Laranjas de Pijama - Relatório Final
Projeto de conclusão de curso de Nicolas Messias para graduação de Design gráfico da Unesp Bauru. Apresentação dia 3 de julho, 19h30 no site www.laranjasdepijama.com.br Projeto de conclusão de curso de Nicolas Messias para graduação de Design gráfico da Unesp Bauru. Apresentação dia 3 de julho, 19h30 no site www.laranjasdepijama.com.br
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u n i v e r s i da d e e s ta d u a l pa ulis ta
“ j ú l i o d e m e s q u i ta f i l h o
“
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
CâMPUS DE BAURU
CURSO DE DESIGN
HABILITAÇÃO: DESIGN GRÁFICO
design ativismo no site
de redes sociais instagram
Nicolas alves messias
Orientação: Profª Drª Mônica Cristina de Moura
Bauru, SP
2020
Eu sou apenas um rapaz latino-americano
Sem dinheiro no banco/sem parentes importantes
E vindo do interior
BELCHIOR
DE DIADEMA
sumário
01. de início... 05
01. sobre mim 06
02. começando do começo... 08
03. o mundo virtual e a versatilidade dos sites de redes sociais 10
04. a internet como meio de politização e despolitização da sociedade 10
05. design e ativismo 14
06. estética e ativismo para quem não aguenta mais 16
07. a concepção e as facetas do laranjas de pijama 19
08. a redação do laranjas de pijama 22
09. metodologia projetual 22
10. uma nova percepção 23
11. postagens ativas 24
12. métricas do laranjas de pijama 39
13. assombrações do sucesso 41
14. a importância dos stories no crescimento do laranjas de pijama 41
15. COL ABORAÇÕES E REPOSTS 43
16. o que (ainda) não deu certo e os arquivamentos 46
17. criador e criatura 47
18. ISSO A GLOBO NÃO MOSTRA 48
19. considerações finais 50
20. agradecimentos 51
21. referências 53
de início...
E
sclareço que este relatório adotou a modalidade de Projeto
autoral, seguindo as normas do Regulamento dos Projetos
de Conclusão em Design Gráfico da UNESP (currículo vigente
do projeto político pedagógico de 2007). Os textos a seguir são
de livre criação e com abordagem poética e experimental em uma
narrativa textual e visual no formato digital. Além disso, é caracterizado
pela livre composição com o intuito de expor o projeto
Laranjas de Pijama.
Definição: Entende-se por Projeto autoral de livre criação, com
abordagem poética e experimental podendo ser uma narrativa
textual e/ou visual e/ou sonora, em formato impresso ou digital,
em diversas dimensões (bidimensional, tridimensional, espacial)
caracterizado pela livre composição, relato/ensaio textual e visual,
nesse caso sendo obrigatória a apresentação de um texto e produto,
artefato, peça, objeto ou protótipo.
Espero que goste da narrativa que adotei e te convido a entrar
nos caminhos da minha criação a partir do texto e das imagens
que se apresentam a seguir.
5
sobre mim
Nasci em 1996, na cidade de Diadema, localizada
na região metropolitana de São Paulo. Minha
terra natal é uma zona periférica da capital
e historicamente perigosa. Em 1997, quando eu
tinha um ano, Diadema foi considerada a cidade
mais violenta do Brasil com 140,4 homicídios por
100 mil habitantes¹.
Minha família é composta por mineiros e paraibanos.
Ambas as partes migraram para São Paulo
em busca de melhores condições de vida e, se
possível, a perspectiva de um futuro melhor para
os que ainda estavam por vir.
Em 2014, ano do resultado do meu vestibular,
fui aprovado em três faculdades privadas através
do Programa Universidade para Todos, o ProUni.
Mas minha vontade sempre foi estudar em uma
universidade pública. Não apenas pelo título e pela
“gratuidade”, mas pela projeção que tinha na minha
cabeça sobre como seria a experiência de sair de
casa para viver e crescer ao lado de desconhecidos.
Na lista final de aprovados, vi meu nome na
136ª posição no sistema universal. Nas cotas eu
precisava de três desistências para conseguir uma
vaga na UNESP e, consequentemente, me mudar
para Bauru. Desacreditado, fiz minha matrícula no
curso de Moda da Santa Marcelina, 100% gratuito
pelo ProUni.
Dias entre o anúncio da primeira e segunda lista,
resolvi entrar no site da Vunesp por pura ansiedade.
Lá estava uma errata que corrigia as notas
finais do curso de Arquitetura e Design. Com o
novo cálculo, sai da posição 136 e fui para 62. O
curso oferecia 60 vagas. Não era certeza, mas em
comparação ao primeiro resultado, estava dezenas
de posições mais próximo da minha aprovação. E
foi o que aconteceu. Fui aprovado em Design na
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da
UNESP Bauru. O primeiro da família a entrar numa
universidade pública.
No começo foi tudo muito difícil. Sou naturalmente
uma pessoa reservada e, com as consequências
da rígida criação dada por minha mãe,
tudo era muito mais inédito e trabalhoso. Ao lado
de amigos, especialmente de uma amiga que me
acolheu desde o começo, consegui sair da minha
zona de conforto — às vezes a força, mas sempre
necessário. E tirei, aos poucos, as camadas de
insegurança que existiam em mim desde que me
conheço por gente. Bebi muito, dancei muito, chorei
muito. Tudo o que eu fiz teve o “muito” como advérbio.
E, de tudo isso, são pouquíssimas as coisas
que eu realmente me arrependo de ter feito.
No meio da faculdade percebi que estava me
encaminhando para uma maturidade que me cobrava
um rumo profissional. Afinal, me mudei para
Bauru a procura disso. Me interessei por ementas
de várias disciplinas, mas sempre senti que meu
processo de aprendizado funcionava melhor de forma
isolada. Já tinha experimentado alguns projetos
da faculdade, mas não me interessei o bastante
por nenhum. De qualquer forma, eu fazia questão
de entrar e, mesmo que minimamente, deixar mi-
1 Segundo matéria da Folha de São Paulo, escrita por José Roberto de Toledo
e disponível neste link (acesso em janeiro de 2020)
6
nha marca dentro desses grupos de trabalho. Em
alguns saí amistosamente, outros foram traumas
que culminaram em várias reflexões sobre o que
tinha de errado comigo. Acreditava nas minhas
ideias, mas não conseguia dar vida a elas. Ora por
desinteresse, ora por frustração; às vezes por não
ser capaz de conciliá-las com o compromisso da
vida boêmia do começo da faculdade que, naquele
momento, ainda me soava bastante interessante.
Aos poucos, comecei a me aprofundar em assuntos
que tinha interesse. Me cobrava aprender
mais sobre as coisas e se possível colocar em
prática o estudo. Catalisado pela minha necessidade
de conquistar a autonomia financeira, tratei
de me familiarizar com Photoshop e Illustrator.
Sabia que poderia encontrar oportunidades de
estágio se soubesse manipular esses softwares.
E assim foi.
Muitas coisas aconteceram entre o início da minha
vida de estagiário e a criação do meu projeto
de conclusão de curso. Poderia introduzir outras
centenas de detalhes que de alguma forma influenciaram
meu amadurecimento. Mas esse não
é o objeto de estudo.
