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Relatório Final - Laranjas de Pijama

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u n i v e r s i da d e e s ta d u a l pa ulis ta

“ j ú l i o d e m e s q u i ta f i l h o

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

CâMPUS DE BAURU

CURSO DE DESIGN

HABILITAÇÃO: DESIGN GRÁFICO

design ativismo no site

de redes sociais instagram

Nicolas alves messias

Orientação: Profª Drª Mônica Cristina de Moura

Bauru, SP

2020


Eu sou apenas um rapaz latino-americano

Sem dinheiro no banco/sem parentes importantes

E vindo do interior

BELCHIOR

DE DIADEMA


sumário

01. de início... 05

01. sobre mim 06

02. começando do começo... 08

03. o mundo virtual e a versatilidade dos sites de redes sociais 10

04. a internet como meio de politização e despolitização da sociedade 10

05. design e ativismo 14

06. estética e ativismo para quem não aguenta mais 16

07. a concepção e as facetas do laranjas de pijama 19

08. a redação do laranjas de pijama 22

09. metodologia projetual 22

10. uma nova percepção 23

11. postagens ativas 24

12. métricas do laranjas de pijama 39

13. assombrações do sucesso 41

14. a importância dos stories no crescimento do laranjas de pijama 41

15. COL ABORAÇÕES E REPOSTS 43

16. o que (ainda) não deu certo e os arquivamentos 46

17. criador e criatura 47

18. ISSO A GLOBO NÃO MOSTRA 48

19. considerações finais 50

20. agradecimentos 51

21. referências 53


de início...

E

sclareço que este relatório adotou a modalidade de Projeto

autoral, seguindo as normas do Regulamento dos Projetos

de Conclusão em Design Gráfico da UNESP (currículo vigente

do projeto político pedagógico de 2007). Os textos a seguir são

de livre criação e com abordagem poética e experimental em uma

narrativa textual e visual no formato digital. Além disso, é caracterizado

pela livre composição com o intuito de expor o projeto

Laranjas de Pijama.

Definição: Entende-se por Projeto autoral de livre criação, com

abordagem poética e experimental podendo ser uma narrativa

textual e/ou visual e/ou sonora, em formato impresso ou digital,

em diversas dimensões (bidimensional, tridimensional, espacial)

caracterizado pela livre composição, relato/ensaio textual e visual,

nesse caso sendo obrigatória a apresentação de um texto e produto,

artefato, peça, objeto ou protótipo.

Espero que goste da narrativa que adotei e te convido a entrar

nos caminhos da minha criação a partir do texto e das imagens

que se apresentam a seguir.

5


sobre mim

Nasci em 1996, na cidade de Diadema, localizada

na região metropolitana de São Paulo. Minha

terra natal é uma zona periférica da capital

e historicamente perigosa. Em 1997, quando eu

tinha um ano, Diadema foi considerada a cidade

mais violenta do Brasil com 140,4 homicídios por

100 mil habitantes¹.

Minha família é composta por mineiros e paraibanos.

Ambas as partes migraram para São Paulo

em busca de melhores condições de vida e, se

possível, a perspectiva de um futuro melhor para

os que ainda estavam por vir.

Em 2014, ano do resultado do meu vestibular,

fui aprovado em três faculdades privadas através

do Programa Universidade para Todos, o ProUni.

Mas minha vontade sempre foi estudar em uma

universidade pública. Não apenas pelo título e pela

“gratuidade”, mas pela projeção que tinha na minha

cabeça sobre como seria a experiência de sair de

casa para viver e crescer ao lado de desconhecidos.

Na lista final de aprovados, vi meu nome na

136ª posição no sistema universal. Nas cotas eu

precisava de três desistências para conseguir uma

vaga na UNESP e, consequentemente, me mudar

para Bauru. Desacreditado, fiz minha matrícula no

curso de Moda da Santa Marcelina, 100% gratuito

pelo ProUni.

Dias entre o anúncio da primeira e segunda lista,

resolvi entrar no site da Vunesp por pura ansiedade.

Lá estava uma errata que corrigia as notas

finais do curso de Arquitetura e Design. Com o

novo cálculo, sai da posição 136 e fui para 62. O

curso oferecia 60 vagas. Não era certeza, mas em

comparação ao primeiro resultado, estava dezenas

de posições mais próximo da minha aprovação. E

foi o que aconteceu. Fui aprovado em Design na

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da

UNESP Bauru. O primeiro da família a entrar numa

universidade pública.

No começo foi tudo muito difícil. Sou naturalmente

uma pessoa reservada e, com as consequências

da rígida criação dada por minha mãe,

tudo era muito mais inédito e trabalhoso. Ao lado

de amigos, especialmente de uma amiga que me

acolheu desde o começo, consegui sair da minha

zona de conforto — às vezes a força, mas sempre

necessário. E tirei, aos poucos, as camadas de

insegurança que existiam em mim desde que me

conheço por gente. Bebi muito, dancei muito, chorei

muito. Tudo o que eu fiz teve o “muito” como advérbio.

E, de tudo isso, são pouquíssimas as coisas

que eu realmente me arrependo de ter feito.

No meio da faculdade percebi que estava me

encaminhando para uma maturidade que me cobrava

um rumo profissional. Afinal, me mudei para

Bauru a procura disso. Me interessei por ementas

de várias disciplinas, mas sempre senti que meu

processo de aprendizado funcionava melhor de forma

isolada. Já tinha experimentado alguns projetos

da faculdade, mas não me interessei o bastante

por nenhum. De qualquer forma, eu fazia questão

de entrar e, mesmo que minimamente, deixar mi-

1 Segundo matéria da Folha de São Paulo, escrita por José Roberto de Toledo

e disponível neste link (acesso em janeiro de 2020)

6


nha marca dentro desses grupos de trabalho. Em

alguns saí amistosamente, outros foram traumas

que culminaram em várias reflexões sobre o que

tinha de errado comigo. Acreditava nas minhas

ideias, mas não conseguia dar vida a elas. Ora por

desinteresse, ora por frustração; às vezes por não

ser capaz de conciliá-las com o compromisso da

vida boêmia do começo da faculdade que, naquele

momento, ainda me soava bastante interessante.

Aos poucos, comecei a me aprofundar em assuntos

que tinha interesse. Me cobrava aprender

mais sobre as coisas e se possível colocar em

prática o estudo. Catalisado pela minha necessidade

de conquistar a autonomia financeira, tratei

de me familiarizar com Photoshop e Illustrator.

Sabia que poderia encontrar oportunidades de

estágio se soubesse manipular esses softwares.

E assim foi.

Muitas coisas aconteceram entre o início da minha

vida de estagiário e a criação do meu projeto

de conclusão de curso. Poderia introduzir outras

centenas de detalhes que de alguma forma influenciaram

meu amadurecimento. Mas esse não

é o objeto de estudo.

Este texto introdutório relativo ao Laranjas de

Pijama serve como o primeiro de vários relatos em

primeira pessoa que compõem este documento.

