PME Magazine - Edição 17 - julho 2020
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!
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JULHO 2020 | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 17
EDIÇÃO ANO V
REGISTE-SE EM: PMEMAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/
DIRETORA: MAFALDA MARQUES
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
MADALENA
CASCAIS TOMÉ
SIBS APOSTA NO DINHEIRO
INVISÍVEL PARA CONTORNAR
A PANDEMIA
retoma
CONHEÇA OS NEGÓCIOS
QUE SE REINVENTARAM NA CRISE
OLIVE EMOTION
UPHOLD
BRAGA É O PORTO SEGURO DESTA
PLATAFORMA DE MOEDAS DIGITAIS
TODA A EMOÇÃO DO AZEITE NUMA
MARCA COM CARIMBO PORTUGUÊS
REGISTE-SE EM: PMEMAGAZINE.SAPO.PT/ASSINATURA/
a
FIGURA DE DESTAQUE
a
Negócios na era (pós)Covid-19
Editorial
Índice
p4 | QUATRO ANOS DE PME MAGAZINE
p6 | CASOS DE SUCESSO
Os negócios que reinventaram o álcool em gel desinfetante
p8 | FAN 3D e as viseiras para todos
p9 | ATP e os desafios do setor têxtil
p10| INVESTIMENTO
Sandra Laranjeiro dos Santos e a aposta no Portugal
do interior
p12| Os apoios que as empresas pedem ao Governo
p14| INTERNACIONAL
Uphold e a aposta em Braga
p16| Transinsular e a internacionalização do negócio
p19| AMBIENTE
Como preservar o ambiente na retoma
p21| RH
Gonçalo de Salis Amaral e o futuro das equipas
no pós-pandemia
p23| Paulo Mestre na consultoria ibérica da Primavera BSS
p26| FIGURA DE DESTAQUE
Madalena Cascais Tomé e a transformação digital
que está a tomar conta do mundo
p34| RESPONSABILIDADE SOCIAL
Cristina Campos e a consciência corporativa em tempos
de pandemia
p36| EMPREENDEDORISMO
Olive Emotion e o negócio do azeite português gourmet
p38| Nonagon e o lado empreendedor dos Açores
p40| MEDIR PARA GERIR
Marta Pimentel e a adaptação ao ensino online
p41| MARKETING
Pedro Montijo e a importância do Marketing 4.0
p43| TECNOLOGIA
Nuno Nunes e o futuro dos negócios
p45| Tech4Covid19 e a tecnologia contra a pandemia
p47| AGENDA
Seminário dos Negócios
p48| FORA D'HORAS
Os novos hábitos de socialização
p50| OPINIÃO
Luís Araújo e a promoção do melhor destino turístico do
mundo
Ficha técnica
DIRETORA: Mafalda Marques
EDITORA: Ana Rita Justo
REDAÇÃO: Mariana Barros Cardoso e Pedro Montijo
VÍDEO E FOTOGRAFIA: NortFilmes e João Filipe Aguiar
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes
DIGITAL MANAGERS: Pedro Montijo, Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cristina Campos, Gonçalo de Salis Amaral, Luís Araújo,
Marta Pimentel, Nuno Nunes, Pedro Montijo, Sandra Laranjeiro dos Santos
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em pmemagazine.sapo.pt)
DIREÇÃO COMERCIAL: Daniel Marques
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.
NIPC: 510 676 855
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:
LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C
1900-221 Lisboa
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C
1900-221 Lisboa
TELEFONE: 211 934 140
EMAIL: info@pmemagazine.com
N. DE REGISTO NA ERC: 126819
EDIÇÃO N.º: 17
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17
ISSN: 2184-0903
TIRAGEM: 1000 exemplares
IMPRESSÃO: Ocyan
Estrada da Outurela, 118, Edificio Holanda - Bloco 1, 2794-084 Carnaxide
DISTRIBUIÇÃO: por assinatura anual
PERIODICIDADE: Trimestral
Desengane-se quem pensa que
a pandemia acabou. O mundo
mudou e temos de nos habituar a
viver – e conviver – com um vírus
que mudou para sempre a forma
de fazer negócios, de trabalhar
em equipa, de fazer crescer a
economia.
Apesar disso e de todas as mudanças que estão a ocorrer à
nossa volta, a PME Magazine está de parabéns e completa,
esta edição, quatro anos de vida. Numa altura em que muitos
negócios são postos à prova e o negócio dos media é cada vez
mais desafiado a fazer mais com menos, continuamos cá para
lhe levar a melhor informação empresarial, certos de que juntos
seremos sempre mais fortes e faremos mais pelo nosso
país e pela nossa economia.
Assim pensa, também, Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS
e figura de capa desta nossa 17.ª edição, ela que foi entrevistada
pela PME Magazine em janeiro, mas, com os constrangimentos
da Covid-19, também viu a publicação da sua entrevista
adiada, pois valores mais altos se levantavam. Agora,
partilhamos duas entrevistas com a responsável máxima da
SIBS: a de janeiro e também a atualização feita no passado
mês de maio, provando que negócios robustos podem abalar,
mas não quebram.
Dedicamos esta edição, também, aos negócios que se
reinventaram na retoma, aos movimentos voluntários criados
para fazer face à pandemia, como o Tech4Covid19, à aposta
da norte-americana Uphold em Braga, a novos negócios
portugueses, como o da Olive Emotion, e a incubadoras que
continuam a fazer de tudo para termos uma economia mais
tecnológica, como o parque tecnológico de São Miguel,
Nonagon.
A todos os que têm contribuído para o crescimento da PME
Magazine, colaboradores, parceiros, a todas as figuras de
capa e a todos os entrevistados, o nosso muito obrigado. O
vosso negócio é a fonte que nos alimenta de esperança de
que dias melhores virão e que estaremos cá para os viver.
ColorADD
na PME Magazine
A PME Magazine conta com 14 grandes secções,
que servem de guia estrutural para as temáticas
abordadas. De forma a tornar a revista mais inclusiva,
foi integrado nas secções o sistema de
identificação de cores ColorADD. Assim, cada
secção conta com uma cor diferente, identificada
com um símbolo que permite a pessoas
daltónicas identificarem as cores que estão a
ver.
Desenvolvido com base nas três cores primárias,
representadas através de símbolos gráficos,
o código ColorADD assenta num processo
de associação lógica que permite ao daltónico,
através do conceito da adição das cores, relacionar
os símbolos e facilmente identificar toda
a paleta de cores. O branco e o preto surgem
para orientar as cores para as tonalidades claras
e escuras.
Boas leituras e bons negócios!
Azul
Vermelho
ANA RITA JUSTO | EDITORA
Verde
Roxo
Amarelo
Castanho
Laranja
Tons Claros
Tons Escuros
Branco
Cinza
Claro
Preto
Cinza
Escuro
3
o
aniversário
A PME MAGAZINE FAZ QUATRO ANOS
Divulgação
Foi em finais de junho de 2016 que nasceu a PME Magazine, um projeto corporativo que tinha por missão dar
voz às pequenas e médias empresas. A missão continua e, hoje, partilhamos consigo a satisfação e quatro anos
de trabalho feito. Pedimos às nossas figuras de capa que deixassem as suas mensagens de parabéns, que
partilhamos aqui.
Parabéns à PME Magazine e toda a equipa
de bravos profissionais. A revista tem
sido um importante veículo de informação
e promoção do setor empresarial em
Portugal e na CPLP, contribuindo para o
crescimento das PME – motores da economia
da nossa comunidade. É, para mim,
motivo de muito orgulho, ser parte da história
da PME Magazine e ter sido a primeira
figura de capa de uma revista carregada
de qualidade jornalística e editorial, que
completa quatro anos de comprometimento,
qualidade e excelência.
Salimo Abdula, presidente da Confederação
Empresarial da CPLP
Muitos parabéns, PME Magazine, por
estes quatro anos de vida. Que venham
muitos mais de bom jornalismo e de informação
de relevância, sobretudo para as
pequenas e médias empresas e que, acima
de tudo, possamos continuar juntos e por
muitos anos. Parabéns!
Rita Nabeiro, CEO da Adega Mayor
4
Parabéns por quatro anos cheios de entusiasmo,
de paixão, de intensidade, onde
a PME Magazine tem vindo a crescer e a
posicionar-se nas revistas deste setor.
Foram pioneiros em lançar primeiro a edição
online e, como vemos, o online é o futuro.
Não percam nunca o vosso sonho de
serem empreendedores. Estamos a ver as
consequências económicas da Covid-19.
Vai ser duro porque não vamos ver uma
recuperação imediata, mas isso não quer
dizer que percamos a nossa esperança.
Ninguém nem nada pode travar os nossos
sonhos.
Beatriz Rubio, CEO da Remax Portugal
Nos últimos quatro anos, a PME Magazine
tem desempenhado um papel fundamental
na informação económica em Portugal.
As PME têm um peso crucial na economia
portuguesa e foram os verdadeiros motores
na recuperação do emprego e do
produto nos anos pós-crise. Estou certo
de que estarão novamente à altura dos
desafios. Parabéns pelos quatro anos de
informação dedicada às empresas e empresários
que, no terreno, geram riqueza
e garantem empregos, dando visibilidade
aos seus projetos e voz aos seus atores.
Desejo felicidades e uma vida longa à
PME Magazine.
António Saraiva, presidente da CIP
Parabéns à PME Magazine! Mais do que
nunca, o apoio às PME será vital para a
recuperação económica. É bom saber que
podemos contar com a PME Magazine
para conectar os nossos empreendedores,
partilhar conhecimento e contactos
entre todas as partes. Continuação de um
ótimo trabalho. De um amigo e que está a
torcer para que tudo corra bem.
Tim Vieira, fundador da BraveGeneration
Muitos parabéns, PME Magazine, pelos
vossos quatro anos ao serviço do empreendedorismo
e dos empreendedores.
O vosso exemplo é um exemplo daquilo
que Portugal precisa e todos estes anos
têm sido um contributo para que a economia
portuguesa cada vez mais seja melhor
e sempre, sempre, com amor. Que continuem
nesse caminho maravilhoso!
Sandra Correia, CEO da Novacortiça
Nestes quatro anos, a PME Magazine dedicou
o seu trabalho às empresas portuguesas.
Parabéns pelo trabalho feito.
Espero que possa continuar a fazê-lo por
muitos mais apoiando a recuperação empresarial.
José Avillez, chef e CEO do Grupo Avillez
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A PME MAGAZINE ocupa um espaço importante
nos media como veículo de informação
para as PME portuguesas. Está
duplamente de parabéns: pelo seu quarto
aniversário e pelo excelente trabalho e
desempenho que tem tido ao longo deste
tempo. Muitos Parabéns! E votos de que
continue a crescer e a ajudar as PME a
modernizarem-se e a adaptarem-se aos
enormes desafios que temos pela frente!
Isabel Neves, presidente da Star Busy
Em apenas quatro anos, a PME Magazine
conquistou um lugar de referência no
panorama empresarial português e posicionou-se
como fonte de informação
relevante. O Turismo de Portugal considera-a
um meio importantíssimo na divulgação
das suas ações e da estratégia que
desenvolve para que o país continue a ser
o melhor destino turístico do mundo. Sinceros
votos de parabéns e muito sucesso.
Luís Araújo, Presidente do Turismo de Portugal
Muitos parabéns à PME Magazine pelos
seus quatro anos em pleno. Obrigado pelo
vigor e disponibilização da informação
sobre as PME portuguesas, que em vários
artigos de opinião já tive o orgulho de
participar. Muito obrigado também pela
divulgação da excelência das PME portuguesas,
base da nossa economia. Por
muitos mais anos em parceria.
Álvaro Covões, diretor-geral da Everything is New
Nos últimos quatro anos, a PME Magazine
tem estado ao lado do tecido empresarial
português, contribuindo para o seu
reconhecimento nacional e internacional.
Missão em que a Altice Portugal se revê,
contribuindo com o seu know-how nas telecomunicações,
um dos setores mais importantes
para o País. Numa altura em que
os media têm vivido momentos difíceis,
intensificados pela pandemia, a Altice
Portugal tem desempenhado um importante
papel junto do setor, ao sensibilizar
grupos económicos e empresas a continuarem
a investir nos media. Parabéns!
Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal
Muitos parabéns, PME Magazine, por
quatro anos como meio de excelência
para divulgação de notícias. Parabéns por
darem voz às nossas pequenas e médias
empresas, por acompanharem a velocidade
de transformação e por nos fazerem
sentir parte desta jornada. Que venham
muitos mais anos de cooperação e que
continuem a viver com a mesma intensidade
e paixão. Votos de muito sucesso e
um muito obrigada!
Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal
Cara PME Magazine, desejamos da parte
da Science4you um excelente aniversário
e que seja um ano excelente e cheio de vitórias!
Muitos parabéns.
Miguel Pina Martins, CEO da Science4You
Não posso deixar de me associar ao quarto
aniversário da PME Magazine, felicitando-a
e desejando que tenha muita força
para continuar os seus desafios, que na
altura que passamos, a nível nacional e
social, sabemos que não será fácil, mas
com uma boa equipa e com a coesão de
todos será uma mais-valia para o público
a que se destina. Parabéns e que alcancem
os vossos objetivos, muito obrigado
por todo o trabalho.
Leonor Freitas, sócia-gerente
da Casa Ermelinda Freitas
É com muita alegria que me associo ao
quarto aniversário da PME Magazine, com
os melhores votos para a revista e toda a
equipa que a constrói! Muitos parabéns a
todos e um grande abraço.
Paulo Pereira da Silva, CEO da Renova
Muitos parabéns à PME Magazine por
este quarto aniversário. Que seja o marco
não só do sucesso que foi concretizado
até aqui, mas de muitas e novas edições
e muitos e novos anos de vida. É uma revista
de referência, ímpar na informação
ao segmento das pequenas e médias empresas
em Portugal, que se rege por uma
política de isenção e rigor muito presente.
Só posso parabenizar e fazer votos reforçados
de que façam e continuem a fazer o
excelente trabalho que têm feito até aqui.
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS
5
e
CASOS DE SUCESSO
REINVENTAR PARA AJUDAR
Mariana Barros Cardoso
Black Pig Gin e João Filipe Aguiar
São várias as empresas que, todos os dias, têm
de reinventar-se para dar continuidade ao seu
negócio numa altura em que o mundo encara uma
pandemia. A Covid-19 trouxe a capacidade de os
empresários perceberem o que é que podiam fazer
para manter postos de trabalho, as empresas a
funcionar e muitos perceberam como é que podiam
ajudar. O álcool gel esteve em falta durante algum
tempo e a Casa Ermelinda Freitas e a Black Pig
Gin foram duas das empresas que reinventaram o
álcool para produzir um bem fundamental na luta
contra a propagação da doença.
Durante muito tempo faltou solução de álcool desinfetante
em Portugal, situação que levou ao aumento astronómico
de preços deste que acabou por tornar-se
num bem essencial. Cientes deste problema, algumas
empresas que lidam diretamente com o álcool arranjaram
forma de o transformar... em gel.
Foi na procura de empresas que se tenham reinventado
que vimos sentido em falar com a Casa Ermelinda
Freitas que, juntamente com o Instituto Politécnico de
Setúbal (IPS), está a produzir álcool gel e viseiras.
Na iniciativa de reinvenção que junta a empresa vitivinícola
e o IPS, o fabrico dos já cerca de seis mil litros
de álcool gel está a ser desenvolvido nas instalações
da Casa Ermelinda Freitas, em Fernando Pó, Palmela,
embora tenha sido o IPS o responsável pelo desenvolvimento
tecnológico que culminou na criação da solução
antissética. Um trabalho que orgulha bastante a
sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas, Leonor Freitas,
que adianta que “nesta fase as preocupações devem
estar centradas nas pessoas, depois nas pessoas,
e ainda nas pessoas”.
Quem também pensou nas pessoas foi Miguel Ângelo
Nunes, fundador da Black Pig Gin, que conta que a
ideia de produzir álcool gel surgiu do sentimento de
ajudar a comunidade, afirmando que não podia “virar
a cara à situação”, prevalecendo a vontade de “fazer
algo pela região” (Santiago do Cacém), num momento
em que se vive uma situação nova.
No caso de Miguel, o desinfetante foi produzido na
destilaria onde produz gin e rum, não havendo uma
necessidade de readaptação, uma vez que a estrutura
leve com que conta tem vários níveis de formação, o
que permitiu reconverter o processo produtivo para álcool
gel e desinfetante. Embora tivesse o conhecimento
para o fazer, a destilaria do litoral alentejano esteve
6
Black Pig Gin já produziu álcool gel para oferecer a 1300 empresas
em contacto permanente com entidades competentes
para o controlo total do produto final que começou
logo a ser oferecido e distribuído ao Hospital do Litoral
Alentejano e, segundo foi apurado pelo município de
Santiago do Cacém, a distribuição foi feita a cerca de
1300 empresas. Na génese desta ação está o estímulo
para a reabertura dos negócios do concelho, que se
depararam com uma quebra na receita e com os custos
com equipamentos de segurança, conta-nos Miguel.
Também a produção do álcool gel pela Casa Ermelinda
Freitas foi distribuída em hospitais e IPSS do distrito
de Setúbal, onde é sediada a empresa vinícola. Leonor
Freitas sentiu necessidade de colaborar com instituições
mais desfavorecidas, como lares, prisões e outras
instituições carenciadas de idosos.
"Nesta fase as preocupações
devem estar centradas
nas pessoas", diz Leonor Freitas
Ambas as iniciativas tiveram o apoio dos seus municípios.
“Não há dúvida que, juntando vontades, saberes, colaboradores
podemos ser solidários e, com um pequeno
gesto, fazer uma grande mudança e ajuda para a vida
das pessoas e instituições”, sublinha Leonor Freitas.
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A Black Pig Gin também quis fazer um pequeno gesto
para uma grande mudança e, dessa forma, juntou-se à
causa de ajuda do Badoca Safari Park – um parque do
concelho de Santiago do Cacém que conta com mais
de 400 animais de 75 espécies – em que, na compra
de cada garrafa no site da empresa, a marca oferece
dez quilos de cereais para a alimentação dos animais
do Badoca Park.
Quando questionado sobre o valor de mercado que
comporta todo o álcool gel que já doou, Miguel prefere
não o mencionar.
“Achamos que, no contexto atual, não é o mais importante.
O importante é ajudar o próximo e não os custos
financeiros.”
No entanto, e de alguma forma, os clientes da Black Pig
Gin quiseram ajudar o fundador da empresa e começaram
por comprar uma garrafa de gin por cada doação
feita pela destilaria, o que Miguel releva ter tido uma
importância “crucial”.
"O importante é ajudar
o próximo e não os custos
financeiros", diz Miguel Nunes
Também para a Casa Ermelinda Freitas foi importante
a colaboração da destilaria Vinisol, que facultou álcool
a um preço mais baixo numa altura em que os custos
estavam bastante elevados devido à procura. Leonor
Freitas acredita que “unindo esforços podemos fazer
muito mais do que isoladamente”, reconhecendo a
importância de toda a ajuda técnica que foi dada pelo
IPS, e que, não olhando a “valores apurados”, sabe que
ao pensar nos seis mil litros, o valor é elevado, mas com
a colaboração entre as três instituições foi possível.
Miguel Ângelo Nunes, fundador da Black Pig Gin
Para a responsável, o mais importante neste momento
é o que se passa com a sociedade. Embora esteja
“preocupada com a economia”, está "muito mais preocupada
com as pessoas”.
“Quando estivermos bem lutaremos pela economia,
agora vamos lutar pelas pessoas”, assevera.
A Black Pig Gin rege-se pela paixão, perseverança e
resiliência e é nessa base que tem ajudado as empresas,
IPSS e o Hospital do Litoral Alentejano.
A Covid-19 chegou a Portugal em março deste ano e
desde então foram várias as empresas que tiveram de
se reinventar, quer para garantir a sustentabilidade do
seu próprio negócio quer para ajudar empresas cuja
receita não permitia que se reinventassem. Também à
escala humana foram várias as empresas que uniram
esforços para produzir os “bens essenciais” para a luta
contra a Covid-19, como máscaras, luvas, álcool gel,
viseiras e desinfetantes, que durante algum tempo estiveram
esgotados.
Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas
O Governo Português criou um microsite – covid19.
min-saude.pt – de acesso a orientações para a colocação
de produtos no mercado por parte de fabricantes
nacionais que habitualmente não fazem este tipo
de produção. No site, as empresas encontram direções
específicas, técnicas e procedimentos administrativos
que devem seguir para produzir estes materiais que
podem fazer a diferença no combate à pandemia.
7
e
CASOS DE SUCESSO
IMPRESSÃO 3D REVOLUCIONA
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
Ana Rita Justo
FAN 3D
A FAN 3D foi uma das empresas que se adaptou para fabricar viseiras
a partir da impressão em 3D, com ajuda de muitas outras empresas
e pessoas que também queriam ajudar. O futuro antevê novos
desenvolvimentos em equipamentos para espaços comerciais e
consultórios médicos.
As potencialidades da impressão 3D são imensas, mas
nem toda a gente parece acreditar nisso. Eurico Assunção
acredita. Foi por isso que, no ano passado, fundou
a FAN 3D para fazer consultoria em engenharia e revenda
de equipamentos de impressão 3D. O que ele
não sabia é que este ano iria estar a usar esses equipamentos
para produzir viseiras.
A pandemia de Covid-19 trouxe várias necessidades
de diferentes equipamentos de proteção. A FAN 3D é
uma microempresa de consultoria em engenharia e foi
fundada por Eurico Assunção – que acumula funções
na Federação Europeia de Soldadura – e por outras
duas colegas da Federação, Rute Ferraz e Luísa Coutinho.
Quando a Covid-19 chegou a Portugal, o fundador
apercebeu-se de que havia falta de viseiras no
hospital de São Bernardo, Setúbal, cidade onde reside.
“Tentámos perceber, primeiro, o que era uma viseira,
fomos ver o que havia noutros países. Encontrámos algumas
iniciativas de impressão 3D de viseiras, arranjámos
o ficheiro e imprimimos. Umas colegas testaram
num turno, voltámos a imprimir com ajustes até chegarmos
às finais”, revela o responsável.
A partir daí, o movimento escalou: “Começámos a ter
pedidos de todo o país, a ter pessoas a contactar-nos
porque tinham uma impressora 3D e queriam ajudar”.
Rapidamente, a FAN 3D criou um formulário online para
receber os pedidos e outro para quem quisesse ajudar.
Com a ajuda de pessoas de todo o país e também de
empresas como a Autoeuropa, que imprimiu viseiras,
ou como a Filkemp ou a Lisnave que doaram material,
foram produzidas e doadas mais de seis mil viseiras a
profissionais de saúde de todo o país.
“Só conseguimos fazer isto porque tivemos muita gente,
individuais e empresas, a ajudar-nos”, ressalva o
engenheiro mecânico.
Além das viseiras para adulto, a FAN 3D também desenvolveu
viseiras para crianças para entregar no Hospital
de São Bernardo, de forma que as crianças que
8
Eurico Assunção, fundador da FAN 3D
acedam às urgências estejam também protegidas. Outros
materiais foram também bem-sucedidos, como fitas
em nylon para prender as máscaras, de forma a não
causar feridas nas orelhas dos profissionais de saúde.
NOVOS PRODUTOS NO HORIZONTE
A febre das viseiras deu, entretanto, espaço para pensar
novos equipamentos neste contexto de pandemia e
é nisso que agora a FAN 3D está a focar-se.
“Isto permitiu-nos explorar outras coisas que não tínhamos
tido tempo de explorar, fazer testes, prototipagens
diferentes. Não somos os únicos a produzir
viseiras, mas o facto de termos sido os primeiros e
de termos um contacto
muito próximo com
profissionais de saúde
permitiu-nos entrar
noutros produtos e é
algo que agora estamos
a ver como é que
podemos adaptar às
nossas atividades normais”,
explica.
O foco, agora, está em
produtos “associados
à reabertura de espaços
comerciais e consultórios”
médicos,
como pequenos adaptadores
para abrir portas
sem usar as mãos,
mas apenas os braços,
produzidos com material antibacteriano.
FAN 3D começou a fabricar viseiras a
partir da impressão 3D
Eurico Assunção revela, ainda, a possibilidade de a
FAN 3D dedicar-se mais aos equipamentos médicos
e à certificação dos mesmos: “Os médicos não tinham
noção da capacidade da tecnologia 3D e acho que
agora as pessoas vão começar a olhar para ela com
outros olhos”.
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
“EMPRESAS VÃO TER DE RESISTIR NUM CENÁRIO
ADVERSO MUITO DIFÍCIL” - Mário Jorge Machado
Ana Rita Justo
ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal
O setor têxtil foi profundamente afetado pela quebra de
atividade com a Covid-19. A certificação para produção de
máscaras sociais e equipamentos de proteção veio ajudar,
mas a incerteza ainda é grande. Mário Jorge Machado,
presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal
(ATP) revela as principais preocupações do setor.
PME Magazine – Que impacto no setor teve a certificação
para a chamada máscara social?
Mário Jorge Machado – Uma grande percentagem
(cerca de 70%) de empresas do setor têxtil e vestuário
aderiu ao lay-off simplificado, total ou parcial, em
consequência de uma drástica redução na procura, não
havendo ainda expectativas positivas face a uma retoma
da atividade no setor. A produção de máscaras sociais
(e de outros equipamentos de proteção individual
ou artigos para a área hospitalar) permitiu que algumas
empresas do setor continuassem a ter alguma atividade.
Todavia, na maioria dos casos essa atividade não
é suficiente para manter ativos todos os trabalhadores
dessas empresas. Apenas umas centenas de empresas
estão envolvidas na produção destes produtos. No
último inquérito que fizemos, um quarto das empresas
assinalaram estar a trabalhar nesta área.
PME Mag. – Pode partilhar connosco as principais
conclusões desse inquérito?
M. J. M.– Das respostas que já recebemos, podemos
partilhar o seguinte: 42% das empresas que responderam
tiveram uma redução do volume de negócios superior
a 50% em abril, sendo que as expectativas para
maio se mantêm na mesma linha, com 36% das empresas
a afirmar que terão uma quebra na faturação superior
a 50%. 69% das empresas previam continuar em
lay-off (total ou parcial) em junho.
PME Mag. – Quais as principais preocupações apresentadas
pelas empresas?
M. J. M.– As empresas identificam a falta de encomendas,
atrasos nos pagamentos por parte dos clientes,
problemas de tesouraria, dificuldades no acesso aos
apoios do Estado, com particular destaque para as dificuldades
de acesso às linhas de crédito Covid-19. Há
uma grande incerteza quanto à retoma nos próximos
dois meses: apenas 8% das empresas acredita numa
retoma da atividade com níveis superiores a 80%, até
ao final do mês de julho; 19% acredita que a essa data
poderemos ter uma retoma entre 60% a 80%; 25% antevê
uma retoma entre 40% a 60%; 23% prevê que seja
Presidente da ATP defende reforço dos apoios ao setor têxtil
entre 20% a 40% e outros 25% estimam uma retoma da
atividade inferior a 20%.
PME Mag. – Como estão as empresas do setor a reagir
a esta nova realidade? O que mudou?
M. J. M.– Conforme referi, a realidade que ainda se
vive no setor é pautada pela falta de procura e quebra
nas encomendas, sobretudo de artigos de moda e
têxteis para o lar, mas também nalguns produtos mais
técnicos, como têxteis para o setor automóvel. Esta
quebra de procura tem impacto em toda a cadeia de
abastecimento, desde as matérias primas até ao produto
final, passando pelas atividades de enobrecimento.
Se pensarmos no vestuário ou têxteis para a casa,
verificou-se uma quebra drástica no consumo deste
tipo de artigos nos últimos meses, um pouco por todo
o mundo (a maioria dos produtos fabricados em Portugal
têm como destino mercados da União Europeia) e,
apesar de estarmos a assistir a uma abertura gradual
das lojas, há uma grande incerteza e falta de confiança
quanto ao futuro, com muitas variáveis no desconhecido,
como por exemplo, a possibilidade de um novo
surto e de novas medidas restritivas e ainda o impacto
da pandemia no nível do rendimento das famílias e incerteza
quanto às suas prioridades e níveis de consumo.
Neste contexto, é ainda difícil planear e antecipar
as necessidades de produção. Face a este cenário de
incerteza, acreditamos que as marcas, nos próximos
tempos, irão privilegiar encomendas mais pequenas
e fornecedores que sejam flexíveis e capazes de uma
resposta rápida, atributos que caracterizam a indústria
têxtil e vestuário portugueses. Todavia, até ao momento,
a maioria das empresas deste setor vai ter de resistir
num cenário adverso muito difícil, para o qual será
fundamental o reforço dos apoios, nomeadamente na
componente financeira.
9
p
INVESTIMENTO
SUSTENTAR EMPRESAS, EMPREGO E RENDIMENTO:
O INTERIOR COMO FUGA PÓS-PANDEMIA
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, SP RL
LS Advogados, SP RL
Se os novos tempos são tempos de nos reinventarmos
e arriscarmos, não poderíamos, pois, escolher melhor
tema!
Porque sem empresas, arriscamos nós, não há sociedade,
o pacote fiscal aprovado pelo executivo aposta
na atracação do tecido empresarial para o Interior
com uma taxa reduzida de IRC para PME, taxa essa
que será de 12,5% para os primeiros 25.000 euros de
matéria coletável e um incentivo ao reinvestimento dos
lucros através de uma majoração de 20% dos benefícios
previstos no regime da dedução por lucros retidos
e reinvestidos.
Note-se que para usufruir dos benefícios fiscais acima
a PME terá de:
Sandra Laranjeiro dos Santos, LS Advogados, SP RL
A presente crónica, escrita em tempo de pandemia,
num contexto em que o desconfinamento é impulsionado
pelos principais atores políticos, mereceu-nos
um olhar de esperança, mas de responsabilidade.
Se na adversidade o povo português é exímio em encontrar
soluções e ultrapassar desafios, que o levaram,
desde tempos idos, a dar novos mundos ao mundo, e
o primeiro-ministro nos diz: “Com a mesma determinação
com que soubemos conter-nos em casa, temos
de fazer o esforço de sustentar empresas, emprego e
rendimento, porque sem empresas, emprego e rendimento
a economia não cresce, não vive, e a sociedade
definha. Se não foi a doença que deu cabo de nós, também
não pode ser a cura que dá cabo de nós”. O que
podem os portugueses ousar, mantendo a prudência
nestes novos tempos?
O interior, que tanto se tem falado como reduto de segurança
do “bicho mau”, afigurar-se-á também como
porta para a esperança no desenvolvimento económico?
Ora, neste contexto de pandemia, foi publicado o Guia
Fiscal do Interior, elaborado pela Secretaria de Estado
da Valorização do Interior e pela Secretaria de Estado
dos Assuntos Fiscais, com o apoio da Autoridade Tributária
e Aduaneira, que anuncia os benefícios fiscais
para as famílias, e medidas de apoio às empresas e ao
investimento muito importantes nestes territórios.
10
a) exercer a atividade e ter direção efetiva nas áreas
beneficiárias;
b) não ter salários em atraso;
c) a empresa não resultar de cisão efetuada nos dois
anos anteriores à usufruição dos benefícios;
d) a determinação do lucro tributável ser efetuada com
recurso a métodos diretos de avaliação ou no âmbito
do regime simplificado de determinação da matéria
coletável (ou seja, não poderá incorrer no regime de
ser alvo de inspeções tributárias que corrigem indiciariamente
os resultados apresentados).
Nota: Quadro Exemplificativo do impacto na redução de IRC em PME
do interior
Às medidas acima há a somar a atração de investimento
com deduções à coleta de IRC mais elevadas, através
de condições vantajosas para investimentos que
reduzam assimetrias regionais, sobretudo se aplicados
em áreas menos desenvolvidas.
O Guia Fiscal do Interior destaca ainda os investimentos
para a silvicultura, fundamentais para regenerar
e melhorar os povoamentos florestais, sobretudo em
anos pós-incêndios, como é o caso em Portugal.
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Assim, há importantes incentivos fiscais à silvicultura
que, grosso modo, dividem-se em dois grupos fundamentais:
Isenções – contribuintes estão isentos de certos
impostos, como seja o caso do IMI, IMT e Selo nas
aquisições de prédios (ou partes de prédios) rústicos
situados em áreas abrangidas por Zonas de Intervenção
Florestal e nas aquisições dos prédios rústicos
destinados à exploração florestal, desde que confinantes
com prédios submetidos a um plano de gestão
floresta;
E majorações – as despesas dos contribuintes
são majoradas, deste modo reduzindo o valor de IRC a
pagar, por exemplo com a consideração em 140%, para
efeitos de apuramento do lucro tributável em IRC e IRS,
dos gastos com contribuições financeiras dos proprietários
e produtores florestais aderentes a uma zona
de intervenção florestal destinadas ao fundo comum
constituído pela respetiva entidade gestora; operações
de defesa da floresta contra incêndios; elaboração de
planos de gestão florestal; despesas de certificação
florestal; e despesas com a mitigação/adaptação florestal
às alterações climáticas.
Uma empresa considera-se situada no Interior se exercer
atividade e tiver direção efetiva num dos territórios
elencados no Anexo da Portaria n.º 208/2017, de 13 de
julho (em que encontramos concelhos do Alto e Baixo
Alentejo; do Alentejo Central e Litoral; do Algarve; do
Alto Minho, Trás-os-Montes; do Tâmega; das Beiras;
da zona do Ave; Cávado e Douro; da Lezíria do Tejo e o
Médio Tejo; zonas da região de Aveiro; Leiria; Viseu e
Coimbra), sendo que como a medida abrange PME, estaremos
sempre a falar de empresas que empreguem
até 250 pessoas e cuja faturação não ultrapasse os 50
milhões de euros, ou o balanço total até 43 milhões de
euros.
É caso para dizer: o interior aqui tão perto, que o descubramos
e nele reinventemos com segurança uma
economia que não podemos deixar morrer!
Terminamos, pois, com o mestre Alberto Caeiro (“O
Guardador de Rebanhos”. 1.ª publ. in Athena, nº 4. Lisboa:
Jan. 1925.), esperando que o texto motive o leitor
e o deixe voar, na direção da retoma da economia, afinal,
o vento passa…
«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
«Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?»
11
p
INVESTIMENTO
EMPRESAS PEDEM RESPOSTA CÉLERE E
REALISTA
Ana Rita Justo
CIP e CPPME
Com uma quebra de 2,4% na economia portuguesa no primeiro trimestre e o desemprego a aproximar-se
dos níveis verificados durante o período da troika, a urgência por medidas para apoiar as empresas aumenta
a cada dia. CIP e Confederação das Micro Pequenas e Médias Empresas falam à PME sobre o caminho a
seguir.
O fantasma de uma crise tão má como a que levou à intervenção
da troika é cada vez mais real. O Governo estima
que Portugal chegue ao fim do ano com o desemprego
nos 9,6% e uma quebra no produto interno bruto
(PIB) a rondar os 7%, enquanto o número de empresas
a aderir ao lay-off simplificado já superou os 100 mil.
António Saraiva, presidente da CIP – Confederação
Empresarial de Portugal, considera que as “empresas
portuguesas têm demonstrado uma grande resiliência
nesta situação de exceção”, mas teme que isso não
seja suficiente para ‘segurar’ a economia.
“O Governo tem revelado dificuldade em responder
com a dimensão, com a agilidade e com a rapidez que
considerámos, desde o primeiro momento, que a situação
exige. Esta é uma avaliação motivada pelo contacto
direto com as empresas, através das associações
que integram a CIP, e que tem demonstrado ter total
aderência com a realidade”, sublinha o presidente da
CIP, acrescentando que há “um grande desfasamento
entre as necessidades e os montantes mobilizados”,
bem como “dificuldades na concretização dos apoios
anunciados e mesmo dos aprovados”.
Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa
das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), reconhece
que “ninguém contava com esta calamidade,
muito menos as micro e pequenas empresas”.
“Desde o primeiro momento que a CPPME afirmou que
as medidas do Governo eram minimalistas e insuficientes,
com a gravidade de se apoiarem em legislação
anterior, face a uma situação nova e desconhecida.
Veja-se por exemplo a Linha Capitalizar Covid19 com
as regras de 2018, ou o lay-off assente no Código de
Trabalho de 2017”, sublinha.
"O Governo tem revelado
dificuldade em responder com a
agilidade e com a rapidez que
considerámos, desde o primeiro
momento, que a situação exige",
diz António Saraiva
O responsável lembra que as microempresas representam
96,1% do total de empresas em Portugal (segundo
dados do INE de 2018, eram 1.278.164 as empresas em
Portugal, das quais 1.227.831 eram microempresas) e
que é preciso “tomar medidas a médio e longo prazo,
estruturantes” para fazer face a esta situação.
RETOMA COM CONFIANÇA
Nesse sentido, o presidente da CPPME dá conta da
disponibilidade da Confederação para “ajudar a construir
uma economia forte e robusta”.
António Saraiva, presidente da CIP
12
“Nesta nova fase, o Governo terá de trabalhar arduamente
com as autoridades sanitárias responsáveis no
sentido de ajudar a levantar a economia portuguesa,
dando confiança aos seus agentes económicos”, advoga.
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Tanto a CPPME como a CIP apresentaram medidas ao
Governo de apoio às empresas neste contexto de pandemia.
O presidente da CIP considera que, em primeiro
lugar, o Governo deve promover instrumentos de capitalização
das empresas, que “que possam subsistir e
manter empregos”, bem como o reforço das “linhas de
crédito disponibilizadas, que se encontram esgotadas,
mas acrescentando capacidade de resposta do sistema
financeiro e do sistema de garantia mútuo, ao mesmo
tempo que tem de reduzir a burocracia, que atingiu
um nível inaceitável”.
Na mesma linha, o presidente da CPPME defende a
eliminação de todos os “impedimentos que as micro
e pequenas empresas têm no acesso à legislação que
estabelece e regula os apoios aos empresários, nomeadamente
dívidas ao Fisco e à Segurança Social, incidentes
bancários das empresas ou dos seus titulares,
resultados e demonstrações de exercícios anteriores”.
"O Governo terá de trabalhar
arduamente com as autoridades
sanitárias responsáveis no sentido
de ajudar a levantar a economia
portuguesa", sublinha Jorge Pisco
Além disso, Jorge Pisco defende uma “medida compensatória”
que abranja um apoio aos sócios-gerentes,
bem como instituir um regime jurídico de proteção
em caso de desemprego para os sócios-gerentes.
Ambas as confederações concordam que o Estado
deve, ainda, fazer o “pagamento urgente das dívidas
às empresas, com prioridade às micro e pequenas empresas”,
advoga o presidente da CPPME.
“O Estado pode e deve dar o exemplo, cumprindo prazos
de pagamento a fornecedores, o que constitui, por
si só, um apoio à liquidez dos agentes económicos.
Pode e deve, igualmente, adaptar a fiscalidade para
que esta constitua uma resposta a esta situação de
exceção, contribuindo para a recuperação económica,
através, por exemplo, do incentivo à capitalização e da
criação de condições para a melhoria da liquidez”, refere,
por seu turno, António Saraiva.
GABINETE DE APOIO PARA MICRO E PME
Uma das medidas defendidas pela CPPME é a criação
“com a máxima urgência”, diz o presidente, de um gabinete
de apoio para as micro e pequenas empresas,
apontando que “a Segurança Social, o IAPMEI e a banca
revelam não estar à altura do momento especial”
que estamos a viver.
“As vítimas têm sido os micro, pequenos e médios empresários,
os seus trabalhadores e as suas famílias
que, batendo a estas portas, ou não são devidamente
esclarecidos dos seus direitos, mesmo que insuficien-
Jorge Pisco, presidente da CPPME
tes, ou lhes são exigidos imensos papéis e garantias”,
lamenta.
O presidente revela, ainda: “Recebemos todos os dias
dezenas e dezenas de testemunhos de todo o país, de
empresários a relatar-nos os seus esforços para continuar
com o seu negócio e as dificuldades que encontram
junto dos departamentos oficiais”.