Este texto introdutório relativo ao Laranjas de
Pijama serve como o primeiro de vários relatos em
primeira pessoa que compõem este documento.
Agora, não quero apenas te falar o que aconteceu
antes do TCC começar. Quero te mostrar que, antes
de encontrar um rumo na vida, passei por experiências
que foram extremamente importantes para o
meu crescimento. Todo mundo, mais cedo ou mais
tarde, inventa uma história que acredita ser sua vida 2
e nem sempre acontece do jeito que todos esperam
ou querem. Eu sou um exemplo disso. Minha passagem
na UNESP não foi de longe a ideal, falando
academicamente. Nunca fui o melhor aluno da
sala, mesmo reconhecendo a importância desse
espaço. De certa forma sinto que a vida sempre
foi minha maior professora, meu maior laboratório.
E foi observando a vida que eu encontrei meu
rumo e o meu TCC.
Somando esses pontos, aos 45 minutos do
segundo tempo, minha trajetória de 6 anos como
unespiano chega ao fim. Com muito orgulho e
alegria apresento o relatório final do Laranjas de
Pijama, projeto que você irá conhecer (ou reconhecer)
nas próximas páginas.
nicolas messias
maio de 2020
2 Max Frisch
7
começando do começo...
O
título Laranjas de Pijama faz referência ao desenho animado
“Bananas de Pijama”, que ficou conhecido pelo público infantil
brasileiro durante sua exibição no canal SBT, entre os anos
1997 e 2001. Por fazer parte da memória de pessoas que hoje têm
entre seus 20 e 27 anos, o nome foi escolhido por ter uma sonoridade
forte e por estar impregnado na memória do meu público-alvo
(pessoas entre 20 a 27 anos, de ambos os sexos, que consomem
entretenimento por pixels 3 desde os primeiros anos da infância e
que hoje usam os sites de redes sociais como plataforma de informação,
de entretenimento e de expressão).
A primeira aparição que o Laranjas de Pijama fez foi no primeiro
semestre de 2019, durante o trabalho final da disciplina de Projeto
III, ministrada pela professora Mônica Moura, do Departamento de
Design da UNESP Bauru. Ela é também a orientadora deste projeto
de conclusão de curso.
O primeiro produto realizado no projeto foi uma zine. Nesse material
havia passatempos que abordavam sarcasticamente assuntos
polêmicos relacionados a então situação da política brasileira (primeiros
meses do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro,
marcados pela intensificação das provas contra o primeiro filho
de Bolsonaro, Flávio, dentro do caso de desvio de dinheiro público
envolvendo o então deputado federal do Rio de janeiro e seu
faz-tudo Fabrício Queiroz). Meses após isso, o perfil no Instagram
@laranjasdepijama, que é o produto final deste TCC, foi lançado ao
público. Desde então, conta com mais de 170 postagens ativas.
3 Entende-se como pixel o menor elemento luminoso em um dispositivo de exibição,
ao qual é possível atribuir-se uma cor. Os pixels estão presentes em telas de televisão,
computador de mesa, notebook smartphones, tablets etc.
8
o mundo virtual
e a versatilidade dos sites
de redes sociais
Levando em consideração o avanço tecnológico
ocorrido em poucos anos, algumas mudanças
e novos significados surgiram com o passar do
tempo. Os dispositivos eletrônicos e a popularização
da internet catalisaram processos e ressignificaram
metodologias de atuação que deram ao design
gráfico novos horizontes e possibilidades. A própria
reprodução em larga escala foi extremamente
alterada. O que antes estava limitado ao físico, hoje
possui os pixels como alternativa. A popularização
do celular e do computador forneceu à humanidade
não só a criação cada vez mais intensa de dispositivos
híbridos entre um e outro, mas também uma
produção em massa desses gadgets que, dentro
de suas peculiaridades, possuem variáveis que diversificam
seu valor final. Isso oferece à sociedade
inúmeras possibilidades de preço de produtos que
têm o mesmo intuito básico: conceder as mínimas
— ou máximas — configurações necessárias para
ter acesso aos aplicativos e aos endereços eletrônicos
mundialmente reconhecidos.
Nisto, as possibilidades que o acesso à internet
nos fornece, usando técnicas manuais e os softwares
de manipulação de vetores, fotos, textos e outros
ativos, o design gráfico adentrou uma nova etapa
em sua história. Neste momento, a exposição de
trabalhos gráficos ganha como vitrine os sites e aplicativos
de redes sociais que conectam as pessoas
em todo o mundo, como, por exemplo, Facebook,
Instagram e Twitter. Durante este projeto, foquei no
Instagram. Essa foi a plataforma escolhida para o
desenvolvimento do Laranjas de Pijama.
O Instagram foi escolhido para ser a plataforma
principal devido as suas ferramentas e, também,
por estar baseado no ato de publicar imagens e
vídeos como ponto primordial da interação entre
os usuários. Qualquer publicação realizada no Instagram
precisa conter formato de imagem (.jpg ou
.png) ou vídeo (.mov ou .mp4). Como o pilar principal
do projeto está na comunicação visual/design
gráfico, se colocar presente dentro de um espaço
que foca nesse formato de postagem catalisa os
processos de procura e exposição do conteúdo e
da mensagem. Por esses motivos o Instagram é o
alicerce do projeto.
A INTERNET COMO MEIO
DE DESPOLITIZAÇÃO E POLITIZAÇÃO
DA SOCIEDADE
A
alta adesão aos sites de redes sociais, promovida
pela popularização do acesso à internet,
fornece ao indivíduo e as corporações a
capacidade de acompanhar acontecimentos relevantes
para o Brasil e/ou para o mundo com uma
velocidade tão rápida que beira a instantaneidade.
Civis, influenciadores, políticos, artistas e meios
de informação (como canais de televisão, blogs e
portais de notícias). Todas essas vertentes, entre
outras não citadas, tornam-se influenciadores e in-
10
fluenciados dentro dos sites de redes sociais. Esse
fenômeno gera um volume gigantesco de dados
enviados e recebidos 24h por dia, 7 dias por semana.
Levando em consideração a complexidade do
assunto e o fato de que os mecanismos de verificação
da veracidade de conteúdos postados ainda
estão passando por testes, raros são os exemplos
de constatação e sinalização de uma informação
falsa: uma fake news.
Segundo Recuero e Gruzd (2018), a definição de
fake news é:
Parece-nos, assim, que esses três elementos seriam
essenciaisparaadefiniçãode uma fakenews:(1)
o componente de uso da narrativa jornalística e
dos componentesnoticiosos; (2) o componente
da falsidade total ou parcial da narrativa e; (3) a
intencionalidade de enganar ou criar falsas percepçõesatravésdapropagaçãodessasinformações
na mídiasocial. A circulaçãodenotíciasfalsas,
destemodo,atuadiretamentenaproduçãode
desinformação,demodoparticular,na internet,
embora não sejao único ambiente usado para
isso (Shao (et. al)apud Recuero e Gruzd, 2018, 33).