Agora, não quero apenas te falar o que aconteceu

antes do TCC começar. Quero te mostrar que, antes

de encontrar um rumo na vida, passei por experiências

que foram extremamente importantes para o

meu crescimento. Todo mundo, mais cedo ou mais

tarde, inventa uma história que acredita ser sua vida 2

e nem sempre acontece do jeito que todos esperam

ou querem. Eu sou um exemplo disso. Minha passagem

na UNESP não foi de longe a ideal, falando

academicamente. Nunca fui o melhor aluno da

sala, mesmo reconhecendo a importância desse

espaço. De certa forma sinto que a vida sempre

foi minha maior professora, meu maior laboratório.

E foi observando a vida que eu encontrei meu

rumo e o meu TCC.

Somando esses pontos, aos 45 minutos do

segundo tempo, minha trajetória de 6 anos como

unespiano chega ao fim. Com muito orgulho e

alegria apresento o relatório final do Laranjas de

Pijama, projeto que você irá conhecer (ou reconhecer)

nas próximas páginas.

nicolas messias

maio de 2020

2 Max Frisch

7


começando do começo...

O

título Laranjas de Pijama faz referência ao desenho animado

“Bananas de Pijama”, que ficou conhecido pelo público infantil

brasileiro durante sua exibição no canal SBT, entre os anos

1997 e 2001. Por fazer parte da memória de pessoas que hoje têm

entre seus 20 e 27 anos, o nome foi escolhido por ter uma sonoridade

forte e por estar impregnado na memória do meu público-alvo

(pessoas entre 20 a 27 anos, de ambos os sexos, que consomem

entretenimento por pixels 3 desde os primeiros anos da infância e

que hoje usam os sites de redes sociais como plataforma de informação,

de entretenimento e de expressão).

A primeira aparição que o Laranjas de Pijama fez foi no primeiro

semestre de 2019, durante o trabalho final da disciplina de Projeto

III, ministrada pela professora Mônica Moura, do Departamento de

Design da UNESP Bauru. Ela é também a orientadora deste projeto

de conclusão de curso.

O primeiro produto realizado no projeto foi uma zine. Nesse material

havia passatempos que abordavam sarcasticamente assuntos

polêmicos relacionados a então situação da política brasileira (primeiros

meses do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro,

marcados pela intensificação das provas contra o primeiro filho

de Bolsonaro, Flávio, dentro do caso de desvio de dinheiro público

envolvendo o então deputado federal do Rio de janeiro e seu

faz-tudo Fabrício Queiroz). Meses após isso, o perfil no Instagram

@laranjasdepijama, que é o produto final deste TCC, foi lançado ao

público. Desde então, conta com mais de 170 postagens ativas.

3 Entende-se como pixel o menor elemento luminoso em um dispositivo de exibição,

ao qual é possível atribuir-se uma cor. Os pixels estão presentes em telas de televisão,

computador de mesa, notebook smartphones, tablets etc.

8



o mundo virtual

e a versatilidade dos sites

de redes sociais

Levando em consideração o avanço tecnológico

ocorrido em poucos anos, algumas mudanças

e novos significados surgiram com o passar do

tempo. Os dispositivos eletrônicos e a popularização

da internet catalisaram processos e ressignificaram

metodologias de atuação que deram ao design

gráfico novos horizontes e possibilidades. A própria

reprodução em larga escala foi extremamente

alterada. O que antes estava limitado ao físico, hoje

possui os pixels como alternativa. A popularização

do celular e do computador forneceu à humanidade

não só a criação cada vez mais intensa de dispositivos

híbridos entre um e outro, mas também uma

produção em massa desses gadgets que, dentro

de suas peculiaridades, possuem variáveis que diversificam

seu valor final. Isso oferece à sociedade

inúmeras possibilidades de preço de produtos que

têm o mesmo intuito básico: conceder as mínimas

— ou máximas — configurações necessárias para

ter acesso aos aplicativos e aos endereços eletrônicos

mundialmente reconhecidos.

Nisto, as possibilidades que o acesso à internet

nos fornece, usando técnicas manuais e os softwares

de manipulação de vetores, fotos, textos e outros

ativos, o design gráfico adentrou uma nova etapa

em sua história. Neste momento, a exposição de

trabalhos gráficos ganha como vitrine os sites e aplicativos

de redes sociais que conectam as pessoas

em todo o mundo, como, por exemplo, Facebook,

Instagram e Twitter. Durante este projeto, foquei no

Instagram. Essa foi a plataforma escolhida para o

desenvolvimento do Laranjas de Pijama.

O Instagram foi escolhido para ser a plataforma

principal devido as suas ferramentas e, também,

por estar baseado no ato de publicar imagens e

vídeos como ponto primordial da interação entre

os usuários. Qualquer publicação realizada no Instagram

precisa conter formato de imagem (.jpg ou

.png) ou vídeo (.mov ou .mp4). Como o pilar principal

do projeto está na comunicação visual/design

gráfico, se colocar presente dentro de um espaço

que foca nesse formato de postagem catalisa os

processos de procura e exposição do conteúdo e

da mensagem. Por esses motivos o Instagram é o

alicerce do projeto.

A INTERNET COMO MEIO

DE DESPOLITIZAÇÃO E POLITIZAÇÃO

DA SOCIEDADE

A

alta adesão aos sites de redes sociais, promovida

pela popularização do acesso à internet,

fornece ao indivíduo e as corporações a

capacidade de acompanhar acontecimentos relevantes

para o Brasil e/ou para o mundo com uma

velocidade tão rápida que beira a instantaneidade.

Civis, influenciadores, políticos, artistas e meios

de informação (como canais de televisão, blogs e

portais de notícias). Todas essas vertentes, entre

outras não citadas, tornam-se influenciadores e in-

10


fluenciados dentro dos sites de redes sociais. Esse

fenômeno gera um volume gigantesco de dados

enviados e recebidos 24h por dia, 7 dias por semana.

Levando em consideração a complexidade do

assunto e o fato de que os mecanismos de verificação

da veracidade de conteúdos postados ainda

estão passando por testes, raros são os exemplos

de constatação e sinalização de uma informação

falsa: uma fake news.

Segundo Recuero e Gruzd (2018), a definição de

fake news é:

Parece-nos,‌ ‌assim,‌ ‌que‌ ‌esses‌ ‌três‌ ‌elementos‌ ‌seriam‌

‌essenciais‌‌para‌‌a‌‌definição‌‌de‌ ‌uma‌ ‌fake‌‌news:‌‌(1)‌

‌o‌ ‌componente‌ ‌de‌ ‌uso‌ ‌da‌ ‌narrativa‌ ‌jornalística‌ ‌e‌

‌dos‌ ‌componentes‌‌noticiosos;‌ ‌(2)‌ ‌o‌ ‌componente‌

‌da‌ ‌falsidade‌ ‌total‌ ‌ou‌ ‌parcial‌ ‌da‌ ‌narrativa‌ ‌e;‌ ‌(3)‌ ‌a‌

‌intencionalidade‌ ‌de‌ ‌enganar‌ ‌ou‌ ‌criar‌ ‌falsas‌ ‌percepções‌‌através‌‌da‌‌propagação‌‌dessas‌‌informações‌

‌na‌ ‌mídia‌‌social.‌ ‌A‌ ‌circulação‌‌de‌‌notícias‌‌falsas,‌

‌deste‌‌modo,‌‌atua‌‌diretamente‌‌na‌‌produção‌‌de‌

desinformação,‌‌de‌‌modo‌‌particular,‌‌na‌ ‌internet,‌

‌embora‌ ‌não‌ ‌seja‌‌o‌ ‌único‌ ‌ambiente‌ ‌usado‌ ‌para‌

‌isso‌ ‌(Shao‌ ‌(et.‌ ‌al)‌‌apud‌ ‌Recuero‌ ‌e‌ ‌Gruzd,‌ ‌2018,‌ ‌33).