Jorge Pisco pede, também, a criação de um “fundo de
tesouraria para as micro e pequenas empresas, à margem
da Linha Capitalizar 2018”, além da isenção temporária
de encargos fiscais e de outras despesas como
água, luz e o pagamento de rendas, com “apoio compensatório
aos proprietários dos imoveis”; a eliminação
do Pagamento por Conta em 2020 e o “reembolso célere
do IVA”.
MAIS FORMAÇÃO
Já a CIP advoga por mais investimento em formação,
revela António Saraiva: “Antes o desenvolvimento da
economia portuguesa já o exigia e essa exigência tornou-se
mais premente com o choque provocado pela
pandemia de Covid-19”.
O presidente da CIP lança, ainda, críticas à resposta da
União Europeia a este contexto.
“O tempo de resposta da UE merece crítica, porque a
morosidade tem como resultado empresas que desaparecem
e empregos que deixam de existir, mas acredito
que se conseguirá um entendimento para a criação
e um programa de resposta a esta crise. Portugal terá
de aproveitar esse apoio da melhor forma, com investimento
regrado e produtivo, para que a economia se
mantenha na rota dos ganhos de competitividade e não
perca a corrida face a quem parte mais à frente”, sublinha.
13
r
INTERNACIONAL
BRAGA É O “CORAÇÃO” DA UPHOLD
Ana Rita Justo
Uphold
A pandemia levou muitas empresas a retraírem o seu investimento, mas não a Uphold, plataforma financeira
digital norte-americana com escritórios em Braga e que mantém a intenção de chegar aos 100 colaboradores
até ao final de 2020. O CEO, J. P. Thieriot, e o CTO, Rui Marinho, explicam à PME Magazine o porquê desta
aposta no Norte de Portugal.
Portugal surge muito naturalmente no mapa de investimentos
da Uphold, uma fintech de Sillicon Valley que
lançou, em 2014, uma plataforma financeira digital
disponível em mais de 180 países e com acesso a 27
moedas nacionais, 30 moedas digitais, quatro metais
preciosos e outros produtos de poupança e crédito.
A empresa nasceu em São Francisco, Estados Unidos
da América, e conta hoje com escritórios em Nova Iorque,
Londres, Xangai e também em Braga, integrando
o ecossistema da Startup Braga e onde, revela o CEO,
J. P. Thieriot, a empresa encontrou o “coração da empresa”.
“Começámos a trabalhar com grupos de diferentes
localizações e o que reparámos é que o trabalho
vindo de Portugal era sempre melhor, chegava a
horas, dentro do budget”, afirma o responsável. A
eficiência demonstrada levou à contratação, em
2014, de Tiago Ribeiro e Rui Marinho, fundadores da
startup portuguesa Seegno, que passaram a integrar a
estrutura responsável pela Uphold em Portugal, ambos
como CTO (chief technology officers), que conta agora
com cerca de 70 trabalhadores em Braga.
“Além da nossa presença em Braga, vamos todos os
anos para o retiro da empresa no Algarve e passamos
muito tempo no Porto. Portugal tornou-se no coração
cultural e espiritual da empresa de uma forma muito
importante e não é por acaso”, advoga o CEO.
Já o CTO Rui Marinho reconhece grandes investimentos
de outros concorrentes tecnológicos em Portugal,
J.P. Thieriot criou a Uphold em 2014
mas sublinha que a grande vantagem competitiva da
Uphold para quem lá trabalha está no desenvolvimento
das competências core.
“De uma perspetiva de desenvolvimento do produto,
temos 60 pessoas em Braga”, explica o responsável
português, entre engenheiros, desenvolvimento de
produto e infraestruturas.
Até final do ano, a Uphold quer contratar mais 30
profissionais de engenharia, data scientists, product
developers e responsáveis de gestão de projetos.
“Isto está a ser feito em reposta à pandemia, para
mostrar, não apenas à comunidade local, mas a todo
o país, a forma como queremos que a empresa cresça,
juntamente com a retoma da economia portuguesa. O
momento não foi ao acaso, queríamos dar um sinal a
outras empresas de que vamos sair desta situação mais
cedo do que tarde e vamos dar o nosso melhor para que
isto aconteça”, afiança Rui Marinho.
Escritórios de Braga contam com cerca de 70 colaboradores
14
“O mercado das moedas digitais é muito entusiasmante
para quem está a ser recrutado. Como lidamos com
grandes avanços em tecnologia, isso tem um papel importante
na hora de convencer os candidatos a mudar
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
de emprego ou a candidatarem-se à nossa empresa”,
acrescenta.
A PRÓXIMA SILICON VALLEY
A aposta em Portugal dura há mais de seis anos e levou,
inclusivamente, a Uphold a adquirir uma outra startup
portuguesa no ano passado, a Scytale, uma agência de
web development. J. P. Thieriot sublinha, mais uma vez,
que esta aposta não acontece por acaso.
“A Universidade do Minho está entre as universidades
com programas de ciências computacionais mais antigos
da Europa. A presença da equipa em Portugal não
tem que ver com o facto de se ter suporte mais barato,
mas sim com inovação global e com o desenvolvimento
de tecnologia de classe mundial. Isto não acontece no
vazio, trabalharam bem na Universidade do Minho para
terem tantas mentes tecnológicas de classe mundial
nos dias de hoje”, adianta.
"O mercado das moedas
digitais é muito entusiasmante
para quem está a ser recrutado",
diz Rui Marinho
Além disso, o CEO aponta a “mais recente legislação
no que toca aos impostos” relacionados com criptomoedas,
o que faz de Portugal “uma casa muito atrativa
para esta indústria e que tem potencial para ser a
próxima Silicon Valley”.
“Há uma ligeira parte negra: a lei laboral portuguesa
não é a mais clara ou convidativa do mundo, mas em
todos os restantes aspetos – talento, regras, montar
uma legislação atrativa para o desenvolvimento e comércio
de criptomedas – fizeram um trabalho incrivelmente
bom, possivelmente melhor do que noutros
países.”
Com a equipa a ser maioritariamente da região Norte de
Portugal, com idade média de 32 anos (20% mulheres
e 80% homens), Rui Marinho diz ter uma equipa equilibrada,
a quem a Uphold consegue incutir uma “cultura
norte-americana muito forte” no que toca às regalias
para quem ali trabalha.
“Uma das regalias – que esperamos poder retomar depois
de a pandemia passar – é que oferecemos o almoço
aos nossos colaboradores todos os dias, de forma
a que possam debater ideias, não apenas de trabalho,
mas também de fora. Isso cria um sentido diferente de
grupo e de amizade e é uma das razões por que temos
tão pouca gente a deixar a empresa.”
PANDEMIA… POSITIVA?
No que toca ao mercado das moedas digitais, J. P.
Thieriot é perentório ao afirmar que a pandemia acabou
por trazer benefícios a quem trabalha no setor, em
Rui Marinho, CTO e responsável pelas operações da empresa em Portugal
detrimento de outros altamente penalizados pela
Covid-19. A perspetiva de emissão de moeda para
fazer face à crise atual poderá, segundo o próprio,
beneficiar as criptomoedas.
“Os Estados Unidos vão querer fazer melhor do que na
crise de 2008 e não vão só dar dinheiro aos bancos ou
fazer empréstimos. Será preciso imprimir dinheiro e
pô-lo nas mãos das pessoas – o que penso que será o
correto, mas isso significa que o valor das moedas irá
desvalorizar. O dólar norte-americano é relativamente
mais forte, mas comparado com as bitcoins ou ouro
físico irá perder valor, por isso, as bitcoins e o ouro físico
vão ganhar valor em relação à moeda fiduciária. É nesse
espaço que operamos, por isso, a nossa atividade,
mês após mês, continua a crescer à medida que as
pessoas se apercebem daquilo que vai acontecer e de
onde podem alocar as suas poupanças. Estamos num
negócio estranhamente favorável na conjuntura atual”,
advoga.
Já Rui Marinho diz que a empresa vê “com bons olhos
o potencial da nova Zona Livre Tecnológica”, lançada
em abril passado em Matosinhos, no âmbito do plano
do Governo e inscrito no programa Startup Portugal -
Estratégia Nacional para o Empreendedorismo.
“A Zona Livre Tecnológica pode providenciar uma
sandbox regulatória para empresas como a nossa, que
querem lançar produtos completamente diferentes
e assim têm o enquadramento legal necessário, sem
terem medo do que irá acontecer. Estamos muito
entusiasmados com o que isto irá trazer para o setor
das fintech.”
Atualmente, a Uphold conta com 2,2 milhões de utilizadores
e com um ritmo de crescimento de sete mil
novos utilizadores por dia. A expectativa é, por isso, de
chegar ao final do ano com 3,5 milhões de utilizadores.
“Estamos a mudar a forma como o dinheiro circula e
a forma como as pessoas podem aceder a coisas que
nunca tinham conseguido aceder anteriormente, na
esperança de tornar as suas vidas melhores”, acrescenta
J.P. Thieriot.
15
r
INTERNACIONAL
"JÁ PERCORREMOS MAIS DE 10 MILHÕES
DE MILHAS NÁUTICAS” - Matthieu Roger
Mariana Barros Cardoso
Transinsular
Definindo-se como o mais importante armador português de transporte marítimo de cargas, a Transinsular
faz parte do grupo ETE. Com 100% capital português, a empresa dá conta das maiores dificuldades em
tempos da Covid-19, sem esquecer o compromisso em manter os serviços operacionais e o compromisso
em chegar além-fronteiras com a sua operação em Cabo Verde. Regida por inovação, antecipação e
responsabilidade, a Transinsular já percorreu o equivalente a quase 500 voltas ao mundo.
bem como na área da logística, com capacidade de
oferecer um serviço end-to-end. Destaque, ainda, para
a área de engenharia, manutenção e reparação naval,
com dois estaleiros, um em cada uma das margens do
Tejo, uma mais-valia na manutenção das frotas de navios
e contentores da Transinsular. Por último, uma referência
à linha internacional, que tem como principal
destino Cabo Verde, sendo Portugal o maior mercado
de origem das mercadorias.
Matthieu Roger, CEO da Transinsular, empresa do Grupo ETE
PME Magazine – Como caracteriza o percurso da
Transinsular?
Matthieu Roger – A Transinsular tem um papel muito
importante na economia portuguesa, e nas regiões
autónomas da Madeira e Açores. A principal linha de
negócio é o abastecimento regular daquelas regiões,
que são dependentes do exterior, importando a maioria
dos bens de consumo, matérias-primas, entre outros e
assegurando as exportações e o transporte interilhas
e inter-regiões. A Transinsular, ao ser adquirida pelo
Grupo ETE, passou a beneficiar de um significativo
conjunto de sinergias. O Grupo ETE cresceu a partir das
atividades portuária e fluvial, que, nos anos 40 e 50,
estavam intimamente ligadas, já que a própria operação
portuária era feita ao “largo”, isto é, no meio do rio,
zona que oferecia os calados necessários para os navios
poderem carregar e descarregar. Naquela época,
para navios de determinada dimensão, não era possível
descarregar diretamente nos terminais portuários,
pelo que a operação ao largo – fluvial – continua a ser
uma atividade realizada em exclusivo pelo grupo, no rio
Tejo. O grupo foi ganhando dimensão no agenciamento
marítimo, detendo o maior agente nacional, a Navex,
16
PME Mag. – Qual foi a melhor oportunidade de expansão
da empresa?
M. R.– A Transinsular, sendo essencialmente uma empresa
nacional, terá de alguma forma o seu desempenho
ligado ao próprio país. Tivemos um período em que
o país cresceu, as regiões autónomas desenvolveram-
-se e cresceram acima do país e a Transinsular acompanhou
esse crescimento. Para o desenvolvimento das
várias infraestruturas de obras públicas nos Açores e
na Madeira, no final dos anos 90 e princípio dos anos
2000, foi fundamental a frota de navios cimenteiros da
Transinsular, auto carregadores e auto descarregadores,
que efetuaram o transporte de todo o cimento
necessário para as referidas obras. Essa terá sido uma
boa fase.
PME Mag. – Integram o Grupo ETE, com 100% capital
português. É o segredo para ser uma referência na
economia do mar?
M. R.– A origem do capital, por si só, não pode explicar
o sucesso ou sermos uma referência na economia
do mar. Essa qualidade resulta de termos clientes satisfeitos
e de sermos credíveis nas relações que estabelecemos.
Temos experiência na economia do mar,
o que nos confere uma capacidade de antecipação e
adaptação à mudança. O capital 100% português é,
apesar de tudo, muito importante, pois podermos ter
operadores nacionais nos ativos estratégicos do país,
como são os portos e a própria marinha mercante.
PME Mag. – Quantos navios compõem, atualmente,
a frota da Transinsular?
M. R.– A frota atual é composta por oito navios que
servem com frequência as regiões autónomas e Cabo
PLANETA
A CAMINHO
DE UMA
PEGADA MAIS
SUSTENTÁVEL
Pegada a pegada, o SAPO contribui para que o mundo fique mais verde
e a nova área de conteúdos Planeta, convida cada um de nós a fazer
parte desta mudança. O caminho da sustentabilidade faz-se com artigos
sobre desperdício zero, com o Reduzir, Reciclar e Reutilizar como mote
e pondo em prática dicas, sugestões e ideias simples que tornam o nosso
dia-a-dia cada vez mais verde.
.
sapo.pt/planeta
r
INTERNACIONAL
Verde, dos quais seis são próprios. Já percorremos
desde o início mais de 10 milhões de milhas náuticas, o
equivalente a quase 500 vezes a volta do mundo.
PME Mag. – As pessoas são um dos pilares fundamentais
da vossa empresa?
M. R.– As pessoas são sempre o pilar fundamental de
uma empresa. No nosso caso, os navios, as gruas, os
armazéns são ativos fundamentais, mas que qualquer
empresa pode adquirir. O mesmo não se poderá dizer
quanto às pessoas. Termos as pessoas certas, no lugar
certo, faz a diferença. Atualmente, empregamos 140
colaboradores.
"Termos as pessoas
certas, no lugar certo,
faz a diferença"
PME Mag. – Termos um dos maiores portos da Europa
faz com que seja mais fácil ter sucesso numa empresa
de transportes marítimos de cargas?
M. R.– No nosso caso diria que as mais-valias e/ou sinergias
resultam do facto de a Transinsular estar integrada
num grupo que tem uma posição muito forte no
setor portuário nacional, com presença em todos os
terminais portuários relevantes do país. Isto permite
que o armador tenha uma agilidade e capacidade de
chegar mais perto dos seus clientes. Também o facto
de determos a nossa própria operação logística de forma
integrada nos próprios terminais portuários ou com
grande proximidade dos mesmos assegura eficiência e
rapidez na resposta.
PME Mag. – Que medidas têm para promover a sustentabilidade
ambiental?
M. R.– As questões de melhoria e sustentabilidade
ambiental são uma preocupação constante na nossa
gestão e na nossa atividade diária. Há mais de dez anos
que temos adotado medidas, na sua grande maioria,
sempre alinhadas com recomendações e orientações
da IMO [n. d. r. International Maritime Organization].
Recentemente, podemos destacar a adoção do tipo
de combustível VLSFO [Very Low Sulphur Fuel Oil] para
os nossos navios, que resulta numa menor emissão de
gases poluentes.
PME Mag. – Quais foram as maiores dificuldades
encontradas neste tempo de Covid-19?
M. R.– Fazemos parte da minoria da população que
teve de se manter ativa e continuar na “linha da frente”
para que o país não parasse. Numa atividade como a
da Transinsular, que implica manter todos os serviços
operacionais - administrativos e frota de navios – foram
vários os desafios que nos foram impostos. Assegurar
o regime de teletrabalho à maioria das equipas
administrativas, manter a full-time uma resposta aos
nossos clientes, manter as tripulações dos navios a
bordo – confinadas ao mesmo espaço de circulação
- obrigou-nos a ajustar procedimentos e a definir regras
que permitissem manter a segurança de todos.
Por outro lado, conseguimos reorganizar alguns serviços
por forma a manter a frequência do abastecimento
em Cabo Verde. O novo serviço Cabo Verde Expresso,
que liga Portugal a Cabo Verde em sete dias, explica
esta resposta em tempos de Covid-19. O grupo fechou
também uma parceria com os Correios de Cabo Verde,
assegurando a expedição internacional e nacional de
carga postal por via marítima e onde a Transinsular e a
Transinsular Cabo Verde [armador local], têm um papel
ativo. Numa fase em que o sistema aéreo de alguns
países se mantém suspenso, esta foi uma parceria feliz
para cumprirmos o habitual compromisso de resposta
com aquele país.
PME Mag. – Quais são as bases para manter a empresa
reconhecida internacionalmente?
M. R.– São muitos anos neste setor e onde fazemos
apenas aquilo que sabemos. Isto deve-se não só à
passagem de know-how entre gerações, mas também
à estabilidade da gestão, permitindo manter ao longo
do tempo a confiança dos nossos clientes.
"São muitos anos neste
setor e onde fazemos
apenas aquilo que sabemos"
PME Mag. – Qual o volume de negócios global do
Grupo ETE e quantas pessoas emprega?
M. R.– Atualmente, o Grupo ETE emprega mais de 900
colaboradores e gera um volume de negócios anual
superior a 200 milhões de euros. Detém uma presença
internacional com operações próprias em cinco países
(Colômbia, Uruguai, Cabo Verde, Moçambique e Portugal),
em três continentes.
PME Mag. – O sucesso vem de?
M. R.– Inovação, antecipação e responsabilidade. Temos
o compromisso de continuar a inovar e antecipar
soluções que garantam a satisfação dos nossos clientes
que dão o seu contributo de forma sustentada ao
crescimento e economia do país.
18
b
AMBIENTE
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
PRESERVAR O AMBIENTE NA RETOMA
Mariana Barros Cardoso
Zero e Quercus
O país começa a retomar a normalidade com o desconfinamento e torna-se urgente respeitar os limites
do planeta na retoma económica. A PME Magazine falou com Francisco Ferreira, presidente da Zero –
Associação Sistema Terrestre Sustentável, e com Paula Nunes da Silva, presidente de direção nacional da
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, para perceber de que modo é que as pequenas
e médias empresas podem ajudar a cumprir o compromisso ambiental para este e para os anos seguintes.
suaves de mobilidade, como as bicicletas, aquisição
de frota elétrica para passageiros e para transporte de
mercadorias, bem como investimentos em energias renováveis
para fornecimento de eletricidade aos edifícios
e eficiência energética das empresas.
Estes investimentos devem ser feitos com uma avaliação
do custo-benefício das medidas para a própria
empresa, para a sociedade e para os colabores, reforça
Francisco.
"As medidas têm
que ser das empresas,
mas também das autarquias",
diz Paula Nunes Silva
Paula Nunes da Silva, presidente da direção nacional da Quercus
A retoma económica e a manutenção de boas regras
de preservação do meio ambiente são preocupações
constantes. Torna-se, por isso, importante saber que
tipo de investimento é necessário para adotar medidas
mais sustentáveis a nível ambiental dentro das próprias
empresas, passando pela preservação do ambiente na
retoma da economia nos tempos atuais e pelo veículo
facilitador que esta a adoção de medidas e meios sustentáveis
pode ter na reativação das economias.
Questionada acerca das medidas que as empresas deviam
adotar para cumprir com as diretrizes europeias
no que toca às metas ambientais, Paula Nunes da Silva,
presidente da direção nacional da Quercus, diz esperar
uma resposta não só corporativa, mas também institucional
ao nível do poder local.
“As medidas têm que ser das empresas, mas também
das autarquias para se atingir a neutralidade carbónica,
que pode ser assegurada de forma prática e com alteração
do consumo dos edifícios com recurso a energias
renováveis, por exemplo”, apela.