Compreendendo esse nicho de atuação, que
podemos chamar, também, de terra de ninguém, o
movimento de politização virtual ganhou o status
de tendência mundial. Dentro do campo da política
— levando em consideração a evasão escolar
no Brasil, a desigualdade no acesso a recursos
e a defasagem histórica no ensino de política no
país — a circulação das fake news se torna cada
vez mais efetiva e o movimento de alienação de
massas, mais crônico. Essa prática acontece primeiramente
por grupos de direita que, visando a
perpetuação do controle de opiniões e do acúmulo
de capital, inserem dentro de meios despolitizados
informações inverídicas e contaminadas por seus
interesses pessoais e corporativos.
Para entender de maneira básica o fenômeno
da despolitização nos sites de redes sociais e um
dos intuitos de quem a pratica, podemos citar a
socióloga Sabrina Fernandes (2019):
Para eles 4 não é interessante que os explorados
assim se enxerguem e, muito menos, que aprendam
a identificar os seus exploradores. Por isso,
o projeto de hegemonia dos capitalistas envolve a
despolitização da luta de classes, o antagonismo
e a realidade das lutas sociais.
Trata-se de despolitização porque se utiliza de
distorções tidas como verdadeiras no senso comum
para evitar o surgimento de um movimento
formador de sujeitos políticos em si e para si. O
projeto requer que lhes seja inviável tomar consciência
de sua situação material – a isso, Marx
chamava de consciência de classe (Fernandes,
2019, posição 283).
Fazendo parte de um movimento já citado em
pesquisas como “desordens informativas”, as fake
news no Brasil são intensificadas, também, devido
ao movimento de polarização política que é crônico
4 Classe dominante
11
no país, mas que vem crescendo fortemente desde
as Jornadas de junho de 2013. Levando em consideração
o fluxo natural das relações sociais, as
pessoas tendem a aprovar mais argumentos, pensamentos
revelados e informações que se situam
no campo de sua opinião individual, destacando o
individualismo e certo egocentrismo. Com o surgimento
dos sites de redes sociais, a manutenção das
relações interpessoais ganhou mecanismos, endereços,
metodologias e vocabulário que potencializam
e organizam o poder de reverberação de críticas e
julgamentos. Para entender melhor esses pontos,
usaremos novamente as afirmações de Recuero.
A polarização é um fenômeno relacionado a conversações
onde os participantes tendem mais
a falar em grupos de pessoas que concordem
consigo do que entre os vários grupos. A mídia
social parece tender a exacerbar a polarização
nas conversações políticas. Há várias hipóteses
para isso. Particularmente, essa polarização tem
a ver com um fenômeno chamado câmara de eco,
articulado com a questão das pessoas tenderem
a repassar mais mensagens que concordem com
os seus próprios pontos de vista (também chamado
confirmation bias ou viés de confirmação).
(Recuero, “A conversação política na mídia social
e as ‘fake news’: Desconfie do que você quer ouvir”
In: <https://medium.com/@raquelrecuero>).
Os algoritmos dos sites de redes sociais foram
criados com o intuito de “te deixar feliz”. Isso acontece
pois o “cérebro artificial” na programação
de sites de redes sociais, tais como Facebook e
Instagram, elaboram uma análise constante do
que o usuário aprova, não aprova ou ignora. Selecionando,
assim, qual será o conteúdo com maior
incidência na tela inicial de cada usuário: o feed. A
filtragem que acontece com essa personalização
enfraquece o debate e cria bolhas de concordância
de discursos, gerando o que Recuero chama
de câmara de eco.
Tendo em mente o conhecimento importado e
não traduzido (toda gama de conteúdos técnicos
escritos primeiramente em línguas estrangeiras que
exemplificam como essa prática deve acontecer
para ser efetiva) e a necessidade de verba e de
recursos tecnológicos de ponta que não são acessíveis
para grande parte da população brasileira, a
utilização da internet como campo de mobilização
política foi, por muito tempo, um exercício voltado
aos interesses da classe dominante. O uso da
internet como nicho de influência coletiva é uma
ação projetada para captar simpatizantes, para
desmoralizar grupos políticos antagônicos e para
controlar as pautas que circulam em suas bolhas
virtuais. Partindo de uma abordagem simplista
sobre assuntos que não são simples e escorada
por mecanismos virtuais de replicação desse conteúdo,
as vozes historicamente dominantes conquistaram
não só seguidores virtuais (orgânicos
ou não), mas também uma parcela de brasileiros
contaminados por uma empatia coletiva promovida
por uma falsa atmosfera de hegemonia.
12
Como subsídio a essa afirmação e embasada nos
estudos de Sha & Kumar (2018), Recuero aponta que:
As cascatas de fake news, para os autores, têm
características diferentes dos movimentos sociais
humanos, pois apenas pequena parcela dos usuários
envolvidos é responsável por grande quantidade
de manifestações.
[...] O espalhamento de desinformação ou de informação
falsa também pode ser influenciado pelos
diferentes tipos de atores na rede. Sha & Kumar
(2018) apontam para a influência de robôs (bots)
e atores muito engajados que podem criar falsas
percepções de consenso, para que determinada
informação circule (Recuero, 2018, 34).
Outra observação extremamente interessante feita
pela pesquisadora, com base em seu estudo, diz
respeito ao comportamento das fake news dentro da
estrutura dos sites de redes sociais. Essa estrutura
proporciona bolhas que dificultam a intersecção de
assuntos abordados por grupos que divergem em
opiniões e ideologias. Ou seja, as fake news não
têm o poder de se propagar em espaços além de
narrativas similares. A função efetiva da fake news
é nutrir discursos semelhantes ao que ela valoriza,
tendo a capacidade de espalhar por grupos que já
estão alinhados ou inclinados a concordarem com
seu conteúdo.
Para mais informações sobre o estudo das fakes
news e seu comportamento nas redes sociais indico
a leitura do artigo que está disponível neste link.
Tendo como subsídio as citações apresentadas
anteriormente, analisei o panorama político brasileiro
em 2019 e tive a ideia de compor o que chamo de
“movimento gráfico de expressão política na internet”.
Procurei, da maneira que pude, criar uma persona
com voz antagônica à classe dominante e aos
apoiadores do governo de Jair Messias Bolsonaro
que atuam no Instagram. Junto a isso, quis que o
Laranjas de Pijama fosse visto também como uma
persona acima de tudo defensora da democracia.
Tendo o design gráfico como a base principal, incluindo
as expressões visuais e os textos, o projeto
se concentrou em trabalhar dentro do âmbito do
design ativismo.
Um ponto bastante importante que deve ser documentado
neste relatório é que a missão do Laranjas
de Pijama sempre foi provocar curiosidade nos seus
seguidores. O intuito nunca foi convencer pessoas a
“comprarem” a mesma opinião que é impressa nas
postagens (mesmo sendo explícita a concordância
com o pensamento da esquerda). Na minha visão,
essa característica possibilita a criação de narrativas
mais abrangentes, que possam gerar empatia
não só dentro de grupos politicamente similares
a minha posição dentro do espectro político, mas
em toda zona democrática da discussão. Para que
essa identidade pudesse ficar mais perceptível tratei
de insistir numa linguagem fluida e sem termos
técnicos ou potencialmente não interpretáveis. Isto
é, sendo de esquerda, direita, centro ou qualquer
título que delimite uma ideologia política, o conteúdo
do perfil pode ser aceito entre essas posições
13
onde há muitos assuntos divergentes, mas todos
são — ou deveriam ser — amparados e legitimados
pela democracia.
