e seminários dedicados à

capacitação das startups e PME instaladas, sobre as

temáticas da inovação e empreendedorismo, sendo

toda a comunidade convidada a participar. Dois exemplos

destes foram a realização da primeira edição do

Azores Tek, subordinado ao tema “Fronteiras da Inovação”,

um evento de dois dias com vários oradores e

uma mostra tecnológica que contou com mais de 600

participantes, e as quatro edições do Startup Weekend

Azores na qual, durante um fim de semana, os participantes

puderam desenvolver uma ideia de negócio

com recurso a mentores e coaches em diversas áreas.

38

Arnaldo Machado, presidente do conselho de administração do Nonagon

CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL

Com a certificação EU|BIC, atribuída pela EBN

(European Business Innovation Centre Network) em

2016, a Nonagon passou a fazer parte de um grupo

restrito de 140 organizações a nível mundial, sendo

que apenas sete destas são portuguesas.

“Este selo EU|BIC valoriza-nos enquanto entidade de

apoio no estímulo da competitividade empresarial, por

via da iniciativa privada. Fazer parte desta rede garante

ao Nonagon acesso a um leque de competências e mecanismos

globais, contribuindo para estreitar a relação

entre o mercado regional e os mercados globais. Pertencer

a este grupo de elite permite-nos, num exercício

de benchmarking, aprender com os EU|BIC “seniores”,

parte de ecossistemas de empreendedorismo e inovação

com elevado nível de maturidade, as melhores

práticas de fomento do empreendedorismo e inovação,

assim como definir mais habilmente programas de

apoio à nossa comunidade empresarial”, afirma Arnaldo

Machado, presidente do conselho de administração

do parque tecnológico, em entrevista à PME Magazine.

UM HUB DE INOVAÇÃO DIGITAL

Também neste sentido, a Associação Nonagon, que

gere o parque tecnológico, coordena o Azores Digital

Inovation Hub (DIH), um centro de competências

para a inteligência artificial, a cibersegurança, a computação

de alto rendimento e o desenvolvimento de

competências digitais. Este hub tem como propósito

fomentar a transformação digital dos agentes económicos

na região autónoma dos Açores e estimular o

respetivo ecossistema de inovação.

“O Azores DIH colocará em contacto fornecedores de

tecnologias digitais como o cloud computing, o high

performance computing (HPC), a inteligência artificial e

a internet do futuro, com empreendedores, PME e ou-


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

tros agentes do ecossistema de inovação dos Açores,

os quais, através destas tecnologias, fortalecerão a

sua competitividade e posição no mercado, potenciando

a expansão e até o desenvolvimento de novas áreas

de negócio, em prol da digitalização da economia dos

Açores e de uma melhor cultura de inovação na região”,

explica o responsável.

PROMOVER A PROGRAMAÇÃO

NAS CAMADAS JOVENS

Já no âmbito da sua política de responsabilidade social,

o Nonagon associou-se desde o início à comunidade

internacional de clubes de programação CoderDojo,

que proporciona a jovens entre os 9 e os 17 anos um

ambiente seguro e divertido para aprenderem a programar.

Ao longo dos anos, desenvolveu, em colaboração

com entidades parceiras, sessões gratuitas que,

além de desenvolverem nos jovens as competências

para a programação, ajudam a estimular o raciocínio e

a melhorar a capacidade de resolução de problemas.

“No Coderdojo apostamos numa aprendizagem aberta

e livre que contribua, a brincar e a criar, para o desenvolvimento

das mais variadas competências”, adianta.

ADAPTAÇÃO À PANDEMIA

Para fazer face à pandemia, o parque teve, com a maior

celeridade possível, de adaptar-se às circunstâncias

decorrentes da Covid-19, como explica Arnaldo Machado:

“Toda a equipa transferiu a sua atividade para teletrabalho

e, felizmente, quer para os nossos colaboradores,

quer para as 28 empresas instaladas, tornou-se

relativamente simples dar continuidade ao desenvolvimento

dos projetos em curso. Temos vindo a realizar

webinares, sobre diversas temáticas com inegável interesse

para as empresas regionais”, confirma.

"Felizmente, tornou-se

relativamente simples dar

continuidade aos projetos

em curso"

Seguindo as tendências digitais, também a revista online

da Associação Nonagon, Think Tech, lançou recentemente

a sua quarta edição, dedicada a uma temática

relevante para o desenvolvimento do tecido empresarial

e da sociedade nos tempos que correm: a investigação

científica.

“Estas iniciativas têm proporcionado, nesta fase, uma

maior proximidade com o meio empresarial e, de uma

forma mais lata, com a comunidade em geral, contribuindo

igualmente para promover a interação entre

empresas, centros de conhecimento e entidades públicas”,

adianta.

A presença nas redes sociais também foi reforçada

com a partilha de conteúdos relacionados com as suas

áreas de intervenção, de forma a contribuir para aquela

que será uma das soluções para ultrapassar os desafios

desta pandemia: a digitalização da economia.