Compreendendo esse nicho de atuação, que

podemos chamar, também, de terra de ninguém, o

movimento de politização virtual ganhou o status

de tendência mundial. Dentro do campo da política

— levando em consideração a evasão escolar

no Brasil, a desigualdade no acesso a recursos

e a defasagem histórica no ensino de política no

país — a circulação das fake news se torna cada

vez mais efetiva e o movimento de alienação de

massas, mais crônico. Essa prática acontece primeiramente

por grupos de direita que, visando a

perpetuação do controle de opiniões e do acúmulo

de capital, inserem dentro de meios despolitizados

informações inverídicas e contaminadas por seus

interesses pessoais e corporativos.

Para entender de maneira básica o fenômeno

da despolitização nos sites de redes sociais e um

dos intuitos de quem a pratica, podemos citar a

socióloga Sabrina Fernandes (2019):

Para eles 4 não é interessante que os explorados

assim se enxerguem e, muito menos, que aprendam

a identificar os seus exploradores. Por isso,

o projeto de hegemonia dos capitalistas envolve a

despolitização da luta de classes, o antagonismo

e a realidade das lutas sociais.

Trata-se de despolitização porque se utiliza de

distorções tidas como verdadeiras no senso comum

para evitar o surgimento de um movimento

formador de sujeitos políticos em si e para si. O

projeto requer que lhes seja inviável tomar consciência

de sua situação material – a isso, Marx

chamava de consciência de classe (Fernandes,

2019, posição 283).

Fazendo parte de um movimento já citado em

pesquisas como “desordens informativas”, as fake

news no Brasil são intensificadas, também, devido

ao movimento de polarização política que é crônico

4 Classe dominante

11


no país, mas que vem crescendo fortemente desde

as Jornadas de junho de 2013. Levando em consideração

o fluxo natural das relações sociais, as

pessoas tendem a aprovar mais argumentos, pensamentos

revelados e informações que se situam

no campo de sua opinião individual, destacando o

individualismo e certo egocentrismo. Com o surgimento

dos sites de redes sociais, a manutenção das

relações interpessoais ganhou mecanismos, endereços,

metodologias e vocabulário que potencializam

e organizam o poder de reverberação de críticas e

julgamentos. Para entender melhor esses pontos,

usaremos novamente as afirmações de Recuero.

A polarização é um fenômeno relacionado a conversações

onde os participantes tendem mais

a falar em grupos de pessoas que concordem

consigo do que entre os vários grupos. A mídia

social parece tender a exacerbar a polarização

nas conversações políticas. Há várias hipóteses

para isso. Particularmente, essa polarização tem

a ver com um fenômeno chamado câmara de eco,

articulado com a questão das pessoas tenderem

a repassar mais mensagens que concordem com

os seus próprios pontos de vista (também chamado

confirmation bias ou viés de confirmação).

(Recuero, “A conversação política na mídia social

e as ‘fake news’: Desconfie do que você quer ouvir”

In: <https://medium.com/@raquelrecuero>).

Os algoritmos dos sites de redes sociais foram

criados com o intuito de “te deixar feliz”. Isso acontece

pois o “cérebro artificial” na programação

de sites de redes sociais, tais como Facebook e

Instagram, elaboram uma análise constante do

que o usuário aprova, não aprova ou ignora. Selecionando,

assim, qual será o conteúdo com maior

incidência na tela inicial de cada usuário: o feed. A

filtragem que acontece com essa personalização

enfraquece o debate e cria bolhas de concordância

de discursos, gerando o que Recuero chama

de câmara de eco.

Tendo em mente o conhecimento importado e

não traduzido (toda gama de conteúdos técnicos

escritos primeiramente em línguas estrangeiras que

exemplificam como essa prática deve acontecer

para ser efetiva) e a necessidade de verba e de

recursos tecnológicos de ponta que não são acessíveis

para grande parte da população brasileira, a

utilização da internet como campo de mobilização

política foi, por muito tempo, um exercício voltado

aos interesses da classe dominante. O uso da

internet como nicho de influência coletiva é uma

ação projetada para captar simpatizantes, para

desmoralizar grupos políticos antagônicos e para

controlar as pautas que circulam em suas bolhas

virtuais. Partindo de uma abordagem simplista

sobre assuntos que não são simples e escorada

por mecanismos virtuais de replicação desse conteúdo,

as vozes historicamente dominantes conquistaram

não só seguidores virtuais (orgânicos

ou não), mas também uma parcela de brasileiros

contaminados por uma empatia coletiva promovida

por uma falsa atmosfera de hegemonia.

12


Como subsídio a essa afirmação e embasada nos

estudos de Sha & Kumar (2018), Recuero aponta que:

As cascatas de fake news, para os autores, têm

características diferentes dos movimentos sociais

humanos, pois apenas pequena parcela dos usuários

envolvidos é responsável por grande quantidade

de manifestações.

[...] O espalhamento de desinformação ou de informação

falsa também pode ser influenciado pelos

diferentes tipos de atores na rede. Sha & Kumar

(2018) apontam para a influência de robôs (bots)

e atores muito engajados que podem criar falsas

percepções de consenso, para que determinada

informação circule (Recuero, 2018, 34).

Outra observação extremamente interessante feita

pela pesquisadora, com base em seu estudo, diz

respeito ao comportamento das fake news dentro da

estrutura dos sites de redes sociais. Essa estrutura

proporciona bolhas que dificultam a intersecção de

assuntos abordados por grupos que divergem em

opiniões e ideologias. Ou seja, as fake news não

têm o poder de se propagar em espaços além de

narrativas similares. A função efetiva da fake news

é nutrir discursos semelhantes ao que ela valoriza,

tendo a capacidade de espalhar por grupos que já

estão alinhados ou inclinados a concordarem com

seu conteúdo.

Para mais informações sobre o estudo das fakes

news e seu comportamento nas redes sociais indico

a leitura do artigo que está disponível neste link.

Tendo como subsídio as citações apresentadas

anteriormente, analisei o panorama político brasileiro

em 2019 e tive a ideia de compor o que chamo de

“movimento gráfico de expressão política na internet”.

Procurei, da maneira que pude, criar uma persona

com voz antagônica à classe dominante e aos

apoiadores do governo de Jair Messias Bolsonaro

que atuam no Instagram. Junto a isso, quis que o

Laranjas de Pijama fosse visto também como uma

persona acima de tudo defensora da democracia.

Tendo o design gráfico como a base principal, incluindo

as expressões visuais e os textos, o projeto

se concentrou em trabalhar dentro do âmbito do

design ativismo.