DESIGN E ATIVISMO
Design (substantivo masculino)
A concepção de um produto (máquina, utensílio,
mobiliário, embalagem, publicação etc.),
No que se refere à sua forma física e funcionalidade.
Ativismo (substantivo masculino)
Transformação da realidade por meio da ação
prática; [...] Defesa de uma causa ou da transformação
da sociedade por meio da ação e
não da especulação; militância.
[Política] Propaganda que defende os ideais de
uma religião, ideologia, partido político etc.;
[Literatura] Gênero literário cujo conteúdo é
político; literatura engajada.
(Dicionário Aurélio)
A
percepção social extensivamente construída
em mim durante a vida serviu de norte para
que eu chegasse até o design ativismo. Sendo
uma ferramenta de expressão e de uso do design
gráfico como plataforma de reivindicações, o assunto
ocupou um espaço que estava vazio desde
sempre dentro da minha recém-nascida carreira. O
começo da minha vida como estagiário despertou
um incômodo sobre o destino que dava para minha
criatividade e força de trabalho. Atuar como designer
gráfico e diagramador para empresas de médio porte
me fez reconhecer pontos aparentemente crônicos
dentro do mercado oferecido para profissionais do
design. A prática como ferramenta de promoção do
consumo privado me provou que, junto ao salário
simbólico, o esforço não me dava prazer, nem me
trazia felicidade. Levando em consideração o que
acontecia ao meu redor e reconhecendo o poder
que o design tem dentro de uma sociedade, resolvi
buscar referências dentro do campo social
e político da profissão.
O trecho a seguir, mesmo com uma distância de
37 anos, serve como uma contribuição bastante
poderosa para responder uma pergunta recorrente
dentro da comunidade de design e que ouvi pela
primeira vez através de uma professora da disciplina
de Introdução ao design, no meu primeiro ano de
faculdade. “o que é ser designer?”
Ao meu ver, o artista, hoje, se realiza plenamente
quando se transforma num programador visual,
ou seja, num profissional que emprega recursos
tecnológicos e científicos para provocar receptividade
visual na massa, quando cria marcas de
firmas, cartazes, símbolos, diagramação de livros
e periódicos, etc. Só assim poderá o artista manter
sua situação em nossa sociedade industrial. Repito:
o desenhista industrial, o designer, atividade
da qual faz parte o programador visual, é o artista
contemporâneo” (Cláudio apud Braga, 2011, 107).
14
O design pode ser tanta coisa que talvez possa
ser tudo. Mas, dentro da minha ótica individual,
penso que o design é um aglomerado de profissões
responsáveis por provocar. Provocar incômodos,
desejos, confortos, reflexões, inovações, soluções,
etc. Nós, designers, somos as antenas da sociedade.
E o designer gráfico é um dos profissionais, dos
artistas, que têm a sensibilidade necessária para
despertar essas provocações.
Entrando dentro do campo do design ativismo,
cito uma frase da autora Ann Thorpe que estuda a
relação entre design e ativismo.
An important aspect of design activism is how it
can emerge at different points along the design
“lifecycle.” Compared to a more classic protest
event, such as a march, design unfolds across
time. Most design projects pass through phases
of research, ideation, development, construction
(fabrication), use, and de-commissioning. Arguably
any phase of the lifecycle can serve as a point of
activism (THORPE, 2011, 9).
O design ativismo trabalha como instrumento da
comunicação social contemporânea sendo responsável
pela criação de uma identidade visual — nutrida
por um propósito social — que possa provocar/despertar
nas pessoas sentimentos variados e, a todo
momento, fundamentados em questões coletivas e/
ou de interesse público 5 . Da democracia — que todos
nós devemos proteger — até causas que não atingem
diretamente todos nós, mas que permanecem no
campo do interesse público, pois devemos defender
ou combater. Cito como exemplos de causas a
serem defendidas: o movimento LGBTQIA+, a luta
antirracista, o feminismo, o antimachismo, a luta
contra a desigualdade social, contra a corrupção e
a defesa por ideologias políticas que estejam dentro
do debate democrático. Todos esses tópicos,
cada um com suas peculiaridades, dão ao design
ativismo o material necessário para se construir
projetos gráficos atuais e potencialmente interpretáveis
pela massa. Deixo a seguir uma citação
que sintetiza um dos pensamentos que define os
intuitos do design ativismo e seu impacto dentro
da sociedade.
O design serve como instrumento para modificar,
deslocar e subverter significados e essa produção
imagética se insere na estrutura social, procurando
criar novas identidades e símbolos, levantando
questionamentos sobre como podemos alterar as
condições e modos de nossas vidas. E assim, coloca
em xeque decisões hegemônicas, buscando
a igualdade democrática de direito (Albuquerque,
2018, página 19).
O design gráfico serve como uma manifestação
contemporânea com alto potencial de estímulo em
meio à sociedade. A caracterização de lutas a partir
das artes gráficas e do design geram não apenas
um produto visual, mas também uma identidade que
pode se perpetuar ao longo da história, fornecendo
uma síntese de mensagens e ideologias.
5 Interesse público relaciona-se ao “bem geral”, ou seja, assuntos que afetam diretamente
uma grande parcela da sociedade.
15
Datando minha produção entre os anos de 2019
e 2020 e tendo em mente a história recente da política
no Brasil, digo que o ativismo contemporâneo
brasileiro funciona como um sintoma visual da
mobilização social que se espalhou desde 2013.
“As manifestações de junho, as Ocupações Secundaristas
e os protestos ‘verde e amarelo’ são
produto, e produtores, dessa intensa fase de conflito
social, iniciada em 2013, na qual as ações coletivas
se espalham de setores mais mobilizados
para outros menos mobilizados e acentuam, ou
explicitam, as tensões sociais que pareciam harmonizadas
nos últimos tempos” (Leite In: <http://
www.ihu.unisinos.br>).
estética e ativismo para
quem não aguenta mais
A
ideia sempre foi falar sobre algo que cumprisse
as expectativas de um projeto de conclusão
de curso, mas que fosse, também, uma
plataforma de expressão que gerasse interesse e
empatia nas pessoas. Isto é, um espaço que não
se limitasse ao término da graduação, que gerasse
conteúdo atual, sem prazo de validade e com anos
de vida garantidos.
Dentro de análises e conversas com amigos,
conheci o perfil no Instagram @designativista. Foi
neste ponto que as coisas começaram a ganhar
formas e rumos. O Design Ativista é um coletivo de
profissionais das artes visuais e da comunicação
que usa o Instagram como plataforma de exposição
de trabalhos ativistas que falam sobre variados
assuntos relevantes à sociedade.
