SCMedia News | Revista | Abril 2020

SCM Supply Chain Magazine 45
Fernando Penteado, Senior Supply Chain Manager com larga experiência em multinacionais de FMCG
No entanto, como em todos os processos
(ou ciclos) de modernização, as relações
económicas entre empregados e
empregadores são as mais afetadas, seja
pelas melhorias implementadas pelos novos
métodos produtivos que substituem as
atividades antes executadas por operários, ou
pela troca dos processos derivados da mesma
modernização.
As operações de logística e distribuição,
dependentes de mão-de-obra intensiva,
geralmente são afetadas de maneira severa
por este tipo de mudança nos meios de
produção, e, embora a logística 4.0 seja
o principal tema nos dias atuais, com a
automatização dos processos e utilização de
robôs nos processos operativos, quero abordar
outro tópico, talvez não tão claro ou fácil de
tratar, mas bastante significativo do ponto
de vista das relações de trabalho que é o uso
da economia colaborativa nos processos de
última milha.
É facto que a população urbana se encontra
em constante crescimento, especialmente
nos países em desenvolvimento, (estima-se
que em 2050: dos 9 mil milhões de habitantes
da terra, 6,4 mil milhões viverão em áreas
urbanas), em contrapartida o crescimento
do e-commerce no mundo gira em torno dos
+20% ao ano, com mais de 70 mil milhões de
entregas e em constante crescimento, fazendo
com que a logística de última milha se torne
cada vez mais complexa com uma verdadeira
explosão da procura por entregas fracionadas
nas cidades.
Ainda mais complexo são os requerimentos
dos clientes atuais, geralmente difusos e, por
que não, um pouco utópicos. Se por um lado,
a nova geração de consumidores está ciente
do seu impacto ambiental, controla com muito
mais cuidado e tenta compensar o máximo
possível as suas “emissões” de CO2, seja em
passagens aéreas ou mesmo na compra de
produtos reciclados; está mais disposto a
pagar mais por produtos ECO & BIO, e é muito
mais cuidadoso com a reciclagem, por outro
lado, exige entregas grátis nas suas compras,
requer menores prazos de entrega, solicita
acompanhamento constante (e às vezes até
insano) da situação das suas entregas e uma
flexibilidade quase ilimitada na troca do local
de entrega a cada minuto.
De acordo com a análise de Dimas
Gimeno, empresário com mais de 18 anos de
experiência no setor de bens de consumo, e
que presidiu o El Corte Inglés entre 2014 e
2018: O aumento das vendas do e-commerce,
a coroação da velocidade da Amazon como
o padrão ouro de excelência e a crescente
disposição dos consumidores de pagar um
pouco mais pelo transporte ultra rápido,
abastecem a tempestade perfeita que está a
revolucionar a última milha.