O Nonagon é o primeiro parque de ciência e tecnologia da região autónoma dos Açores

39


p

MEDIR PARA GERIR

'REMOTE LEARNING' E FORMAÇÃO ONLINE

Marta Pimentel, diretora executiva de Learning

& Development da Nova SBE Executive Education

Nova SBE

O mundo pós-Covid-19 contribuiu de forma inequívoca

para uma maior abertura ao universo digital.

É um verdadeiro – não diria ainda maravilhoso – mundo

novo, que impacta a humanidade de forma determinante,

na medida em que altera todas as rotinas: sociais,

profissionais, familiares e individuais.

A educação é um destes universos de profunda mudança,

sendo que a grande maioria dos players globais

deste setor deu um mergulho profundo no universo online.

Os mais entusiastas e early adopters afirmam que

são mudanças que vieram para ficar, os mais céticos e

conservadores suspiram para que esta onda passe e

o mundo volte a ser como sempre o conheceram. No

meio, certamente, estará a virtude, o que significa que,

possivelmente, se abre um futuro blended.

A tão anunciada next generation education entra na sua

curva exponencial, depois de muitos anos de avanços

e recuos, tendo como primeiros protagonistas os LMS

(Learning Management System) e os MOOC (Massive

Open Online Courses). Estes primeiros cursos online,

que se alicerçavam em metodologias essencialmente

assíncronas (onde o ensino e a aprendizagem não se

efetivam ao mesmo tempo) pouco envolventes, foram

o parente pobre da educação, de menor custo, por vezes

até gratuito, mas de muito menor taxa de retorno.

Esta nova geração de educação constitui uma segunda

onda do online learning, que hoje usufrui do significativo

avanço tecnológico, aliás como tem acontecido com

todas as curvas exponenciais que são aceleradas pela

tecnologia. Muitas startups emergem e tentam tornar

real essa ideia, até que se acerta na melhor combinação

e vira mainstream.

Nesta segunda onda de online learning, as plataformas

síncronas (em tempo real) como o Zoom, Webex, o Microsoft

Teams, entre outras, são os grandes protagonistas

do momento. São capazes de recriar o ambiente

de uma sala de aula agora virtual, onde os elementos

principais, o conhecimento, a partilha e o networking,

grandes ativos do ensino presencial, continuam presentes

– assim como os protagonistas deste contexto,

os docentes e os alunos ou participantes.

A transição é complexa e exige uma total reinvenção

das metodologias de aprendizagem. O conteúdo é relevante,

sem sobra de dúvida, mas sozinho não consegue

mais cumprir a sua missão de proporcionar um

processo de aprendizagem enriquecedor.

40

Marta Pimentel, diretora executiva de Learning & Development da Nova SBE

Executive Education

Para tentar evitar as novas doenças psicológicas, como

a anunciada Zoom Fadigue, a formação de executivos

da Nova SBE tem-se dedicado a um trabalho rigoroso

de pesquisa e experimentação de novos modelos de

aprendizagem. Uma das mais importantes premissas

assenta na ideia de que “menos é mais”, isto é, privilegiamos

sessões menores em cápsulas de conhecimento

micro ou mesmo nano. O tradicional dia de

formação de oito horas, numa lógica de aprendizagem

vertical, substitui-se por uma lógica horizontal, onde

as sessões se distribuem ao longo de um período: um

dia pode passar a um mês. Desafio quem quiser a descobrir

os webinars We all have a role to play, no website

https://roletoplay.novasbe.pt/webinars onde podem

encontrar múltiplos protótipos desta nova forma de

aprender.

Em tempos de crise, o mood é de reação e de experimentação.

O online síncrono que recriou a sala de aula

foi o novo normal. Mas o futuro da educação será certamente

diferente, não mais o modelo pré-Covid-19,

mas também não certamente o modelo Covid-19. Vamos

assistir a muitas inovações, algumas até mesmo

mais radicais, que trazem para os processos de aprendizagem

o melhor dos três modelos: presencial, online

assíncrono e online síncrono. Um blended seamless,

sem costuras, com fronteiras mais fluídas entre todas

as modalidades apresentadas.


o

Marketing

JUNHO JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

A IMPORTÂNCIA DO MARKETING 4.0

Pedro Montijo, digital marketeer da Media em Movimento

Media em Movimento

Tal como a vida que continua sempre a evoluir, o marketing

também. Muito se tem falado sobre o Marketing

4.0, mas, afinal, que novo marketing é este e qual é a

sua importância no âmbito empresarial? Antes de mais,

vamos perceber como tudo isto funcionava na era do

Marketing 3.0, o que é o Marketing 4.0 e porque deve

adotá-lo nas suas estratégias o mais depressa possível.

No tempo em que surgiu o Marketing 3.0, as empresas

deixaram de apostar na segmentação e foram atrás de

uma personalização, pois começaram a entender que

cada consumidor era diferente do outro – embora todos

fizessem parte da mesma tribo, cada um tinha necessidades

diferentes.

A pensar nisso, as marcas deixaram de tratar os seus

consumidores como meros compradores e passaram

a tratá-los como seres humanos. Deixaram a sua versão

“robô” de lado e começaram a apostar mais no seu

lado mais humano e foi esta troca de valores que fez

com que os consumidores passassem a olhar para as

marcas com outros olhos e a fazer com que as pessoas

procurassem mais um valor do que apenas um produto

feito para vender.