As composições visuais presentes no Design
Ativista são produzidas por dezenas de perfis independentes.
O repost acontece após uma curadoria
feita por designers e artistas gráficos que são responsáveis
pela moderação (manutenção) do perfil.
Os moderadores localizam posts que seguem a
linha curatorial do Design Ativista e publicam dando
os devidos créditos. Por outro lado, os próprios
artistas ativistas podem utilizar a #designativista
e, assim, compartilhar mais facilmente o material
gráfico que será exposto para usuários que tenham
salvado a notificação da publicação que use a
hashtag oficial do perfil.
A prática é bastante eficaz, pois une inúmeras vozes,
criações gráficas e mensagens de cunho social
e político em um mesmo endereço, fazendo com que
a mensagem transmitida seja intensificada devido
a existência de criações análogas que compõem
o assunto. Além disso, estimula a valorização do
trabalho do designer ou artista ativista por ter uma
numerosa comunidade de seguidores. Hoje (última
semana de maio), o Design Ativista contabiliza 170
mil seguidores. Quando o Design Ativista reposta
um conteúdo, é certeza que seu trabalho está sendo
visto por novas pessoas e, com isso, tendo sua
mensagem expandida pela internet, para que assim
novas pessoas (seguidores) possam encontrar seu
perfil e acompanhar seu trabalho.
16
1 2 3 4
5 6
7 8
9 10
11 12
Poderia citar dezenas de perfis ativistas no
instagram, mas selecionei os 14 que mais gosto.
Cada um com sua estética, mas todos com o
mesmo intuito: expressar opiniões sobre assuntos
relacionados à política, cidadania e cultura.
Vários são os métodos utilizados para fazer
com que isso aconteça e é justamente essa
variedade que faz com que a prática seja tão
sensível e interessante. Caso tenha interesse
em conhecer melhor os trabalhos, é só clicar nos
users e você será direcionado para a homepage
de cada artista.
13 14
1. @umcartazpordia
2. @zangadas_tatu
8.
9.
@glaucolima
@gabrielatornai_
3. @gnborges
10.
@notcoolbro0
4. @crisvector
11.
@catarinabessell
5. @gladsontarga
12.
@milqf
6. @jeffcorsi
13.
@raphabaggas
7. @dinholascoski
14.
@militantecansado
Figura 1-14
Postagens de perfis ativistas no Instagram
18
15
4
a concepção e as facetas
do laranjas de pijama
Ceder à experimentação de técnicas gráficas
deu ao Laranjas de Pijama vários aspectos. No
começo, concentrei a produção em um grupo
fixo de tipografias e de cores. Com o passar dos
meses, reconheci que essa prática limitava meu
trabalho além de dificultar a produção mais espontânea
da peça gráfica a ser produzida. E como
minha intenção era praticar e experimentar várias
possibilidades de expressão visual resolvi abdicar
da existência de um manual de identidade visual.
No começo (julho de 2020), usei bastante a técnica
de retícula, que compreende a unificação de
cores que são representadas pela incidência de
pixels. Quanto mais pixels, mais escura era a cor
original e quanto mais clara era a cor, menos seriam
os pixels. A partir disso, resolvi que os posts
seriam concebidos e projetados para serem independentes.
Ou seja, sem grandes compromissos
com a repetição de configurações ou de técnicas
gráficas e textuais. O logotipo é o único elemento
que permaneceu dentro do trabalho até agora.
Tendo três variações, procurei mantê-lo desde o
começo para que o perfil tivesse uma imagem de
perfil reconhecida pelas pessoas.
Figura 15
Posts reticulados do perfil Laranjas de Pijama
Fonte: Nicolas Messias, junho 2019
19
16
Averia Bold
Averia Regular
Averia Light
Cooper Std Black
Cooper Std Black Italic
Cactus Bold
Blenny Black
chuck regular
Paleta de cores
Algumas das fontes usadas em postagens
Fonte do logotipo
O fluxo de trabalho do Laranjas foi ponto que
variou bastante ao longo dos meses. Isso aconteceu
por vários motivos, mas o principal, na minha
opinião, foi a minha busca incessante por encontrar
uma identidade fixa para o projeto. E mesmo
experimentando muito isso nunca aconteceu.
A composição do feed do Laranjas de Pijama
sempre foi algo que me despertou pensamentos
dúbios. Num momento queria ter a liberdade de
explorar cores e texturas sem me preocupar com a
postagem anterior ou a postagem seguinte. Noutro,
cobrava de mim o esforço para definir uma unidade
harmônica entre os posts. Unidade essa que, quando
vista em conjunto no feed do perfil, despertasse
no visitante um conforto visual. Na minha cabeça
esse conforto era quase uma obrigatoriedade por
ser um perfil de design gráfico.
Como não consegui me manter dentro de uma
limitação de técnicas de composição — principalmente
de cores — resolvi tratar essa parte com uma
abordagem mais sensível e fluida. Assim, resolvi
focar em posts específicos e desses posts outros
surgiram com pequenas características visuais
semelhantes, como, por exemplo, fontes, formas
geométricas e logotipo, mas sem restrições.
Variações de logotipo
Figura 16
Paleta com as cores de preenchimento mais
utilizadas no projeto e fontes.
21
a redação
do laranjas de pijama
Escrever foi uma decisão de coragem. No começo,
tive bastante medo de estar falando
algo errado ou de me embananar em alguma
regra gramatical ou de pontuação. Percebi que esse
medo estava me atrapalhando e tive que aprender
a lidar com ele. O primeiro post contendo uma legenda
com personalidade me deu mais borboletas
no estômago do que o comum. Mas a iniciativa foi
bem aceita e rendeu elogios dos seguidores. Em
alguns casos, talvez, as legendas fizeram mais
sucesso do que as próprias imagens. Estes posts
são alguns exemplos (post 1, post 2, post 3).
A prática de transferir para as palavras o que eu
estava ilustrando através da imagem foi algo que me
despertou uma noção diferente sobre comunicação.
Essa possibilidade deixou de ser tratada como uma
opção e ganhou o status de oportunidade. Escrever
o que eu pensava se tornou um exercício de análise
e me fez despertar uma curiosidade que estava
guardada dentro de mim há muito tempo. Depois
disso, alguns posts nasceram pela legenda e só depois
ganharam imagem. A ligação entre o visual e o
verbal é uma forma de agregar valor a narrativa que
está sendo proposta para os seguidores. Quando
você escreve, uma noção de humanidade, de empatia,
transborda e intensifica o intuito da postagem.
Escrever no Laranjas de Pijama me rendeu vários
“arquivos sem título” no Google Drive, mas, acima
de tudo, muito orgulho. Sem menosprezar o alcance
que o design gráfico me proporcionou, mas reconhecendo
um avanço significativo que tive e que aprendi
a mostrar para o mundo. Como consequência, hoje
me vejo muito mais como um comunicador e um
criador de comunicações do que como um designer
gráfico. Escrever para mim é o ato de criar afeto
por pensamentos que são transcritos em frases,
sentenças. Quando você os identifica, o que falta
é ligá-los usando outras frases e sentenças que
nada mais tem como função embasar aquilo que
você realmente quer dizer.