Um ponto bastante importante que deve ser documentado

neste relatório é que a missão do Laranjas

de Pijama sempre foi provocar curiosidade nos seus

seguidores. O intuito nunca foi convencer pessoas a

“comprarem” a mesma opinião que é impressa nas

postagens (mesmo sendo explícita a concordância

com o pensamento da esquerda). Na minha visão,

essa característica possibilita a criação de narrativas

mais abrangentes, que possam gerar empatia

não só dentro de grupos politicamente similares

a minha posição dentro do espectro político, mas

em toda zona democrática da discussão. Para que

essa identidade pudesse ficar mais perceptível tratei

de insistir numa linguagem fluida e sem termos

técnicos ou potencialmente não interpretáveis. Isto

é, sendo de esquerda, direita, centro ou qualquer

título que delimite uma ideologia política, o conteúdo

do perfil pode ser aceito entre essas posições

13


onde há muitos assuntos divergentes, mas todos

são — ou deveriam ser — amparados e legitimados

pela democracia.

DESIGN E ATIVISMO

Design (substantivo masculino)

A concepção de um produto (máquina, utensílio,

mobiliário, embalagem, publicação etc.),

No que se refere à sua forma física e funcionalidade.

Ativismo (substantivo masculino)

Transformação da realidade por meio da ação

prática; [...] Defesa de uma causa ou da transformação

da sociedade por meio da ação e

não da especulação; militância.

[Política] Propaganda que defende os ideais de

uma religião, ideologia, partido político etc.;

[Literatura] Gênero literário cujo conteúdo é

político; literatura engajada.

(Dicionário Aurélio)

A

percepção social extensivamente construída

em mim durante a vida serviu de norte para

que eu chegasse até o design ativismo. Sendo

uma ferramenta de expressão e de uso do design

gráfico como plataforma de reivindicações, o assunto

ocupou um espaço que estava vazio desde

sempre dentro da minha recém-nascida carreira. O

começo da minha vida como estagiário despertou

um incômodo sobre o destino que dava para minha

criatividade e força de trabalho. Atuar como designer

gráfico e diagramador para empresas de médio porte

me fez reconhecer pontos aparentemente crônicos

dentro do mercado oferecido para profissionais do

design. A prática como ferramenta de promoção do

consumo privado me provou que, junto ao salário

simbólico, o esforço não me dava prazer, nem me

trazia felicidade. Levando em consideração o que

acontecia ao meu redor e reconhecendo o poder

que o design tem dentro de uma sociedade, resolvi

buscar referências dentro do campo social

e político da profissão.

O trecho a seguir, mesmo com uma distância de

37 anos, serve como uma contribuição bastante

poderosa para responder uma pergunta recorrente

dentro da comunidade de design e que ouvi pela

primeira vez através de uma professora da disciplina

de Introdução ao design, no meu primeiro ano de

faculdade. “o que é ser designer?”

Ao meu ver, o artista, hoje, se realiza plenamente

quando se transforma num programador visual,

ou seja, num profissional que emprega recursos

tecnológicos e científicos para provocar receptividade

visual na massa, quando cria marcas de

firmas, cartazes, símbolos, diagramação de livros

e periódicos, etc. Só assim poderá o artista manter

sua situação em nossa sociedade industrial. Repito:

o desenhista industrial, o designer, atividade

da qual faz parte o programador visual, é o artista

contemporâneo” (Cláudio apud Braga, 2011, 107).

14


O design pode ser tanta coisa que talvez possa

ser tudo. Mas, dentro da minha ótica individual,

penso que o design é um aglomerado de profissões

responsáveis por provocar. Provocar incômodos,

desejos, confortos, reflexões, inovações, soluções,

etc. Nós, designers, somos as antenas da sociedade.

E o designer gráfico é um dos profissionais, dos

artistas, que têm a sensibilidade necessária para

despertar essas provocações.

Entrando dentro do campo do design ativismo,

cito uma frase da autora Ann Thorpe que estuda a

relação entre design e ativismo.

An important aspect of design activism is how it

can emerge at different points along the design

“lifecycle.” Compared to a more classic protest

event, such as a march, design unfolds across

time. Most design projects pass through phases

of research, ideation, development, construction

(fabrication), use, and de-commissioning. Arguably

any phase of the lifecycle can serve as a point of

activism (THORPE, 2011, 9).

O design ativismo trabalha como instrumento da

comunicação social contemporânea sendo responsável

pela criação de uma identidade visual — nutrida

por um propósito social — que possa provocar/despertar

nas pessoas sentimentos variados e, a todo

momento, fundamentados em questões coletivas e/

ou de interesse público 5 . Da democracia — que todos

nós devemos proteger — até causas que não atingem

diretamente todos nós, mas que permanecem no

campo do interesse público, pois devemos defender

ou combater. Cito como exemplos de causas a

serem defendidas: o movimento LGBTQIA+, a luta

antirracista, o feminismo, o antimachismo, a luta

contra a desigualdade social, contra a corrupção e

a defesa por ideologias políticas que estejam dentro

do debate democrático. Todos esses tópicos,

cada um com suas peculiaridades, dão ao design

ativismo o material necessário para se construir

projetos gráficos atuais e potencialmente interpretáveis

pela massa. Deixo a seguir uma citação

que sintetiza um dos pensamentos que define os

intuitos do design ativismo e seu impacto dentro

da sociedade.

O design serve como instrumento para modificar,

deslocar e subverter significados e essa produção

imagética se insere na estrutura social, procurando

criar novas identidades e símbolos, levantando

questionamentos sobre como podemos alterar as

condições e modos de nossas vidas. E assim, coloca

em xeque decisões hegemônicas, buscando

a igualdade democrática de direito (Albuquerque,

2018, página 19).

O design gráfico serve como uma manifestação

contemporânea com alto potencial de estímulo em

meio à sociedade. A caracterização de lutas a partir

das artes gráficas e do design geram não apenas

um produto visual, mas também uma identidade que

pode se perpetuar ao longo da história, fornecendo

uma síntese de mensagens e ideologias.

5 Interesse público relaciona-se ao “bem geral”, ou seja, assuntos que afetam diretamente

uma grande parcela da sociedade.

15


Datando minha produção entre os anos de 2019

e 2020 e tendo em mente a história recente da política

no Brasil, digo que o ativismo contemporâneo

brasileiro funciona como um sintoma visual da

mobilização social que se espalhou desde 2013.

“As manifestações de junho, as Ocupações Secundaristas

e os protestos ‘verde e amarelo’ são

produto, e produtores, dessa intensa fase de conflito

social, iniciada em 2013, na qual as ações coletivas

se espalham de setores mais mobilizados

para outros menos mobilizados e acentuam, ou

explicitam, as tensões sociais que pareciam harmonizadas

nos últimos tempos” (Leite In: <http://

www.ihu.unisinos.br>).

estética e ativismo para

quem não aguenta mais

A

ideia sempre foi falar sobre algo que cumprisse

as expectativas de um projeto de conclusão

de curso, mas que fosse, também, uma

plataforma de expressão que gerasse interesse e

empatia nas pessoas. Isto é, um espaço que não

se limitasse ao término da graduação, que gerasse

conteúdo atual, sem prazo de validade e com anos

de vida garantidos.