Estamos a viver um momento em que a tecnologia domina

a nossa vida e, com isso, a forma como as marcas

comunicam connosco muda também. Este é um bom

ponto de partida para definirmos o que é o Marketing

4.0.

O conceito foi criado pelo “pai do marketing”, Philip

Kotler, e mais dois escritores: Iwan Setiawan e

Hermawan Kartajaya. Os três autores definem que o

Marketing 4.0 vem acompanhado de uma inclusão

digital, uma facilidade no acesso à tecnologia para mais

pessoas que acaba por tornar o processo de compra

mais pessoal, fazendo com que a cadeia de compras

se torne mais horizontal e tenha menos intermediários.

Esse processo horizontal acontece quando um consumidor

passa a fornecer conhecimento para as empresas

e para outros consumidores também, ou seja,

existe uma troca de informação entre os consumidores

e as marcas e essa troca e esse conhecimento acaba

por acontecer em tempo real e é potenciada pela tecnologia

que utilizamos. Digamos que essa seria a revolução

digital para as empresas, uma vez que, dantes,

estas podiam investir apenas em televisão, jornais e

revistas. Hoje, já podem avançar na sua conquista para

o mundo digital e, melhor do que isso, fazê-lo de forma

segmentada e impactando as pessoas que realmente

Pedro Montijo, didital marketeer da Media em Movimento

querem. Porém, a diferença deste novo marketing vai

muito além dos valores que as empresas investem em

anúncios, o que se espera são as partilhas de experiências.

UM NOVO CONSUMIDOR?

Nos dias de hoje, o consumidor constrói uma relação

muito mais sólida e pessoal com os produtos e os serviços

que adquire. A marca passa a ser algo essencial

na sua vida. A procura por uma marca com a qual se

identifique vai muito além de um simples produto ou do

seu valor monetário. Hoje, preza-se mais o valor pessoal

que a marca traz consigo, uma vez que essa será

a imagem que o consumidor quer transmitir às pessoas

à sua volta.

"Preza-se mais o valor pessoal

que a marca traz consigo, uma

vez que essa será a imagem que o

consumidor quer transmitir"

Por outras palavras, o novo consumidor quer marcas

que pensem como ele, que tenham os mesmos valores

e que acreditem naquilo que transmitem para a sociedade,

marcas que sejam coerentes com aquilo que dizem

e fazem e que demonstrem responsabilidade perante

o seu público.

Quando a marca consegue ganhar a confiança do seu

consumidor, este passa a ser um advogado da marca,

tanto no mundo dito tradicional quanto no mundo

digital. Passa a contar as suas experiências e as suas

visões perante a marca. Um bom exemplo disto são

aplicações de reviews como a Zomato, plataforma que

41


o

Marketing

O Marketing 4.0 vai muito além dos valores que as empresas investem em anúncios

possibilita que os seus utilizadores partilhem as suas

experiências nos restaurantes em que já estiveram. A

palavra do consumidor é, cada vez mais, lei e é isso

também que as pessoas procuram quando tentam saber

algo mais sobre determinada marca.

UMA TRANSFORMAÇÃO CONSTANTE

Tal como o Marketing 3.0 teve de adaptar-se, na sua

época, para entrar nas vidas dos consumidores, o 4.0

também o fez e ainda está a fazê-lo. Vivemos num

mundo que é quase 80% digital, em que a internet prevalece

mais do que os meios tradicionais, mas isso não

quer dizer que devamos esquecer-nos do antigo e focarmo-nos

apenas no novo, muito pelo contrário: o desafio

agora é pensar numa forma de fazer com que os

meios estejam sempre conectados.

"Quando a marca consegue ganhar

a confiança do seu consumidor,

este passa a ser um advogado

da marca, tanto no mundo dito

tradicional quanto no mundo

digital"

O Marketing 4.0 é muito mais pessoal do que jamais

poderia imaginar-se. O objetivo de vender a qualquer

custo foi ficando para trás e o lado de entregar um significado

ou um valor na vida do consumidor, fazendo

com que este se sinta especial ou até mesmo parte da

42

marca, tornou-se no seu grande foco. Não estou com

isto a dizer que as vendas perderam o sentindo para o

marketing. As vendas são o motor dos negócios, mas o

ato de vender apenas por vender e gerar lucro não terá

mais o mesmo impacto, as pessoas querem ver coisas

reais, porque também elas são reais.

"O Marketing 4.0 é muito mais

pessoal do que jamais poderia

imaginar-se"

Além disso, o novo consumidor está sempre ligado,

sempre atento a ver o que se passa no mundo e isso

faz com que se torne um pouco mais exigente do que

os ‘antigos consumidores’. Assim, a forma como devemos

abordá-lo deve ser mais subtil e diferenciada – o

que funcionou com uma pessoa poderá não funcionar

com outra. A procura por informações sobre serviços e

outras experiências tornou-se quase mandatória para

este novo consumidor, por isso, devemos, mais do que

nunca, manter a nossa verdade e não tentar “comprar”

comentários ou atirar areia para os olhos de quem nos

compra, porque da mesma forma que um consumidor

alavanca uma marca também pode destruí-la muito rapidamente.