O intuito de usar uma linguagem mais simples
é uma iniciativa que uso como base do meu TCC.
Acredito que independente do assunto tratado no
trabalho, falar com os meus semelhantes e para os
meus semelhantes é um dos alicerces do que acredito
ser a comunicação efetiva. De certa forma tudo que
eu aprendi na vida foi embasado na análise e, logo em
seguida, na tradução do vocabulário para o meu modo
de falar ou pensar. Só assim eu consigo realmente
compreender. Sem o uso de pesquisas e partindo da
percepção social que adquiri ao longo da vida observando
meus amigos e familiares, determinei que a
linguagem acessível e de fácil compreensão seriam
os modos como eu deveria me expressar sempre
que quisesse ser efetivamente compreendido.
metodologia projetual
Os métodos e processos de criação adotados
ao longo do projeto variaram de acordo com a
quantidade de pautas a serem exploradas. Por
22
vezes tratou de assuntos que tinham acabado de entrar
nas manchetes, em outras, foram direcionadas
para assuntos passados, mas que mereciam uma
nova postagem. Um dia com uma pauta nova bem
visível funciona da seguinte forma:
Acordo de manhã e entro no Instagram para ver
as últimas postagens. Entro no site da Folha de São
Paulo e vejo as manchetes. Entro no Twitter e vejo
como as pessoas estão reagindo ao assunto.
Buscando agilidade, criei um método de pesquisa
para a criação que otimiza o meu tempo e que fornece
referências plausíveis dentro da criação dos posts.
Entro no Google notícias, no Twitter, no Instagram
e em sites jornalísticos (Folha de São Paulo, G1,
EL PAÍS, Estadão e BBC Brasil);
Identifico os assuntos que estão circulando na imprensa
e nos sites de redes sociais e a partir disso defino
a pauta na qual irei trabalhar;
Escrevo em tópicos um resumo do que eu entendi
durante a pesquisa jornalística e documental;
Transcrevo os tópicos tendo em mente 2 formatos
de texto (texto para a imagem, quando necessário,
e texto para a legenda);
Organizo as referências visuais sempre buscando
transferir algo do texto para a imagem;
Desenvolvo o trabalho de criação da imagem
e do texto pelo Photoshop e/ou Illustrator.
Quando eu resumo o conteúdo da pesquisa em
tópicos, tudo fica mais fácil e ágil de ser interpreta-
do. Isso ajuda a fixar o que realmente preciso saber.
Essa prática é algo que eu tenho desde sempre e
que indico para todos.
uma nova percepção
Percebi que os posts precisavam de uma etapa
antes da postagem: a etapa do teste. Em
algumas situações eu sentia que a postagem
estava pronta, mas na verdade não estava. E quando
você trabalha com “o mais rápido possível” fica
ainda mais difícil. Os ajustes finais compõem uma
etapa muito delicada do trabalho, pois, quando
queremos seguir os assuntos em alta na internet,
quanto mais rápido, melhor. Ao longo dos meses,
notei que isso acabava atrapalhando meus resultados
e desde então mudei minhas prioridades. Antes
disso o mais importante era a quantidade, depois
disso comecei a valorizar mais a qualidade.
No final do ano de 2019, reservei os últimos dias
de dezembro para fazer um balanço profundo do
Laranjas de Pijama. Elenquei todos os pontos positivos,
os negativos, os pontos característicos e,
por fim, as metas para 2020 — quando todos nós
achávamos que 2020 seria um ano típico. A partir
disso comecei a usar o aplicativo para Iphone
Preview, que possibilita a pré-visualização da postagem
no feed. Isso me ajudou a reconhecer qual
seria a estética que mais combinaria com os posts
já publicados. Essa prática, além de otimizar tempo,
ajudou a compor melhor o feed do projeto.
23
Relação com todas as postagens ativas no perfil
até dia 25 de julho de 2020 excluindo os posts repetidos.
38
métricas do laranjas de pijama
Até o presente momento, o projeto tem mais de 170 publicações ativas e 6.700 seguidores. As cidades
76.115
mais atingidas são: São Paulo-SP (15%), Bauru-SP (10%), Rio de Janeiro-RJ (5%), Salvador-BA e Brasília-DF
(2%). A faixa etária mais atingida é a de pessoas entre 18-24 anos (42%), seguida de 25-34
(39%) e 35-44 (11%). Mulheres constituem 64% do público e homens 36% 6 .
curtidas, 180 postagens ativas e 6.700 seguidores em 11 meses de produção 7
A publicação de maior alcance foi a postada no
dia da libertação do ex-presidente Lula da prisão
(8 de novembro de 2019). Essa publicação obteve
4.700 curtidas, 401 salvamentos, 220 comentários,
2.452 envios, 51.870 contas alcançadas e 434 novos
seguidores.
A segunda publicação que obteve maior alcance
foi a postada no dia do discurso de Bolsonaro na
ONU (20 de setembro de 2019), tendo 1.374 curtidas,
42 salvamentos, 252 comentários, 225 envios,
19.949 contas alcançadas e 31 novos seguidores.
A terceira publicação de maior alcance foi a postada
no dia da morte do jornalista Paulo Henrique
Amorim, 10 de julho de 2019. Teve 1.150 curtidas,
14 salvamentos, 29 comentários, 20 envios, 15.986
contas alcançadas e 27 novos seguidores.
A quarta publicação de maior alcance foi a
publicação “às quartas vestimos democracyah”,
postada em 18 de setembro de 2019 e que tinha
como intuito abordar a linguagem coloquial usada
pelo público LGBT para falar sobre democracia.
Teve 1.271 curtidas, 94 salvamentos, 15 comentários,
224 envios, 12.799 contas alcançadas e 88
novos seguidores.
A quinta publicação que obteve resultados significativos
foi a com o tema “Democracia vem antes
de você ser de esquerda ou direita”, postada em 3
de agosto de 2019, tendo 1.376 curtidas, 63 salvamentos,
15 comentários, 96 envios, 14.743 contas
alcançadas e 20 novos seguidores.
6 Os números expressam a maioria e não a totalidade.
7 Números consultados em 20 de maio de 2020.
39
1 º
2 º
assombrações do sucesso
Quando um post faz muito sucesso, achar que tem a obrigação
de fazer melhor no próximo é um sentimento muito
angustiante. A média de curtidas varia muito. Nem sempre
o que mais acreditamos faz o sucesso que esperamos. A título de
curiosidade ou se você está lendo este relatório porque gosta da
ideia de produzir conteúdo gráfico no Instagram, digo que não se
importar tanto com as curtidas é uma ótima estratégia para lidar
com a opinião pública e para transformar a prática em algo mais
divertido, fluido e agradável.