Já Francisco Ferreira, presidente da Zero, dá-nos conta
da importância do estímulo ao uso de modos mais
Para a presidente da Quercus, a contabilização destas
medidas de sustentabilidade e investimentos em
energias renováveis revelam-se, a longo prazo, numa
poupança económica para a empresa. A responsável
concede importância às campanhas junto dos colaboradores,
apelando à poupança dos consumíveis em
escritórios e outros equipamentos das empresas, bem
como a alteração das lâmpadas para LED, a diminuição
de deslocações ou substituição de veículos utilizados
por bicicletas ou viaturas elétricas e a correta utilização
de recursos hídricos.
INVESTIR NAS PESSOAS
Para estas alterações ocorrerem nas empresas, para
a rentabilidade ambiental e até económica, é preciso
investimento para se conseguir adotar medidas mais
sustentáveis.
A presidente de direção nacional da Quercus acredita
que “parte significativa do investimento está nas
pessoas e na alteração de comportamentos que terão
investimentos mais avultados”. Contudo, Paula Nunes
da Silva acredita que, feito um plano de gestão, muitas
dessas medidas poderão compensar a médio, longo
prazo para as empresas.
Quando questionada sobre os “investimentos avultados”
a mesma diz referir-se ao “setor de construção e
19
b
AMBIENTE
reabilitação e outros investimentos relacionados com a
transição para o digital”.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) já deu
conta da possível descida de um total de 6% nas emissões
globais de dióxido de carbono devido à pandemia
causada pela Covid-19. No entanto, esta descida das
emissões globais de dióxido de carbono não é suficiente
para fazer recuar as alterações climáticas, alertou
a mesma organização. Desta forma, a preservação
do ambiente na retoma da economia é importante.
Para Francisco Ferreira, é, “sem dúvida, possível” fazer
retomar a economia nos tempos atuais, com base na
preservação do ambiente. O presidente da Zero elucida
alguns exemplos para isso, como a “aposta numa
economia de base mais local e nacional para se poder
ajudar em momentos de crise como o presente”. Neste
âmbito, lembra, por exemplo, o acesso a recursos para
a produção de material necessário para a área da saúde,
evitando assim, deslocações.
MUDAR A PENSAR NO FUTURO
No que toca às pessoas, Paula Nunes da Silva acredita
que estão preocupadas com o seu trabalho, mas também
com a mudança no mindset das empresas.
“O cidadão comum, obviamente está preocupado com
o seu trabalho, mas já existe uma preocupação em exigir
uma mudança de estratégia económica.”
Também o presidente da Zero afirma que esta mudança
“é de grande importância na preparação da sociedade
e da economia para outras crises fundamentais como
são a climática e a ambiental”.
“A experiência atual que vivemos permite compreender
as consequências que podem resultar da impreparação
para enfrentar os riscos que se colocam à sociedade
e à economia”, defende, sendo por isso “importante,
aplicar ensinamentos à gestão de outras crises que serão
muito benéficos para a sociedade”.
O presidente da Zero defende, ainda, a redução dos
níveis de consumo e o aumento da eficiência no uso
de recursos no futuro e ainda o desenvolvimento do
tecido empresarial tendo em conta novas realidades
emergentes e o reforço das sinergias para soluções
criativas.
Presidente da Zero defende
redução dos níveis de consumo
e mais eficiência no uso
dos recursos disponíveis
Muito importante também, na retoma da economia e na
preservação do meio ambiente é a promoção da economia
circular através da “reutilização e reciclagem de
resíduos, da aposta na reabilitação das cidades e vilas"
e “numa agricultura de múltiplos outputs de base local
e regional assente em circuitos curtos de distribuição”,
adianta Francisco Ferreira.
Já a Quercus alerta, ainda, para a Diretiva de Informação
Não Financeira, da Comissão Europeia, que determina
que, a partir de março de 2021, o setor financeiro
terá de reportar onde é que inclui os temas ambientais
nos seus produtos financeiros. Já em 2022, estas
empresas terão de reportar a percentagem de vendas
“verdes”, isto é, sustentáveis e se estas cumprem estes
seis objetivos: “mitigação às alterações climáticas;
adaptação às alterações climáticas; uso e proteção
dos recursos marinhos; transição para a economia circular;
prevenção e controlo de poluição; proteção dos
ecossistemas de elevado valor ecológico”.
Francisco Ferreira, presidente da Zero
20
q
RH
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A GRANDE REVELAÇÃO
Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida
HR Consulting, responsável pela área de consultoria
Neves de Almeida HR Consulting
Passadas as semanas de confinamento, importa, em
período de progressiva retoma da atividade económica,
refletir e, acima de tudo, interiorizar a aprendizagem
que esta pandemia nos demonstrou. Se é certo que há
consequências a lamentar pelos óbitos, desemprego
e quebras no PIB mundial, outras há que deverão ser
alavancadas, como são os casos da relevância dos sistemas
nacionais de saúde; da solidariedade e colaboração
entre pessoas e nações; da enorme capacidade
do ser humano em adaptar-se, inovar e reinventar-se;
da crucial e urgente consciencialização da sustentabilidade
dos nossos sistemas económicos, assegurando
a conservação do meio ambiente, com recurso à melhor
utilização das tecnologias existentes.
Nenhum destes temas é novo, mas não há dúvida de
que esta pandemia revelou a sua inequívoca relevância
e urgência na mudança de atuação, mesmo junto
dos mais céticos. Ao nível do trabalho, as medidas de
distanciamento social forçaram-nos à disseminação
do teletrabalho, até então muito questionado face à
sua eficiência e eficácia, bem como à capacidade das
organizações e dos líderes para o gerir e monitorizar,
mantendo as equipas unidas e motivadas, trabalhando
de forma mais colaborativa.
Um estudo da Neves de Almeida HR Consulting (1) ,
junto de mais de 200 empresas a operar em território
nacional durante o mês de abril, em pleno período de
confinamento, revelou que 69% das empresas inquiridas
mantinham a atividade normal com teletrabalho
total ou parcial, demonstrando uma rápida adaptação
às circunstâncias, quando tal foi exigido (os setores
onde tais valores eram bem mais reduzidos foram os da
Hotelaria, Turismo, Desporto e Ensino, assim como a
Construção, Infraestruturas, Transportes e Logística).
Da mesma forma, mais de 90% destas organizações
revelaram um nível elevado de adaptação, da organização
e os seus colaboradores, para o trabalho à distância
e gestão de equipas remotas. Esta percentagem
rondava os 50% antes da pandemia. Adicionalmente,
cerca de 80% destas empresas assumiram que o teletrabalho
teve impacto nulo, moderadamente positivo
ou mesmo muito positivo na performance do negócio
e na produtividade dos colaboradores, indiciando nenhum
fundamento para as resistências à maior utilização
deste tipo de trabalho, alavancando os seus benefícios
(como a otimização de custos e maior qualidade
de vida). Ainda assim, tivemos relatos dos esforços
feitos na maior disseminação de equipamentos e soluções
tecnológicas que permitissem esta mobilidade
Gonçalo de Salis Amaral, partner da Neves de Almeida HR Consulting
e acessibilidade em segurança, o que não é de admirar,
quando no primeiro trimestre deste ano ainda tínhamos
cerca de 40% das organizações com níveis baixos de
desenvolvimento digital.
"Cerca de 80% destas empresas
assumiram que o teletrabalho teve
impacto nulo, moderadamente
positivo ou mesmo muito positivo
na performance do negócio"
O teletrabalho foi a revelação mais óbvia e imediata
que a Covid-19 forçou e demonstrou como possível
e até vantajoso. No entanto, outras revelações foram
verificadas, nomeadamente, na mobilidade do talento
dentro da organização ou mesmo entre organizações,
bem como na aceleração da automação.
Várias empresas passaram a desenvolver atividades
que até há umas semanas não imaginariam desenvolver,
obrigando os respetivos líderes a reajustarem o
trabalho e os seus colaboradores face a uma nova pro-
21
q
RH
cura e necessidades de mercado. São exemplo disto as
empresas têxteis, que passaram a produzir máscaras e
vestuário de proteção, bem como outras do ramo automóvel,
que passaram a fabricar ventiladores. Poderia
existir melhor revelação da capacidade de adaptação
do trabalho e do talento às necessidades de mercado,
desenvolvendo a resiliência e agilidade organizacionais
necessárias em tempos de incerteza?
A capacidade de mover talento para as atividades mais
críticas, de forma rápida e eficiente, criando equipas
multidisciplinares, dispersas, mais autónomas e libertando-as
das tradicionais hierarquias e burocracias
organizacionais é essencial para reagir, em tempo útil,
aos constantes desafios e mudanças.
"A capacidade de mover talento
para as atividades mais críticas,
de forma rápida e eficiente,
criando equipas multidisciplinares,
dispersas, é essencial para reagir,
em tempo útil, aos constantes
desafios e mudanças"
Da mesma forma, permite reagir a eventuais baixas
na força de trabalho ou constrangimentos no recrutamento.
Igualmente, a capacidade de desmantelar as
funções em tarefas, permitindo perceber o que poderá
ser feito por outros e até em remoto, redistribuindo
o trabalho, permitirá lidar com inúmeras situações no
futuro.
Por outro lado, aumentar a automação é cada vez mais
mandatório, contribuindo para a credibilidade no serviço
prestado, focando o trabalho humano nas componentes
relacionais com clientes, bem como na monitorização
dos indicadores da atividade, muitas das quais
poderão ser realizadas de forma remota. Em tempos de
pandemia permitem a redução do risco de contágio e,
passado esse período, alavancar os benefícios e eficiências
do trabalho remoto com impacto positivo ou
nulo na performance e na produtividade.
Em Portugal, este conceito de mover alento já está a ser
levado ao seu nível seguinte, fazendo-se entre organizações
que, temporariamente, têm necessidades distintas,
alinhando-se na utilização do mesmo. Por exemplo,
empresas da grande distribuição já partilham pools
de talento com outras organizações, de acordo com as
necessidades. Quem recebe identifica as competências
que necessita, alinhando com quem disponibiliza questões
relacionadas com o período temporal, compensação,
seguros e benefícios associados durante esse período.
Sendo um período difícil é, sem dúvida, um momento
que coloca à prova a nossa criatividade e agilidade,
acelerando as tendências que já se vinham a verificar,
se bem que a ritmos distintos nos vários países e organizações,
no tipo de trabalho que é executado, como
executamos e como gerimos. Somos, assim, forçados a
quebrar as resistências e indecisões, adotando e adaptando-nos
a algo que mudará o panorama global do trabalho,
mesmo depois de termos a pandemia controlada,
já que nos ajudam a responder à constante volatilidade
do mercado e suas necessidades.
Assumindo-se como grande revelação, a Covid-19 está
a contribuir para nossa a resiliência, agilidade e sustentabilidade,
se soubermos ler os sinais e atuar em conformidade,
alavancando o que já temos disponível.
(1)
Estudo HR Perspectives 20/21
O teletrabalho foi a revelação mais óbvia e imediata que a Covid-19 forçou
22
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
BI
q
Pedro Montijo
Divulgação
Paulo Mestre é o diretor de
consultoria ibérica da Primavera BSS
O grupo tecnológico Primavera BSS anunciou o reforço da
unidade de consultoria – dedicada à transformação digital de
processos de negócio e à integração de sistemas de informação
– com a contratação de um diretor para o mercado ibérico. Paulo
Mestre foi o escolhido para dirigir a Primavera Consulting Ibéria,
reforçando a estratégia de proximidade ao segmento das médias
empresas, disponibilizando soluções e know-how especializados
na modernização tecnológica das empresas, sobretudo de média
e grande dimensão. Com mais de 20 anos de experiência no setor
das tecnologias, Paulo Mestre liderou vários projetos e equipas
de TI em Portugal.
Paulo Mestre liderou vários projetos de TI em Portugal
FOTOGRAFIA CORPORATIVA
PERFIL PROFISSIONAL | EVENTOS EMPRESARIAIS
912 659 442 jfa@joaofilipeaguiar.pt https://joaofilipeaguiar.pt
23
Carlos Matos é o novo 'country
manager' da Hoya Lens
A HOYA Corporation reforçou a sua
equipa com a entrada de Carlos Matos
para a estrutura da Hoya Lens Iberia,
na qualidade de country manager para
Portugal. A empresa é liderada por
Jose Fraile, diretor-geral da região.
Com este reforço, a Hoya dá por finalizada
a sua reorganização em Portugal,
iniciada em 2019, com o objetivo
de reforçar a sua aposta estratégica
no país.
Hugo Gomes da Silva na direção
médica da AstraZeneca Portugal
Hugo Gomes da Silva é o novo diretor
Médico e Regulamentar da
AstraZeneca Portugal. Com uma
vasta carreira no setor farmacêutico,
nomeadamente na área de
investigação e desenvolvimento,
Hugo Gomes da Silva trabalhou em
diferentes áreas terapêuticas, nomeadamente
doenças respiratórias,
infeciosas, oncológicas, metabólicas,
cardiovasculares, terapêutica
genética e doenças raras.
Francisco Febrero
lidera Gfi Portugal
Francisco Febrero, atual CEO da
ROFF, assumiu a liderança do grupo
Gfi em Portugal. Após esta nomeação,
Febrero passa a conciliar a função
de country manager do grupo Gfi
com a de CEO da ROFF e vice-presidente
corporativo do grupo Gfi, com
o pelouro mundial do negócio SAP
do grupo.
Rui Torgal é o novo
diretor-geral da ERA
A ERA Portugal passa a ter uma nova
função dentro da sua estrutura administrativa
com a passagem de Rui
Torgal para o cargo de diretor-geral.
A trabalhar na ERA há 18 anos,
Rui Torgal foi diretor nacional de
operações durante dez anos e, antes
disso, desempenhou as funções
de consultor de operações e diretor
regional Norte de operações.
Nelson Ferreira junta-se
à equipa da iad Portugal
Em tempo de desconfinamento, a
rede de consultores imobiliários independentes
reforça a equipa com
um elemento de peso. Nelson Ferreira
assume o cargo de responsável
de performance de rede da sede da
Iad Portugal e o objetivo continua a
ser claro: ser a maior rede imobiliária
a nível nacional.
David Gendry
lidera Seat Portugal
David Gendry está ligado à Seat
desde 2012, tendo mais de 17 anos
de experiência no mercado automóvel
e é agora o diretor-geral da
marca em Portugal. Desempenhou
várias funções na área do marketing
e vendas. O novo diretor-geral
assume a direção da marca no país,
num momento de grande adaptação
e desafios no mercado.
24
Transmissões
em Direto
Filmes
Corporativos
Cobertura
de Eventos
Vídeo
Marketing
C r i e o s s e u s c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o n a i n t e r n e t ,
f i q u e m a i s p e r t o d o s s e u s c l i e n t e s .
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a
FIGURA DE DESTAQUE
“
HOUVE UMA ALTERAÇÃO
ABRUPTA NOS HÁBITOS
DAS PESSOAS EM TODAS
AS SUAS DIMENSÕES
Madalena
CascaisTomé
“
Madalena Cascais Tomé é CEO da SIBS desde final de 2015
26
JULHO ABRIL 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Ana Rita Justo
João Filipe Aguiar
Com mais de 10 milhões de transações por dia, a SIBS aposta num futuro em que os pagamentos são cada vez
mais invisíveis e em ajudar as empresas a melhorar ainda mais a experiência que dão aos seus consumidores.
Uma entrevista que, na verdade, foram duas à CEO da SIBS, Madalena Cascais Tomé – a primeira quando ainda
não se adivinhava a pandemia e a segunda já de olhos postos na retoma.
PME Magazine – De que forma é que as soluções
cashless da SIBS têm ajudado as empresas a reinventar-se?
Madalena Cascais Tomé – Desde logo, o passarmos
para pagamentos eletrónicos e toda esta lógica de digitalização
é algo que aporta muita eficiência às empresas.
Acreditamos que é por via dessa eletronização
e dessa digitalização que, quer as empresas, quer
também os utilizadores conseguem ter mais tempo
para aquilo que é mais importante, para se focarem nas
suas atividades, nos seus processos produtivos. Cada
vez mais, não só as soluções mais tradicionais, como
os chamados POS [n. d. r. point of sale, em português,
ponto de venda], a aceitação física de pagamentos, que
tem tido uma aceleração muito importante nos últimos
anos, tem estado a crescer a um ritmo superior do ritmo
da economia e contribui para que todos os processos
de compra, de check-out, possam ser muito agilizados.
No fundo, o que os negócios querem é vender, o que as
pessoas querem é comprar e o pagamento acaba por
ter de ser o mais invisível possível, o mais digital possível.
Temos também trabalhado muitíssimo naquilo que
é trazer toda esta realidade para o online. Acreditamos
que, sobretudo para o tecido empresarial português,
para as PME, o e-commerce é uma enorme oportunidade,
porque é passar do mercado português, que é relativamente
mais contido, para o mercado que tem uma
escala global… Temos muitos exemplos disso já em
Portugal e as nossas soluções de pagamentos digitais
para o e-commerce têm feito esse contributo. A forma
como vemos isto é muito empenhada, muito ativa e que
“Acreditamos que, sobretudo para
o tecido empresarial português,
para as PME, o e-commerce
é uma enorme oportunidade"
também acreditamos que vai muito além daquilo que
é tecnologia. Além das soluções tecnológicas, fazemos
um trabalho muito ativo no terreno com as empresas.
Estamos, por exemplo, presentes na Iniciativa
do Comércio Digital, em que temos estado a fazer um
roadshow por todo o país, no fundo, para trazer estas
soluções e muita desta aprendizagem para as nossas
PME e para os nossos empresários para garantir que
toda esta componente do pagamento e da presença
online fica muito facilitada. Queremos, de facto, ter
este papel e este contributo muito ativo para garantir
que a nossa economia é cada vez mais digital e que as
27
nossas empresas são cada vez mais produtivas e eficientes,
porque acreditamos que esse é o caminho no
futuro.
PME Mag. – Pode destacar algum caso em concreto?
M. C. T. – Isso seria, porventura, injusto. O que é importante
é, cada vez mais, haver esta dinâmica muito
mais alargada. Sabemos que, no nosso tecido empresarial,
mais de cerca de metade das empresas são
microempresas e, portanto, fazer com que todas estas
microempresas consigam dar esse salto é o que vai
dinamizar a nossa economia. Posso referir-lhe alguns
números: como disse, as compras eletrónicas estão a
crescer acima do valor da economia – têm crescido cerca
de 10% ao ano; as compras no comércio digital têm
crescido cerca de 40% ao ano. Vê-se bem esta dinâmica
e esta evolução que tem acontecido para o digital.
Acho que também é importante reforçar que as nossas
soluções, muitas vezes, vão além disso. Por exemplo,
temos áreas, que são menos conhecidas, como a produção
de cartões, em que também aí estamos a apoiar
e a desenvolver soluções inovadoras, como os cartões
de fidelização. Ou seja, cada vez mais garantindo que
estas empresas conseguem ter ferramentas de diferenciação
no seu posicionamento no mercado.
PME Mag. – Conseguiram tornar o Web Summit
cashless, que outros exemplos como este pode dar?
M. C. T. – Uma das áreas que tem sido muito interessante
trabalhar tem sido toda a lógica dos festivais e
dos eventos. De facto, é uma área em que cada vez
mais as pessoas querem estar descontraídas a usufruir
da experiência. Ter esta lógica cashless tem sido
muito importante. Temos trabalhado com diversas organizações,
desde festivais de música, até feiras mais
regionais e locais no sentido de garantir que durante
o evento as pessoas não têm de manusear cash, têm,
sim, de usufruir da experiência, fazer cada vez mais o
seu convívio e a utilização, quer da parte mais de food
and beverages [comida e bebida], quer também de outras
áreas de merchandising que possam utilizar. Temos
algo que é muito interessante que é um beer point, para
utilizar ou para beber uma cerveja, ou, por exemplo, tirar
um café – cada vez mais podemos fazê-lo só com o
nosso telemóvel, não precisamos de ter toda a logística
de ter moedas, que é sempre um grande inconveniente.
