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Relatório Final - Laranjas de Pijama

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no país, mas que vem crescendo fortemente desde

as Jornadas de junho de 2013. Levando em consideração

o fluxo natural das relações sociais, as

pessoas tendem a aprovar mais argumentos, pensamentos

revelados e informações que se situam

no campo de sua opinião individual, destacando o

individualismo e certo egocentrismo. Com o surgimento

dos sites de redes sociais, a manutenção das

relações interpessoais ganhou mecanismos, endereços,

metodologias e vocabulário que potencializam

e organizam o poder de reverberação de críticas e

julgamentos. Para entender melhor esses pontos,

usaremos novamente as afirmações de Recuero.

A polarização é um fenômeno relacionado a conversações

onde os participantes tendem mais

a falar em grupos de pessoas que concordem

consigo do que entre os vários grupos. A mídia

social parece tender a exacerbar a polarização

nas conversações políticas. Há várias hipóteses

para isso. Particularmente, essa polarização tem

a ver com um fenômeno chamado câmara de eco,

articulado com a questão das pessoas tenderem

a repassar mais mensagens que concordem com

os seus próprios pontos de vista (também chamado

confirmation bias ou viés de confirmação).

(Recuero, “A conversação política na mídia social

e as ‘fake news’: Desconfie do que você quer ouvir”

In: <https://medium.com/@raquelrecuero>).

Os algoritmos dos sites de redes sociais foram

criados com o intuito de “te deixar feliz”. Isso acontece

pois o “cérebro artificial” na programação

de sites de redes sociais, tais como Facebook e

Instagram, elaboram uma análise constante do

que o usuário aprova, não aprova ou ignora. Selecionando,

assim, qual será o conteúdo com maior

incidência na tela inicial de cada usuário: o feed. A

filtragem que acontece com essa personalização

enfraquece o debate e cria bolhas de concordância

de discursos, gerando o que Recuero chama

de câmara de eco.

Tendo em mente o conhecimento importado e

não traduzido (toda gama de conteúdos técnicos

escritos primeiramente em línguas estrangeiras que

exemplificam como essa prática deve acontecer

para ser efetiva) e a necessidade de verba e de

recursos tecnológicos de ponta que não são acessíveis

para grande parte da população brasileira, a

utilização da internet como campo de mobilização

política foi, por muito tempo, um exercício voltado

aos interesses da classe dominante. O uso da

internet como nicho de influência coletiva é uma

ação projetada para captar simpatizantes, para

desmoralizar grupos políticos antagônicos e para

controlar as pautas que circulam em suas bolhas

virtuais. Partindo de uma abordagem simplista

sobre assuntos que não são simples e escorada

por mecanismos virtuais de replicação desse conteúdo,

as vozes historicamente dominantes conquistaram

não só seguidores virtuais (orgânicos

ou não), mas também uma parcela de brasileiros

contaminados por uma empatia coletiva promovida

por uma falsa atmosfera de hegemonia.

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