Relatório Final - Laranjas de Pijama

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01.07.2020 Views

onde há muitos assuntos divergentes, mas todossão — ou deveriam ser — amparados e legitimadospela democracia.DESIGN E ATIVISMODesign (substantivo masculino)A concepção de um produto (máquina, utensílio,mobiliário, embalagem, publicação etc.),No que se refere à sua forma física e funcionalidade.Ativismo (substantivo masculino)Transformação da realidade por meio da açãoprática; [...] Defesa de uma causa ou da transformaçãoda sociedade por meio da ação enão da especulação; militância.[Política] Propaganda que defende os ideais deuma religião, ideologia, partido político etc.;[Literatura] Gênero literário cujo conteúdo épolítico; literatura engajada.(Dicionário Aurélio)Apercepção social extensivamente construídaem mim durante a vida serviu de norte paraque eu chegasse até o design ativismo. Sendouma ferramenta de expressão e de uso do designgráfico como plataforma de reivindicações, o assuntoocupou um espaço que estava vazio desdesempre dentro da minha recém-nascida carreira. Ocomeço da minha vida como estagiário despertouum incômodo sobre o destino que dava para minhacriatividade e força de trabalho. Atuar como designergráfico e diagramador para empresas de médio porteme fez reconhecer pontos aparentemente crônicosdentro do mercado oferecido para profissionais dodesign. A prática como ferramenta de promoção doconsumo privado me provou que, junto ao saláriosimbólico, o esforço não me dava prazer, nem metrazia felicidade. Levando em consideração o queacontecia ao meu redor e reconhecendo o poderque o design tem dentro de uma sociedade, resolvibuscar referências dentro do campo sociale político da profissão.O trecho a seguir, mesmo com uma distância de37 anos, serve como uma contribuição bastantepoderosa para responder uma pergunta recorrentedentro da comunidade de design e que ouvi pelaprimeira vez através de uma professora da disciplinade Introdução ao design, no meu primeiro ano defaculdade. “o que é ser designer?”Ao meu ver, o artista, hoje, se realiza plenamentequando se transforma num programador visual,ou seja, num profissional que emprega recursostecnológicos e científicos para provocar receptividadevisual na massa, quando cria marcas defirmas, cartazes, símbolos, diagramação de livrose periódicos, etc. Só assim poderá o artista mantersua situação em nossa sociedade industrial. Repito:o desenhista industrial, o designer, atividadeda qual faz parte o programador visual, é o artistacontemporâneo” (Cláudio apud Braga, 2011, 107).14

O design pode ser tanta coisa que talvez possaser tudo. Mas, dentro da minha ótica individual,penso que o design é um aglomerado de profissõesresponsáveis por provocar. Provocar incômodos,desejos, confortos, reflexões, inovações, soluções,etc. Nós, designers, somos as antenas da sociedade.E o designer gráfico é um dos profissionais, dosartistas, que têm a sensibilidade necessária paradespertar essas provocações.Entrando dentro do campo do design ativismo,cito uma frase da autora Ann Thorpe que estuda arelação entre design e ativismo.An important aspect of design activism is how itcan emerge at different points along the design“lifecycle.” Compared to a more classic protestevent, such as a march, design unfolds acrosstime. Most design projects pass through phasesof research, ideation, development, construction(fabrication), use, and de-commissioning. Arguablyany phase of the lifecycle can serve as a point ofactivism (THORPE, 2011, 9).O design ativismo trabalha como instrumento dacomunicação social contemporânea sendo responsávelpela criação de uma identidade visual — nutridapor um propósito social — que possa provocar/despertarnas pessoas sentimentos variados e, a todomomento, fundamentados em questões coletivas e/ou de interesse público 5 . Da democracia — que todosnós devemos proteger — até causas que não atingemdiretamente todos nós, mas que permanecem nocampo do interesse público, pois devemos defenderou combater. Cito como exemplos de causas aserem defendidas: o movimento LGBTQIA+, a lutaantirracista, o feminismo, o antimachismo, a lutacontra a desigualdade social, contra a corrupção ea defesa por ideologias políticas que estejam dentrodo debate democrático. Todos esses tópicos,cada um com suas peculiaridades, dão ao designativismo o material necessário para se construirprojetos gráficos atuais e potencialmente interpretáveispela massa. Deixo a seguir uma citaçãoque sintetiza um dos pensamentos que define osintuitos do design ativismo e seu impacto dentroda sociedade.O design serve como instrumento para modificar,deslocar e subverter significados e essa produçãoimagética se insere na estrutura social, procurandocriar novas identidades e símbolos, levantandoquestionamentos sobre como podemos alterar ascondições e modos de nossas vidas. E assim, colocaem xeque decisões hegemônicas, buscandoa igualdade democrática de direito (Albuquerque,2018, página 19).O design gráfico serve como uma manifestaçãocontemporânea com alto potencial de estímulo emmeio à sociedade. A caracterização de lutas a partirdas artes gráficas e do design geram não apenasum produto visual, mas também uma identidade quepode se perpetuar ao longo da história, fornecendouma síntese de mensagens e ideologias.5 Interesse público relaciona-se ao “bem geral”, ou seja, assuntos que afetam diretamenteuma grande parcela da sociedade.15