E começamos também a trabalhar naquilo que eu acredito
que é o futuro dos pagamentos que são os pagamentos
invisíveis. Todas as experiências que existem lá
fora, nós já estamos também a pilotar com algumas en-
27
a
FIGURA DE DESTAQUE
tidades em Portugal no sentido de garantir que, mesmo
em retalhistas, grandes superfícies, pontos de venda, é
cada vez mais possível fazer a compra sem ter de fazer
o pagamento e, portanto, cada vez mais o futuro será a
invisibilidade do pagamento, porque as pessoas querem
comprar, não querem pagar.
CEO venceu prémio “Best Digital Leader” em 2019
“SEGURANÇA PRIMEIRO”
PME Mag. – A segurança é muito importante neste
tipo de pagamentos. É assim que surge o serviço antifraude
Paywatch?
M. C. T. – Sim, toda a filosofia da SIBS é uma filosofia
“Security by Design”, todas as nossas soluções – e isso
é algo que nos caracteriza e nos diferencia e que tem
contribuído para termos os níveis de segurança que temos,
que são destacados a nível europeu – é que todas
as soluções que fazemos começam e pensam na segurança
em primeiro plano. Todo o paradigma de pagamento
está a passar de uma lógica de autorização para
uma lógica de autenticação. Eu não autorizo a transação,
eu mostro que sou e isso permite-me fazer um
conjunto de operações e um conjunto de pagamentos.
Não só do ponto de vista do Paywatch, dos serviços antifraude
que temos 24 sobre 7 e que estão em permanência
a olhar para todo o ecossistema de pagamentos
em Portugal e nos mercados onde estamos presentes
para atuar sobre esse tema, mas também todas as soluções
tecnológicas caminham cada vez mais para uma
autenticação a que chamamos forte, muito assente em
biometria, muito assente em conceitos de tokenização,
para que se atue, não só no início do pagamento, com a
tal autenticação, mas depois durante todo o processo,
e aí, sim, entram também os processos da Paywatch e
toda esta vigilância que fazemos 24 sobre 7 e toda esta
atuação que fazemos em permanência de forma invisível
e que está lá todo o tempo.
28
PME Mag. – Que balanço faz do programa SIBS
Payforward?
M. C. T. – Tem sido extremamente positivo e aqui se
calhar destacaria duas vertentes, desde logo o ecossistema
e a dinamização de soluções novas e, de facto,
têm surgido imensas ideias interessantes. Ao longo das
três edições do programa, tivemos mais de 150 startups
a participar, muitas delas internacionais, mais de 70%
destas startups são internacionais e isso tem alimentado
uma dinâmica de soluções e de conceitos, de provas
e de experiências muito interessante. Mas, também, o
próprio trabalho em conjunto da equipa da SIBS com
estas equipas de startups que têm, muitas vezes, uma
dinâmica diferente. Tem sido muito enriquecedor, quer
da nossa perspetiva, quer na perspetiva destas startups.
Edição após edição, temos tido cada vez mais
candidaturas e uma das coisas que tem sido realçada
pelas startups participantes tem sido a enorme aprendizagem
que têm tido com as pessoas da SIBS e a
enorme partilha de experiências. Isto tem gerado um
networking muito interessante, que até subsiste após a
edição do programa. Tem sido, de facto, muito, muito
interessante.
PME Mag. – Quantas empresas já beneficiam dos
instant payments?
M. C. T. – Neste momento – e isso é algo que vale a
pena destacar no mercado português – temos uma
percentagem de cobertura de instant payments quase
próxima dos 100% das contas empresariais. É algo
bastante único no contexto europeu. A plataforma de
instant payments que foi desenvolvida pela SIBS tem
uma abrangência enorme. Estamos, neste momento, a
operar na interoperabilidade desta mesma plataforma
para chegar aos outros mercados, mas tem tido uma
abrangência única, ímpar no contexto europeu. Quer
do ponto de vista de instant payments, quer do ponto
de vista de open banking, temos sido pioneiros na forma
como introduzimos estas soluções no mercado e na
abrangência que estas soluções têm.
“Temos uma cobertura de instant
payments quase próxima dos 100%
das contas empresariais"
PME Mag. – Que papel tem o SIBS Analytics na perceção
dos hábitos de consumo dos portugueses?
M. C. T. – Desde logo, é uma ferramenta útil em diversas
dimensões, é muito uma aprendizagem de utilização.
Foi essa, também, a nossa visão, ao lançar o
SIBS Analytics, pôr no mercado e disponível, quer para
as PME, empresas de várias dimensões, quer também
para a academia, um conjunto de dados que são importantes
para caracterizar a nossa economia e a nossa
atividade económica. Tem sido um crescendo de procura
nessa matéria. Também temos apoiado as empresas
nalgumas análises mais específicas relativas
ao seu setor e relativas à sua própria atividade, mas,
na prática, o que eu aconselharia ou recomendaria é
muito uma lógica de teste e de experimentação, porque
a informação é muito rica e pode ser muito útil para
as empresas, sobretudo para se situarem no seu setor
de atividade, naquilo que, no fundo, tem sido o perfil
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
de utilização entre nacionais e estrangeiros. Há uma
panorâmica muito interessante, com uma atualidade
muito grande sobre estes dados, porque, na prática, os
dados estão disponíveis relativamente ao mês anterior
e isso é uma atualidade muito importante para se perceber,
de forma muito rápida, como é que estão a evoluir
os principais indicadores de consumo.
“ADAPTAÇÃO É FUNDAMENTAL”
PME Mag. – O que é que as empresas precisam de ter
em conta hoje para vingarem?
M. C. T. – Diria que a tecnologia – e essa é a grande
revolução, o grande contexto de revolução que vivemos
é muito rápido, muito acessível, muito dinâmico.
Portanto, a capacidade de adaptação é fundamental.
Os temas de tecnologia são, obviamente, muito importantes
e, hoje, a tecnologia está disponível de uma
forma muito acessível, muito fácil. E depois, toda esta
capacidade de adaptação. Quer, por um lado, garantir
a eficiência, isso é o fundamental para a competição e
para a competitividade da empresa, mas também, sobretudo,
apostar nos seus fatores de diferenciação que
são cada vez mais importantes.
PME Mag. – Qual a previsão de transações para
2020?
M. C. T. – Nós terminámos o ano de 2019 com 3,8 mil
milhões de transações, só para ter uma ideia isto representa
cerca de 10 milhões de transações por dia,
quando em 2018 tínhamos tido 8,9. Portanto, na prática,
temos mais um milhão de transações por dia, o
que significa um crescimento de cerca de 10%. Como
lhe dizia, esta digitalização manifesta-se e está a manifestar-se
também nestes indicadores. Acreditamos
que esta tendência de crescimento se vai manter. Aqui
também é muito importante a nossa presença nos mercados
internacionais e também destacaria a presença
na Polónia, em que estamos com um crescimento ainda
mais acelerado, porque há uma lógica de incentivos
públicos à digitalização, nomeadamente através
da constituição daquilo que é o fundo chassless e aí os
nossos crescimentos estão a ser acelerados, na ordem
dos 40%. É, de facto, um mercado onde o crescimento
ainda será mais acelerado, mais dinâmico e onde, até
por via da aquisição que fizemos de um player polaco
estamos no top 3 do crescimento no mercado. Estamos
a dar um contributo muito importante para este crescimento
e para esta digitalização.
PME Mag. – Qual é exatamente a estratégia de internacionalização
da SIBS
M. C. T. – A nossa aposta é crescer nos mercados em
que estamos presentes e sedimentar essa posição aí
e, com esse entorno, continuar a crescer no contexto
europeu, porque estamos num mercado altamente
dinâmico e competitivo, de crescimento acelerado. A
SIBS é um dos top players europeus de pagamentos e
queremos, por via também deste crescimento, manter-
-nos nessa posição de liderança no contexto europeu.
No mercado da Polónia, continuamos com este crescimento
orgânico acelerado, na ordem dos 40%, como
lhe referi, e também continuamos ativamente à procura
de outras oportunidades de crescimento inorgânico.
Nos mercados em vias de desenvolvimento em que estamos
presentes, nomeadamente nos mercados africanos,
continuamos a fazer uma aposta também muito
grande no desenvolvimento dessas economias. No último
ano, processaram, através das nossas soluções,
através da nossa tecnologia, cerca de dois mil milhões
de transações. Mercados que, quando nós começámos
SIBS processou 3,8 mil milhões de transações no ano passado
29
a Figura de destaque
a trabalhar, eram muito incipientes do ponto de vista de
aceitação eletrónica, e estamos também a levar para
estes mercados toda a lógica das wallets digitais e dos
pagamentos móveis, aí também dando um contributo
muito importante para essa digitalização e também, por
esta via de internacionalização, queremos continuar a
levar a tecnologia portuguesa e a mostrar a tecnologia
portuguesa, que é distintiva e no caso dos pagamentos
é muitíssimo distintiva no contexto europeu.
Empresa portuguesa criou MB Way para facilitar pequenos pagamentos
“MB WAY FACILITOU PEQUENOS
PAGAMENTOS”
PME Mag. – De que forma o MB Way alterou os hábitos
de consumo dos portugueses?
M. C. T. – O MB Way, uma das coisas que tem facilitado
são os pequenos pagamentos. Cerca de 60%
das transferências são abaixo dos 20 euros, que tipicamente
eram transferências que se calhar eram feitas
em dinheiro e, isso sim, é um indicador muito positivo,
mais uma vez, desta alteração de comportamentos
para uma lógica muito mais digital. Temos cerca de 1,2
milhões de compras físicas por mês com o MB Way*, o
que significa que há uma alteração de hábito, há pessoas
que já não utilizam a carteira no seu dia-a-dia,
que apenas com o seu telemóvel conseguem fazer a
maior parte da sua utilização, incluindo as compras físicas.
Utilizar também o multibanco, que hoje é possível
só com o telemóvel fazer todas as operações. No
final do ano, quisemos também trazer o “Ser Solidário”
para o MB Way, porque acreditamos que a tecnologia
só faz sentido se puder estar ao serviço das pessoas e
da comunidade. Queremos também continuar a apoiar
e a facilitar os pequenos donativos para as instituições
que fazem parte deste serviço.
PME Mag. – Para quando a internacionalização do
MB Way?
M. C. T. – Anunciámos, no ano passado, que somos
30
pioneiros e somos membros fundadores de uma associação
internacional de pagamentos e de soluções de
pagamentos digitais. Portanto, é um caminho que estamos
a fazer por essa via e é algo em que estamos a
trabalhar. Este ano já, por exemplo, tivemos a inclusão
dos números internacionais no MB Way, o que já é um
passo nesse sentido, complementando a nossa base
de utilizadores e possibilitando que, cada vez mais, os
estrangeiros que estão em Portugal, ou os portugueses
que estão no estrangeiro com um número
internacional possam também utilizar o
serviço. Eu diria que para breve…
PME Mag. –A SIBS vence o Melhor Projeto
de Transformação Digital 2019.
Como é que se chega até aqui?
M. C. T. – É um enorme orgulho, sobretudo
em nome desta equipa, recebermos
11 prémios de sete entidades diferentes,
desde júris constituídos por personalidades
até eleições dos utilizadores. Acho
que tem sido um enorme trabalho em
equipa. Lá está, nessa diversidade entre a
SIBS mais tradicional, ou as competências
core que tínhamos, e depois todas estas
novas competências que também tivemos
de trazer e com as quais tivemos de completar
a equipa, nomeadamente todas as
lógicas de inteligência artificial, de analytics,
de digitalização, com muito foco e
com muito esforço, com muito empenho,
porque já vínhamos de uma realidade com enorme inovação.
Quer dizer, tínhamos produtos, como o MB Net,
que foram lançados para o online há 18 anos e sobre
isso também continuamos a inovar, muitas vezes, não
só no lançamento de novos produtos, mas no fundo
reconfigurando produtos que já tínhamos, sempre com
uma enorme consciência de se fazer muito bem o nosso
core, porque na prática processamos os tais 3,8 mil
milhões de transações a todo o momento e isso é algo
que exige uma grande responsabilidade e uma grande
atenção, mas conseguindo lançar estas novas soluções
com uma enorme persistência e também com
muita atenção à forma como podemos ter impacto na
vida das pessoas, como é que estas soluções tecnológicas
vão além da tecnologia e conseguem trazer valor,
libertar tempo, trazer conveniência no dia-a-dia das
pessoas. É o exemplo do MB Way, é o exemplo da SIBS
Analytics, é o exemplo dos Instant Payments no caso
das empresas, tem sido muito essa a lógica, tem sido
muito esse o foco.
PME Mag. – Se acontecesse uma crise como a de
2008 a SIBS estaria preparada para a enfrentar?
M. C. T. – Sim, sem dúvida.
PME Mag. – Como vê a SIBS daqui a cinco anos?
M. C. T. – Desde logo, espero lançarmos nos próximos
cinco anos os mesmos 60 novos produtos que lançámos
agora. Continuo a ver a SIBS com esta dinâmica
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A SIBS NA ERA PÓS-COVID
MB Way conta já com 2,4 milhões de utilizadores
de inovação enorme, com este contributo muito ativo
naquilo que é a digitalização dos pagamentos em Portugal,
com este empenho também em ser uma bandeira
da tecnologia portuguesa nos mercados onde estamos
presentes, a continuar a ser um player relevante
no contexto europeu, com o crescimento desta grande
equipa. Hoje, somos quase cerca de mil pessoas e
acho que temos de crescer não só em dimensão, mas
sobretudo em talentos, em desenvolver os talentos
que temos dentro de casa. E a contribuir para que os
pagamentos sejam cada vez mais invisíveis, para que
o sistema de pagamentos nacional continue a ser uma
referência a nível internacional e para que cada vez
mais as pessoas possam ter apenas o seu smartphone
ou o device que escolham para fazer os seus pagamentos
– aliás, para comprar, que se esqueçam quase da
componente do pagamento.
PME Mag. – Como concilia a sua vida pessoal e profissional?
M. C. T. – Como em tudo, é um tema de organização.
Temos de fazer as nossas escolhas, essa é a primeira
questão que é preciso ter presente. É algo que sempre
fiz ao longo da minha carreira e, obviamente, é algo
que também é muito enriquecedor, porque a componente
pessoal é uma inspiração grande para aquilo que
fazemos e que trazemos no dia-a-dia na nossa vida
profissional e vice-versa.
PME Mag. – Desde que foi decretado o confinamento,
o que é que mudou?
M. C. T. – O mundo mudou muito, não só na SIBS,
mas em geral. Todos nós estamos a viver uma época
sem precedentes, a forma como trabalhamos, como
convivemos, como nos entretemos está a mudar completamente.
A SIBS, até antes da declaração do estado
de emergência, acionou um plano de contingência
– tínhamos já um plano de continuidade de negócio
bastante exaustivo, fruto do que é a nossa atividade
como infraestrutura e como empresa tecnológica de
referência. Ativámos o plano de contingência e estamos,
maioritariamente, em teletrabalho, sendo que as
equipas críticas estão ainda no local. Agora, o que verdadeiramente
mudou são também os desafios que se
colocam à nossa atividade, acelerando aquilo que era
uma tendência que já vinha de trás que é a crescente
digitalização e eletronização dos pagamentos. Se há
algo que é marcante neste momento, é uma alteração
abrupta naquilo que são os hábitos das pessoas em
todas as suas dimensões, mas também na forma como
compram, pagam, como, no fundo, satisfazem as suas
necessidades do dia-a-dia. Isto, se alguma coisa vem
trazer à SIBS é acelerar os seus desafios de digitalização
e também demonstrar a importância de uma empresa
tecnológica portuguesa, de base portuguesa.
Porque também se há algo que este momento trouxe
de novo, além dos hábitos das pessoas, das empresas,
é uma descontinuidade naquilo que era um processo
de globalização. Cada vez mais – e este momento
vem mostrar isto – é muito importante a capacidade
de autonomia dos países e dos mercados nas suas infraestruturas
críticas e, obviamente, a infraestrutura
de pagamentos e a atividade e a tecnologia que a SIBS
disponibiliza são críticos e temos tido o foco de estar
à altura de responder a este desafio, contribuindo de
forma muito ativa em tudo aquilo que são as nossas
áreas de intervenção para minimizar o impacto que esta
pandemia está a ter na vida dos portugueses, das empresas
e dos indivíduos e contribuir também de forma
ativa para mitigar a sua propagação, nomeadamente
através das soluções digitais que disponibilizamos.
PME Mag. – Quantos trabalhadores têm em teletrabalho
e presencialmente?
M. C. T. – Temos cerca de 700 trabalhadores em teletrabalho
e cerca de 300 que estão on premises, mas
obviamente também a trabalhar de uma forma diferente.
Todas as equipas que estão de forma incansável a
assegurar estas infraestruturas críticas e que precisam
de o fazer no local estão a trabalhar numa lógica de
espelho e em turnos não simultâneos, também tirando
partido das nossas infraestruturas segregadas, exatamente
para assegurar o máximo de resiliência e para
estarmos, como sempre, em permanência, 24 sobre
7. A SIBS é uma empresa, nessa medida, resiliente. A
nossa preocupação é, desde logo, a saúde dos nossos
31
a FIGURA DE DESTAQUE
SIBS conta já com cerca de mil colaboradores
colaboradores, mas também do ponto de vista daquilo
que é a sua atividade e o trabalho desses nossos colaboradores
e obviamente o foco operacional. A SIBS
é uma empresa robusta, a sua atividade também tem
sido impactada, mas temos, ainda assim, um nível de
atividade que nos permitiu não recorrer ao lay-off.
PME Mag. – De que forma é que esta pandemia impactou
o negócio da SIBS?
M. C. T. – Acho que separaria aqui em vários momentos:
é óbvio que a atividade da SIBS, sendo tão central
no dia-a-dia dos portugueses e das pessoas, está a
ser impactada naquilo que é esta grande alteração de
hábitos de consumo. Num primeiro momento, quando
foi declarado o estado de emergência, houve uma alteração
bastante dramática e um impacto significativo
na principal atividade da SIBS, fruto também do confinamento
que foi decretado com esse estado de emergência.
Aí, fruto desse confinamento e da alteração
dos hábitos de consumo dos portugueses, tivemos um
impacto bastante significativo na atividade. Estamos
a divulgar semanalmente os números também relacionados
com os indicadores de consumo, através do
SIBS Analytics e isso foi bastante visível. A frequência
com que os portugueses compravam decresceu
em 50% e isso também se traduz na nossa atividade.
Mais recentemente, nesta etapa de desconfinamento,
tem-se verificado já uma recuperação desta atividade,
ainda que estejamos com uma quebra de cerca
de 30% na atividade de compra. Também há aqui um
efeito positivo de estímulo à nossa atividade, até mais
do ponto de vista de inovação e de desenvolvimento,
que é o facto de, ao mesmo tempo que se assiste a esta
tendência e a este decréscimo de frequência de compras,
há uma aceleração significativa da digitalização
e uma adoção crescente dos meios de pagamento
eletrónicos. Nesse contexto, é com bastante orgulho
que contribuímos com o MB Way, que é das formas de
pagar mais recomendadas no contexto desta pandemia,
porque é uma forma de pagamento sem contacto.
O MB Way tem, neste momento, mais de 2,4 milhões
de utilizadores e cerca de sete milhões de transações
por mês e tem crescido significativamente no contexto
desta pandemia. Também do lado da transformação
e da nossa atividade mais perto dos nossos parceiros
32
e mais perto das empresas, o que se assiste é a uma
maior digitalização nessa perspetiva. Vemos que houve
setores que foram muitíssimo impactados neste
contexto de confinamento, houve uma concentração
grande de consumo dos portugueses nos setores mais
essenciais – o retalho alimentar, os supermercados, os
hipermercados, as mercearias, as farmácias e as parafarmácias,
que passaram a ter um peso de cerca de
duas em cada três compras dos portugueses. Começa-se
já a ver alguma dispersão e a retoma de alguns
outros setores, mas, sobretudo, o que se assistiu foi
também do lado das empresas a uma transformação
grande para os métodos e os modelos não presenciais,
para o e-commerce e, também nessa medida, a SIBS,
através das suas soluções digitais, está a ter um crescimento,
uma aceleração na adoção dessas soluções,
podendo contribuir para a transição destas empresas
para o digital, que neste contexto tiveram de o fazer de
forma bastante mais acelerada e mais abrupta. Obviamente,
os impactos são, no conjunto da atividade, em
termos de volume, negativos, mas os novos desafios
que trouxeram estão, por outro lado, a ser um estímulo
para desenvolver todas as áreas de digitalização que
são agora a nossa grande aposta de inovação e também
outras áreas em que queremos contribuir do ponto
de vista da solidariedade e de impacto para a sociedade.
