78 O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito The Diet Myth, Tim Spector, Weidenfeld & Nicolson, 2015 edition Comer correctamente, dormir bem e fazer exercício adequado podem fazer toda a diferença entre a vida e a morte duma pessoa, ao fortalecerem o seu sistema imunitário. Enquanto não há uma vacina, e os tratamentos são muito experimentais, a única barreira eficaz entre nós e um vírus novo, altamente contagioso e mortífero, é a nossa imunidade natural. Assim, uma dieta correcta não é tanto aquela que nos faz ficar magros como a que nos faz ser saudáveis, embora muitas vezes as duas coisas andem de mãos dadas. O que é comer correctamente? Por incrível que pareça, dado que comemos desde os primórdios da nossa existência, esta é uma pergunta para a qual não há uma resposta consensual. A razão principal, diz Tim Spector, baseado em investigação científica, sólida apesar de por vezes controversa, é que somos muito mais diferentes uns dos outros do que os nossos genes indicam. A mesma comida tem efeitos diferentes até em gémeos idênticos (que são virtualmente clones) porque o seu microbioma ou microbiota individual (população de micróbios existente no intestino), reconhecidamente um novo órgão do corpo, forma-se desde o nascimento e varia de pessoa para pessoa. Diferenças no microbioma podem explicar porque algumas pessoas se dão bem com algumas dietas, as quais são desastrosas para outras. O microbioma evoluiu connosco ao longo de milhões de anos, alinhando cuidadosamente os seus genes com os nossos, para evitar sobreposições desnecessárias. Dado a sua capacidade de replicação exponencial, os micróbios podem adaptar-se mais rapidamente a novas dietas. Contudo, dietas restritivas de certos alimentos, assim como os antibióticos, reduzem a diversidade do microbioma e levam a uma saúde mais frágil. Há quinze mil anos, os nossos antepassados consumiam cento e cinquenta ingredientes diferentes numa semana, enquanto que a maioria de nós agora consome menos de vinte itens alimentares (sobretudo milho, soja, trigo e carne). Em relação aos mitos propriamente ditos, um dos mais difundidos é que a epidemia da obesidade se deve a comermos demais e nos exercitamos de menos. Uma caloria é uma caloria, certo? Na realidade, testes experimentais demonstraram que o mesmo número de calorias de “fast-food” e de alimentos integrais, fruta e vegetais têm efeitos muito diferentes em termos energéticos no nosso organismo. Isto porque o excesso de peso se deve maioritariamente a um microbioma desequilibrado e pouco diverso. Tim Spector dá-nos ainda a boa notícia de que (em moderação!) o vinho tinto, o alho, o chocolate, o azeite extra virgem e as algas marinhas são benéficas para nós, por conterem polifenóis. Estes alimentam os micróbios “bons” que limpam o nosso organismo de compostos tóxicos e inflamatórios, afastam os micróbios “maus” e produzem antioxidantes e anti-cancerígenos. Como disse o pai da medicina, Hipócrates, há vinte e cinco séculos: “Que o teu alimento seja o teu remédio e o que o teu remédio seja o teu alimento”. Tim Spector é professor de Epidemiologia Genética no King’s College em Londres. É especialista em estudos de gémeos, genética, epigenética, microbioma e dieta. Dedicou este livro “à sua família e a outros micróbios”.
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