Dentro de análises e conversas com amigos,

conheci o perfil no Instagram @designativista. Foi

neste ponto que as coisas começaram a ganhar

formas e rumos. O Design Ativista é um coletivo de

profissionais das artes visuais e da comunicação

que usa o Instagram como plataforma de exposição

de trabalhos ativistas que falam sobre variados

assuntos relevantes à sociedade.

As composições visuais presentes no Design

Ativista são produzidas por dezenas de perfis independentes.

O repost acontece após uma curadoria

feita por designers e artistas gráficos que são responsáveis

pela moderação (manutenção) do perfil.

Os moderadores localizam posts que seguem a

linha curatorial do Design Ativista e publicam dando

os devidos créditos. Por outro lado, os próprios

artistas ativistas podem utilizar a #designativista

e, assim, compartilhar mais facilmente o material

gráfico que será exposto para usuários que tenham

salvado a notificação da publicação que use a

hashtag oficial do perfil.

A prática é bastante eficaz, pois une inúmeras vozes,

criações gráficas e mensagens de cunho social

e político em um mesmo endereço, fazendo com que

a mensagem transmitida seja intensificada devido

a existência de criações análogas que compõem

o assunto. Além disso, estimula a valorização do

trabalho do designer ou artista ativista por ter uma

numerosa comunidade de seguidores. Hoje (última

semana de maio), o Design Ativista contabiliza 170

mil seguidores. Quando o Design Ativista reposta

um conteúdo, é certeza que seu trabalho está sendo

visto por novas pessoas e, com isso, tendo sua

mensagem expandida pela internet, para que assim

novas pessoas (seguidores) possam encontrar seu

perfil e acompanhar seu trabalho.

16



1 2 3 4

5 6

7 8

9 10

11 12

Poderia citar dezenas de perfis ativistas no

instagram, mas selecionei os 14 que mais gosto.

Cada um com sua estética, mas todos com o

mesmo intuito: expressar opiniões sobre assuntos

relacionados à política, cidadania e cultura.

Vários são os métodos utilizados para fazer

com que isso aconteça e é justamente essa

variedade que faz com que a prática seja tão

sensível e interessante. Caso tenha interesse

em conhecer melhor os trabalhos, é só clicar nos

users e você será direcionado para a homepage

de cada artista.

13 14

1. @umcartazpordia

2. @zangadas_tatu

8.

9.

@glaucolima

@gabrielatornai_

3. @gnborges

10.

@notcoolbro0

4. @crisvector

11.

@catarinabessell

5. @gladsontarga

12.

@milqf

6. @jeffcorsi

13.

@raphabaggas

7. @dinholascoski

14.

@militantecansado

Figura 1-14

Postagens de perfis ativistas no Instagram

18


15

4

a concepção e as facetas

do laranjas de pijama

Ceder à experimentação de técnicas gráficas

deu ao Laranjas de Pijama vários aspectos. No

começo, concentrei a produção em um grupo

fixo de tipografias e de cores. Com o passar dos

meses, reconheci que essa prática limitava meu

trabalho além de dificultar a produção mais espontânea

da peça gráfica a ser produzida. E como

minha intenção era praticar e experimentar várias

possibilidades de expressão visual resolvi abdicar

da existência de um manual de identidade visual.

No começo (julho de 2020), usei bastante a técnica

de retícula, que compreende a unificação de

cores que são representadas pela incidência de

pixels. Quanto mais pixels, mais escura era a cor

original e quanto mais clara era a cor, menos seriam

os pixels. A partir disso, resolvi que os posts

seriam concebidos e projetados para serem independentes.

Ou seja, sem grandes compromissos

com a repetição de configurações ou de técnicas

gráficas e textuais. O logotipo é o único elemento

que permaneceu dentro do trabalho até agora.

Tendo três variações, procurei mantê-lo desde o

começo para que o perfil tivesse uma imagem de

perfil reconhecida pelas pessoas.

Figura 15

Posts reticulados do perfil Laranjas de Pijama

Fonte: Nicolas Messias, junho 2019

19



16

Averia Bold

Averia Regular

Averia Light

Cooper Std Black

Cooper Std Black Italic

Cactus Bold

Blenny Black

chuck regular

Paleta de cores

Algumas das fontes usadas em postagens

Fonte do logotipo

O fluxo de trabalho do Laranjas foi ponto que

variou bastante ao longo dos meses. Isso aconteceu

por vários motivos, mas o principal, na minha

opinião, foi a minha busca incessante por encontrar

uma identidade fixa para o projeto. E mesmo

experimentando muito isso nunca aconteceu.

A composição do feed do Laranjas de Pijama

sempre foi algo que me despertou pensamentos

dúbios. Num momento queria ter a liberdade de

explorar cores e texturas sem me preocupar com a

postagem anterior ou a postagem seguinte. Noutro,

cobrava de mim o esforço para definir uma unidade

harmônica entre os posts. Unidade essa que, quando

vista em conjunto no feed do perfil, despertasse

no visitante um conforto visual. Na minha cabeça

esse conforto era quase uma obrigatoriedade por

ser um perfil de design gráfico.

Como não consegui me manter dentro de uma

limitação de técnicas de composição — principalmente

de cores — resolvi tratar essa parte com uma

abordagem mais sensível e fluida. Assim, resolvi

focar em posts específicos e desses posts outros

surgiram com pequenas características visuais

semelhantes, como, por exemplo, fontes, formas

geométricas e logotipo, mas sem restrições.

Variações de logotipo

Figura 16

Paleta com as cores de preenchimento mais

utilizadas no projeto e fontes.

21


a redação

do laranjas de pijama

Escrever foi uma decisão de coragem. No começo,

tive bastante medo de estar falando

algo errado ou de me embananar em alguma

regra gramatical ou de pontuação. Percebi que esse

medo estava me atrapalhando e tive que aprender

a lidar com ele. O primeiro post contendo uma legenda

com personalidade me deu mais borboletas

no estômago do que o comum. Mas a iniciativa foi

bem aceita e rendeu elogios dos seguidores. Em

alguns casos, talvez, as legendas fizeram mais

sucesso do que as próprias imagens. Estes posts

são alguns exemplos (post 1, post 2, post 3).

A prática de transferir para as palavras o que eu

estava ilustrando através da imagem foi algo que me

despertou uma noção diferente sobre comunicação.

Essa possibilidade deixou de ser tratada como uma

opção e ganhou o status de oportunidade. Escrever

o que eu pensava se tornou um exercício de análise

e me fez despertar uma curiosidade que estava

guardada dentro de mim há muito tempo. Depois

disso, alguns posts nasceram pela legenda e só depois

ganharam imagem. A ligação entre o visual e o

verbal é uma forma de agregar valor a narrativa que

está sendo proposta para os seguidores. Quando

você escreve, uma noção de humanidade, de empatia,

transborda e intensifica o intuito da postagem.