Nunca se esqueça: os consumidores não são apenas

compradores, eles podem vir a ser a sua melhor publicidade,

por isso, trate-os sempre como se fossem

membros da sua família.


o

tecnologia

JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

NEGÓCIOS QUE SE REINVENTAM: O FUTURO

CHEGOU MAIS CEDO

Nuno Nunes, chief sales officer B2B da Altice Portugal

Altice Portugal

Passados os primeiros meses desde o início da pandemia

em Portugal, é agora possível começar a avaliar-se

a reação das organizações e empresas, sendo consensual

que, pelas piores razões, o país deu um salto tecnológico

na sua transformação digital. As tecnologias

de informação e comunicação apoiaram a implementação

de algumas das medidas de exceção da crise

pandémica e tudo aponta para que possam continuar a

ajudar o tecido empresarial numa fase de retoma e de

recuperação económica.

A primeira fase da pandemia, centrada no confinamento,

fez com que, de uma expressão diminuta em Portugal,

o teletrabalho passasse a ser a norma. O uso acrescido

das redes, as reuniões de trabalho suportadas em

ferramentas de colaboração, videoconferência e mecanismos

de partilha de documentos, o crescimento

dos serviços de acesso remoto às redes das empresas

(vulgo VPN) e a corrida a equipamentos portáteis – PC,

tablets, routers – são as melhores evidências de que um

posto de trabalho tecnologicamente apetrechado é um

seguro para a produtividade do negócio.

"Pelas piores razões, o país

deu um salto tecnológico

na sua transformação digital"

Muitos negócios foram, também nesta fase inicial,

obrigados a fechar as suas portas, sem alternativa a

que recorrer. No entanto, a Altice Empresas pode hoje

dar resposta às empresas que procuram recuperar

clientes e escoar produtos, com uma solução de canais

digitais completa, com website e loja online que

permitem as transações comerciais, garantindo desde

os pagamentos eletrónicos à entrega dos produtos

em casa. Há empresas para as quais os canais digitais

foram uma das poucas boas notícias e a esperança de

retoma de vendas.

As alterações que os negócios foram obrigados a implementar

e o constante ajuste e modificações necessários

– condições de serviço, novos horários – tornam

a divulgação de informação atualizada a clientes

ou colaboradores, um fator crítico num tempo como é

o de hoje. As soluções de messaging mais sofisticadas

permitem a distribuição massiva de SMS com links

para informação detalhada, e as soluções de call center

e atendimento excecional são hoje procuradas pelas

PME.

Nuno Nunes, chief sales officer B2B da Altice Portugal

Em tempos de incerteza e adaptação, onde práticas

digitais de interação são exponenciadas, seja no teletrabalho

ou na compra online, a exposição e vulnerabilidade

dos colaboradores é maior. As empresas já por

si num momento de transição, e com a atenção focada

em decisões urgentes, não podem subestimar a possibilidade

de um ciberataque à sua operação, hoje tão

comum e tendo como alvo PME.

A nova fase de retoma de atividade terá para as empresas

o seu sucesso dependente da preparação e da confiança

que os seus negócios possam transmitir. A Altice

Empresas disponibiliza soluções para que a abertura

dos espaços comerciais de atendimento ou mesmo

das entradas em espaços de trabalho possam oferecer

garantias e segurança, com opções que podem ser câmaras

termográficas para monitorização à distância,

ou o controlo de entradas com reconhecimento auto-

43


o

tecnologia

mático do uso de máscara, onde esse seja um requisito

laboral. Os clientes vão preferir os estabelecimentos

comerciais mais seguros e estarão dispostos a alterar

os seus hábitos, pelo que soluções onde o smartphone

substitui o dispensador de senhas e o cliente pode reservar

e esperar à distância estão a despertar interesse

em clientes.

"Há empresas para as quais

os canais digitais foram

uma das poucas boas

notícias e a esperança

de retoma de vendas"

Exigir-se-á um esforço de implementação de novos

requisitos legais e procedimentos operacionais, pelo

que a necessidade de formação será intensa nesta

fase. Os conteúdos formativos, desenhados para um

modelo de formação à distância, em plataformas muito

testadas, são soluções a considerar, que aliviam recursos

da empresa para outro tipo de preocupações.

Para as empresas no ramo da educação – colégios,

academias ou ATL – a um ano escolar atípico, onde

se ensaiam novos hábitos e ferramentas, suceder-

-se-á a rentrée como novo desafio, face à incerteza

no desenrolar das fases da pandemia. Com parceiros

com soluções reconhecidas, seja na área de conteúdos

editoriais e pedagógicos, seja nos equipamentos

educativos, alavancar-se-á o atual sucesso no apoio a

inúmeras escolas do ensino público, com soluções de

educação remota para as empresas do setor educativo.

Na área da saúde e bem-estar, uma vez ultrapassada a

atual prova de fogo do sistema, a expectativa é de uma

agenda nacional, que faça com que agentes de saúde

sejam chamados ao desenvolvimento de um modelo de

saúde. Fruto da inovação própria nesta área, a Altice

Empresas tem disponíveis para as empresas serviços

eHealth de monitorização remota de sinais vitais e de

suporte diário, soluções de telemedicina/telediagnóstico,

até propostas mais expeditas com smartwatch e

portal web de monitorização de bem-estar/biométrico.