onde há muitos assuntos divergentes, mas todos

são — ou deveriam ser — amparados e legitimados

pela democracia.

DESIGN E ATIVISMO

Design (substantivo masculino)

A concepção de um produto (máquina, utensílio,

mobiliário, embalagem, publicação etc.),

No que se refere à sua forma física e funcionalidade.

Ativismo (substantivo masculino)

Transformação da realidade por meio da ação

prática; [...] Defesa de uma causa ou da transformação

da sociedade por meio da ação e

não da especulação; militância.

[Política] Propaganda que defende os ideais de

uma religião, ideologia, partido político etc.;

[Literatura] Gênero literário cujo conteúdo é

político; literatura engajada.

(Dicionário Aurélio)

A

percepção social extensivamente construída

em mim durante a vida serviu de norte para

que eu chegasse até o design ativismo. Sendo

uma ferramenta de expressão e de uso do design

gráfico como plataforma de reivindicações, o assunto

ocupou um espaço que estava vazio desde

sempre dentro da minha recém-nascida carreira. O

começo da minha vida como estagiário despertou

um incômodo sobre o destino que dava para minha

criatividade e força de trabalho. Atuar como designer

gráfico e diagramador para empresas de médio porte

me fez reconhecer pontos aparentemente crônicos

dentro do mercado oferecido para profissionais do

design. A prática como ferramenta de promoção do

consumo privado me provou que, junto ao salário

simbólico, o esforço não me dava prazer, nem me

trazia felicidade. Levando em consideração o que

acontecia ao meu redor e reconhecendo o poder

que o design tem dentro de uma sociedade, resolvi

buscar referências dentro do campo social

e político da profissão.

O trecho a seguir, mesmo com uma distância de

37 anos, serve como uma contribuição bastante

poderosa para responder uma pergunta recorrente

dentro da comunidade de design e que ouvi pela

primeira vez através de uma professora da disciplina

de Introdução ao design, no meu primeiro ano de

faculdade. “o que é ser designer?”

Ao meu ver, o artista, hoje, se realiza plenamente

quando se transforma num programador visual,

ou seja, num profissional que emprega recursos

tecnológicos e científicos para provocar receptividade

visual na massa, quando cria marcas de

firmas, cartazes, símbolos, diagramação de livros

e periódicos, etc. Só assim poderá o artista manter

sua situação em nossa sociedade industrial. Repito:

o desenhista industrial, o designer, atividade

da qual faz parte o programador visual, é o artista

contemporâneo” (Cláudio apud Braga, 2011, 107).

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