Escrever no Laranjas de Pijama me rendeu vários

“arquivos sem título” no Google Drive, mas, acima

de tudo, muito orgulho. Sem menosprezar o alcance

que o design gráfico me proporcionou, mas reconhecendo

um avanço significativo que tive e que aprendi

a mostrar para o mundo. Como consequência, hoje

me vejo muito mais como um comunicador e um

criador de comunicações do que como um designer

gráfico. Escrever para mim é o ato de criar afeto

por pensamentos que são transcritos em frases,

sentenças. Quando você os identifica, o que falta

é ligá-los usando outras frases e sentenças que

nada mais tem como função embasar aquilo que

você realmente quer dizer.

O intuito de usar uma linguagem mais simples

é uma iniciativa que uso como base do meu TCC.

Acredito que independente do assunto tratado no

trabalho, falar com os meus semelhantes e para os

meus semelhantes é um dos alicerces do que acredito

ser a comunicação efetiva. De certa forma tudo que

eu aprendi na vida foi embasado na análise e, logo em

seguida, na tradução do vocabulário para o meu modo

de falar ou pensar. Só assim eu consigo realmente

compreender. Sem o uso de pesquisas e partindo da

percepção social que adquiri ao longo da vida observando

meus amigos e familiares, determinei que a

linguagem acessível e de fácil compreensão seriam

os modos como eu deveria me expressar sempre

que quisesse ser efetivamente compreendido.

metodologia projetual

Os métodos e processos de criação adotados

ao longo do projeto variaram de acordo com a

quantidade de pautas a serem exploradas. Por

22


vezes tratou de assuntos que tinham acabado de entrar

nas manchetes, em outras, foram direcionadas

para assuntos passados, mas que mereciam uma

nova postagem. Um dia com uma pauta nova bem

visível funciona da seguinte forma:

Acordo de manhã e entro no Instagram para ver

as últimas postagens. Entro no site da Folha de São

Paulo e vejo as manchetes. Entro no Twitter e vejo

como as pessoas estão reagindo ao assunto.

Buscando agilidade, criei um método de pesquisa

para a criação que otimiza o meu tempo e que fornece

referências plausíveis dentro da criação dos posts.

Entro no Google notícias, no Twitter, no Instagram

e em sites jornalísticos (Folha de São Paulo, G1,

EL PAÍS, Estadão e BBC Brasil);

Identifico os assuntos que estão circulando na imprensa

e nos sites de redes sociais e a partir disso defino

a pauta na qual irei trabalhar;

Escrevo em tópicos um resumo do que eu entendi

durante a pesquisa jornalística e documental;

Transcrevo os tópicos tendo em mente 2 formatos

de texto (texto para a imagem, quando necessário,

e texto para a legenda);

Organizo as referências visuais sempre buscando

transferir algo do texto para a imagem;

Desenvolvo o trabalho de criação da imagem

e do texto pelo Photoshop e/ou Illustrator.

Quando eu resumo o conteúdo da pesquisa em

tópicos, tudo fica mais fácil e ágil de ser interpreta-

do. Isso ajuda a fixar o que realmente preciso saber.

Essa prática é algo que eu tenho desde sempre e

que indico para todos.

uma nova percepção

Percebi que os posts precisavam de uma etapa

antes da postagem: a etapa do teste. Em

algumas situações eu sentia que a postagem

estava pronta, mas na verdade não estava. E quando

você trabalha com “o mais rápido possível” fica

ainda mais difícil. Os ajustes finais compõem uma

etapa muito delicada do trabalho, pois, quando

queremos seguir os assuntos em alta na internet,

quanto mais rápido, melhor. Ao longo dos meses,

notei que isso acabava atrapalhando meus resultados

e desde então mudei minhas prioridades. Antes

disso o mais importante era a quantidade, depois

disso comecei a valorizar mais a qualidade.

No final do ano de 2019, reservei os últimos dias

de dezembro para fazer um balanço profundo do

Laranjas de Pijama. Elenquei todos os pontos positivos,

os negativos, os pontos característicos e,

por fim, as metas para 2020 — quando todos nós

achávamos que 2020 seria um ano típico. A partir

disso comecei a usar o aplicativo para Iphone

Preview, que possibilita a pré-visualização da postagem

no feed. Isso me ajudou a reconhecer qual

seria a estética que mais combinaria com os posts

já publicados. Essa prática, além de otimizar tempo,

ajudou a compor melhor o feed do projeto.

23
















Relação com todas as postagens ativas no perfil

até dia 25 de julho de 2020 excluindo os posts repetidos.

38


métricas do laranjas de pijama

Até o presente momento, o projeto tem mais de 170 publicações ativas e 6.700 seguidores. As cidades

76.115

mais atingidas são: São Paulo-SP (15%), Bauru-SP (10%), Rio de Janeiro-RJ (5%), Salvador-BA e Brasília-DF

(2%). A faixa etária mais atingida é a de pessoas entre 18-24 anos (42%), seguida de 25-34

(39%) e 35-44 (11%). Mulheres constituem 64% do público e homens 36% 6 .

curtidas, 180 postagens ativas e 6.700 seguidores em 11 meses de produção 7

A publicação de maior alcance foi a postada no

dia da libertação do ex-presidente Lula da prisão

(8 de novembro de 2019). Essa publicação obteve

4.700 curtidas, 401 salvamentos, 220 comentários,

2.452 envios, 51.870 contas alcançadas e 434 novos

seguidores.

A segunda publicação que obteve maior alcance

foi a postada no dia do discurso de Bolsonaro na

ONU (20 de setembro de 2019), tendo 1.374 curtidas,

42 salvamentos, 252 comentários, 225 envios,

19.949 contas alcançadas e 31 novos seguidores.

A terceira publicação de maior alcance foi a postada

no dia da morte do jornalista Paulo Henrique

Amorim, 10 de julho de 2019. Teve 1.150 curtidas,

14 salvamentos, 29 comentários, 20 envios, 15.986

contas alcançadas e 27 novos seguidores.

A quarta publicação de maior alcance foi a

publicação “às quartas vestimos democracyah”,

postada em 18 de setembro de 2019 e que tinha

como intuito abordar a linguagem coloquial usada

pelo público LGBT para falar sobre democracia.

Teve 1.271 curtidas, 94 salvamentos, 15 comentários,

224 envios, 12.799 contas alcançadas e 88

novos seguidores.

A quinta publicação que obteve resultados significativos

foi a com o tema “Democracia vem antes

de você ser de esquerda ou direita”, postada em 3

de agosto de 2019, tendo 1.376 curtidas, 63 salvamentos,

15 comentários, 96 envios, 14.743 contas

alcançadas e 20 novos seguidores.

6 Os números expressam a maioria e não a totalidade.

7 Números consultados em 20 de maio de 2020.

39



1 º

2 º

assombrações do sucesso

Quando um post faz muito sucesso, achar que tem a obrigação

de fazer melhor no próximo é um sentimento muito

angustiante. A média de curtidas varia muito. Nem sempre

o que mais acreditamos faz o sucesso que esperamos. A título de

curiosidade ou se você está lendo este relatório porque gosta da

ideia de produzir conteúdo gráfico no Instagram, digo que não se

importar tanto com as curtidas é uma ótima estratégia para lidar

com a opinião pública e para transformar a prática em algo mais

divertido, fluido e agradável.