No horizonte temporal de recuperação económica e

futuras mudanças estruturais, a incerteza na procura

será elevada e a institucionalização de práticas agora

provadas será previsível. Os modelos de prestação de

serviço cloud têm a flexibilidade e escalabilidade para

disponibilizarem recursos anytime, anywhere, propícios

aos modelos de trabalho, interação e transação remotos.

O consenso ganho quanto à manutenção dos níveis

de produtividade neste novo registo operacional antecipa

o despertar de uma empresa mais resiliente, com

uma gestão aberta à racionalização de espaços físicos

via teletrabalho, ou à externalização de serviços não

core via BPO.

A um tempo de disrupção correspondeu uma transição

acelerada e considerável de transformação digital das

PME. Num tempo de retoma da atividade, cabe reinventar

os negócios e, numa fase de consolidação, reimaginar

e mudar o mundo, potenciando os novos hábitos

adquiridos e as possibilidades que a tecnologia

constantemente trará a tempos incertos.

Canais digitais foram, muitas vezes, a bóia de salvação das empresas

44


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

“SOMOS UMA INCUBADORA DE PROJETOS

VOLUNTÁRIOS PARA MITIGAR A COVID-19”- João

Ana Rita Justo

Tech4Covid19

Figueirinhas Costa

Um conjunto de empresários portugueses criou um movimento para desenvolver soluções tecnológicas

que ajudassem a mitigar a Covid-19. Hoje, são já mais de cinco mil os voluntários. O empresário João

Figueirinhas Costa é um dos fundadores, responsável pela coordenação das diversas equipas transversais

do movimento, e falou à PME Magazine sobre a essência do Tech4Covid19

João Figueirinhas Costa, co-fundador do movimento Tech4Covid19

PME Magazine – Como começou este movimento?

João Figueirinhas Costa – O Tech4Covid19 é

um movimento informal e começou num grupo do

Whatsapp que já existia, de uma comunidade de

fundadores de startups. Antes da quarentena oficial,

começou a surgir a discussão informal sobre o que é

que poderíamos fazer. Esta discussão foi evoluindo no

grupo do Whatsapp e esse grupo passou para um grupo

de Slack, mais estruturado, num espaço de horas. Logo

na primeira tarde chegámos às 300, 400 pessoas.

Dividimos o grupo em canais de discussão de ideias e

o movimento ganhou uma força e uma vida própria que

não foi planeada, com o passa a palavra, com as equipas

das empresas dos fundadores a começarem a querer

integrar e participar. Muito rapidamente chegámos aos

3000, 4000 voluntários e, neste momento, somos mais

de 5300. O movimento é uma espécie de incubadora de

projetos que têm contribuído, de alguma forma, para

mitigar resultados, diretos ou indiretos, da pandemia.

As áreas de atuação não são aleatórias, há aqui áreas

mais claras e o projeto tem de ser não comercial e

não lucrativo. Não quer dizer que não haja dinheiro a

circular, há alguns projetos que o implicam, pela sua

natureza, mas não há comissão, lucro, nem margem.

Há projetos que saem de empresas, mas esses são

produtos já existentes e que são adaptados e que, por

uma questão de patentes, são as próprias empresas

que gerem. Genericamente, somos uma espécie de

incubadora de projetos voluntários, tendencialmente

de base tecnológica para mitigar os efeitos da Covid-19

e deste contexto de pandemia.

PME Mag. – Como é que asseguram esta tendência

não comercial?

J. F. C. – Aquilo que fizemos foi criar equipas de organização

interna. Temos uma equipa de comunicação

interna, uma equipa de recrutamento que, olhando

para os voluntários que existem, tenta alocá-los a

projetos em função das suas competências, disponibilidade

e das necessidades dos projetos. Temos uma

equipa de project management que dá acompanhamento

estrutural aos projetos. Há um sítio onde as ideias

são discutidas, assim que ganham um pouco de tração,

essas pessoas criam um canal e vão desenvolvendo

45


o

tecnologia

essa ideia. A partir daí, a equipa da organização interna

vai acompanhando o projeto de forma mais regular

e o project leader, que é, ou quem teve a ideia, ou alguém

que pega na ideia e a leva para a frente. Quem

se assumir como project leader tem esse acompanhamento

e aí vamos garantindo que o código de conduta

do movimento é mantido. O código de conduta tem os

termos mais gerais, como todo o código desenvolvido

do zero no contexto do movimento tem de ser aberto e

não pode ser propriedade de ninguém. As pessoas são

livres de fazerem os projetos que quiserem. Qualquer

pessoa pode entrar no movimento, mas há um conjunto

de serviços, parcerias e coisas que temos acesso e os

projetos só têm acesso a esses serviços se estiverem

alinhados com os termos e condições que vinculam o

espírito do movimento, que é o não ser comercial, ser

voluntário, genericamente universal, não haver barreiras

à participação…

PME Mag. – Não há nenhum registo de patentes associado?