3 º
4 º
a importância dos stories
no crescimento do laranjas
O
principal fluxo de compartilhamento do conteúdo postado no
feed acontece nos stories dos seguidores. Funciona como um
mural de imagens do usuário que se mantém ativo por 24h
e arquiva o conteúdo após um dia completo de exibição. Como o
perfil do Laranjas é público, qualquer conteúdo produzido pode ser
compartilhado por seguidores ou por usuários não seguidores. Essa
ferramenta funciona como uma vitrine espontânea que potencializa
o alcance do material. Além de ser uma poderosa ferramenta
de divulgação, é muito gratificante ver o conteúdo compondo os
murais dos usuários. Essa prática moldou fortemente o trabalho,
pois, assim que compreendi a importância dos stories na divulgação
do Laranjas de Pijama, condicionei meu raciocínio a elaborar
composições que gerassem nas pessoas a vontade de migrar os
posts para seus stories pessoais.
5 º 41
Figura 17
Ranking das 5 postagens com maior engajamento
colaborações e reposts
Mídia NINJA
@midianinja
#DESIGNATIVISTA
@designativista
#DESIGNATIVISTA
@designativista
PAOLLA OLIVEIRA
@paollaoliveirareal
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
#DESIGNATIVISTA
@designativista
Mídia NINJA
@midianinja
SONIA GUAJAJARA
@guajajarasonia
#DESIGNATIVISTA
@designativista
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
ARTE POR LARANJAS DE PIJAMA
Figura 18
Alguns dos reposts feitos por perfis, como: Paolla Oliveira (atriz),
Sonia Guajajara (ativista), Mídia Ninja e Design Ativista.
43
As repostagens em feed e em story (reposts) foram
muito importantes para a difusão do material
produzido pelo Laranjas de Pijama. Participei
do Projetemos, que projeta em todo país artes militantes
em protesto ao governo de Bolsonaro. Duas
artes do Laranjas de Pijama foram projetadas em
Belém do Pará em maio de 2020. Além disso, uma
postagem animada do foi projetada no Rio de Janeiro
através do perfil Atento e Forte.
Em setembro de 2019, um seguidor do perfil pediu
autorização para imprimir algumas postagens
para posteriormente fixá-las nos arredores de sua
universidade em Santarém, no Pará. Fiquei muito
gratificado pela iniciativa, porém a mesma gerou
desconforto em algumas pessoas, visto que, dias
depois, uma das impressões foi rasgada.
Figura 20
Projeções na cidade de Belém da Pará, junho de 2020, via
@projetemos
Figura 19
Mini cartazes do Laranjas em Santarém, Pará, setembro 2019
Figura 21
Projeção no Rio de Janeiro, junho de 2020, via @atentoeforte
44
O que (ainda) não deu certo
e os arquivamentos
Alguns formatos de conteúdo não alcançaram
o sucesso que eu esperava. Ao longo dos meses,
tentei implementar uma seção de posts
chamada “Dicionário Brasileiro” que depois mudou
para “Glossário da Política”. Nesses posts, a ideia
era abordar termos técnicos de difícil compreensão
para quem não consome conteúdos relacionados
à política. Não rolou.
Em partes essa tarefa era muito complexa pois
requeria um estudo aprofundado de assuntos que
não foram criados com o intuito de ser algo simples.
Logo, a síntese se tornou ineficiente e o pouco
sucesso da seção não compensava a quantidade
de horas gastas para fazer com que os posts saíssem
do papel. Resolvi, com isso, abandonar a ideia
e manter o foco em posts mais sucintos, livres e
com uma quantidade menor de texto na imagem.
Além de mais eficientes no quesito likes e compartilhamentos,
demoram menos tempo desde a
sua concepção até a postagem.
Junto com os posts mais técnicos, outros mais
artísticos foram arquivados com base em análise
constante dos temas que estavam sendo abordados.
Isso aconteceu por motivos estéticos (por
não aprovar o modo como o post ficou em composição
com outros) e também para sintetizar os
assuntos que as vezes estavam sendo tratados
em mais de uma postagem.
Figura 22
Postagens das seções “Dicionário Brasileiro”, “Glossário da
Política” e outras que estão arquivadas.
46
criador e criatura
A
política sempre foi um tópico que me chamou
atenção, mas nunca tive muita força
de vontade para me aprofundar. O que sabia
era consequência das madrugadas de estudo que
tive em 2013, no pré-vestibular. Mas foi no final da
graduação, com a necessidade de apresentar um
projeto de conclusão de curso, que resolvi unir o
útil ao necessário.
Quando tive a ideia do Laranjas, já sabia que inúmeros
seriam os percalços ao longo trajetória. Não
sabia exatamente como seriam, mas sabia que, em
algum momento, seriam.
Agora, analisando tudo, posso dizer que a disciplina
foi o primeiro grande obstáculo. Não só por
querer dominá-la, mas por ter consciência que existe
uma linha tênue entre a disciplina e o excesso. No
momento em que você entra no Instagram com o
intuito de criar algo reconhecido pelas pessoas,
surgem duas etapas:
Conquistar e fidelizar usuários
Criar e se manter compondo a identidade do perfil
A primeira etapa podemos comparar ao desafio
de criar laços e sustentá-los como metodologia de
divulgação. Tipo o joguinho da Kim Kardashian. E
a segunda é quase como estar dentro de uma partida
de futebol, onde uma plateia espera que você
domine a bola e, mais que isso, que você saiba o
que fazer com ela.
Levando em consideração que nunca fui convocado
para a seleção brasileira de futebol masculino
e que também nunca consegui sair da tela inicial
do joguinho da Kim Kardashian, minha tarefa no
Instagram era árdua, em partes experimental, mas
possuía desde o começo uma qualidade muito
importante para que tudo se encaminhasse para o
mais próximo do esperado: a curiosidade.
Desde que lancei o Laranjas, o exercício da curiosidade
e a busca pela compreensão são práticas
que entraram em meu ser. Pesquisas, livros e o
Google se mostraram terapias onde eu conseguia
— se não tudo, pelo menos em partes — entender o
que estava acontecendo, o que poderia acontecer,
o que jamais aconteceria e o que eu deveria querer
que acontecesse. E digo isso para muito mais que
política, já que uma simples palavra que eu não
entendo é motivo para consultar o Google.
Essa busca diária por novos conhecimentos em
conjunto aos escândalos no atual governo atingiu
fortemente meu psicológico. As pessoas dizem que
não gostam de política e, em partes, faz sentido que
não gostem. Digo isso porque na política fica explícita
a heterogeneidade da condição humana e dos
interesses individuais. Esses interesses dominam
pautas que deveriam estar condicionadas ao bem-
-estar geral, sem discriminações, desde que dentro
do campo democrático. Funcionários públicos que
roubam milhões de reais da população brasileira,
a agressividade das polícias, os acordos e coligações
feitos em surdina, os desastres ambientais
que poderiam ser evitados e, acima de tudo, a in-
47
competência dos membros do governo Bolsonaro.
Nos primeiros meses, fui notando dificuldade em
querer entender qual seria a próxima pauta bomba.
São assuntos tão absurdos que fica difícil manter
a calma. Resolvi diminuir a frequência de posts por
um tempo. Não foi fácil manter a cabeça no lugar
durante o projeto, pois os acontecimentos surgiam
repentinamente e em fileiras.