3 º

4 º

a importância dos stories

no crescimento do laranjas

O

principal fluxo de compartilhamento do conteúdo postado no

feed acontece nos stories dos seguidores. Funciona como um

mural de imagens do usuário que se mantém ativo por 24h

e arquiva o conteúdo após um dia completo de exibição. Como o

perfil do Laranjas é público, qualquer conteúdo produzido pode ser

compartilhado por seguidores ou por usuários não seguidores. Essa

ferramenta funciona como uma vitrine espontânea que potencializa

o alcance do material. Além de ser uma poderosa ferramenta

de divulgação, é muito gratificante ver o conteúdo compondo os

murais dos usuários. Essa prática moldou fortemente o trabalho,

pois, assim que compreendi a importância dos stories na divulgação

do Laranjas de Pijama, condicionei meu raciocínio a elaborar

composições que gerassem nas pessoas a vontade de migrar os

posts para seus stories pessoais.

5 º 41

Figura 17

Ranking das 5 postagens com maior engajamento



colaborações e reposts

Mídia NINJA

@midianinja

#DESIGNATIVISTA

@designativista

#DESIGNATIVISTA

@designativista

PAOLLA OLIVEIRA

@paollaoliveirareal

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

#DESIGNATIVISTA

@designativista

Mídia NINJA

@midianinja

SONIA GUAJAJARA

@guajajarasonia

#DESIGNATIVISTA

@designativista

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA

Figura 18

Alguns dos reposts feitos por perfis, como: Paolla Oliveira (atriz),

Sonia Guajajara (ativista), Mídia Ninja e Design Ativista.

43


As repostagens em feed e em story (reposts) foram

muito importantes para a difusão do material

produzido pelo Laranjas de Pijama. Participei

do Projetemos, que projeta em todo país artes militantes

em protesto ao governo de Bolsonaro. Duas

artes do Laranjas de Pijama foram projetadas em

Belém do Pará em maio de 2020. Além disso, uma

postagem animada do foi projetada no Rio de Janeiro

através do perfil Atento e Forte.

Em setembro de 2019, um seguidor do perfil pediu

autorização para imprimir algumas postagens

para posteriormente fixá-las nos arredores de sua

universidade em Santarém, no Pará. Fiquei muito

gratificado pela iniciativa, porém a mesma gerou

desconforto em algumas pessoas, visto que, dias

depois, uma das impressões foi rasgada.

Figura 20

Projeções na cidade de Belém da Pará, junho de 2020, via

@projetemos

Figura 19

Mini cartazes do Laranjas em Santarém, Pará, setembro 2019

Figura 21

Projeção no Rio de Janeiro, junho de 2020, via @atentoeforte

44



O que (ainda) não deu certo

e os arquivamentos

Alguns formatos de conteúdo não alcançaram

o sucesso que eu esperava. Ao longo dos meses,

tentei implementar uma seção de posts

chamada “Dicionário Brasileiro” que depois mudou

para “Glossário da Política”. Nesses posts, a ideia

era abordar termos técnicos de difícil compreensão

para quem não consome conteúdos relacionados

à política. Não rolou.

Em partes essa tarefa era muito complexa pois

requeria um estudo aprofundado de assuntos que

não foram criados com o intuito de ser algo simples.

Logo, a síntese se tornou ineficiente e o pouco

sucesso da seção não compensava a quantidade

de horas gastas para fazer com que os posts saíssem

do papel. Resolvi, com isso, abandonar a ideia

e manter o foco em posts mais sucintos, livres e

com uma quantidade menor de texto na imagem.

Além de mais eficientes no quesito likes e compartilhamentos,

demoram menos tempo desde a

sua concepção até a postagem.

Junto com os posts mais técnicos, outros mais

artísticos foram arquivados com base em análise

constante dos temas que estavam sendo abordados.

Isso aconteceu por motivos estéticos (por

não aprovar o modo como o post ficou em composição

com outros) e também para sintetizar os

assuntos que as vezes estavam sendo tratados

em mais de uma postagem.

Figura 22

Postagens das seções “Dicionário Brasileiro”, “Glossário da

Política” e outras que estão arquivadas.

46


criador e criatura

A

política sempre foi um tópico que me chamou

atenção, mas nunca tive muita força

de vontade para me aprofundar. O que sabia

era consequência das madrugadas de estudo que

tive em 2013, no pré-vestibular. Mas foi no final da

graduação, com a necessidade de apresentar um

projeto de conclusão de curso, que resolvi unir o

útil ao necessário.

Quando tive a ideia do Laranjas, já sabia que inúmeros

seriam os percalços ao longo trajetória. Não

sabia exatamente como seriam, mas sabia que, em

algum momento, seriam.

Agora, analisando tudo, posso dizer que a disciplina

foi o primeiro grande obstáculo. Não só por

querer dominá-la, mas por ter consciência que existe

uma linha tênue entre a disciplina e o excesso. No

momento em que você entra no Instagram com o

intuito de criar algo reconhecido pelas pessoas,

surgem duas etapas:

Conquistar e fidelizar usuários

Criar e se manter compondo a identidade do perfil

A primeira etapa podemos comparar ao desafio

de criar laços e sustentá-los como metodologia de

divulgação. Tipo o joguinho da Kim Kardashian. E

a segunda é quase como estar dentro de uma partida

de futebol, onde uma plateia espera que você

domine a bola e, mais que isso, que você saiba o

que fazer com ela.

Levando em consideração que nunca fui convocado

para a seleção brasileira de futebol masculino

e que também nunca consegui sair da tela inicial

do joguinho da Kim Kardashian, minha tarefa no

Instagram era árdua, em partes experimental, mas

possuía desde o começo uma qualidade muito

importante para que tudo se encaminhasse para o

mais próximo do esperado: a curiosidade.

Desde que lancei o Laranjas, o exercício da curiosidade

e a busca pela compreensão são práticas

que entraram em meu ser. Pesquisas, livros e o

Google se mostraram terapias onde eu conseguia

— se não tudo, pelo menos em partes — entender o

que estava acontecendo, o que poderia acontecer,

o que jamais aconteceria e o que eu deveria querer

que acontecesse. E digo isso para muito mais que

política, já que uma simples palavra que eu não

entendo é motivo para consultar o Google.

Essa busca diária por novos conhecimentos em

conjunto aos escândalos no atual governo atingiu

fortemente meu psicológico. As pessoas dizem que

não gostam de política e, em partes, faz sentido que

não gostem. Digo isso porque na política fica explícita

a heterogeneidade da condição humana e dos

interesses individuais. Esses interesses dominam

pautas que deveriam estar condicionadas ao bem-

-estar geral, sem discriminações, desde que dentro

do campo democrático. Funcionários públicos que

roubam milhões de reais da população brasileira,

a agressividade das polícias, os acordos e coligações

feitos em surdina, os desastres ambientais

que poderiam ser evitados e, acima de tudo, a in-

47


competência dos membros do governo Bolsonaro.

Nos primeiros meses, fui notando dificuldade em

querer entender qual seria a próxima pauta bomba.

São assuntos tão absurdos que fica difícil manter

a calma. Resolvi diminuir a frequência de posts por

um tempo. Não foi fácil manter a cabeça no lugar

durante o projeto, pois os acontecimentos surgiam

repentinamente e em fileiras.