Posso referir que a nossa fábrica de cartões está a
produzir viseiras – há aqui também a alteração de algumas
atividades no sentido de podermos contribuir
para aquilo que este momento exige.
PME Mag. – Que medidas tomaram para fazerem a
retoma em segurança?
M. C. T. – Desde logo, as formas de trabalhar vão
adaptar-se de uma forma absolutamente nova. Esta
retoma será feita de uma forma progressiva, mas também
é verdade que estas várias semanas que estivemos
em teletrabalho, ou que uma grande parte das nossas
equipas estiveram em teletrabalho estão a fazer-nos
repensar algumas das formas como trabalhamos e com
que nos organizamos, sobretudo entre as equipas em
várias geografias. Estamos a preparar o regresso dessas
equipas que estão em teletrabalho, vamos fazê-lo
de uma forma faseada, seguindo as recomendações
das autoridades de saúde, fortalecendo e reforçando
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
as medidas de higienização e também de prevenção e
de educação dessa higienização, todos os cuidados de
monitoria térmica e de saúde que terão de ser feitos,
garantir o escalonamento das equipas… Vamos continuar
a fazer este regresso de uma forma faseada, por
turnos não simultâneos e garantindo que há os devidos
cuidados e ressalvas do trabalho em espelho nas atividades
críticas. Estamos, inclusivamente, a duplicar as
instalações das nossas equipas críticas, também para
reforçar essa simultaneidade e, no fundo, estas são as
principais medidas, sempre a par e passo com aquilo
que são as recomendações das autoridades de saúde.
PME Mag. – E agora, como vê o futuro da SIBS?
M. C. T. – A grande incógnita não será o futuro da
SIBS, mas como é que será a retoma da nossa economia.
Há várias versões, algumas até equiparadas com
letras, acho que todos já temos a consciência de que
isto não será uma recuperação em V, não é uma crise
com recuperação rápida. A nossa grande questão é
se isto será uma recuperação mais em U, uma recuperação
mais rápida, ou mais em L, mais progressiva,
ou eventualmente se não teremos aqui uma recidiva e
um novo surto deste vírus e isso provavelmente seria
o cenário mais dramático – não para a SIBS, mas para
a economia como um todo. Independentemente deste
contexto, há algo que é muito promissor na nossa
atividade: o facto de estarmos nesta crescente digitalização
é uma transformação sem precedentes, mas é
uma transformação que, tendo sido acelerada por um
evento conjuntural terá, com certeza, um impacto estrutural.
Portanto, acreditamos e vamos continuar a
contribuir de forma bastante ativa para a digitalização
dos portugueses e também dos outros mercados em
que estamos presentes. Estamos a continuar as nossas
atividades de investimento e de investigação e desenvolvimento
exatamente nesse sentido. Portanto, o
futuro para a SIBS será promissor, obviamente empenhado
em poder acompanhar, apoiar e contribuir para
a recuperação da economia, dos agentes económicos,
dos indivíduos, porque também assumimos como nossa
essa missão, conseguindo introduzir formas de pagamento
que acabam por ser uma interação social tão
importante neste contexto, eficientes, convenientes,
seguras e práticas. Também é importante reforçar que
todo o paradigma de processos produtivos está a ser
alterado e está a vir ao de cima também a importância
das atividades locais e o foco dessas atividades, porque
estamos a ter uma reformulação gigantesca nos
processos produtivos e nas dependências que existiam
entre o país e entre os mercados.
*Notas: a primeira entrevista realizou-se a 15 de janeiro de 2020 e a última
a 22 de maio de 2020. Dados de compras físicas com MB Way atualizados
segundo a entrevista de 22 de maio de 2020
Madalena Cascais Tomé é licenciada em Matemática Aplicada
Madalena
Cascais Tomé
Madalena Cascais Tomé é presidente da comissão executiva da SIBS desde o final de abril de 2015. Foi diretora
de Operações Comerciais da Portugal Telecom, e também diretora de Canais Remotos, Online e Novos
Canais para o segmento PME. Antes de integrar a PT, assumiu funções de chefe de projeto da McKinsey &
Company, com enfoque nas indústrias de banca, seguros, telecomunicações e distribuição e foi consultora de
referência a nível europeu para Retail Banking e Marketing Estratégico.
Madalena Cascais Tomé é licenciada em Matemática Aplicada pelo ISEG, pós-graduada em Estudos de Mercado
e CRM pela Universidade Nova de Lisboa e tem ainda a certificação IDP-C (International Directors Program)
pelo INSEAD. No final de 2019, foi distinguida nos “Portugal Digital Awards” como “Best Digital Leader”.
Sob a sua égide, a SIBS foi distinguida pelos IRG Awards, promovidos pela consultora Deloitte, como o “Melhor
Projeto de Transformação Digital 2019”, pela abrangência e resultados alcançados.
33
i
RESPONSABILIDADE SOCIAL
CRIAR VALOR PARA AS NOSSAS PESSOAS E PARA A
SOCIEDADE ATRAVÉS DE UM NEGÓCIO RESPONSÁVEL
Cristina Campos, presidente do Grupo Novartis Portugal
Grupo Novartis Portugal
empresas procurarem a ‘validação’ da sociedade provando,
através das suas ações, que colocam as pessoas
acima dos lucros, afirmando-se verdadeiramente
como um cidadão corporativo que contribui para um
bem maior.
Cristina Campos, presidente do Grupo Novartis Portugal
A Novartis tem a aspiração de ser líder em temas ambientais,
sociais e de governance e de construir confiança
com a sociedade, que é, aliás, uma das nossas
principais prioridades estratégicas. Centramos a nossa
atuação em quatro áreas principais, críticas para a
nossa estratégia e contribuição para um mundo melhor:
fazer parte da solução no acesso a medicamentos,
conduzir a nossa atuação de acordo com os mais elevados
padrões éticos, ajudar a combater os desafios
da saúde global e ser um cidadão responsável.
A missão da Novartis é, aliás, inerentemente social:
reimaginar a medicina para melhorar e prolongar a vida
das pessoas. Desenvolvemos terapêuticas inovadoras
e pretendemos fazê-las chegar ao maior número
possível de pessoas. Nos últimos 20 anos, a Novartis
evoluiu consideravelmente na sua abordagem à responsabilidade
corporativa, para além das iniciativas
filantrópicas, de forma a integrar o acesso nas nossas
atividades de negócio. Empenhados em integrar sistematicamente
estratégias de acesso na forma como
investigamos, desenvolvemos e disponibilizamos os
nossos medicamentos em todo o mundo, queremos ser
transparentes na forma como partilhamos os sucessos,
os desafios e as aprendizagens.
O contexto atual, com o mundo a enfrentar uma pandemia
nunca vista, é, sem dúvida, um desafio para a
sociedade e para o setor empresarial, mas também
o devemos encarar como uma oportunidade para as
34
A nossa contribuição em Portugal tem-se centrado em
garantir que os nossos esforços e recursos contribuem
para dar resposta às reais necessidades sentidas no
terreno, quer no reforço das infraestruturas de saúde,
quer na proteção dos profissionais de saúde que
se encontram mais expostos, na linha da frente deste
combate e que são essenciais para cuidarem não só
dos doentes de Covid-19, mas de todos os outros. No
total, a Novartis já doou 375 mil euros para o combate à
pandemia em Portugal. Apoios estes que se enquadram
no “Covid-19 Response Fund”, um fundo internacional
criado pela empresa para apoiar as comunidades mais
afetadas, no valor de 20 milhões de dólares.
Aliámo-nos à plataforma “Todos por quem cuida”, uma
iniciativa conjunta entre a APIFARMA, a Ordem dos
Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos com um donativo
de 215 mil euros para combate à Covid-19; ao
movimento Tech4Covid19 com um donativo de 135 mil
euros para comprar material de proteção individual
para profissionais de saúde e, mais recentemente, à
Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa com
um donativo de 25 mil euros para, através do seu Departamento
de Microbiologia e Imunologia, poder disponibilizar
às instituições de saúde recursos técnicos e
científicos para o diagnóstico do vírus através do rastreio
do SARS-Cov-2.
Novartis tem-se aliado a várias iniciativas de combate à Covid-19
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Sentimos, institucionalmente e individualmente, um
apelo urgente de poder contribuir para melhorar a comunidade
onde nos inserimos, não só neste contexto
de pandemia, mas no nosso dia-a-dia. As nossas equipas
têm sempre muita vontade de ajudar e, por isso,
trabalhar o voluntariado junto das nossas pessoas tem
sido um compromisso assumido pela Novartis que, há
mais de 20 anos, organiza o Dia da Comunidade que
decorre em 58 países, incluindo Portugal, e que pretende
apoiar a população carenciada das regiões onde
a empresa está inserida. Cerca de 24 mil colaboradores
em todo o mundo dão apoio a instituições sem fins
lucrativos, representando um total de 200 mil horas ao
serviço da comunidade. Em Portugal os nossos colaboradores
aderem massivamente a este apelo e, entretanto,
o dia já se transformou também em “Noite da
Comunidade” e continuamos a fazer crescer o projeto
com várias oportunidades para os colaboradores darem
também um pouco de si à comunidade.
“A Novartis já doou 375 mil euros
para o combate à pandemia em
Portugal"
Por último, mas talvez o mais importante, é necessário
reforçar que o que faz o sucesso de uma empresa é a
sua cultura e as suas pessoas. As nossas pessoas são
a nossa prioridade sempre. E, neste contexto de pandemia,
com riscos de saúde associados e com a organização
toda a trabalhar remotamente, a nossa prioridade
foi e continua a ser garantir a saúde e segurança
das nossas pessoas, ajudando-as a manterem-se com
energia e inspiradas a contribuir para a nossa missão.
Para as incentivar a sentirem-se mais saudáveis
e conscientes da sua performance e energia, disponibilizámos
a todos os colaboradores a “Tignum X app”
com acesso grátis a um membro da família e oferta de
50 sessões de coaching virtuais. A equipa de colaboradores
- “Energized for Life” - apoia também com ideias
e iniciativas que nos permitem trabalhar remotamente
Grupo conta com cerca de 24 mil trabalhadores em todo o mundo
com sucesso, partilhando com frequência nos nossos
canais internos de comunicação muitas dicas sobre a
gestão do trabalho remoto, disponibilização de aulas
de ginástica e mindfullness e incentivando a que os colaboradores
partilhem experiências uns com os outros,
fomentando o espírito de comunidade.
A nossa oferta formativa, nomeadamente online, era já
muito vasta, mas também a reforçámos, por exemplo, o
acesso grátis ao Coursera e extensível às famílias. Também
temos disponível o Linkedin learning, entre outras
formações que o nosso learning hub permite realizar.
“O que faz o sucesso de uma
empresa é a sua cultura e as suas
pessoas. As nossas pessoas são
a nossa prioridade sempre"
Investimos muito do nosso tempo de confinamento a
reforçar as nossas competências e a evoluir a nossa
cultura empresarial, muito focada no empoderamento,
inspiração e curiosidade e na liderança de serviço, focada
na remoção de obstáculos. A experiência que estamos
a viver enquanto organização motiva-nos também
a pensar na nossa Employee Journey, ajustando-a
de forma customizada, informada e inclusiva, permitindo
a flexibilidade que sempre caracterizou a Novartis e
adaptando-a a novos modelos de trabalho assíncrono
que valorizem a colaboração e que permitam um maior
equilíbrio entre a vida profissional e familiar.
No final deste grande desafio para a sociedade global,
estou certa de que sairemos com a convicção ainda
mais reforçada de que são as pessoas que fazem a diferença.
Vamos continuar a apostar nelas.
35
h
empreendedorismo
“O AZEITE É O NOSSO OURO LÍQUIDO” - Isabel Faria
Mariana Barros Cardoso
OliveEmotion
“A capacidade de reinventar o azeite não tem limites”.
Esta é uma das frases que pode ler ao longo
da entrevista dada pela Isabel Faria à PME Magazine
sobre a OliveEmotion, empresa que trabalha o
azeite de forma distintiva. A CEO conta-nos como
surgiu e ideia de criar um negócio que reinventa um
produto tão característico do nosso país e garante
que temos “condições excelentes para poder fazer
grandes azeites”.
PME Magazine – Como é que surgiu a ideia de um negócio
onde se reinventa o azeite?
Isabel Faria – Já tinha a ideia há alguns anos, pois
sempre considerei o azeite um líquido precioso, com
tantos benefícios para a saúde e com tanto potencial
gastronómico que era um desperdício não promover
este potencial de uma forma reinventada. O azeite é o
nosso ouro líquido, temos das melhores variedades de
azeitona do mundo combinadas com terroirs que nos
permitem excelentes azeites. Um azeite do Alentejo é
muito distinto de um azeite de Trás-os-Montes, onde
as características do terreno, do clima, dos diferentes
frutos secos podem influenciar o sabor do azeite. Em
Portugal temos condições excelentes para poder fazer
grandes azeites.
PME Mag. – Qual a mensagem por detrás da
OliveEmotion?
I. F.– A OliveEmotion é uma marca de azeite premium
que pretende espoletar ligações emocionais pela redescoberta
do azeite e a atração por combinações
inexploradas. E por isso potenciamos as experiências
gastronómicas com chefs e experiências de viagens de
azeite juntamente com parcerias que vamos estabelecendo.
"Em Portugal temos condições
excelentes para poder fazer
grandes azeites"
PME Mag. – Quais são as maiores dificuldades em
vender a ideia de uma maneira diferente de consumir
azeite?
I. F.– Como produto, questões como a quantidade de
benefícios que tem para a saúde. O azeite, por já estar
na nossa alimentação em Portugal de uma forma
tão rotineira e não ter sido tão valorizado ao longo de
tantos anos, torna mais difícil agora querer diferenciar
num contexto atual o que distingue um azeite de outro
em termos de qualidade. Acabamos por ter de ir por
outras vias de diferenciação, como a forma inovadora
36
Isabel Faria, CEO da OliveEmotion
como possamos combinar o azeite com outros ingredientes
e as experiências que possamos criar à volta do
azeite.
PME Mag. – Como é que é o procedimento de “transformação”
do azeite?
I. F.– Um azeite extra virgem é puro sumo de azeitona,
sendo o processo constituído por várias etapas desde
a apanha da azeitona até ao armazenamento do azeite.
É o processo normal, onde temos a receção das azeitonas
que passam por um processo de limpeza, lavagem
e pesagem. No seguimento, é feita a moenda, batedura
e extração do azeite. É depois filtrado, armazenado em
depósitos e embalado.
"Um azeite extra virgem é puro
sumo de azeitona"
PME Mag. – Como é que é feito o controlo de qualidade
do mesmo?
I. F.– Trabalhamos atualmente com uma especialista
em azeite que trabalha o perfil de azeite da OliveEmotion
que se pretende internacional. É a responsável pelo
desenvolvimento do blend. Trabalhamos sempre
com azeites provenientes de azeitonas de pequenos
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
produtores. Esse blend é depois formulado num lagar
certificado e com todas as condições de higiene e
segurança e permanece num depósito que possa servir
a marca OliveEmotion.
PME Mag. – Qual é a durabilidade do azeite?
I. F.– O nosso azeite é um azeite extra virgem e, mantendo
as suas características com a maior frescura
possível, tem uma validade de dois anos desde que é
embalado. Esta duração pode variar em função de condições
como o tipo de embalagem em que é embalado
e a sua preservação. À medida que vamos aprendendo
mais sobre os diferentes azeites começamos a perceber
melhor as diferenças entre eles. É um pouco como
os vinhos.
PME Mag. – Há uma ínfima capacidade de reinventar
o azeite?
I. F.– A capacidade de reinventar o azeite não tem limites.
O azeite pode ser utilizado na gastronomia de
múltiplas formas, com combinações novas que normalmente
não nos lembraríamos. Pode ser utilizado em
tratamentos e prevenção de doenças graças aos seus
mais de 100 benefícios para a saúde. E até cosmética e
tratamentos de beleza têm beneficiado cada vez mais
da utilização do azeite para a pele e para o cabelo. Há
aqui um potencial tremendo que se pode explorar.
PME Mag. – Há um target específico para o vosso
produto?
I. F.– Trabalhamos essencialmente com um posicionamento
premium em lojas gourmet, lojas especializadas
de azeite e no canal de hotelaria e restauração com
hotéis de quatro e cinco estrelas.
" Até cosmética e tratamentos de
beleza têm beneficiado cada vez
mais da utilização do azeite para
a pele e para o cabelo"
Portugal tem as melhores variedades de azeitona do mundo
te para dar visibilidade à marca internacionalmente e
promover o conceito e ser diferenciador. E com o digital
chegamos a todo o mundo. É preciso trabalhar uma
série de ferramentas do marketing digital que nos permitam
chegar aos consumidores e potenciar a venda.
PME Mag. – De que tipo de investimento carece um
bom cartão de visita dos tempos modernos?
I. F.– Nos últimos meses, vemos a importância do digital
e das vendas online. É um processo que leva tempo
e requer um investimento elevado, pois, em determinados
segmentos, não era até agora usual comprar produtos
online, como é o caso do azeite.
PME Mag. – Onde vê a OliveEmotion em dez anos?
I. F.– Atualmente, é muito difícil antever onde vão estar
as marcas por horizontes temporais muito largos
porque o contexto atual é muito dinâmico e temos de
ajustar-nos. O objetivo da OliveEmotion é ser uma
marca fortemente implementada internacionalmente e
reconhecida pela forma como chega aos seus consumidores,
potenciando as experiências à volta do azeite
e os benefícios que o azeite tem enquanto gordura
saudável e tentando alavancar a sua presença através
de um forte investimento digital que ajude a potenciar
essas experiências.
PME Mag. – Venceram nos prémios de melhor website
e escolha do consumidor nos E-AgroAwards. Um
bom website é o melhor cartão de visita de uma empresa?
I. F.– Ter um bom website, atualmente, é importan-
37
h
empreendedorismo
NONAGON – O PARQUE DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA DOS AÇORES
Mafalda Marques
Nonagon
O Nonagon é o primeiro parque de ciência e tecnologia
da região autónoma dos Açores, localizado na
cidade de Lagoa, ilha de S. Miguel. Tem, à data, 28
empresas instaladas, sobretudo na área das tecnologias
de informação e comunicação (TIC) e das
indústrias culturais e criativas (ICC). Em entrevista
à PME Magazine, Arnaldo Machado, presidente do
conselho de administração, apresenta-nos o lado
empreendedor do arquipélago.
O Nonagon é uma iniciativa do Governo Regional dos
Açores, em parceria com a Câmara Municipal de Lagoa,
sendo o seu grande objetivo promover a articulação
entre o setor público, privado e universitário. O parque
tecnológico afirma-se como um polo agregador
na prestação de serviços especializados, direcionados
à promoção da transferência de conhecimento para as
empresas, à incubação de empresas de base tecnológica,
fomentando o surgimento de startups e spin-offs,
criando emprego qualificado e novos produtos ou serviços.
O Nonagon atua ao nível da disponibilização de espaço,
energia entre outros serviços gerais e de valor
acrescentado para empresas. Disponibiliza espaços de
incubação, espaços empresariais e de cowork. Apoia a
sua comunidade empresarial com uma equipa de gestão
que acompanha o desenvolvimento dos negócios,
facilita a articulação com veículos de financiamento,
com especialistas e mentores em áreas técnicas específicas.
Além disso, as empresas incubadas podem,
ao abrigo de protocolos, beneficiar de consultoria em
propriedade intelectual, aceder a laboratórios de referência
para testes de soluções tecnológicas numa
abordagem de test before invest (testar antes de investir).