Isso a globo não mostra
Reservei este espaço no final do relatório com
algumas considerações sobre a vida. Caso
você permita ser influenciado, acredito ser
importante te contar que:
Você não é o dono da verdade, mas também
não pode viver a mercê da aprovação alheia. Produzir
para sites de redes sociais é uma prática
de autocontrole. Às vezes você não vai conseguir
agradar a todos que estão consumindo seu material.
Seja no campo do design gráfico ou no campo
da política. Seja humilde em reconhecer que não
sabe tudo, mas fuja da autossabotagem. Você pode
mudar de opinião ao longo da vida e isso faz parte
do dinamismo humano;
Saia da sua zona de conforto. Sempre que
possível procure construir narrativas visuais diversificadas
e que façam você aprender novas técnicas
e novos meios de expressão para suas ideias.
Raríssimas (raríssimas real oficial) são as vezes
que as pessoas gostam do que você acha que elas
vão gostar. No meu caso, os posts que mais fizeram
sucesso partiram de uma linha de pensamento
mais descontraída e sem muitas cobranças. Não
sei muito bem porque isso acontece, mas pensar
assim facilita o dia a dia;
É preciso ter o costume de materializar os seus
pensamentos. Muitas ideias boas são perdidas
quando não temos hábito de escrever, desenhar,
rabiscar, passar pra tela do computador ou do celular.
No começo, a preguiça reina, mas, depois,
com o tempo, você percebe que isso é um esforço
mínimo dentro de um processo de comunicação;
48
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre bananas no poder e abacaxis para descascar,
o Laranjas de Pijama passou pelos seus
11 primeiros meses de existência — e de muita
insistência. Ao longo dessa fase inicial do projeto
no Instagram, não posso ser leniente e dizer que foi
fácil mantê-lo fresco e com sentido. Aprendi muito
em intensidade e em quantidade. Confesso que só
agora, elaborando este relatório, pude reconhecer o
tamanho da ideia que dei vida e que alimento. Erros,
acertos, surpresas e recusas estiveram e sempre
estarão presentes em qualquer assunto que esteja
dentro do campo da existência humana. Compreendi
a necessidade de ser humilde e generoso. Humilde,
para não se colocar como o dono da verdade,
e generoso, para saber que às vezes posso errar
e que meus pensamentos podem se transformar.
Minha produção gráfica é pautada no meu processo
de aprendizado sobre assuntos que tento compreender
melhor. Assim como eu, ela está viva e em
constante aprofundamento.
Hoje, não posso dizer que o Laranjas de Pijama
é o que eu esperava. Não posso dizer isso, pois, a
cada dia que passa, quero algo novo, algo diferente.
Então, falar sobre esse projeto com ares de conclusão,
de missão cumprida, simplesmente para seguir
o protocolo de TCC foi um caminho que decidi não
tomar ao longo da produção deste documento. O
que falo aqui não diz sobre onde cheguei, mas sobre
onde estou. É sobre a percepção que tenho sendo
a pessoa que sou hoje. Acredito que a ocupação de
espaços é um trabalho de base para aqueles que
acreditam ser possível conquistar uma sociedade
menos desigual, antirracista, anti-homofóbica, antimachista,
que esteja ligada inerentemente a proteção
dos direitos humanos e do povo brasileiro.
Existir é uma luta que precisa ser encarada com
coragem, sobretudo no Brasil. O projeto me deu
essa consciência de cidadania, de sujeito político
atuante e nem que eu queira será possível me desvencilhar
dela. É um prazer e uma tarefa.
O Laranjas de Pijama me forneceu a consciência
do mínimo e do máximo, do impacto da proatividade.
Com isso a vida ganhou mais sentido. Ganhou
fôlego. Meu amor por ter dado início a este projeto
hoje é um dos alicerces da minha existência.
Tenho muito a aprender e me sinto tranquilo
quanto a isso. A vida me moldou assim.
Por agora, é isso. Mas o Laranjas continua circulando
pela internet. Enquanto eu estiver vivo, ele
estará comigo. Sigamos firmes, resilientes e ativos.
F O R A B O L S O N A R O !
50
AGRADECIMENTOS
Agradeço a cada pessoa que passou pela minha
trajetória em Bauru. Agradeço a UNESP
por tudo que ela me proporcionou direta ou
indiretamente. Concluo esta etapa da minha vida
com brilho nos olhos, pois, antes de tudo, aprendi.
E várias foram as metodologias necessárias para
a construção deste aprendizado. Agradeço aos
meus pais por terem financiado a minha vinda e,
por muito tempo, a minha estadia na cidade. As
minhas irmãs que, por vezes, foram companhia
durante as madrugadas de produção. Sem compromisso
com a ordem, cito também: Michelle (a
gata), Bibi, Fabiana, Juco, Shit Paiva, Melara, Peppa,
Mayara, Verinaud, Pablo, Fábio, João Paulo (que
me emprestou a mesa digitalizadora no início do
Laranjas de Pijama), Vinícius (por ter me ajudado
a organizar meus pensamentos com as letras
e por ter me feito reconhecer minha admiração
pelo jornalismo). Nem todos terão acesso a este
documento, mas deixo aqui meu agradecimento
e minha eterna admiração. De uma forma ou de
outra, essas pessoas acreditaram em mim e me
ajudaram a florescer.
Agradeço também a banca de TCC e a minha
professora Mônica Moura, que foi quem me deu a
liberdade necessária para que a criatividade saísse
do papel e tomasse forma.
Por último, agradeço a mim. Me agradeço por
não ter desistido, por continuar insistindo na vida,
no Brasil e na humanidade.
51
referências
AlBUQUERQUE, Elisabete. Design gráfico em tempos de ativismo. Recife, 2018.
BRAGA, Marcos. O papel social do Design gráfico. Editora Senac, São Paulo, 2019.
FERNANDES, Sabrina. Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira.
Autonomia Literária, São Paulo, 2019.
MACHADO, Ricardo. Manifestações, ativismo e militância. Novas formas de compreender
a democracia. Entrevista especial com André Luis Leite. Disponível em:
<http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/595114-manifestacoes-ativis-
mo-e-militancia-novas-formas-de-compreender-a-democracia-entrevista-especial-
-com-andre-luis-leite> Acesso em 20/05/2020 às 13h30min.
RECUERO, Raquel.; GRUZD, Anatoliy. Cascatas de Fake News Políticas: um estudo
de caso no Twitter. São Paulo, 2018.
RECUERO, Raquel. A conversação política nas mídias sociais e as “fake news”: Desconfie
do que você quer ouvir. Disponível em: <http://medium.com/@raquelrecue-
ro/a-conversa%C3%A7%C3%A3o-pol%C3%ADtica-e-as-fake-news-desconfie-do-
-que-voc%C3%AA-quer-ouvir-130ea73dc438> Acesso em 05/05/2020 às 14h00min.
THORPE, Ann. Defining Design as Activism. Disponível em: <http://designactivism.
net/wp-content/uploads/2011/05/Thorpe-definingdesignactivism.pdf> Acesso em
15/05/2020.
53
referências visuais
POMB
JEAN-MICHEL BASQUIAT
OBVIOUSAGENCY
CATARINA BESSELL
54