J. F. C. – Não. Os produtos que foram adaptados de

empresas já existentes obviamente já tinham uma propriedade

antes, mas todo o código feito, voluntariamente,

por voluntários no contexto do movimento deve

ser código aberto. Não pode ser propriedade de ninguém

e não é propriedade do movimento.

PME Mag. – Quantos projetos têm em curso?

J. F. C. – O número redondo é de 40 projetos, dos quais

cerca de 15 já estão em execução. Os primeiros projetos

que surgiram, um foi para recolher fundos e encomendar

material hospitalar e garantir que chegava a

Portugal. Percebemos logo que a linha Saúde24 ia estourar

e pensámos como podíamos utilizar um chatbot

para mitigar essa carga, acabou por não avançar com o

SNS e por ser integrado na Segurança Social. Começámos

com uma aplicação de survey para as pessoas

darem os seus sintomas e podermos mapear o país em

termos de sintomas, o Covidografia. Depois, naturalmente,

foi evoluindo para as necessidades do mercado,

como a educação. Nasce, então, o Tools4edu, que

ajuda professores e pais a aprenderem a ir para plataformas,

porque a grande parte dos professores nunca

usou um Teams, ou um Zoom, ou o Google Hangouts.

E o segundo passo era como é que se ensina um professor

que sempre deu aulas numa sala a ensinar num

contexto online, onde a dinâmica é diferente. O segundo

projeto é o Student Keep que foi recolher computadores

de pessoas que já não precisam para alunos

que não têm material informático. O terceiro patamar é

a economia local e o melhor exemplo será o Preserve,

que permite que qualquer pessoa compre vouchers nos

seus estabelecimentos preferidos: o valor é injetado no

estabelecimento e a pessoa pode utilizar durante dois

anos.

PME Mag. – Que setores estão representados entre

os voluntários?

J. F. C. – Se calhar, as primeiras mil pessoas eram

46

fundadores ou trabalhadores de startups. Depois, naturalmente,

foi-se abrindo o leque. Temos pessoas de

todas as áreas e com todo o tipo de competências e de

experiências.

"Todo o código feito

por voluntários no contexto

do movimento deve ser aberto"

PME Mag. – Até quando vão manter o movimento?

J. F. C. – O espírito do movimento é mitigar os desafios

criados no contexto de pandemia. É consensual que a

pandemia não acabou. Enquanto os projetos fizerem

sentido, o movimento irá continuar. Há diferentes opiniões

e como temos sido tendencialmente democráticos,

a ideia é irmos vendo. Quando acharmos que faz

sentido tomar uma decisão sobre o movimento também

o faremos.

PME Mag. – Qual é a grande mais-valia deste movimento

para as empresas?

J. F. C. – O que as empresas retiram do projeto é pouco

relevante no sentido em que desde o início que fizemos

um esforço grande para retirar as empresas da

equação. Claro que temos empresas que estão a disponibilizar

trabalhadores quase a full time em projetos

do movimento. É uma questão de consciência de

participação cívica. Há aprendizagens naturais que se

retiram deste contexto, como repensar os modelos de

trabalho, os horários fixos, o termos de estar no escritório

o tempo todo, isso é uma questão que vai ter de

surgir e vai ter de ser debatida nas organizações. E não

apenas daqui a dez anos se tivermos outra pandemia

e tivermos de nos ajustar à pressa. Outra coisa importante

é que temos imensas empresas que não têm um

website, um email, uma aplicação, que não usam uma

ferramenta de colaboração. Seja qual for o contexto da

empresa, hoje, não faz sentido que as empresas sejam

totalmente analógicas. A forma como criámos o movimento

demonstra o valor de termos uma estrutura ágil.

Montámos 500 pessoas num grupo de Slack rapidamente,

não porque as pessoas são génios, mas porque

já conhecem o Slack e já usam Slack e sabem trabalhar

de forma ágil.

PME Mag. – Quantas pessoas já impactaram?

J. F. C. – Já foram muitas. Em casos muito concretos:

há 1000 crianças que já receberam computadores, há

11 mil pessoas que acederam ao Tools4edu e que interagiram

com conteúdo; há 700 profissionais de saúde

que têm alojamento garantido através do Rooms

Against Covid – um projeto que junta hotéis e alojamento

local vazios com profissionais de saúde que não

querem ir para casa e que, juntamente com o Turismo

de Portugal, que financia, garantimos que têm um alojamento

próximo do hospital. Mandámos vir cerca de

250 mil máscaras... Quero acreditar que milhares de

pessoas foram já impactadas por algum dos nossos

projetos.


f

Agenda

JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

Pedro Montijo

Divulgação

02

JULHO

SEMINÁRIO

DOS NEGÓCIOS

NKOOWOORK – Office &

Lounge (Espaço L ), Lisboa

A conjuntura atual traz desafios

nunca antes sentidos, o tempo

disponível para solidificar um

negócio é cada vez menor

e um erro paga-se sempre

muito caro. Neste seminário,

a Turbonegócios vai focar-se

nas soluções que pode pôr de

imediato em prática e dar o

primeiro passo rumo ao sucesso

da sua empresa.