Organiza ainda workshops e seminários dedicados à
capacitação das startups e PME instaladas, sobre as
temáticas da inovação e empreendedorismo, sendo
toda a comunidade convidada a participar. Dois exemplos
destes foram a realização da primeira edição do
Azores Tek, subordinado ao tema “Fronteiras da Inovação”,
um evento de dois dias com vários oradores e
uma mostra tecnológica que contou com mais de 600
participantes, e as quatro edições do Startup Weekend
Azores na qual, durante um fim de semana, os participantes
puderam desenvolver uma ideia de negócio
com recurso a mentores e coaches em diversas áreas.
38
Arnaldo Machado, presidente do conselho de administração do Nonagon
CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL
Com a certificação EU|BIC, atribuída pela EBN
(European Business Innovation Centre Network) em
2016, a Nonagon passou a fazer parte de um grupo
restrito de 140 organizações a nível mundial, sendo
que apenas sete destas são portuguesas.
“Este selo EU|BIC valoriza-nos enquanto entidade de
apoio no estímulo da competitividade empresarial, por
via da iniciativa privada. Fazer parte desta rede garante
ao Nonagon acesso a um leque de competências e mecanismos
globais, contribuindo para estreitar a relação
entre o mercado regional e os mercados globais. Pertencer
a este grupo de elite permite-nos, num exercício
de benchmarking, aprender com os EU|BIC “seniores”,
parte de ecossistemas de empreendedorismo e inovação
com elevado nível de maturidade, as melhores
práticas de fomento do empreendedorismo e inovação,
assim como definir mais habilmente programas de
apoio à nossa comunidade empresarial”, afirma Arnaldo
Machado, presidente do conselho de administração
do parque tecnológico, em entrevista à PME Magazine.
UM HUB DE INOVAÇÃO DIGITAL
Também neste sentido, a Associação Nonagon, que
gere o parque tecnológico, coordena o Azores Digital
Inovation Hub (DIH), um centro de competências
para a inteligência artificial, a cibersegurança, a computação
de alto rendimento e o desenvolvimento de
competências digitais. Este hub tem como propósito
fomentar a transformação digital dos agentes económicos
na região autónoma dos Açores e estimular o
respetivo ecossistema de inovação.
“O Azores DIH colocará em contacto fornecedores de
tecnologias digitais como o cloud computing, o high
performance computing (HPC), a inteligência artificial e
a internet do futuro, com empreendedores, PME e ou-
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
tros agentes do ecossistema de inovação dos Açores,
os quais, através destas tecnologias, fortalecerão a
sua competitividade e posição no mercado, potenciando
a expansão e até o desenvolvimento de novas áreas
de negócio, em prol da digitalização da economia dos
Açores e de uma melhor cultura de inovação na região”,
explica o responsável.
PROMOVER A PROGRAMAÇÃO
NAS CAMADAS JOVENS
Já no âmbito da sua política de responsabilidade social,
o Nonagon associou-se desde o início à comunidade
internacional de clubes de programação CoderDojo,
que proporciona a jovens entre os 9 e os 17 anos um
ambiente seguro e divertido para aprenderem a programar.
Ao longo dos anos, desenvolveu, em colaboração
com entidades parceiras, sessões gratuitas que,
além de desenvolverem nos jovens as competências
para a programação, ajudam a estimular o raciocínio e
a melhorar a capacidade de resolução de problemas.
“No Coderdojo apostamos numa aprendizagem aberta
e livre que contribua, a brincar e a criar, para o desenvolvimento
das mais variadas competências”, adianta.
ADAPTAÇÃO À PANDEMIA
Para fazer face à pandemia, o parque teve, com a maior
celeridade possível, de adaptar-se às circunstâncias
decorrentes da Covid-19, como explica Arnaldo Machado:
“Toda a equipa transferiu a sua atividade para teletrabalho
e, felizmente, quer para os nossos colaboradores,
quer para as 28 empresas instaladas, tornou-se
relativamente simples dar continuidade ao desenvolvimento
dos projetos em curso. Temos vindo a realizar
webinares, sobre diversas temáticas com inegável interesse
para as empresas regionais”, confirma.
"Felizmente, tornou-se
relativamente simples dar
continuidade aos projetos
em curso"
Seguindo as tendências digitais, também a revista online
da Associação Nonagon, Think Tech, lançou recentemente
a sua quarta edição, dedicada a uma temática
relevante para o desenvolvimento do tecido empresarial
e da sociedade nos tempos que correm: a investigação
científica.
“Estas iniciativas têm proporcionado, nesta fase, uma
maior proximidade com o meio empresarial e, de uma
forma mais lata, com a comunidade em geral, contribuindo
igualmente para promover a interação entre
empresas, centros de conhecimento e entidades públicas”,
adianta.
A presença nas redes sociais também foi reforçada
com a partilha de conteúdos relacionados com as suas
áreas de intervenção, de forma a contribuir para aquela
que será uma das soluções para ultrapassar os desafios
desta pandemia: a digitalização da economia.
O Nonagon é o primeiro parque de ciência e tecnologia da região autónoma dos Açores
39
p
MEDIR PARA GERIR
'REMOTE LEARNING' E FORMAÇÃO ONLINE
Marta Pimentel, diretora executiva de Learning
& Development da Nova SBE Executive Education
Nova SBE
O mundo pós-Covid-19 contribuiu de forma inequívoca
para uma maior abertura ao universo digital.
É um verdadeiro – não diria ainda maravilhoso – mundo
novo, que impacta a humanidade de forma determinante,
na medida em que altera todas as rotinas: sociais,
profissionais, familiares e individuais.
A educação é um destes universos de profunda mudança,
sendo que a grande maioria dos players globais
deste setor deu um mergulho profundo no universo online.
Os mais entusiastas e early adopters afirmam que
são mudanças que vieram para ficar, os mais céticos e
conservadores suspiram para que esta onda passe e
o mundo volte a ser como sempre o conheceram. No
meio, certamente, estará a virtude, o que significa que,
possivelmente, se abre um futuro blended.
A tão anunciada next generation education entra na sua
curva exponencial, depois de muitos anos de avanços
e recuos, tendo como primeiros protagonistas os LMS
(Learning Management System) e os MOOC (Massive
Open Online Courses). Estes primeiros cursos online,
que se alicerçavam em metodologias essencialmente
assíncronas (onde o ensino e a aprendizagem não se
efetivam ao mesmo tempo) pouco envolventes, foram
o parente pobre da educação, de menor custo, por vezes
até gratuito, mas de muito menor taxa de retorno.
Esta nova geração de educação constitui uma segunda
onda do online learning, que hoje usufrui do significativo
avanço tecnológico, aliás como tem acontecido com
todas as curvas exponenciais que são aceleradas pela
tecnologia. Muitas startups emergem e tentam tornar
real essa ideia, até que se acerta na melhor combinação
e vira mainstream.
Nesta segunda onda de online learning, as plataformas
síncronas (em tempo real) como o Zoom, Webex, o Microsoft
Teams, entre outras, são os grandes protagonistas
do momento. São capazes de recriar o ambiente
de uma sala de aula agora virtual, onde os elementos
principais, o conhecimento, a partilha e o networking,
grandes ativos do ensino presencial, continuam presentes
– assim como os protagonistas deste contexto,
os docentes e os alunos ou participantes.
A transição é complexa e exige uma total reinvenção
das metodologias de aprendizagem. O conteúdo é relevante,
sem sobra de dúvida, mas sozinho não consegue
mais cumprir a sua missão de proporcionar um
processo de aprendizagem enriquecedor.
40
Marta Pimentel, diretora executiva de Learning & Development da Nova SBE
Executive Education
Para tentar evitar as novas doenças psicológicas, como
a anunciada Zoom Fadigue, a formação de executivos
da Nova SBE tem-se dedicado a um trabalho rigoroso
de pesquisa e experimentação de novos modelos de
aprendizagem. Uma das mais importantes premissas
assenta na ideia de que “menos é mais”, isto é, privilegiamos
sessões menores em cápsulas de conhecimento
micro ou mesmo nano. O tradicional dia de
formação de oito horas, numa lógica de aprendizagem
vertical, substitui-se por uma lógica horizontal, onde
as sessões se distribuem ao longo de um período: um
dia pode passar a um mês. Desafio quem quiser a descobrir
os webinars We all have a role to play, no website
https://roletoplay.novasbe.pt/webinars onde podem
encontrar múltiplos protótipos desta nova forma de
aprender.
Em tempos de crise, o mood é de reação e de experimentação.
O online síncrono que recriou a sala de aula
foi o novo normal. Mas o futuro da educação será certamente
diferente, não mais o modelo pré-Covid-19,
mas também não certamente o modelo Covid-19. Vamos
assistir a muitas inovações, algumas até mesmo
mais radicais, que trazem para os processos de aprendizagem
o melhor dos três modelos: presencial, online
assíncrono e online síncrono. Um blended seamless,
sem costuras, com fronteiras mais fluídas entre todas
as modalidades apresentadas.
o
Marketing
JUNHO JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
A IMPORTÂNCIA DO MARKETING 4.0
Pedro Montijo, digital marketeer da Media em Movimento
Media em Movimento
Tal como a vida que continua sempre a evoluir, o marketing
também. Muito se tem falado sobre o Marketing
4.0, mas, afinal, que novo marketing é este e qual é a
sua importância no âmbito empresarial? Antes de mais,
vamos perceber como tudo isto funcionava na era do
Marketing 3.0, o que é o Marketing 4.0 e porque deve
adotá-lo nas suas estratégias o mais depressa possível.
No tempo em que surgiu o Marketing 3.0, as empresas
deixaram de apostar na segmentação e foram atrás de
uma personalização, pois começaram a entender que
cada consumidor era diferente do outro – embora todos
fizessem parte da mesma tribo, cada um tinha necessidades
diferentes.
A pensar nisso, as marcas deixaram de tratar os seus
consumidores como meros compradores e passaram
a tratá-los como seres humanos. Deixaram a sua versão
“robô” de lado e começaram a apostar mais no seu
lado mais humano e foi esta troca de valores que fez
com que os consumidores passassem a olhar para as
marcas com outros olhos e a fazer com que as pessoas
procurassem mais um valor do que apenas um produto
feito para vender.
Estamos a viver um momento em que a tecnologia domina
a nossa vida e, com isso, a forma como as marcas
comunicam connosco muda também. Este é um bom
ponto de partida para definirmos o que é o Marketing
4.0.
O conceito foi criado pelo “pai do marketing”, Philip
Kotler, e mais dois escritores: Iwan Setiawan e
Hermawan Kartajaya. Os três autores definem que o
Marketing 4.0 vem acompanhado de uma inclusão
digital, uma facilidade no acesso à tecnologia para mais
pessoas que acaba por tornar o processo de compra
mais pessoal, fazendo com que a cadeia de compras
se torne mais horizontal e tenha menos intermediários.
Esse processo horizontal acontece quando um consumidor
passa a fornecer conhecimento para as empresas
e para outros consumidores também, ou seja,
existe uma troca de informação entre os consumidores
e as marcas e essa troca e esse conhecimento acaba
por acontecer em tempo real e é potenciada pela tecnologia
que utilizamos. Digamos que essa seria a revolução
digital para as empresas, uma vez que, dantes,
estas podiam investir apenas em televisão, jornais e
revistas. Hoje, já podem avançar na sua conquista para
o mundo digital e, melhor do que isso, fazê-lo de forma
segmentada e impactando as pessoas que realmente
Pedro Montijo, didital marketeer da Media em Movimento
querem. Porém, a diferença deste novo marketing vai
muito além dos valores que as empresas investem em
anúncios, o que se espera são as partilhas de experiências.
UM NOVO CONSUMIDOR?
Nos dias de hoje, o consumidor constrói uma relação
muito mais sólida e pessoal com os produtos e os serviços
que adquire. A marca passa a ser algo essencial
na sua vida. A procura por uma marca com a qual se
identifique vai muito além de um simples produto ou do
seu valor monetário. Hoje, preza-se mais o valor pessoal
que a marca traz consigo, uma vez que essa será
a imagem que o consumidor quer transmitir às pessoas
à sua volta.
"Preza-se mais o valor pessoal
que a marca traz consigo, uma
vez que essa será a imagem que o
consumidor quer transmitir"
Por outras palavras, o novo consumidor quer marcas
que pensem como ele, que tenham os mesmos valores
e que acreditem naquilo que transmitem para a sociedade,
marcas que sejam coerentes com aquilo que dizem
e fazem e que demonstrem responsabilidade perante
o seu público.
Quando a marca consegue ganhar a confiança do seu
consumidor, este passa a ser um advogado da marca,
tanto no mundo dito tradicional quanto no mundo
digital. Passa a contar as suas experiências e as suas
visões perante a marca. Um bom exemplo disto são
aplicações de reviews como a Zomato, plataforma que
41
o
Marketing
O Marketing 4.0 vai muito além dos valores que as empresas investem em anúncios
possibilita que os seus utilizadores partilhem as suas
experiências nos restaurantes em que já estiveram. A
palavra do consumidor é, cada vez mais, lei e é isso
também que as pessoas procuram quando tentam saber
algo mais sobre determinada marca.
UMA TRANSFORMAÇÃO CONSTANTE
Tal como o Marketing 3.0 teve de adaptar-se, na sua
época, para entrar nas vidas dos consumidores, o 4.0
também o fez e ainda está a fazê-lo. Vivemos num
mundo que é quase 80% digital, em que a internet prevalece
mais do que os meios tradicionais, mas isso não
quer dizer que devamos esquecer-nos do antigo e focarmo-nos
apenas no novo, muito pelo contrário: o desafio
agora é pensar numa forma de fazer com que os
meios estejam sempre conectados.
"Quando a marca consegue ganhar
a confiança do seu consumidor,
este passa a ser um advogado
da marca, tanto no mundo dito
tradicional quanto no mundo
digital"
O Marketing 4.0 é muito mais pessoal do que jamais
poderia imaginar-se. O objetivo de vender a qualquer
custo foi ficando para trás e o lado de entregar um significado
ou um valor na vida do consumidor, fazendo
com que este se sinta especial ou até mesmo parte da
42
marca, tornou-se no seu grande foco. Não estou com
isto a dizer que as vendas perderam o sentindo para o
marketing. As vendas são o motor dos negócios, mas o
ato de vender apenas por vender e gerar lucro não terá
mais o mesmo impacto, as pessoas querem ver coisas
reais, porque também elas são reais.
"O Marketing 4.0 é muito mais
pessoal do que jamais poderia
imaginar-se"
Além disso, o novo consumidor está sempre ligado,
sempre atento a ver o que se passa no mundo e isso
faz com que se torne um pouco mais exigente do que
os ‘antigos consumidores’. Assim, a forma como devemos
abordá-lo deve ser mais subtil e diferenciada – o
que funcionou com uma pessoa poderá não funcionar
com outra. A procura por informações sobre serviços e
outras experiências tornou-se quase mandatória para
este novo consumidor, por isso, devemos, mais do que
nunca, manter a nossa verdade e não tentar “comprar”
comentários ou atirar areia para os olhos de quem nos
compra, porque da mesma forma que um consumidor
alavanca uma marca também pode destruí-la muito rapidamente.
Nunca se esqueça: os consumidores não são apenas
compradores, eles podem vir a ser a sua melhor publicidade,
por isso, trate-os sempre como se fossem
membros da sua família.
o
tecnologia
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
NEGÓCIOS QUE SE REINVENTAM: O FUTURO
CHEGOU MAIS CEDO
Nuno Nunes, chief sales officer B2B da Altice Portugal
Altice Portugal
Passados os primeiros meses desde o início da pandemia
em Portugal, é agora possível começar a avaliar-se
a reação das organizações e empresas, sendo consensual
que, pelas piores razões, o país deu um salto tecnológico
na sua transformação digital. As tecnologias
de informação e comunicação apoiaram a implementação
de algumas das medidas de exceção da crise
pandémica e tudo aponta para que possam continuar a
ajudar o tecido empresarial numa fase de retoma e de
recuperação económica.
A primeira fase da pandemia, centrada no confinamento,
fez com que, de uma expressão diminuta em Portugal,
o teletrabalho passasse a ser a norma. O uso acrescido
das redes, as reuniões de trabalho suportadas em
ferramentas de colaboração, videoconferência e mecanismos
de partilha de documentos, o crescimento
dos serviços de acesso remoto às redes das empresas
(vulgo VPN) e a corrida a equipamentos portáteis – PC,
tablets, routers – são as melhores evidências de que um
posto de trabalho tecnologicamente apetrechado é um
seguro para a produtividade do negócio.
"Pelas piores razões, o país
deu um salto tecnológico
na sua transformação digital"
Muitos negócios foram, também nesta fase inicial,
obrigados a fechar as suas portas, sem alternativa a
que recorrer. No entanto, a Altice Empresas pode hoje
dar resposta às empresas que procuram recuperar
clientes e escoar produtos, com uma solução de canais
digitais completa, com website e loja online que
permitem as transações comerciais, garantindo desde
os pagamentos eletrónicos à entrega dos produtos
em casa. Há empresas para as quais os canais digitais
foram uma das poucas boas notícias e a esperança de
retoma de vendas.
As alterações que os negócios foram obrigados a implementar
e o constante ajuste e modificações necessários
– condições de serviço, novos horários – tornam
a divulgação de informação atualizada a clientes
ou colaboradores, um fator crítico num tempo como é
o de hoje. As soluções de messaging mais sofisticadas
permitem a distribuição massiva de SMS com links
para informação detalhada, e as soluções de call center
e atendimento excecional são hoje procuradas pelas
PME.
Nuno Nunes, chief sales officer B2B da Altice Portugal
Em tempos de incerteza e adaptação, onde práticas
digitais de interação são exponenciadas, seja no teletrabalho
ou na compra online, a exposição e vulnerabilidade
dos colaboradores é maior. As empresas já por
si num momento de transição, e com a atenção focada
em decisões urgentes, não podem subestimar a possibilidade
de um ciberataque à sua operação, hoje tão
comum e tendo como alvo PME.
A nova fase de retoma de atividade terá para as empresas
o seu sucesso dependente da preparação e da confiança
que os seus negócios possam transmitir. A Altice
Empresas disponibiliza soluções para que a abertura
dos espaços comerciais de atendimento ou mesmo
das entradas em espaços de trabalho possam oferecer
garantias e segurança, com opções que podem ser câmaras
termográficas para monitorização à distância,
ou o controlo de entradas com reconhecimento auto-
43
o
tecnologia
mático do uso de máscara, onde esse seja um requisito
laboral. Os clientes vão preferir os estabelecimentos
comerciais mais seguros e estarão dispostos a alterar
os seus hábitos, pelo que soluções onde o smartphone
substitui o dispensador de senhas e o cliente pode reservar
e esperar à distância estão a despertar interesse
em clientes.
"Há empresas para as quais
os canais digitais foram
uma das poucas boas
notícias e a esperança
de retoma de vendas"
Exigir-se-á um esforço de implementação de novos
requisitos legais e procedimentos operacionais, pelo
que a necessidade de formação será intensa nesta
fase. Os conteúdos formativos, desenhados para um
modelo de formação à distância, em plataformas muito
testadas, são soluções a considerar, que aliviam recursos
da empresa para outro tipo de preocupações.
Para as empresas no ramo da educação – colégios,
academias ou ATL – a um ano escolar atípico, onde
se ensaiam novos hábitos e ferramentas, suceder-
-se-á a rentrée como novo desafio, face à incerteza
no desenrolar das fases da pandemia. Com parceiros
com soluções reconhecidas, seja na área de conteúdos
editoriais e pedagógicos, seja nos equipamentos
educativos, alavancar-se-á o atual sucesso no apoio a
inúmeras escolas do ensino público, com soluções de
educação remota para as empresas do setor educativo.
Na área da saúde e bem-estar, uma vez ultrapassada a
atual prova de fogo do sistema, a expectativa é de uma
agenda nacional, que faça com que agentes de saúde
sejam chamados ao desenvolvimento de um modelo de
saúde. Fruto da inovação própria nesta área, a Altice
Empresas tem disponíveis para as empresas serviços
eHealth de monitorização remota de sinais vitais e de
suporte diário, soluções de telemedicina/telediagnóstico,
até propostas mais expeditas com smartwatch e
portal web de monitorização de bem-estar/biométrico.