Isso a globo não mostra

Reservei este espaço no final do relatório com

algumas considerações sobre a vida. Caso

você permita ser influenciado, acredito ser

importante te contar que:

Você não é o dono da verdade, mas também

não pode viver a mercê da aprovação alheia. Produzir

para sites de redes sociais é uma prática

de autocontrole. Às vezes você não vai conseguir

agradar a todos que estão consumindo seu material.

Seja no campo do design gráfico ou no campo

da política. Seja humilde em reconhecer que não

sabe tudo, mas fuja da autossabotagem. Você pode

mudar de opinião ao longo da vida e isso faz parte

do dinamismo humano;

Saia da sua zona de conforto. Sempre que

possível procure construir narrativas visuais diversificadas

e que façam você aprender novas técnicas

e novos meios de expressão para suas ideias.

Raríssimas (raríssimas real oficial) são as vezes

que as pessoas gostam do que você acha que elas

vão gostar. No meu caso, os posts que mais fizeram

sucesso partiram de uma linha de pensamento

mais descontraída e sem muitas cobranças. Não

sei muito bem porque isso acontece, mas pensar

assim facilita o dia a dia;

É preciso ter o costume de materializar os seus

pensamentos. Muitas ideias boas são perdidas

quando não temos hábito de escrever, desenhar,

rabiscar, passar pra tela do computador ou do celular.

No começo, a preguiça reina, mas, depois,

com o tempo, você percebe que isso é um esforço

mínimo dentro de um processo de comunicação;

48



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre bananas no poder e abacaxis para descascar,

o Laranjas de Pijama passou pelos seus

11 primeiros meses de existência — e de muita

insistência. Ao longo dessa fase inicial do projeto

no Instagram, não posso ser leniente e dizer que foi

fácil mantê-lo fresco e com sentido. Aprendi muito

em intensidade e em quantidade. Confesso que só

agora, elaborando este relatório, pude reconhecer o

tamanho da ideia que dei vida e que alimento. Erros,

acertos, surpresas e recusas estiveram e sempre

estarão presentes em qualquer assunto que esteja

dentro do campo da existência humana. Compreendi

a necessidade de ser humilde e generoso. Humilde,

para não se colocar como o dono da verdade,

e generoso, para saber que às vezes posso errar

e que meus pensamentos podem se transformar.

Minha produção gráfica é pautada no meu processo

de aprendizado sobre assuntos que tento compreender

melhor. Assim como eu, ela está viva e em

constante aprofundamento.

Hoje, não posso dizer que o Laranjas de Pijama

é o que eu esperava. Não posso dizer isso, pois, a

cada dia que passa, quero algo novo, algo diferente.

Então, falar sobre esse projeto com ares de conclusão,

de missão cumprida, simplesmente para seguir

o protocolo de TCC foi um caminho que decidi não

tomar ao longo da produção deste documento. O

que falo aqui não diz sobre onde cheguei, mas sobre

onde estou. É sobre a percepção que tenho sendo

a pessoa que sou hoje. Acredito que a ocupação de

espaços é um trabalho de base para aqueles que

acreditam ser possível conquistar uma sociedade

menos desigual, antirracista, anti-homofóbica, antimachista,

que esteja ligada inerentemente a proteção

dos direitos humanos e do povo brasileiro.

Existir é uma luta que precisa ser encarada com

coragem, sobretudo no Brasil. O projeto me deu

essa consciência de cidadania, de sujeito político

atuante e nem que eu queira será possível me desvencilhar

dela. É um prazer e uma tarefa.

O Laranjas de Pijama me forneceu a consciência

do mínimo e do máximo, do impacto da proatividade.

Com isso a vida ganhou mais sentido. Ganhou

fôlego. Meu amor por ter dado início a este projeto

hoje é um dos alicerces da minha existência.

Tenho muito a aprender e me sinto tranquilo

quanto a isso. A vida me moldou assim.

Por agora, é isso. Mas o Laranjas continua circulando

pela internet. Enquanto eu estiver vivo, ele

estará comigo. Sigamos firmes, resilientes e ativos.

F O R A B O L S O N A R O !

50


AGRADECIMENTOS

Agradeço a cada pessoa que passou pela minha

trajetória em Bauru. Agradeço a UNESP

por tudo que ela me proporcionou direta ou

indiretamente. Concluo esta etapa da minha vida

com brilho nos olhos, pois, antes de tudo, aprendi.

E várias foram as metodologias necessárias para

a construção deste aprendizado. Agradeço aos

meus pais por terem financiado a minha vinda e,

por muito tempo, a minha estadia na cidade. As

minhas irmãs que, por vezes, foram companhia

durante as madrugadas de produção. Sem compromisso

com a ordem, cito também: Michelle (a

gata), Bibi, Fabiana, Juco, Shit Paiva, Melara, Peppa,

Mayara, Verinaud, Pablo, Fábio, João Paulo (que

me emprestou a mesa digitalizadora no início do

Laranjas de Pijama), Vinícius (por ter me ajudado

a organizar meus pensamentos com as letras

e por ter me feito reconhecer minha admiração

pelo jornalismo). Nem todos terão acesso a este

documento, mas deixo aqui meu agradecimento

e minha eterna admiração. De uma forma ou de

outra, essas pessoas acreditaram em mim e me

ajudaram a florescer.

Agradeço também a banca de TCC e a minha

professora Mônica Moura, que foi quem me deu a

liberdade necessária para que a criatividade saísse

do papel e tomasse forma.

Por último, agradeço a mim. Me agradeço por

não ter desistido, por continuar insistindo na vida,

no Brasil e na humanidade.

51



referências

AlBUQUERQUE, Elisabete. Design gráfico em tempos de ativismo. Recife, 2018.

BRAGA, Marcos. O papel social do Design gráfico. Editora Senac, São Paulo, 2019.

FERNANDES, Sabrina. Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira.

Autonomia Literária, São Paulo, 2019.

MACHADO, Ricardo. Manifestações, ativismo e militância. Novas formas de compreender

a democracia. Entrevista especial com André Luis Leite. Disponível em:

<http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/595114-manifestacoes-ativis-

mo-e-militancia-novas-formas-de-compreender-a-democracia-entrevista-especial-

-com-andre-luis-leite> Acesso em 20/05/2020 às 13h30min.

RECUERO, Raquel.; GRUZD, Anatoliy. Cascatas de Fake News Políticas: um estudo

de caso no Twitter. São Paulo, 2018.

RECUERO, Raquel. A conversação política nas mídias sociais e as “fake news”: Desconfie

do que você quer ouvir. Disponível em: <http://medium.com/@raquelrecue-

ro/a-conversa%C3%A7%C3%A3o-pol%C3%ADtica-e-as-fake-news-desconfie-do-

-que-voc%C3%AA-quer-ouvir-130ea73dc438> Acesso em 05/05/2020 às 14h00min.

THORPE, Ann. Defining Design as Activism. Disponível em: <http://designactivism.

net/wp-content/uploads/2011/05/Thorpe-definingdesignactivism.pdf> Acesso em

15/05/2020.

53


referências visuais

POMB

JEAN-MICHEL BASQUIAT

OBVIOUSAGENCY

CATARINA BESSELL

54


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