Mais informações em:

www.eventbrite.pt/e/bilhetes-

-seminario-dos-negocios

10 A 13 SETEMBRO

IDF BY INTERDECORAÇÃO – FALL

EDITION

Exponor, Matosinhos

A IDF by Interdecoração, que se realiza

duas vezes por ano, terá a sua a edição

de outono em setembro. O evento terá

um novo formato que cria a ponte entre

as marcas consagradas do setor e

os novos talentos. Neste cruzamento,

a feira oferece aos visitantes uma visão

mais abrangente das tendências e

novas soluções do mercado.

Mais informações em:

https://idf.exponor.pt/fall

24 A 27

PORTOJÓIA

SETEMBRO

Exponor, Matosinhos

Num mundo global, urge a necessidade

de nos reconcertarmos com a

comunidade que nos rodeia. A natureza

de um grupo é, por si só, um elo

de ligação que transmite segurança,

partilha e conexão entre os indivíduos.

Os laços e as emoções que se

criam inspiram uma joalharia que se

afirma pelo seu significado e pela

aproximação que traz a quem a usa.

Saiba mais em:

https://portojoia.exponor.pt

23 A 24

EMPACK 2020

SETEMBRO

Exponor, Matosinhos

A Empack and Logistics & Automation

Porto oferece-lhe a oportunidade de

entrar em contacto com as principais

empresas europeias de embalagens,

armazenagem, transporte e logística

durante dois dias. Ideias revolucionárias,

soluções inovadoras, maquinaria

de última geração, conhecimento e uma

vasta gama de expositores esperam

por si no maior evento de embalagem e

logística de Portugal.

Saiba mais em:

https://www.empackporto.com/pt-pt

47


f

fora d'horas

NOVAS REGRAS, NOVOS HÁBITOS

PARA SOCIABILIZAR EM SEGURANÇA

Mafalda Marques

Freepik e Pixabay

O novo Coronavírus obrigou-nos ao isolamento social temporário, depois ao desconfinamento gradual e a

novas regras para novos hábitos de sociabilização, também eles corporativos. Eis as principais medidas que

vão determinar a nossa coexistência de ora em diante.

REUNIÕES

O mito da obrigatoriedade de reuniões presenciais já

foi ultrapassado e o Zoom tornou-se na app mais valiosa

do mercado.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu recomendações

às empresas, aconselhando-as a definir planos

de contingência, evitando reuniões em sala. Se isso

não for possível e a presença física for considerada

imprescindível, o número de pessoas em cada reunião

deve ser o mais reduzido possível. Utilize salas com

maior dimensão, preferencialmente com ventilação

natural. As cadeiras devem estar a pelo menos um metro

umas das outras.

Reuniões por videoconferência tornaram-se num hábito incontornável

VIAGENS DE AVIÃO

A máscara é obrigatória para passageiros e tripulações,

tanto nos aeroportos como nos aviões, e as regras de

distanciamento também se aplicam. O check-in online

é incentivado na compra dos bilhetes, assim como o

download do cartão de embarque no smartphone, para

reduzir contactos.

O controlo de temperatura aos passageiros passou

também a ser regra, sendo instaladas câmaras térmicas

automáticas, apenas nas chegadas.

As medidas de proteção obrigaram ainda a novos procedimentos

nas áreas de check-in, entrega e recolha

de bagagem, controlo de segurança e embarque. A

bagagem de porão deve ser deixada nos balcões automáticos

e a de mão deve ser limitada ao máximo, de

forma a permitir um embarque mais rápido e a evitar

riscos de contágio.

O serviço a bordo foi simplificado: muitas companhias

suspenderam a entrega de refeições e bebidas, retiraram

as revistas de bordo e os artigos duty free.

Os sistemas de entretenimento foram substituídos

pelos próprios dispositivos dos passageiros e a

limpeza e desinfeção dos aviões também foi reforçada

48

Máscara é obrigatória se vai viajar de avião

antes de cada partida, com filtros HEPA (High

Efficiency Particulate Air), idênticos aos utilizados nos

blocos operatórios. Há aeroportos a testar cabines

que desinfetam os passageiros dos pés à cabeça

em segundos e, em alguns casos, até estão a treinar

cães farejadores para detetar pessoas infetadas com

Covid-19.


JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

MÁSCARAS

O Governo tornou obrigatório o uso de máscaras por

todas as pessoas que:

Permaneçam ou acedam a espaços interiores

fechados com várias pessoas, tais como estabelecimentos

comerciais e de prestação de serviços; serviços

e edifícios de atendimento ao público ou estabelecimentos

de ensino e creches;

Utilizem os transportes públicos.

Uso de máscara tornou-se obrigatório em transportes e estabelecimentos

comerciais fechados

É importante relembrar que o uso de máscara é uma

medida de proteção adicional ao distanciamento social,

à higiene das mãos e à etiqueta respiratória. A

população geral poderá utilizar as máscaras comunitárias,

mas quem pertence a algum grupo de risco deverá

usar máscaras cirúrgicas. Todas as pessoas incluídas

nos grupos de risco para a Covid-19 devem usar máscara

e atenção: a viseira não substitui a máscara, mas

pode ser utilizada como complemento.