No horizonte temporal de recuperação económica e
futuras mudanças estruturais, a incerteza na procura
será elevada e a institucionalização de práticas agora
provadas será previsível. Os modelos de prestação de
serviço cloud têm a flexibilidade e escalabilidade para
disponibilizarem recursos anytime, anywhere, propícios
aos modelos de trabalho, interação e transação remotos.
O consenso ganho quanto à manutenção dos níveis
de produtividade neste novo registo operacional antecipa
o despertar de uma empresa mais resiliente, com
uma gestão aberta à racionalização de espaços físicos
via teletrabalho, ou à externalização de serviços não
core via BPO.
A um tempo de disrupção correspondeu uma transição
acelerada e considerável de transformação digital das
PME. Num tempo de retoma da atividade, cabe reinventar
os negócios e, numa fase de consolidação, reimaginar
e mudar o mundo, potenciando os novos hábitos
adquiridos e as possibilidades que a tecnologia
constantemente trará a tempos incertos.
Canais digitais foram, muitas vezes, a bóia de salvação das empresas
44
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
“SOMOS UMA INCUBADORA DE PROJETOS
VOLUNTÁRIOS PARA MITIGAR A COVID-19”- João
Ana Rita Justo
Tech4Covid19
Figueirinhas Costa
Um conjunto de empresários portugueses criou um movimento para desenvolver soluções tecnológicas
que ajudassem a mitigar a Covid-19. Hoje, são já mais de cinco mil os voluntários. O empresário João
Figueirinhas Costa é um dos fundadores, responsável pela coordenação das diversas equipas transversais
do movimento, e falou à PME Magazine sobre a essência do Tech4Covid19
João Figueirinhas Costa, co-fundador do movimento Tech4Covid19
PME Magazine – Como começou este movimento?
João Figueirinhas Costa – O Tech4Covid19 é
um movimento informal e começou num grupo do
Whatsapp que já existia, de uma comunidade de
fundadores de startups. Antes da quarentena oficial,
começou a surgir a discussão informal sobre o que é
que poderíamos fazer. Esta discussão foi evoluindo no
grupo do Whatsapp e esse grupo passou para um grupo
de Slack, mais estruturado, num espaço de horas. Logo
na primeira tarde chegámos às 300, 400 pessoas.
Dividimos o grupo em canais de discussão de ideias e
o movimento ganhou uma força e uma vida própria que
não foi planeada, com o passa a palavra, com as equipas
das empresas dos fundadores a começarem a querer
integrar e participar. Muito rapidamente chegámos aos
3000, 4000 voluntários e, neste momento, somos mais
de 5300. O movimento é uma espécie de incubadora de
projetos que têm contribuído, de alguma forma, para
mitigar resultados, diretos ou indiretos, da pandemia.
As áreas de atuação não são aleatórias, há aqui áreas
mais claras e o projeto tem de ser não comercial e
não lucrativo. Não quer dizer que não haja dinheiro a
circular, há alguns projetos que o implicam, pela sua
natureza, mas não há comissão, lucro, nem margem.
Há projetos que saem de empresas, mas esses são
produtos já existentes e que são adaptados e que, por
uma questão de patentes, são as próprias empresas
que gerem. Genericamente, somos uma espécie de
incubadora de projetos voluntários, tendencialmente
de base tecnológica para mitigar os efeitos da Covid-19
e deste contexto de pandemia.
PME Mag. – Como é que asseguram esta tendência
não comercial?
J. F. C. – Aquilo que fizemos foi criar equipas de organização
interna. Temos uma equipa de comunicação
interna, uma equipa de recrutamento que, olhando
para os voluntários que existem, tenta alocá-los a
projetos em função das suas competências, disponibilidade
e das necessidades dos projetos. Temos uma
equipa de project management que dá acompanhamento
estrutural aos projetos. Há um sítio onde as ideias
são discutidas, assim que ganham um pouco de tração,
essas pessoas criam um canal e vão desenvolvendo
45
o
tecnologia
essa ideia. A partir daí, a equipa da organização interna
vai acompanhando o projeto de forma mais regular
e o project leader, que é, ou quem teve a ideia, ou alguém
que pega na ideia e a leva para a frente. Quem
se assumir como project leader tem esse acompanhamento
e aí vamos garantindo que o código de conduta
do movimento é mantido. O código de conduta tem os
termos mais gerais, como todo o código desenvolvido
do zero no contexto do movimento tem de ser aberto e
não pode ser propriedade de ninguém. As pessoas são
livres de fazerem os projetos que quiserem. Qualquer
pessoa pode entrar no movimento, mas há um conjunto
de serviços, parcerias e coisas que temos acesso e os
projetos só têm acesso a esses serviços se estiverem
alinhados com os termos e condições que vinculam o
espírito do movimento, que é o não ser comercial, ser
voluntário, genericamente universal, não haver barreiras
à participação…
PME Mag. – Não há nenhum registo de patentes associado?
J. F. C. – Não. Os produtos que foram adaptados de
empresas já existentes obviamente já tinham uma propriedade
antes, mas todo o código feito, voluntariamente,
por voluntários no contexto do movimento deve
ser código aberto. Não pode ser propriedade de ninguém
e não é propriedade do movimento.
PME Mag. – Quantos projetos têm em curso?
J. F. C. – O número redondo é de 40 projetos, dos quais
cerca de 15 já estão em execução. Os primeiros projetos
que surgiram, um foi para recolher fundos e encomendar
material hospitalar e garantir que chegava a
Portugal. Percebemos logo que a linha Saúde24 ia estourar
e pensámos como podíamos utilizar um chatbot
para mitigar essa carga, acabou por não avançar com o
SNS e por ser integrado na Segurança Social. Começámos
com uma aplicação de survey para as pessoas
darem os seus sintomas e podermos mapear o país em
termos de sintomas, o Covidografia. Depois, naturalmente,
foi evoluindo para as necessidades do mercado,
como a educação. Nasce, então, o Tools4edu, que
ajuda professores e pais a aprenderem a ir para plataformas,
porque a grande parte dos professores nunca
usou um Teams, ou um Zoom, ou o Google Hangouts.
E o segundo passo era como é que se ensina um professor
que sempre deu aulas numa sala a ensinar num
contexto online, onde a dinâmica é diferente. O segundo
projeto é o Student Keep que foi recolher computadores
de pessoas que já não precisam para alunos
que não têm material informático. O terceiro patamar é
a economia local e o melhor exemplo será o Preserve,
que permite que qualquer pessoa compre vouchers nos
seus estabelecimentos preferidos: o valor é injetado no
estabelecimento e a pessoa pode utilizar durante dois
anos.
PME Mag. – Que setores estão representados entre
os voluntários?
J. F. C. – Se calhar, as primeiras mil pessoas eram
46
fundadores ou trabalhadores de startups. Depois, naturalmente,
foi-se abrindo o leque. Temos pessoas de
todas as áreas e com todo o tipo de competências e de
experiências.
"Todo o código feito
por voluntários no contexto
do movimento deve ser aberto"
PME Mag. – Até quando vão manter o movimento?
J. F. C. – O espírito do movimento é mitigar os desafios
criados no contexto de pandemia. É consensual que a
pandemia não acabou. Enquanto os projetos fizerem
sentido, o movimento irá continuar. Há diferentes opiniões
e como temos sido tendencialmente democráticos,
a ideia é irmos vendo. Quando acharmos que faz
sentido tomar uma decisão sobre o movimento também
o faremos.
PME Mag. – Qual é a grande mais-valia deste movimento
para as empresas?
J. F. C. – O que as empresas retiram do projeto é pouco
relevante no sentido em que desde o início que fizemos
um esforço grande para retirar as empresas da
equação. Claro que temos empresas que estão a disponibilizar
trabalhadores quase a full time em projetos
do movimento. É uma questão de consciência de
participação cívica. Há aprendizagens naturais que se
retiram deste contexto, como repensar os modelos de
trabalho, os horários fixos, o termos de estar no escritório
o tempo todo, isso é uma questão que vai ter de
surgir e vai ter de ser debatida nas organizações. E não
apenas daqui a dez anos se tivermos outra pandemia
e tivermos de nos ajustar à pressa. Outra coisa importante
é que temos imensas empresas que não têm um
website, um email, uma aplicação, que não usam uma
ferramenta de colaboração. Seja qual for o contexto da
empresa, hoje, não faz sentido que as empresas sejam
totalmente analógicas. A forma como criámos o movimento
demonstra o valor de termos uma estrutura ágil.
Montámos 500 pessoas num grupo de Slack rapidamente,
não porque as pessoas são génios, mas porque
já conhecem o Slack e já usam Slack e sabem trabalhar
de forma ágil.
PME Mag. – Quantas pessoas já impactaram?
J. F. C. – Já foram muitas. Em casos muito concretos:
há 1000 crianças que já receberam computadores, há
11 mil pessoas que acederam ao Tools4edu e que interagiram
com conteúdo; há 700 profissionais de saúde
que têm alojamento garantido através do Rooms
Against Covid – um projeto que junta hotéis e alojamento
local vazios com profissionais de saúde que não
querem ir para casa e que, juntamente com o Turismo
de Portugal, que financia, garantimos que têm um alojamento
próximo do hospital. Mandámos vir cerca de
250 mil máscaras... Quero acreditar que milhares de
pessoas foram já impactadas por algum dos nossos
projetos.
f
Agenda
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
Pedro Montijo
Divulgação
02
JULHO
SEMINÁRIO
DOS NEGÓCIOS
NKOOWOORK – Office &
Lounge (Espaço L ), Lisboa
A conjuntura atual traz desafios
nunca antes sentidos, o tempo
disponível para solidificar um
negócio é cada vez menor
e um erro paga-se sempre
muito caro. Neste seminário,
a Turbonegócios vai focar-se
nas soluções que pode pôr de
imediato em prática e dar o
primeiro passo rumo ao sucesso
da sua empresa.
Mais informações em:
www.eventbrite.pt/e/bilhetes-
-seminario-dos-negocios
10 A 13 SETEMBRO
IDF BY INTERDECORAÇÃO – FALL
EDITION
Exponor, Matosinhos
A IDF by Interdecoração, que se realiza
duas vezes por ano, terá a sua a edição
de outono em setembro. O evento terá
um novo formato que cria a ponte entre
as marcas consagradas do setor e
os novos talentos. Neste cruzamento,
a feira oferece aos visitantes uma visão
mais abrangente das tendências e
novas soluções do mercado.
Mais informações em:
https://idf.exponor.pt/fall
24 A 27
PORTOJÓIA
SETEMBRO
Exponor, Matosinhos
Num mundo global, urge a necessidade
de nos reconcertarmos com a
comunidade que nos rodeia. A natureza
de um grupo é, por si só, um elo
de ligação que transmite segurança,
partilha e conexão entre os indivíduos.
Os laços e as emoções que se
criam inspiram uma joalharia que se
afirma pelo seu significado e pela
aproximação que traz a quem a usa.
Saiba mais em:
https://portojoia.exponor.pt
23 A 24
EMPACK 2020
SETEMBRO
Exponor, Matosinhos
A Empack and Logistics & Automation
Porto oferece-lhe a oportunidade de
entrar em contacto com as principais
empresas europeias de embalagens,
armazenagem, transporte e logística
durante dois dias. Ideias revolucionárias,
soluções inovadoras, maquinaria
de última geração, conhecimento e uma
vasta gama de expositores esperam
por si no maior evento de embalagem e
logística de Portugal.
Saiba mais em:
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fora d'horas
NOVAS REGRAS, NOVOS HÁBITOS
PARA SOCIABILIZAR EM SEGURANÇA
Mafalda Marques
Freepik e Pixabay
O novo Coronavírus obrigou-nos ao isolamento social temporário, depois ao desconfinamento gradual e a
novas regras para novos hábitos de sociabilização, também eles corporativos. Eis as principais medidas que
vão determinar a nossa coexistência de ora em diante.
REUNIÕES
O mito da obrigatoriedade de reuniões presenciais já
foi ultrapassado e o Zoom tornou-se na app mais valiosa
do mercado.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu recomendações
às empresas, aconselhando-as a definir planos
de contingência, evitando reuniões em sala. Se isso
não for possível e a presença física for considerada
imprescindível, o número de pessoas em cada reunião
deve ser o mais reduzido possível. Utilize salas com
maior dimensão, preferencialmente com ventilação
natural. As cadeiras devem estar a pelo menos um metro
umas das outras.
Reuniões por videoconferência tornaram-se num hábito incontornável
VIAGENS DE AVIÃO
A máscara é obrigatória para passageiros e tripulações,
tanto nos aeroportos como nos aviões, e as regras de
distanciamento também se aplicam. O check-in online
é incentivado na compra dos bilhetes, assim como o
download do cartão de embarque no smartphone, para
reduzir contactos.
O controlo de temperatura aos passageiros passou
também a ser regra, sendo instaladas câmaras térmicas
automáticas, apenas nas chegadas.
As medidas de proteção obrigaram ainda a novos procedimentos
nas áreas de check-in, entrega e recolha
de bagagem, controlo de segurança e embarque. A
bagagem de porão deve ser deixada nos balcões automáticos
e a de mão deve ser limitada ao máximo, de
forma a permitir um embarque mais rápido e a evitar
riscos de contágio.
O serviço a bordo foi simplificado: muitas companhias
suspenderam a entrega de refeições e bebidas, retiraram
as revistas de bordo e os artigos duty free.
Os sistemas de entretenimento foram substituídos
pelos próprios dispositivos dos passageiros e a
limpeza e desinfeção dos aviões também foi reforçada
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Máscara é obrigatória se vai viajar de avião
antes de cada partida, com filtros HEPA (High
Efficiency Particulate Air), idênticos aos utilizados nos
blocos operatórios. Há aeroportos a testar cabines
que desinfetam os passageiros dos pés à cabeça
em segundos e, em alguns casos, até estão a treinar
cães farejadores para detetar pessoas infetadas com
Covid-19.
JULHO 2020
PMEMAGAZINE.SAPO.PT
MÁSCARAS
O Governo tornou obrigatório o uso de máscaras por
todas as pessoas que:
Permaneçam ou acedam a espaços interiores
fechados com várias pessoas, tais como estabelecimentos
comerciais e de prestação de serviços; serviços
e edifícios de atendimento ao público ou estabelecimentos
de ensino e creches;
Utilizem os transportes públicos.
Uso de máscara tornou-se obrigatório em transportes e estabelecimentos
comerciais fechados
É importante relembrar que o uso de máscara é uma
medida de proteção adicional ao distanciamento social,
à higiene das mãos e à etiqueta respiratória. A
população geral poderá utilizar as máscaras comunitárias,
mas quem pertence a algum grupo de risco deverá
usar máscaras cirúrgicas. Todas as pessoas incluídas
nos grupos de risco para a Covid-19 devem usar máscara
e atenção: a viseira não substitui a máscara, mas
pode ser utilizada como complemento.
Praia do Porto Santo está entre as mais seguras da Europa
PRAIAS
Distanciamento físico entre pessoas e guarda-sóis,
proibição de jogos com raquetes, sentido único de circulação,
interdição do uso de gaivotas ou limitações ao
estacionamento fora dos parques. Estas são algumas
das novas regras de acesso às praias portuguesas publicadas
em Diário da República no passado dia 25 de
maio.
Três praias portuguesas estão classificadas entre "As
praias mais seguras da Europa", de acordo com os melhores
destinos europeus: em segundo lugar no ranking
está a praia da Comporta, no Alentejo; em quarto lugar
aparece a Praia do Porto Santo, Ilha de Porto Santo,
Madeira, e em sétimo lugar a Meia Praia, em Lagos, no
Algarve.
Estas praias foram selecionadas com base nos seguintes
critérios:
Baixo nível de casos de Covid-19 na região;
Metro quadrado por visitantes, sendo estas
praias mais longas e mais largas;
Proximidade de hospitais que não sofreram de
sobrelotação devido à Covid-19;
Medidas de higiene e segurança nos alojamentos
turísticos locais.
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OPINIÃO
O MUNDO MUDOU E PORTUGAL CONTINUA
O MELHOR DESTINO TURÍSTICO DO MUNDO
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal
Turismo de Portugal
O turismo é um setor resiliente e dinâmico que tem sabido
adaptar-se e dar resposta às alterações do mercado.
Se é verdade que a crise provocada pela Covid-19
tem efeitos ímpares na atividade económica, não é menos
verdade que se trata de uma situação temporária.
Graças a uma estratégia concertada de saúde pública
com medidas claras e objetivas, da implementação de
uma série de iniciativas de apoio às empresas e do estrito
cumprimento, por parte dos cidadãos, das recomendações
emitidas pelas entidades governamentais,
Portugal está a conseguir posicionar-se como exemplo
a nível internacional no controle e condução da situação
de pandemia. Se a isso adicionarmos a estratégia
de posicionamento do Turismo de Portugal, com uma
comunicação tática e factual, mas também emocional,
o destino Portugal terá certamente a capacidade de recuperar
e, sobretudo, de reagir de forma mais relevante
e no tempo mais pertinente.
Temos um turismo reconhecido pela sua qualidade a
todos os níveis, desde as infraestruturas, às acessibilidades,
recursos humanos e diferenciação da oferta.
E queremos continuar a ser percecionados dessa forma.
Apesar deste contratempo, continuamos a ser um
exemplo mundial a nível de oferta turística, proporcionando
experiências únicas, gerando confiança àqueles
que nos visitam.
É nesse contexto que o Turismo de Portugal criou o selo
Clean & Safe – para distinguir as atividades turísticas
que asseguram o cumprimento de requisitos de higiene
e limpeza para prevenção e controlo da Covid-19, bem
como imprimir segurança a todos os profissionais que
recebem turistas e reforçar a confiança de quem visita.
O selo Clean & Safe é válido até 30 de abril de 2021, é
gratuito, opcional e exige a implementação nas empresas
de um protocolo interno que, de acordo com as recomendações
da Direção-Geral da Saúde, assegura a
higienização necessária para evitar riscos de contágio
e garante os procedimentos seguros para o funcionamento
das atividades turísticas.
Este selo abrange toda a cadeia de valor do turismo e
inclui, nesta fase, hotéis, alojamento local, empresas
de animação turística, restauração, golfe e rent-a-car,
constituindo uma declaração voluntária de cumprimento
de requisitos que muitas empresas incrementaram
com protocolos específicos para as diferentes
tipologias de serviços.
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Luís Araújo foi figura de capa da edição de julho de 2018 da PME Magazine
Com esta iniciativa pretendemos transmitir às empresas
informação sobre as medidas mínimas necessárias
de higiene e limpeza dos estabelecimentos, mas, sobretudo,
promover Portugal como destino seguro, do
ponto de vista dos cuidados a observar para uma cuidada
e eficaz manutenção das condições que evitem a
propagação do Coronavírus, numa atuação concertada,
com o envolvimento de todas as empresas do setor
e apelando à responsabilidade de todos: autoridade
pública, fornecedor de serviço e cliente.
A elevada adesão, com mais de 4.000 selos disponibilizados,
evidencia de modo muito significativo o compromisso
das empresas portuguesas em acolher os turistas
em segurança.
Assim que o turismo internacional demonstrar sinais
de reerguer-se, devemos imprimir todos os esforços
no sentido de manter Portugal como o primeiro destino
a visitar, continuando a acompanhar de perto o tecido
empresarial do turismo nacional, dando a melhor resposta
possível às suas preocupações e necessidades.
O melhor destino do mundo continua autêntico, diversificado,
atrativo, inclusivo e seguro. Mantemos o propósito
e o compromisso de receber bem e de garantir
que todos os que nos visitam podem viajar pelo país,
seguros e com confiança.
Porque o mundo pode ter mudado, mas aquilo que faz
de Portugal o melhor destino turístico do mundo, que
nos distingue dos demais e que faz o turista querer regressar,
continua cá.
Queremos regressar aos resultados extraordinários
dos últimos anos e, com esforço e dedicação, todos
juntos, conseguiremos.
PT-BIO-03
Agricultura Portugal
mediaemmovimento.com