72 ABRIL <strong>2020</strong> Texto: Ana Paiva CARREIRA Covid-19 obriga ao trabalho remoto. O que muda? O DESAFIO DO TELETRABALHO São muitas as empresas que aderiram ao teletrabalho desde que a Covid-19 se instalou em Portugal. No entanto, deslocar as rotinas e tarefas do escritório para dentro de casa, requer uma grande adaptação por parte dos gestores, colaboradores e empresas. Para entender todas as partes, a Randstad e o Grupo Constant explicam-nos os desafios tanto para os gestores, como para os colaboradores no que diz respeito ao trabalho à distância, e empresas como Sogrape, Perrigo, Sonae e Montepio contam a sua experiência neste registo.
SCM Supply Chain Magazine 73 À medida que a pandemia Covid-19 se alastra pelo país, muitos foram os sectores que se reinventaram e muitas das funções tiveram de se adaptar ao novo contexto. O teletrabalho foi implementado em cargos onde era possível realizá-lo e, assim, começou o desafio de, por um lado, gerir equipas à distância, e, por outro, ser gerido neste registo. De forma a garantir que todos estão a trabalhar para alcançar os mesmos objectivos é essencial alterar rotinas e agendar reuniões diárias e regulares com as equipas, indica Andrea Nunes, country manager do Grupo Constant. Aponta ainda mais duas dicas que podem ser úteis para os líderes, que passam pela comunicação frequente, pois acredita que é assim que se alimenta o espírito de equipa, e pela confiança nos colaboradores, ou seja, acreditar que cumprem os seus objectivos e que alcançam os resultados. No entanto, caso não aconteça, deve-se assinalar o incumprimento por parte do trabalhador uma vez que “smart working implica igualmente uma maior capacidade de auto-gestão”, salienta. Por sua vez, Inês Veloso, directora de marketing da Randstad, afirma que o gestor deve manter dois focos: “se por um lado, uma das grandes preocupações neste momento é garantir a continuidade das relações entre os elementos da equipa, o espírito e a cultura adoptada até então, por outro lado, olhar o indivíduo e a forma como cada um se está a adaptar a este novo contexto é igualmente importante”. No que diz respeito ao indivíduo, a responsável dá algumas dicas que podem ser úteis ao gestor, que passa por “perceber as motivações e o estado anímico de cada um” e, para isso, é importante realizar reuniões com cada colaborador de forma a criar espaços de partilha; dar autonomia e empowerment aos elementos das equipas, promovendo desafios e objectivos individuais; reforçar as metas estratégicas da organização e daquele grupo de trabalho em particular; e garantir uma boa comunicação. Perante a equipa, o gestor deve garantir que os valores e cultura da empresa se mantêm; reforçar as relações, entre-ajuda e trabalho de equipa, fazer entender a nova dinâmica de trabalho e as necessidades que isso requer; criar momentos rotineiros em conjunto de forma a promover a proximidade; realizar chamadas colectivas em vez de e-mails e continuar a celebrar os sucessos, de uma forma mais contida. Se por um lado, liderar uma equipa remotamente não é fácil, ser liderado também pode ser um desafio. Andrea Nunes recomenda a que os colaboradores definam os períodos de conexão e de desconexão para que a vida profissional e pessoal não sejam afectadas. Devem ainda manter a comunicação que não seja apenas profissional, pois para se sentirem motivados é importante reforçar a relação com os colegas e chefias. “Trabalhar em casa não é igual a trabalhar no escritório, é fundamental compreender as dificuldades de adaptação de TRABALHAR EM CASA NÃO É IGUAL A TRABALHAR NO ESCRITÓRIO, É FUNDAMENTAL COMPREENDER AS DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO DE CADA PESSOA Andrea Nunes, Grupo Constant