Praia do Porto Santo está entre as mais seguras da Europa

PRAIAS

Distanciamento físico entre pessoas e guarda-sóis,

proibição de jogos com raquetes, sentido único de circulação,

interdição do uso de gaivotas ou limitações ao

estacionamento fora dos parques. Estas são algumas

das novas regras de acesso às praias portuguesas publicadas

em Diário da República no passado dia 25 de

maio.

Três praias portuguesas estão classificadas entre "As

praias mais seguras da Europa", de acordo com os melhores

destinos europeus: em segundo lugar no ranking

está a praia da Comporta, no Alentejo; em quarto lugar

aparece a Praia do Porto Santo, Ilha de Porto Santo,

Madeira, e em sétimo lugar a Meia Praia, em Lagos, no

Algarve.

Estas praias foram selecionadas com base nos seguintes

critérios:

Baixo nível de casos de Covid-19 na região;

Metro quadrado por visitantes, sendo estas

praias mais longas e mais largas;

Proximidade de hospitais que não sofreram de

sobrelotação devido à Covid-19;

Medidas de higiene e segurança nos alojamentos

turísticos locais.

49


x

OPINIÃO

O MUNDO MUDOU E PORTUGAL CONTINUA

O MELHOR DESTINO TURÍSTICO DO MUNDO

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal

Turismo de Portugal

O turismo é um setor resiliente e dinâmico que tem sabido

adaptar-se e dar resposta às alterações do mercado.

Se é verdade que a crise provocada pela Covid-19

tem efeitos ímpares na atividade económica, não é menos

verdade que se trata de uma situação temporária.

Graças a uma estratégia concertada de saúde pública

com medidas claras e objetivas, da implementação de

uma série de iniciativas de apoio às empresas e do estrito

cumprimento, por parte dos cidadãos, das recomendações

emitidas pelas entidades governamentais,

Portugal está a conseguir posicionar-se como exemplo

a nível internacional no controle e condução da situação

de pandemia. Se a isso adicionarmos a estratégia

de posicionamento do Turismo de Portugal, com uma

comunicação tática e factual, mas também emocional,

o destino Portugal terá certamente a capacidade de recuperar

e, sobretudo, de reagir de forma mais relevante

e no tempo mais pertinente.

Temos um turismo reconhecido pela sua qualidade a

todos os níveis, desde as infraestruturas, às acessibilidades,

recursos humanos e diferenciação da oferta.

E queremos continuar a ser percecionados dessa forma.

Apesar deste contratempo, continuamos a ser um

exemplo mundial a nível de oferta turística, proporcionando

experiências únicas, gerando confiança àqueles

que nos visitam.

É nesse contexto que o Turismo de Portugal criou o selo

Clean & Safe – para distinguir as atividades turísticas

que asseguram o cumprimento de requisitos de higiene

e limpeza para prevenção e controlo da Covid-19, bem

como imprimir segurança a todos os profissionais que

recebem turistas e reforçar a confiança de quem visita.

O selo Clean & Safe é válido até 30 de abril de 2021, é

gratuito, opcional e exige a implementação nas empresas

de um protocolo interno que, de acordo com as recomendações

da Direção-Geral da Saúde, assegura a

higienização necessária para evitar riscos de contágio

e garante os procedimentos seguros para o funcionamento

das atividades turísticas.

Este selo abrange toda a cadeia de valor do turismo e

inclui, nesta fase, hotéis, alojamento local, empresas

de animação turística, restauração, golfe e rent-a-car,

constituindo uma declaração voluntária de cumprimento

de requisitos que muitas empresas incrementaram

com protocolos específicos para as diferentes

tipologias de serviços.

50

Luís Araújo foi figura de capa da edição de julho de 2018 da PME Magazine

Com esta iniciativa pretendemos transmitir às empresas

informação sobre as medidas mínimas necessárias

de higiene e limpeza dos estabelecimentos, mas, sobretudo,

promover Portugal como destino seguro, do

ponto de vista dos cuidados a observar para uma cuidada

e eficaz manutenção das condições que evitem a

propagação do Coronavírus, numa atuação concertada,

com o envolvimento de todas as empresas do setor

e apelando à responsabilidade de todos: autoridade

pública, fornecedor de serviço e cliente.

A elevada adesão, com mais de 4.000 selos disponibilizados,

evidencia de modo muito significativo o compromisso

das empresas portuguesas em acolher os turistas

em segurança.

Assim que o turismo internacional demonstrar sinais

de reerguer-se, devemos imprimir todos os esforços

no sentido de manter Portugal como o primeiro destino

a visitar, continuando a acompanhar de perto o tecido

empresarial do turismo nacional, dando a melhor resposta

possível às suas preocupações e necessidades.

O melhor destino do mundo continua autêntico, diversificado,

atrativo, inclusivo e seguro. Mantemos o propósito

e o compromisso de receber bem e de garantir

que todos os que nos visitam podem viajar pelo país,

seguros e com confiança.

Porque o mundo pode ter mudado, mas aquilo que faz

de Portugal o melhor destino turístico do mundo, que

nos distingue dos demais e que faz o turista querer regressar,

continua cá.

Queremos regressar aos resultados extraordinários

dos últimos anos e, com esforço e dedicação, todos

juntos, conseguiremos.


PT-BIO-03

Agricultura Portugal


mediaemmovimento.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!